·
Engenharia de Produção ·
Outros
Send your question to AI and receive an answer instantly
Preview text
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Explicar o conceito econômico estabelecido por Henry Ford Caracterizar linha de produção Discutir a utilização do fordismo nos dias de hoje Introdução Henry Ford não foi o criador das linhas de produção tampouco o inventor do automó vel Ford na verdade foi um empreendedor com modelos e ideais revolucionários no campo da produção de modo que acabou por influenciar diversas áreas e inúmeros segmentos de atuação Como ao trabalho de todo teórico e estudioso houve críticas a seus modelos mas inegavelmente suas contribuições perpetuaram Neste capítulo você vai conhecer um pouco sobre Henry Ford sua história sua paixão seu empreendimento seus princípios e seus métodos de trabalho Vamos explicar no que consiste o modo econômico de produção da Ford e sua linha de produção em massa de forma que será possível ao leitor compreender a influência que os modelos de produção da Ford exerceram nas organizações da época na chamada Era Fordista e que ainda hoje exercem Introdução à filosofia de Henry Ford Ao pensar em um nome que tenha revolucionado o mercado automobilístico vem à mente de muitos a figura de Henry Ford Henry Ford nasceu em 1863 Henry Ford e a linha de produção Christiano Braga de Castro Lopes em Michigan nos Estados Unidos e foi um empreendedor que revolucionou o mercado de automóveis não apenas com a fabricação de carros mas com uma metodologia própria de produção Ford então com 13 anos em um passeio com seu pai em uma carroça iniciou sua obsessão por carros sem cavalos quando avistou uma máquina a vapor Desde então Ford buscou adquirir conhecimentos para desenvolver o carro movido à gasolina e por volta de 1896 incentivado por Thomas Edison conseguiu construir um automóvel com um mecanismo simples leve e de fácil montagem GRANDIM 2010 Desde o início Ford focou em criar modelos simples e que fossem acessíveis a todos não apenas aos ricos Assim nascia o Modelo T também conhecido como Tin Lizzie Figura 1 Quando Ford pensou em modelos simples ele tinha em mente conceitos antes não explorados por alguns fabricantes como custo de produção tempo confiabilidade velocidade qualidade flexibilização inovação e diversidade de produtos Por exemplo em um ajustamento da linha de produto do Modelo T Ford conseguiu reduzir o tempo de montagem do chassi de 14 horas para 33 minutos Figura 1 Modelo T primeira criação de Henry Ford Fonte Ford 2018 documento online Henry Ford instalou fábricas por todo o país fabricando 16 unidades do Modelo T em 1 minuto o que levou a Ford a ter praticamente a metade dos veículos fabricados nos Estados Unidos entre 1917 e 1927 Ao mesmo tempo Henry Ford e a linha de produção 2 Ford baixou os custos de US850 por unidade em 1908 para US290 em 1925 Em 1927 a Ford encerrou a produção do Modelo T e influenciado pelo filho Edsel Ford Henry Ford lançou o Modelo A GRANDIM 2010 Quando Henry Ford iniciou a fabricação e a produção do Modelo T a rotatividade de pessoal da Ford disparou triplicando o número de demissões Ford apenas conseguiu manter seus empregados quando esta beleceu um aumento de salário que ficou conhecido como 5 dólares em 1 dia GRANDIM 2010 De acordo com Grandin 2010 com um custo de aproximadamente US250 milhões visto que a fábrica de River Rouge teria que ser reformada para o novo produto mais de 700 mil pedidos foram feitos em poucos meses para adquirir o Modelo A ofertado com diferentes tipos de carroceria e nas cores areia árabe bege rosa e azul andaluz Apesar de saber que a eliminação da fabricação de um produto é geral mente bastante complexa Henry Ford estava certo de que o ciclo de vida do Modelo T tinha chegado ao final e que seria necessário inovar na fabricação de um modelo mais moderno com algumas características diferentes do Modelo T mas sobretudo com a mesma filosofia do baixo custo Modelo econômico de Ford Custos mais baixos requerem maior volume de vendas e Henry Ford estava ciente disso A filosofia de Ford marcou o que hoje conhecemos por produção em massa A produção em massa marcou a Teoria Clássica da Administração As economias de produção em larga escala permitem que os custos fixos se distribuam em um grande volume demonstrando que todos os custos e não apenas os de produção declinam a um ritmo dado à medida que o volume aumenta A aplicação desses métodos proporcionou que Ford diminuísse os custos e por consequência seus preços frente ao mercado da concorrência aumen tando a qualidade e agregando valor aos clientes que buscavam satisfazer suas necessidades e obter benefícios a preços mais aceitáveis A Figura 2 ilustra a relação entre clientes empresa e concorrência na agregação de valor a produtos e serviços Henry Ford e a linha de produção 3 Figura 2 Relação entre clientes empresa e mercadoconcorrência para agregar valor A menos que o produto oferecido possa distinguirse de alguma maneira de seus concorrentes é muito provável que os clientes se inclinem para o artigo mais barato Daí a importância de tentar agregar valor adicional à oferta visando a diferenciálo dos demais Fazendo referência ao custo e à viabilidade de adquirir o modelo T Ford chegou a declarar Quero construir um carro para toda