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Cotas de tela para filmes nacionais: faz sentido? No dia...
Cotas de tela para filmes nacionais: faz sentido?
No dia 12 de janeiro, Minha irmã e eu, comédia estrelada por Ingrid Guimarães e Tatá Werneck, alcançou um milhão de espectadores no cinema. Não se trata de algo inédito, claro. Mas é simbólico: foi o primeiro filme brasileiro em quatro anos a ultrapassar essa marca.
Até então, o último havia sido Minha mãe é uma peça 3 , que estreou no final de 2019. A comédia de Paulo Gustavo vendeu 11,3 milhões de ingressos. Os lançamentos seguintes passaram longe: os melhores desempenhos, fora Minha irmã e eu , foram de Turma da Mônica: lições (2021, 816 mil pessoas) e da cinebiografia dos Mamonas Assassinas (2023, 820 mil).
O que explica a baixa audiência de lá pra cá? Em parte, a ausência da cota de tela, uma lei que obrigava os cinemas a reservar parte de sua programação para filmes brasileiros. Desde 2001, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) calculava um mínimo de dias de exibição, com base no número de salas no país e nos hábitos de consumo do público. O presidente da república recebeu essa análise todo ano e dava um OK via decreto.
[...]
“As cotas ajudam o espectador a lembrar que o cinema nacional existe”, diz Ana Paula Sousa, autora do livro O cinema que não se vê , sobre a história recente da política cinematográfica brasileira. Com alguma garantia de exibição, afinal, as distribuidoras têm mais segurança para investir no marketing de seus lançamentos.
[..]
Por outro lado, a coisa não pode funcionar como um agente de opressão. Não seria legal procurar uma sala para assistir Oppenheimer à noite e só encontrar Os aventureiros: a origem, com Luccas Neto. O remédio da cota tende a ser eficaz. Mas em doses cavalares podem se tornar um veneno.
Tanto que hoje não há mais cota de tela em quase nenhum país da União Europeia (a exceção é a Espanha). Eles trocaram o modelo por uma política mais livre. Em 1992, o Ministério da Cultura da França ajudou a criar a Europa Cinemas, uma rede de apoio a dispostos que destinam uma fatia de sua programação para filmes produzidos no continente.
A cota mínima para membros varia de 10% a 50% das sessões, dependendo do número de salas. A remuneração para quem atende aos critérios pode chegar a US$ 78 mil por ano, e é bancada pela União Europeia e pelo governo francês. A rede possui 1.200 cinemas cadastrados em 38 países.
Talvez seja um modelo mais próximo do ideal: cinemas aderem por vontade própria, não por imposição legislativa. Para que surja um ambiente assim, porém, é preciso um cinema forte, capaz de andar com as próprias pernas. E nessa fase de crescimento as cotas ajudam a equilibrar a briga com o Thanos hollywoodiano – como a experiência da Coreia do Sul deixou claro.
BATTAGLIA, Rafael. Cotas de tela de filmes para nacionais: faz sentido? Superinteressante, 8 fev. 2024. Disponível em: https://super.abril.com.br/cultura/cotas-para-filmes-nacionais-faz-sentido/. Acesso em: 26 fev. 2024. Adaptado.
A reportagem defende a tese de que:
A) a baixa audiência do cinema nacional é justificada pela lei de cotas de tela.
B) as cotas auxiliam o cinema nacional a ter mais visibilidade ao garantir salas para sua exibição.
C) cotas de tela só funcionariam se o cinema nacional fosse forte, capaz de caminhar com as próprias pernas.
D) exemplos de cotas de tela como os existentes na União Europeia seriam ideais na atual conjuntura do país.
E) deveria haver uma curadoria de filmes que entram na política de cota de tela, pois “o remédio da cota tende a ser eficaz. Mas em doses cavalares podem se tornar um veneno”.
Cotas de tela para filmes nacionais: faz sentido?
No dia 12 de janeiro, Minha irmã e eu, comédia estrelada por Ingrid Guimarães e Tatá Werneck, alcançou um milhão de espectadores no cinema. Não se trata de algo inédito, claro. Mas é simbólico: foi o primeiro filme brasileiro em quatro anos a ultrapassar essa marca.
Até então, o último havia sido Minha mãe é uma peça 3 , que estreou no final de 2019. A comédia de Paulo Gustavo vendeu 11,3 milhões de ingressos. Os lançamentos seguintes passaram longe: os melhores desempenhos, fora Minha irmã e eu , foram de Turma da Mônica: lições (2021, 816 mil pessoas) e da cinebiografia dos Mamonas Assassinas (2023, 820 mil).
O que explica a baixa audiência de lá pra cá? Em parte, a ausência da cota de tela, uma lei que obrigava os cinemas a reservar parte de sua programação para filmes brasileiros. Desde 2001, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) calculava um mínimo de dias de exibição, com base no número de salas no país e nos hábitos de consumo do público. O presidente da república recebeu essa análise todo ano e dava um OK via decreto.
[...]
“As cotas ajudam o espectador a lembrar que o cinema nacional existe”, diz Ana Paula Sousa, autora do livro O cinema que não se vê , sobre a história recente da política cinematográfica brasileira. Com alguma garantia de exibição, afinal, as distribuidoras têm mais segurança para investir no marketing de seus lançamentos.
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Por outro lado, a coisa não pode funcionar como um agente de opressão. Não seria legal procurar uma sala para assistir Oppenheimer à noite e só encontrar Os aventureiros: a origem, com Luccas Neto. O remédio da cota tende a ser eficaz. Mas em doses cavalares podem se tornar um veneno.
Tanto que hoje não há mais cota de tela em quase nenhum país da União Europeia (a exceção é a Espanha). Eles trocaram o modelo por uma política mais livre. Em 1992, o Ministério da Cultura da França ajudou a criar a Europa Cinemas, uma rede de apoio a dispostos que destinam uma fatia de sua programação para filmes produzidos no continente.
A cota mínima para membros varia de 10% a 50% das sessões, dependendo do número de salas. A remuneração para quem atende aos critérios pode chegar a US$ 78 mil por ano, e é bancada pela União Europeia e pelo governo francês. A rede possui 1.200 cinemas cadastrados em 38 países.
Talvez seja um modelo mais próximo do ideal: cinemas aderem por vontade própria, não por imposição legislativa. Para que surja um ambiente assim, porém, é preciso um cinema forte, capaz de andar com as próprias pernas. E nessa fase de crescimento as cotas ajudam a equilibrar a briga com o Thanos hollywoodiano – como a experiência da Coreia do Sul deixou claro.
BATTAGLIA, Rafael. Cotas de tela de filmes para nacionais: faz sentido? Superinteressante, 8 fev. 2024. Disponível em: https://super.abril.com.br/cultura/cotas-para-filmes-nacionais-faz-sentido/. Acesso em: 26 fev. 2024. Adaptado.
A reportagem defende a tese de que:
A) a baixa audiência do cinema nacional é justificada pela lei de cotas de tela. B) as cotas auxiliam o cinema nacional a ter mais visibilidade ao garantir salas para sua exibição. C) cotas de tela só funcionariam se o cinema nacional fosse forte, capaz de caminhar com as próprias pernas. D) exemplos de cotas de tela como os existentes na União Europeia seriam ideais na atual conjuntura do país. E) deveria haver uma curadoria de filmes que entram na política de cota de tela, pois “o remédio da cota tende a ser eficaz. Mas em doses cavalares podem se tornar um veneno”.