Energia: Alemanha desativou suas usinas nucleares

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A Alemanha é um país que tem adotado uma postura crítica em relação ao uso da energia nuclear. Em 2011, o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, levou o governo alemão a tomar a decisão de fechar todas as suas usinas nucleares até 2022. O país anunciou planos para eliminar gradualmente a energia nuclear em 2011. Desde então, o país tem implementado políticas para promover a transição para fontes renováveis como a solar, eólica e hidrelétrica.

Entretanto, no outono de 2022, com a guerra na Ucrânia restringindo o acesso à energia, especialmente na Europa, a Alemanha decidiu manter alguns reatores nucleares operando por mais alguns meses. Dessa maneira, o fechamento das usinas nucleares de Emsland, Isar II e Neckarwestheim II na Alemanha já era esperado e finalmente ocorreu (15 de Abril de 2023).

energia
O processo de desativação gradual foi finalizado na Alemanha.

Em 2020, as fontes renováveis responderam por mais de 50% da matriz energética da Alemanha, um marco importante na transição energética do país. Sendo que essa transição não é apenas uma questão de substituir a energia nuclear por fontes renováveis. Também visa modernizar a infraestrutura de energia do país e aumentar a eficiência energética. O objetivo é atingir a meta de 80% de participação de fontes renováveis na matriz energética do país até 2050.

O fechamento das usinas não só marca o fim da era nuclear na Alemanha, mas o coroamento de décadas de ativismo ambiental contra essa forma de produção de energia.

Uma disputa de décadas

Sendo considerado um assunto polêmico, poucas disputas polarizaram tanto os alemães, pricipalmente, na antiga Alemanha Ocidental, e por tantas décadas quanto a da energia nuclear. A primeira usina nuclear entrou em funcionamento, em 17 de junho de 1961, onde forneceu eletricidade à rede pela primeira vez, em Kahl, na Baviera.

Em torno de 20 anos atrás, 19 usinas nucleares forneciam até um terço da eletricidade do país. Nas décadas de 1970 e 1980 na Alemanha Ocidental, antes da unificação alemã, a oposição à energia nuclear levou milhares de jovens às ruas.

Então, em 1986, o desastre de Chernobyl na então União Soviética pareceu confirmar as advertências sobre os perigos da energia nuclear. Mas os vários partidos governistas apoiaram firmemente o uso da energia nuclear por muitas décadas. Décadas de protestos antinucleares na Alemanha, incentivados pelos desastres em Three Mile Island, Chernobyl e Fukushima, pressionaramo governo a acabar com o uso de uma tecnologia – considerada por críticos – de insegura e insustentável.

Entratando, outros países industrializados (Estados Unidos, Japão e França), contam com a energia nuclear para substituir os combustíveis fósseis. Assim, a decisão da Alemanha de parar de usar ambos atraiu ceticismo de todos.

Contexto de Energia Nuclear na Europa

Outros países europeus foram mais rápidos em eliminar gradualmente a energia nuclear. A Suécia foi a precursora, encerrando a energia nuclear logo após Chernobyl, assim como a Itália, que também decidiu fechar suas últimas usinas após o desastre. Na Itália, a decisão permaneceu em vigor, já na Suécia, a eliminação foi revertida em 1996. Hoje, seis usinas nucleares produzem cerca de 30% das necessidades de eletricidade do país.

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Reatores nucleares na Europa.

Outros países europeus, como Holanda e Polônia, planejam expandir seus sistemas de energia nuclear, enquanto a Bélgica está adiando sua planejada eliminação. Com 57 reatores, a França sempre foi o principal país da Europa em energia nuclear e pretende continuar assim. Ao todo, 13 dos 27 países da UE pretendem usar energia nuclear nos próximos anos, com vários expandindo suas capacidades.

Primeira fase da desativação em 2002

Em 2002, o então ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Jürgen Trittin, impeliu o primeiro plano do país para eliminar gradualmente a energia nuclear. Entretando, o plano foi suavizado pelos governos subsequentes, mas o desastre do reator em Fukushima, no Japão, em 2011, selou o destino das usinas alemãs.