a gente Será bastante amplo para comportar uma família e tão pequeno que um indivíduo só possa guiar e zelar Será feito do melhor material e trabalhado pelos melhores operários segundo os mais simples desenhos criados pela técnica moderna Mas o preço será tão reduzido que qualquer homem poderá adquirilo para com ele gozar na companhia dos seus as belezas e ameni dades que Deus pôs na natureza GUERRINI BELHOT AZZOLINI JÚNIOR 2014 p 42 Henry Ford sabia da necessidade de diferenciarse por outros meios então a Ford deu ênfase em seus serviços ou seja no processo de produção de seus produtos Deming 1997 afirma que é fundamental adotar princípios utilizados para a melhoria nos processos industriais e de serviços como a inovação e a melhoria contínua A inovação inclusive foi responsável pelo desaparecimento dos carburadores anteriormente utilizados por Ford e outras marcas que posteriormente foram substituídos pelos injetores de combustíveis Grandim 2010 afirma que durante toda a década de 1920 os gerentes de produção da fábrica de River Rouge foram os pioneiros em técnicas de reciclagem industrial explorando os detritos do governo e do comércio em busca de recursos reutilizáveis Em Fordlândia por exemplo o sistema de água era acionado por uma instalação elétrica composta de caldeiras geradores turbinas e motores retirados de navios da marinha aposentados alguns anos antes De fato a Ford foi pioneira em reciclagem industrial GRANDIM 2010 Henry Ford e a linha de produção 4 As empresas buscam alcançar uma posição de vantagem baseada em produtividade e valor agregado e para isso passam por um período de experiência e aprendizado Ford entendeu isso desde o princípio Ford estava ciente de que para aumentar sua fatia de mercado frente aos con correntes seus custos precisavam baixar A vantagem em custos permite adquirir uma posição de liderança no mercado e lucrar acima da média Assim consolidavase um novo modelo de produção o modelo de linha de produção de Henry Ford Linha de produção da Ford A Ford por meio da equipe de engenheiros de produção com destaque para Charles E Sorensen 18811968 introduziu o princípio de fluxo de produção como linha de montagem para o Modelo T pela reorganização funcional das atividades da fábrica O princípio do fluxo se referia à divisão do trabalho na fabricação e na montagem de determinado produto Você sabe o que inspirou Ford a criar essa linha de produção A linha de produção e montagem da Ford ficou celebrizada na paródia Tempos modernos de Charles Chaplin No filme Chaplin caricaturou um novo funcionário de fábrica lutando para trabalhar ao ritmo imposto por uma máquina mas perdendo a batalha para ela Em uma das clássicas cenas da película Chaplin tenta tirar um colega de trabalho da engrenagem de uma máquina de produção em massa Figura 3 O maquinário complexo representa o poder que este tem sobre o trabalhador no novo sistema de trabalho Figura 3 Cena clássica do filme Tempos modernos que celebrizou a linha de produção e montagem da Ford Henry Ford e a linha de produção 5 Para conceber esse princípio Ford fez diversas visitas a abatedouros norteamericanos para entender como era a produtividade de seu fluxo de trabalho Depois de abatidos os bois eram pendurados em ganchos e passavam de uma estação de trabalho para outra onde cada parte do boi era cortada O que Ford fez foi inverter o fluxo passando da desmontagem do boi para a linha de montagem do produto A produção dos modelos da Ford ocorria sequencialmente em linha reta com peças pequenas que eram transportadas por correias automáticas GUERRINI BELHOT AZZOLINI JÚNIOR 2014 É o que conhecemos por produção em linha Na produção em linha os produtos são padronizados e produzidos em uma sequência regular de operações com etapas balanceadas para que uma não atrase a outra MOREIRA 2012 A produção em linha é quando um processo recebe a produção de outro processo de modo que ambos os processos estão dentro de um arranjo sequencial de produção Nesses processos a transformação das matériasprimas obedece a uma série de etapas também sequenciais Ou seja a produção se realiza por meio de dois ou mais processos de forma que a produção terminada é um processo que constitui total ou parcialmente o material direto do processo seguinte como você pode verificar na Figura 4 Figura 4 O processo de produção em uma linha de montagem Fonte Adaptada de Slack BrandonJones e Johnston 2018 Esse conceito fez com que houve um equilíbrio da produção colocando os empregados especializados em determinadas funções específicas acelerando empregados mais lentos e desacelerando os mais rápidos Ford também deu a ênfase à redução dos desperdícios Em Minha vida minha obra ele descreve que uma parada traz enormes perdas perda no Henry Ford e a linha de produção 6 Na fabricação a produtividade serve para avaliar o rendimento dos se tores das máquinas dos equipamentos de trabalho e dos empregados Produtividade em relação aos empregados é sinônimo de rendimento A Ford demonstrou ter uma linha de montagem não apenas altamente produtiva mas também eficiente Falase que algo ou alguém é produtivo quando com uma quantidade de recursosinsumos em um dado período obtémse o máximo de produtos Não confunda porém produtividade com eficiência A produtividade é a razão entre