Isso os fez esquecer a beleza da floresta. Pensaram: "Haixopê! Nossas mãos são habilidosas para fazer coisas! Só nós somos tão engenhosos! Somos mesmo o povo da mercadoria! Podemos ficar cada vez mais numerosos, sem nunca passar necessidade! Vamos criar também peles de papel para trocar!" Então fizeram papel do dinheiro proliferar por toda parte, assim como as panelas e as caixas de metal, os facões e os machados, as facas e as tesouras, os motores e os rádios, as espingardas, as roupas e as telhas de metal. Eles também capturaram a luz dos raios que caem sobre a terra. Ficaram muito satisfeitos consigo mesmos. Visitando uns aos outros em suas cidades, todos os brancos acabaram por imitar o mesmo jeito. E assim as palavras das mercadorias e do dinheiro se espalharam por toda a terra dos seus ancestrais. É o meu pensamento (Kopenawa; Albert, 2015, p. 407).
Em grupo, dialogue com seus colegas sobre o texto, com o apoio das seguintes questões:
- Qual a principal mudança que o texto retrata?
- Qual o sentido da expressão "o povo da mercadoria"?
- Podemos realmente "ficar cada vez mais numerosos, sem nunca passar necessidade"? É só uma questão de tamanho populacional ou outros fatores influenciam, como as desigualdades econômicas e sociais?
- O autor aborda a "paixão dos brancos pela mercadoria" e as transformações que ela provocou nos povos que viviam no meio ambiente. Na sua opinião, como esse fenômeno destacado por Kopenawa impacta a sociedade e o meio ambiente?