Trittin comentou sobre o fechamento: “Sim, este é um dia importante, porque encerra uma história, ou seja, a do uso civil da energia nuclear”. Mas, também alertou que não seria o fim da energia nuclear na Alemanha “ainda teremos que lidar o fato de que tem que se armazenar com segurança o lixo mais perigoso do mundo por um milhão de anos”, afirmou em entrevista a DW.

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Consequência do acúmulo de resíduoa radioativo evidenciam necessidade do descarte correto.

Nesse sentido, como muitas das usinas nucleares da Alemanha ainda estão passando pela etapa de descomissionamento .

Há a questão ambiental e de seguraça “O que fazer com o material altamente radioativo acumulado nos 62 anos?” sendo uma questão sem solução fácil.

Os esforços para encontrar um destino final para centenas de contêineres de lixo tóxico enfrentaram forte resistência de grupos e autoridades.“A energia nuclear forneceu eletricidade por três gerações, mas seu legado permanece perigoso por 30.000 gerações”, disse Steffi Lemke, que também apontou riscos anteriormente não considerados, como o ataque a instalações atômicas civis durante conflitos.

Energia nuclear ao redor do mundo

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), existem atualmente 422 reatores nucleares em operação no mundo, com idade média de cerca de 31 anos. Porém em um relatório da AIEA mostra que não há indicação de que a energia nuclear está passando por um renascimento. Afinal, a geração de energia nuclear atingiu um pico de 17,5% em 1996 e caiu abaixo de 10% em 2021 que é a menor em quatro décadas.

Acredita-se que o motivo é que ninguém quer investir em energia nuclear em larga escala, uma vez que é uma energia nuclear não é competitiva. Os custos financeiros para a construção de novas usinas nucleares são altíssimos, muitas vezes tendo que ser cofinanciada com dinheiro público e e outras vezes atormentada por atrasos e resistência local a novos projetos, principalmente em relação aos riscos associados.

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Maiores produtores de energia nuclear no mundo (Fonte).

No entanto, China, Rússia e Índia, em particular, estão planejando construir novas usinas nucleares. A China, onde praticamente não há sociedade civil para lutar contra novos projetos, quer construir ao todo de 47 usinas. A China já produz mais energia nuclear do que a França.

Costuma-se argumentar que a expansão da produção de energia nuclear protege o clima porque quase não emite dióxido de carbono. Até o Japão quer voltar a usar mais energia nuclear, apesar do terremoto de 2001 que causou a ruptura sucessiva de vários reatores nucleares, forçando o fechamento inicial de várias usinas.

Porém, alguns reatores voltaram a funcionar e o governo japonês declarou que o país irá construir novos reatores e deixar os antigos funcionando por até 70 anos. Mesmo assim, encontrar um local para armazenar com segurança o resíduo nuclear usado é um problema a ser solucionado por todos.

E a Energia Nuclear no Brasil

O Prof. DSc Giovanni Laranjo de Stefani, do Departamento de Engenharia Nuclear (DNC/POLI) da UFRJ, esclareceu que a energia nuclear no Brasil é gerenciada pela Eletronuclear, uma subsidiária da Eletrobras, que é responsável pela operação e manutenção das usinas nucleares do país. A Eletronuclear também é responsável pela construção de Angra 3.

A fonte nuclear no Brasil tem sido controversa, com críticas sobre a segurança das usinas nucleares e a falta de transparência nas decisões sobre a construção de novas usinas nucleares. Além disso, o descarte de resíduos nucleares é um grande desafio e preocupação.

Central Nuclear de Angra dos Reis
Projeção mostra como será a Central Nuclear de Angra dos Reis após conclusão de Angra 3.

Apesar dessas preocupações, a energia nuclear continua sendo uma fonte importante para o Brasil, representando cerca de 2,5% da matriz energética do país. O Brasil também possui um programa de enriquecimento de urânio e uma reserva de urânio considerável, o que indica a possibilidade de o país continuar a expandir sua capacidade de energia nuclear no futuro.

No entanto, o governo brasileiro tem mostrado um interesse crescente em fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica, e tem implementado políticas para promover o desenvolvimento dessas fontes de energia. A energia nuclear continuará a desempenhar um papel importante na matriz energética do Brasil, mas é provável que as fontes de energia renovável se tornem cada vez mais relevantes no futuro.

Referências:

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