quantidade de produtos e os insumos utilizados Produtividade ProduçãoInsumos Resultados obtidosRecursos empregados Por sua vez a eficiência é a relação obtida da produção com a produção esperada Eficiência Produção real obtidaProdução padrão esperada Assim a eficiência de um processo produtivo pode ser medida por uma ampla variedade de critérios como produtividade elevada e bons resultados outputs por unidade produzida alta qualidade com poucos desperdícios e pouco gasto com manutenções no pósvenda custos baixos e pouco investimento e baixos estoques de insumos Grandim 2010 relata que apesar das críticas à linha de montagem de Ford referentes à mecanização do trabalho para muitos seus métodos indus triais se tornaram sinônimo de vida moderna e de uma produção eficiente A produção total de uma empresa é o resultado da conjunção de todos seus fatores produtivos com padrões de qualidade velocidade flexibilidade confiabilidade e custos como você pode observar na Figura 5 Henry Ford e a linha de produção 8 Figura 5 O processo de produção em uma linha de montagem Fonte Adaptada de Slack BrandonJones e Johnston 2018 As operações com alta qualidade não desperdiçam tempo nem admitem retrabalho pois invariavelmente incorrerão em custos adicionais A flexi bilidade permite que as operações sejam mutáveis sem que a operação seja paralisada e Ford era avesso a paralisações Por sua vez a confiabilidade retrata a confiança na entrega do produto ao cliente final e operações rápidas dão celeridade aos estoques e aos processos da cadeia produtiva Por fim custos são racionalizados para que o preço de venda seja acessível Para aumentar a produtividade a Ford também adotou a verticalidade da produção de alguns insumos como o caso do látex para a fabricação da borracha Ford instalou fábricas no Brasil uma delas conhecida como Fordlândia Figura 6 para a extração da borracha com os objetivos de fugir do monopólio britânico da época e de fabricar estoque para estoque Esse segundo aspecto foi a base da estrutura fabricar estoque para estoque em que todos os insumos ou a grande maioria são estocados e o cliente é atendido por meio de um estoque de produtos acabados GUERRINI BELHOT AZZOLINI JÚNIOR 2014 p 52 Henry Ford e a linha de produção 9 Figura 6 Casas com varanda bailes dominicais um moderno hospital e até um hidrante em seu auge Fordlândia era um polo americano em meio à floresta Fonte Dantas 2015 documento online Em 1925 a Ford tinha quase o monopólio do comércio de carros e caminhões no Brasil Essa participação chegava a 60 frente a 14 da General Motors Para Grandim 2010 a Fordlândia foi um projeto que produziu enormes riquezas ao Brasil no mercado mundial da borracha pois ditava o preço global do produto Por outro lado tratavase de uma riqueza instável e insustentável para o homem e para o meio ambiente Henry Ford por sua vez sempre viu na Fordlândia o retrato do sonho americano Porém no início dos anos 1940 o fracasso de Fordlândia reforçou a opinião daqueles que defendiam maiores poderes de regulamentação e governamental GRANDIM 2010 O sonho de Ford na Fordlândia se encerrava porém independentemente das críticas ao resultado e de como a cidade ficou após a retirada da fábrica o mais importante é refletirmos até que ponto Ford estava disposto a fugir do monopólio do látex na época decidindo investir em uma cidade para extrair uma matériaprima de um dos produtos que estavam em sua linha de produção Henry Ford e a linha de produção 10 Fordismo contribuições e legado É importante que você saiba que Ford não foi o inventor do automóvel mas ficou marcado na história por ser o fabricante que buscou desenvolver veículos a um mercado popular ao contrário dos demais fabricantes que desenvolviam veículos como se fossem artigos de luxo ao alcance somente dos ricos Ford também ficou conhecido por adotar modelos de trabalho voltados para a produtividade a flexibilidade a inovação a qualidade e os custos que por sua vez foram princípios que caracterizaram o surgimento de uma nova Era uma nova teoria que hoje conhecemos por Fordismo De fato a mudança do paradigma da produção artesanal para a produção industrial em massa passa pelos conceitos da divisão do trabalho do surgimento das técnicas de planejamento do controle da produção PCP e do Fordismo GUERRINI BELHOT AZZOLINI JÚNIOR 2014 Sua metodologia de trabalho influenciou diversas organizações pelo mundo a exemplo das cadeias de fastfood Observe na Figura 7 como fun ciona a linha de produção e o preparo de um pedido em uma lanchonete de fastfood que nada mais fez do que aperfeiçoar o que Ford propôs Figura 7 Linha de produção a influência do Fordismo nas redes de fastfood Fonte Fundamentos da Administração 2016 documento online Essa influência não passou despercebida pelos acadêmicos tornandose objeto de estudo de inúmeros pesquisadores e teóricos Isso levou o Fordismo a fazer parte da Teoria Clássica da Administração e ser estudado por diversas ciências como a engenharia da produção e a gestão da qualidade Henry Ford e a linha de produção 11 Contudo o modelo econômico de Ford antes definido pelo dono da em presa precisou inserir profissionais técnicos como o engenheiro da produ ção para entender como os sistemas de produção precisam ser projetados implementados e melhorados