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Aluno
Leia a charge e trechos de um ensaio, escrito pelo professor...
Leia a charge e trechos de um ensaio, escrito pelo professor Eduardo Marks, publicado pela filósofa Márcia Tiburi.
Verdade
Pós - Verdade
Penso, logo existo.
Acredito, logo estou certo.
00
U
shovel
Disponível em: http://angloguarulhos.com.br/temas-pos-verdade-e-manipulacao-das-redes-sociais/. Acesso em: 5 fev. 2018.
Obs.: No primeiro quadrinho, vê-se uma caricatura do filósofo René Descartes (1596-1650) e a frase conhecida como a máxima do seu pensamento.
No campo das pós-verdades; ou quando o verde também é azul
Eduardo Marks de Marques
Até meados de novembro de 2016, se alguém me falasse em "pós-verdade", talvez a minha referência mental imediata fosse ao trabalho realizado pelo Ministério da Verdade na Inglaterra, (já nem tão) distópica criada por George Orwell em seu romance 1984. O referido ministério era responsável por promover ações de propaganda para a manutenção do partido no poder e, talvez mais sintomaticamente para os tempos em que vivemos, rever e reescrever a história para que ela sempre esteja alinhada aos interesses presentes do poder. Para mim, "pós-verdade" era isso: transformar o passado a partir dos alinhamentos ideológicos do presente. No entanto, com a nomeação do termo como a palavra do ano pelos lexicógrafos do Oxford Dictionaries, me vi obrigado a rever uma série de posições.
Conforme a definição, "pós-verdade" relaciona-se ou denota circunstâncias nas quais os fatos objetivos são menos importantes em moldar a opinião pública do que apelos emocionais e crenças individuais. Ao ler tal definição, fiquei duplamente surpreso; primeiramente, porque ela consegue, in a nutshell, resumir bem os últimos anos, ao menos no Ocidente. Quem frequenta as redes sociais como eu não consegue mais ignorar não só a polarização maniqueista pela qual a sociedade está passando, mas também (e, quiçá, como sua causa e consequência ao mesmo tempo) essa tentativa voraz de transformar vivências e opiniões pessoais em experiência universal e senso comum. A pós-verdade surge para dar nome a essa prática humana assustadora não para entendê-la e eventualmente domesticá-la, mas, sim, para validá-la. A pós-verdade é meta-pós-verdade em sua essência.
Estamos perdendo a habilidade de refletir criticamente sobre a realidade que nos circunda, e essa tentativa constante de transformar ontologia em epistemologia de forma direta é sua consequência mais maligna, especialmente porque ela vem acompanhada de um complexo de deus (...).
Na língua japonesa, o kanji A pode referir-se ao mesmo tempo às cores azul e verde. O contexto faz com que saibamos
a qual delas o ideograma aponta em determinado momento. A aceitação da polissemia faz com que haja harmonia em seu uso. Será que conseguiremos chegar a um estágio em que superemos as pós-verdades e consigamos voltar a conviver com dúvidas?
Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/no-campo-das-pos-verdades-ou-quando-o-verde-tambem-e-azul/. Acesso em: 8 fev. 2018
I. A charge valoriza a evolução do pensamento humano e a superação das ideias cartesianas, promovida pelo acesso à informação que temos atualmente.
II. A charge e o texto indicam que a pós-verdade é marcada pela supressão da razão, da reflexão, que é substituída pela mera crença.
III. De acordo com o texto, na era da pós-verdade, opiniões e crenças pessoais tendem a ser divulgadas como verdades universais e alimentam o senso comum, que é desprovido de reflexão crítica.
IV. O autor espera que a pós-verdade seja superada e, assim, as pessoas reaprendam, por meio da razão, a separar o azul do verde, eliminando dúvidas e divergências.
Está correto o que se afirma somente em:
A) Ie II.
B) I e III.
С) Не Ш.
D) Ilev.
E IleIV.
Leia a charge e trechos de um ensaio, escrito pelo professor Eduardo Marks, publicado pela filósofa Márcia Tiburi. Verdade Pós - Verdade Penso, logo existo. Acredito, logo estou certo. 00 U shovel Disponível em: http://angloguarulhos.com.br/temas-pos-verdade-e-manipulacao-das-redes-sociais/. Acesso em: 5 fev. 2018. Obs.: No primeiro quadrinho, vê-se uma caricatura do filósofo René Descartes (1596-1650) e a frase conhecida como a máxima do seu pensamento. No campo das pós-verdades; ou quando o verde também é azul Eduardo Marks de Marques Até meados de novembro de 2016, se alguém me falasse em "pós-verdade", talvez a minha referência mental imediata fosse ao trabalho realizado pelo Ministério da Verdade na Inglaterra, (já nem tão) distópica criada por George Orwell em seu romance 1984. O referido ministério era responsável por promover ações de propaganda para a manutenção do partido no poder e, talvez mais sintomaticamente para os tempos em que vivemos, rever e reescrever a história para que ela sempre esteja alinhada aos interesses presentes do poder. Para mim, "pós-verdade" era isso: transformar o passado a partir dos alinhamentos ideológicos do presente. No entanto, com a nomeação do termo como a palavra do ano pelos lexicógrafos do Oxford Dictionaries, me vi obrigado a rever uma série de posições. Conforme a definição, "pós-verdade" relaciona-se ou denota circunstâncias nas quais os fatos objetivos são menos importantes em moldar a opinião pública do que apelos emocionais e crenças individuais. Ao ler tal definição, fiquei duplamente surpreso; primeiramente, porque ela consegue, in a nutshell, resumir bem os últimos anos, ao menos no Ocidente. Quem frequenta as redes sociais como eu não consegue mais ignorar não só a polarização maniqueista pela qual a sociedade está passando, mas também (e, quiçá, como sua causa e consequência ao mesmo tempo) essa tentativa voraz de transformar vivências e opiniões pessoais em experiência universal e senso comum. A pós-verdade surge para dar nome a essa prática humana assustadora não para entendê-la e eventualmente domesticá-la, mas, sim, para validá-la. A pós-verdade é meta-pós-verdade em sua essência. Estamos perdendo a habilidade de refletir criticamente sobre a realidade que nos circunda, e essa tentativa constante de transformar ontologia em epistemologia de forma direta é sua consequência mais maligna, especialmente porque ela vem acompanhada de um complexo de deus (...). Na língua japonesa, o kanji A pode referir-se ao mesmo tempo às cores azul e verde. O contexto faz com que saibamos a qual delas o ideograma aponta em determinado momento. A aceitação da polissemia faz com que haja harmonia em seu uso. Será que conseguiremos chegar a um estágio em que superemos as pós-verdades e consigamos voltar a conviver com dúvidas? Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/no-campo-das-pos-verdades-ou-quando-o-verde-tambem-e-azul/. Acesso em: 8 fev. 2018 I. A charge valoriza a evolução do pensamento humano e a superação das ideias cartesianas, promovida pelo acesso à informação que temos atualmente. II. A charge e o texto indicam que a pós-verdade é marcada pela supressão da razão, da reflexão, que é substituída pela mera crença. III. De acordo com o texto, na era da pós-verdade, opiniões e crenças pessoais tendem a ser divulgadas como verdades universais e alimentam o senso comum, que é desprovido de reflexão crítica. IV. O autor espera que a pós-verdade seja superada e, assim, as pessoas reaprendam, por meio da razão, a separar o azul do verde, eliminando dúvidas e divergências. Está correto o que se afirma somente em: A) Ie II. B) I e III. С) Не Ш. D) Ilev. E IleIV.