Para Batalha 2008 o conceito de modelo econômico mudou com o tempo sobretudo na forma como os stakeholders interagem no processo influenciando os planos da organização Para Guerrini Belhot e Azzolini Júnior 2014 p 20 ao longo da década de 1990 houve um intenso processo de reestruturação industrial em função da aceleração do progresso técnico que impeliu as em presas a buscar a redução do ciclo de desenvolvimento de novos produtos e a melhoria contínua dos processos A necessidade de aumento da produtividade e competitividade levouas a internacionalização de suas operações globalização da produção e a adoção de um modelo pósfordista de estruturar a produção e organizar a empresa Batalha 2008 descreve que a mudança também passou pela diminuição dos níveis hierárquicos com a eliminação de cargos intermediários e a ter ceirização de atividades influenciando o modelo pósfordismo O modelo de produção em massa ou em grandes lotes passou por uma crise e deu lugar à produção de lotes pequenos especialmente em virtude da necessidade de diversificação ANTUNES et al 2008 Nesse sentido houve o surgimento de modelos mais dinâmicos e flexíveis e essa diversidade foi a principal responsável pela redução da efetividade da produção em massa na indústria automobilística Ao se adaptar a essa diversidade o sistema Toyota de produção conseguiu se tornar mais eficiente do que o modelo fordista OHNO 1997 Para Womack Jones e Roos 2004 e Batalha 2008 uma nova forma de pensar os sistemas produtivos começou a surgir na administração japonesa a partir das décadas de 1950 e 1960 chegando ao Ocidente por volta de 1980 e 1990 O sistema Toyota de produção também prioriza a sequência e a padronização da produção assim como propôs Henry Ford Um dos criadores desse sistema foi o engenheiro Taiichi Ohno O paradigma da produção em massa e de alguns conceitos acerca da cadeia produtiva da Ford como o armazenamento de peças e estoque foi repensado e aperfeiçoado pela Toyota que buscou eliminar o depósito O sistema Toyota Henry Ford e a linha de produção 12 de produção também aperfeiçoou outros conceitos que vieram a influenciar a cadeia produtiva mundial Ohno 1997 p 72 ressalta que a Ford advoga os grandes lotes lida com vastas quantidades e produz muito inventário Por contrate o Sistema Toyota de trabalha com a premissa de eliminar totalmente a superprodução gerada pelo inventário e custos relacionados a operários propriedade e instalações As organizações começaram a entender seus processos para buscar a melhoria contínua As operações passaram a focar na qualidade no acompanhamento e no melhoramento Figura 8 De fato Taiichi Ohno afirmou que eu por exemplo reverendo a grandeza de Ford Acredito que se o rei dos carros americanos ainda estivesse vivo estaria com certeza orientandose na mesma direção da Toyota OHNO 1997 p 73 Figura 8 Modelo de planejamento e controle da produção Fonte Slack BrandonJones e Johnston 2018 p 377 Atualmente as empresas vêm focando em serviços de valor agregado compartilhamento de serviços e produtos serviços de entrega pósvenda pacotes financeiros assistência técnica entre outros Os produtos consomem as atividades necessárias para sua fabricação não os custos ou recursos As atividades consomem recursos e fatores produtivos ou seja são as atividades não os produtos que consomem fatores de custo Henry Ford e a linha de produção 13 Com o passar dos anos e com a globalização e as mudanças no mercado competitivo estratégias anteriormente concebidas na fundação das organizações a exemplo da Ford foram realinhadas A relação da Ford com a Mazda resultou em acesso a vários mercados e quando a Mazda decidiu parar de produzir a minivan a Ford foi buscar uma parceria com a Nissan AACKER 2012 Por outro lado diversas empresas ainda adotam o modelo de Ford em suas instalações fabris como é o caso da Volvo Na fábrica da Volvo na Suécia equipes de 10 empregados trabalham em plataformas estacionárias para a montagem dos modelos 740 e 760 em pequenas células de trabalho WOMACK JONES ROOS 2004 Tratase realmente de um retorno às teorias e modelo de Henry Ford Ademais segundo o Sindicato Norteamericano Automobilístico United Automobile Workers Union a produção enxuta preconizada pela Toyota é ainda mais prejudicial ao trabalhador que a produção em massa de Ford WOMACK JONES ROOS 2004 Perceba que além de críticas e elogios o modelo de Henry Ford influenciou e continua influenciando métodos de trabalho seja na indústria ou em uma cadeia de fastfood É fundamental portanto concebermos a importância dos conceitos de Henry Ford para as organizações sejam da época sejam atuais Neste Capítulo você conheceu uma breve introdução das contribuições de Ford para a engenharia da produção seu conceito de modelo econômico sua linha de produção e entendimento da produção em massa e da padronização assim como da influência do fordismo nas organizações Referências AACKER D A Administração estratégica de mercado 9 ed Porto Alegre Bookman 2012 ANTUNES J et al Sistemas de produção conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta Porto Alegre Bookman 2008 BATALHA M O org Introdução à engenharia da produção Rio de Janeiro Elsevier 2008 DANTAS P I Fordlândia a cidade perdida de Henry Ford na Amazônia 2015 Disponível em httpschickenorpastacombr2015fordlandiaacidadeperdidadehenryford naamazonia Acesso em 15 abr 2021 FORD Ford modelo T primeiro carro popular da história comemora 110 anos de lan çamento 2018 Disponível em httpsmediafordcomcontentfordmediafsabrpt news20181002fordmodelotprimeirocarropopulardahistoriacomemora110 html Acesso em 15 abr 2021 Henry Ford e a linha de produção 14 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO Práticas do modelo de produção fordista nos fastfoods 2016 Disponível em httpsfdauneb2016wordpresscom20161021 algumaspraticasdofordismonosfastfoods Acesso em 15 abr 2021 GRANDIM G Fordlândia ascensão e queda da cidade esquecida de Henry Ford na selva Rio de Janeiro Rocco 2010 GUERRINI F M BELHOT R V AZZOLINI JÚNIOR W Planejamento e controla da produção projeto e operações de sistemas Rio de Janeiro Elsevier 2014 MOREIRA D Administração da produção e operações São Paulo Saraiva 2012 OHNO T O sistema Toyota de produção além da produção em larga escala Porto Alegre Bookman 1997 SLACK N BRANDONJONES A JOHNSTON R Administração da produção 8 ed São Paulo Atlas 2018 WOMACK J P JONES D T ROOS D A máquina que mudou o mundo baseado no estudo do Massachusetts Institute of Technology sobre o futuro do automóvel Rio de Janeiro Elsevier 2004 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material No entanto a rede é extremamente dinâmica suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo Assim os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade precisão ou integralidade das informações referidas em tais links Henry Ford e a linha de produção 15
Send your question to AI and receive an answer instantly
Preview text
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Explicar o conceito econômico estabelecido por Henry Ford Caracterizar linha de produção Discutir a utilização do fordismo nos dias de hoje Introdução Henry Ford não foi o criador das linhas de produção tampouco o inventor do automó vel Ford na verdade foi um empreendedor com modelos e ideais revolucionários no campo da produção de modo que acabou por influenciar diversas áreas e inúmeros segmentos de atuação Como ao trabalho de todo teórico e estudioso houve críticas a seus modelos mas inegavelmente suas contribuições perpetuaram Neste capítulo você vai conhecer um pouco sobre Henry Ford sua história sua paixão seu empreendimento seus princípios e seus métodos de trabalho Vamos explicar no que consiste o modo econômico de produção da Ford e sua linha de produção em massa de forma que será possível ao leitor compreender a influência que os modelos de produção da Ford exerceram nas organizações da época na chamada Era Fordista e que ainda hoje exercem Introdução à filosofia de Henry Ford Ao pensar em um nome que tenha revolucionado o mercado automobilístico vem à mente de muitos a figura de Henry Ford Henry Ford nasceu em 1863 Henry Ford e a linha de produção Christiano Braga de Castro Lopes em Michigan nos Estados Unidos e foi um empreendedor que revolucionou o mercado de automóveis não apenas com a fabricação de carros mas com uma metodologia própria de produção Ford então com 13 anos em um passeio com seu pai em uma carroça iniciou sua obsessão por carros sem cavalos quando avistou uma máquina a vapor Desde então Ford buscou adquirir conhecimentos para desenvolver o carro movido à gasolina e por volta de 1896 incentivado por Thomas Edison conseguiu construir um automóvel com um mecanismo simples leve e de fácil montagem GRANDIM 2010 Desde o início Ford focou em criar modelos simples e que fossem acessíveis a todos não apenas aos ricos Assim nascia o Modelo T também conhecido como Tin Lizzie Figura 1 Quando Ford pensou em modelos simples ele tinha em mente conceitos antes não explorados por alguns fabricantes como custo de produção tempo confiabilidade velocidade qualidade flexibilização inovação e diversidade de produtos Por exemplo em um ajustamento da linha de produto do Modelo T Ford conseguiu reduzir o tempo de montagem do chassi de 14 horas para 33 minutos Figura 1 Modelo T primeira criação de Henry Ford Fonte Ford 2018 documento online Henry Ford instalou fábricas por todo o país fabricando 16 unidades do Modelo T em 1 minuto o que levou a Ford a ter praticamente a metade dos veículos fabricados nos Estados Unidos entre 1917 e 1927 Ao mesmo tempo Henry Ford e a linha de produção 2 Ford baixou os custos de US850 por unidade em 1908 para US290 em 1925 Em 1927 a Ford encerrou a produção do Modelo T e influenciado pelo filho Edsel Ford Henry Ford lançou o Modelo A GRANDIM 2010 Quando Henry Ford iniciou a fabricação e a produção do Modelo T a rotatividade de pessoal da Ford disparou triplicando o número de demissões Ford apenas conseguiu manter seus empregados quando esta beleceu um aumento de salário que ficou conhecido como 5 dólares em 1 dia GRANDIM 2010 De acordo com Grandin 2010 com um custo de aproximadamente US250 milhões visto que a fábrica de River Rouge teria que ser reformada para o novo produto mais de 700 mil pedidos foram feitos em poucos meses para adquirir o Modelo A ofertado com diferentes tipos de carroceria e nas cores areia árabe bege rosa e azul andaluz Apesar de saber que a eliminação da fabricação de um produto é geral mente bastante complexa Henry Ford estava certo de que o ciclo de vida do Modelo T tinha chegado ao final e que seria necessário inovar na fabricação de um modelo mais moderno com algumas características diferentes do Modelo T mas sobretudo com a mesma filosofia do baixo custo Modelo econômico de Ford Custos mais baixos requerem maior volume de vendas e Henry Ford estava ciente disso A filosofia de Ford marcou o que hoje conhecemos por produção em massa A produção em massa marcou a Teoria Clássica da Administração As economias de produção em larga escala permitem que os custos fixos se distribuam em um grande volume demonstrando que todos os custos e não apenas os de produção declinam a um ritmo dado à medida que o volume aumenta A aplicação desses métodos proporcionou que Ford diminuísse os custos e por consequência seus preços frente ao mercado da concorrência aumen tando a qualidade e agregando valor aos clientes que buscavam satisfazer suas necessidades e obter benefícios a preços mais aceitáveis A Figura 2 ilustra a relação entre clientes empresa e concorrência na agregação de valor a produtos e serviços Henry Ford e a linha de produção 3 Figura 2 Relação entre clientes empresa e mercadoconcorrência para agregar valor A menos que o produto oferecido possa distinguirse de alguma maneira de seus concorrentes é muito provável que os clientes se inclinem para o artigo mais barato Daí a importância de tentar agregar valor adicional à oferta visando a diferenciálo dos demais Fazendo referência ao custo e à viabilidade de adquirir o modelo T Ford chegou a declarar Quero construir um carro para toda a gente Será bastante amplo para comportar uma família e tão pequeno que um indivíduo só possa guiar e zelar Será feito do melhor material e trabalhado pelos melhores operários segundo os mais simples desenhos criados pela técnica moderna Mas o preço será tão reduzido que qualquer homem poderá adquirilo para com ele gozar na companhia dos seus as belezas e ameni dades que Deus pôs na natureza GUERRINI BELHOT AZZOLINI JÚNIOR 2014 p 42 Henry Ford sabia da necessidade de diferenciarse por outros meios então a Ford deu ênfase em seus serviços ou seja no processo de produção de seus produtos Deming 1997 afirma que é fundamental adotar princípios utilizados para a melhoria nos processos industriais e de serviços como a inovação e a melhoria contínua A inovação inclusive foi responsável pelo desaparecimento dos carburadores anteriormente utilizados por Ford e outras marcas que posteriormente foram substituídos pelos injetores de combustíveis Grandim 2010 afirma que durante toda a década de 1920 os gerentes de produção da fábrica de River Rouge foram os pioneiros em técnicas de reciclagem industrial explorando os detritos do governo e do comércio em busca de recursos reutilizáveis Em Fordlândia por exemplo o sistema de água era acionado por uma instalação elétrica composta de caldeiras geradores turbinas e motores retirados de navios da marinha aposentados alguns anos antes De fato a Ford foi pioneira em reciclagem industrial GRANDIM 2010 Henry Ford e a linha de produção 4 As empresas buscam alcançar uma posição de vantagem baseada em produtividade e valor agregado e para isso passam por um período de experiência e aprendizado Ford entendeu isso desde o princípio Ford estava ciente de que para aumentar sua fatia de mercado frente aos con correntes seus custos precisavam baixar A vantagem em custos permite adquirir uma posição de liderança no mercado e lucrar acima da média Assim consolidavase um novo modelo de produção o modelo de linha de produção de Henry Ford Linha de produção da Ford A Ford por meio da equipe de engenheiros de produção com destaque para Charles E Sorensen 18811968 introduziu o princípio de fluxo de produção como linha de montagem para o Modelo T pela reorganização funcional das atividades da fábrica O princípio do fluxo se referia à divisão do trabalho na fabricação e na montagem de determinado produto Você sabe o que inspirou Ford a criar essa linha de produção A linha de produção e montagem da Ford ficou celebrizada na paródia Tempos modernos de Charles Chaplin No filme Chaplin caricaturou um novo funcionário de fábrica lutando para trabalhar ao ritmo imposto por uma máquina mas perdendo a batalha para ela Em uma das clássicas cenas da película Chaplin tenta tirar um colega de trabalho da engrenagem de uma máquina de produção em massa Figura 3 O maquinário complexo representa o poder que este tem sobre o trabalhador no novo sistema de trabalho Figura 3 Cena clássica do filme Tempos modernos que celebrizou a linha de produção e montagem da Ford Henry Ford e a linha de produção 5 Para conceber esse princípio Ford fez diversas visitas a abatedouros norteamericanos para entender como era a produtividade de seu fluxo de trabalho Depois de abatidos os bois eram pendurados em ganchos e passavam de uma estação de trabalho para outra onde cada parte do boi era cortada O que Ford fez foi inverter o fluxo passando da desmontagem do boi para a linha de montagem do produto A produção dos modelos da Ford ocorria sequencialmente em linha reta com peças pequenas que eram transportadas por correias automáticas GUERRINI BELHOT AZZOLINI JÚNIOR 2014 É o que conhecemos por produção em linha Na produção em linha os produtos são padronizados e produzidos em uma sequência regular de operações com etapas balanceadas para que uma não atrase a outra MOREIRA 2012 A produção em linha é quando um processo recebe a produção de outro processo de modo que ambos os processos estão dentro de um arranjo sequencial de produção Nesses processos a transformação das matériasprimas obedece a uma série de etapas também sequenciais Ou seja a produção se realiza por meio de dois ou mais processos de forma que a produção terminada é um processo que constitui total ou parcialmente o material direto do processo seguinte como você pode verificar na Figura 4 Figura 4 O processo de produção em uma linha de montagem Fonte Adaptada de Slack BrandonJones e Johnston 2018 Esse conceito fez com que houve um equilíbrio da produção colocando os empregados especializados em determinadas funções específicas acelerando empregados mais lentos e desacelerando os mais rápidos Ford também deu a ênfase à redução dos desperdícios Em Minha vida minha obra ele descreve que uma parada traz enormes perdas perda no Henry Ford e a linha de produção 6 Na fabricação a produtividade serve para avaliar o rendimento dos se tores das máquinas dos equipamentos de trabalho e dos empregados Produtividade em relação aos empregados é sinônimo de rendimento A Ford demonstrou ter uma linha de montagem não apenas altamente produtiva mas também eficiente Falase que algo ou alguém é produtivo quando com uma quantidade de recursosinsumos em um dado período obtémse o máximo de produtos Não confunda porém produtividade com eficiência A produtividade é a razão entre quantidade de produtos e os insumos utilizados Produtividade ProduçãoInsumos Resultados obtidosRecursos empregados Por sua vez a eficiência é a relação obtida da produção com a produção esperada Eficiência Produção real obtidaProdução padrão esperada Assim a eficiência de um processo produtivo pode ser medida por uma ampla variedade de critérios como produtividade elevada e bons resultados outputs por unidade produzida alta qualidade com poucos desperdícios e pouco gasto com manutenções no pósvenda custos baixos e pouco investimento e baixos estoques de insumos Grandim 2010 relata que apesar das críticas à linha de montagem de Ford referentes à mecanização do trabalho para muitos seus métodos indus triais se tornaram sinônimo de vida moderna e de uma produção eficiente A produção total de uma empresa é o resultado da conjunção de todos seus fatores produtivos com padrões de qualidade velocidade flexibilidade confiabilidade e custos como você pode observar na Figura 5 Henry Ford e a linha de produção 8 Figura 5 O processo de produção em uma linha de montagem Fonte Adaptada de Slack BrandonJones e Johnston 2018 As operações com alta qualidade não desperdiçam tempo nem admitem retrabalho pois invariavelmente incorrerão em custos adicionais A flexi bilidade permite que as operações sejam mutáveis sem que a operação seja paralisada e Ford era avesso a paralisações Por sua vez a confiabilidade retrata a confiança na entrega do produto ao cliente final e operações rápidas dão celeridade aos estoques e aos processos da cadeia produtiva Por fim custos são racionalizados para que o preço de venda seja acessível Para aumentar a produtividade a Ford também adotou a verticalidade da produção de alguns insumos como o caso do látex para a fabricação da borracha Ford instalou fábricas no Brasil uma delas conhecida como Fordlândia Figura 6 para a extração da borracha com os objetivos de fugir do monopólio britânico da época e de fabricar estoque para estoque Esse segundo aspecto foi a base da estrutura fabricar estoque para estoque em que todos os insumos ou a grande maioria são estocados e o cliente é atendido por meio de um estoque de produtos acabados GUERRINI BELHOT AZZOLINI JÚNIOR 2014 p 52 Henry Ford e a linha de produção 9 Figura 6 Casas com varanda bailes dominicais um moderno hospital e até um hidrante em seu auge Fordlândia era um polo americano em meio à floresta Fonte Dantas 2015 documento online Em 1925 a Ford tinha quase o monopólio do comércio de carros e caminhões no Brasil Essa participação chegava a 60 frente a 14 da General Motors Para Grandim 2010 a Fordlândia foi um projeto que produziu enormes riquezas ao Brasil no mercado mundial da borracha pois ditava o preço global do produto Por outro lado tratavase de uma riqueza instável e insustentável para o homem e para o meio ambiente Henry Ford por sua vez sempre viu na Fordlândia o retrato do sonho americano Porém no início dos anos 1940 o fracasso de Fordlândia reforçou a opinião daqueles que defendiam maiores poderes de regulamentação e governamental GRANDIM 2010 O sonho de Ford na Fordlândia se encerrava porém independentemente das críticas ao resultado e de como a cidade ficou após a retirada da fábrica o mais importante é refletirmos até que ponto Ford estava disposto a fugir do monopólio do látex na época decidindo investir em uma cidade para extrair uma matériaprima de um dos produtos que estavam em sua linha de produção Henry Ford e a linha de produção 10 Fordismo contribuições e legado É importante que você saiba que Ford não foi o inventor do automóvel mas ficou marcado na história por ser o fabricante que buscou desenvolver veículos a um mercado popular ao contrário dos demais fabricantes que desenvolviam veículos como se fossem artigos de luxo ao alcance somente dos ricos Ford também ficou conhecido por adotar modelos de trabalho voltados para a produtividade a flexibilidade a inovação a qualidade e os custos que por sua vez foram princípios que caracterizaram o surgimento de uma nova Era uma nova teoria que hoje conhecemos por Fordismo De fato a mudança do paradigma da produção artesanal para a produção industrial em massa passa pelos conceitos da divisão do trabalho do surgimento das técnicas de planejamento do controle da produção PCP e do Fordismo GUERRINI BELHOT AZZOLINI JÚNIOR 2014 Sua metodologia de trabalho influenciou diversas organizações pelo mundo a exemplo das cadeias de fastfood Observe na Figura 7 como fun ciona a linha de produção e o preparo de um pedido em uma lanchonete de fastfood que nada mais fez do que aperfeiçoar o que Ford propôs Figura 7 Linha de produção a influência do Fordismo nas redes de fastfood Fonte Fundamentos da Administração 2016 documento online Essa influência não passou despercebida pelos acadêmicos tornandose objeto de estudo de inúmeros pesquisadores e teóricos Isso levou o Fordismo a fazer parte da Teoria Clássica da Administração e ser estudado por diversas ciências como a engenharia da produção e a gestão da qualidade Henry Ford e a linha de produção 11 Contudo o modelo econômico de Ford antes definido pelo dono da em presa precisou inserir profissionais técnicos como o engenheiro da produ ção para entender como os sistemas de produção precisam ser projetados implementados e melhorados Para Batalha 2008 o conceito de modelo econômico mudou com o tempo sobretudo na forma como os stakeholders interagem no processo influenciando os planos da organização Para Guerrini Belhot e Azzolini Júnior 2014 p 20 ao longo da década de 1990 houve um intenso processo de reestruturação industrial em função da aceleração do progresso técnico que impeliu as em presas a buscar a redução do ciclo de desenvolvimento de novos produtos e a melhoria contínua dos processos A necessidade de aumento da produtividade e competitividade levouas a internacionalização de suas operações globalização da produção e a adoção de um modelo pósfordista de estruturar a produção e organizar a empresa Batalha 2008 descreve que a mudança também passou pela diminuição dos níveis hierárquicos com a eliminação de cargos intermediários e a ter ceirização de atividades influenciando o modelo pósfordismo O modelo de produção em massa ou em grandes lotes passou por uma crise e deu lugar à produção de lotes pequenos especialmente em virtude da necessidade de diversificação ANTUNES et al 2008 Nesse sentido houve o surgimento de modelos mais dinâmicos e flexíveis e essa diversidade foi a principal responsável pela redução da efetividade da produção em massa na indústria automobilística Ao se adaptar a essa diversidade o sistema Toyota de produção conseguiu se tornar mais eficiente do que o modelo fordista OHNO 1997 Para Womack Jones e Roos 2004 e Batalha 2008 uma nova forma de pensar os sistemas produtivos começou a surgir na administração japonesa a partir das décadas de 1950 e 1960 chegando ao Ocidente por volta de 1980 e 1990 O sistema Toyota de produção também prioriza a sequência e a padronização da produção assim como propôs Henry Ford Um dos criadores desse sistema foi o engenheiro Taiichi Ohno O paradigma da produção em massa e de alguns conceitos acerca da cadeia produtiva da Ford como o armazenamento de peças e estoque foi repensado e aperfeiçoado pela Toyota que buscou eliminar o depósito O sistema Toyota Henry Ford e a linha de produção 12 de produção também aperfeiçoou outros conceitos que vieram a influenciar a cadeia produtiva mundial Ohno 1997 p 72 ressalta que a Ford advoga os grandes lotes lida com vastas quantidades e produz muito inventário Por contrate o Sistema Toyota de trabalha com a premissa de eliminar totalmente a superprodução gerada pelo inventário e custos relacionados a operários propriedade e instalações As organizações começaram a entender seus processos para buscar a melhoria contínua As operações passaram a focar na qualidade no acompanhamento e no melhoramento Figura 8 De fato Taiichi Ohno afirmou que eu por exemplo reverendo a grandeza de Ford Acredito que se o rei dos carros americanos ainda estivesse vivo estaria com certeza orientandose na mesma direção da Toyota OHNO 1997 p 73 Figura 8 Modelo de planejamento e controle da produção Fonte Slack BrandonJones e Johnston 2018 p 377 Atualmente as empresas vêm focando em serviços de valor agregado compartilhamento de serviços e produtos serviços de entrega pósvenda pacotes financeiros assistência técnica entre outros Os produtos consomem as atividades necessárias para sua fabricação não os custos ou recursos As atividades consomem recursos e fatores produtivos ou seja são as atividades não os produtos que consomem fatores de custo Henry Ford e a linha de produção 13 Com o passar dos anos e com a globalização e as mudanças no mercado competitivo estratégias anteriormente concebidas na fundação das organizações a exemplo da Ford foram realinhadas A relação da Ford com a Mazda resultou em acesso a vários mercados e quando a Mazda decidiu parar de produzir a minivan a Ford foi buscar uma parceria com a Nissan AACKER 2012 Por outro lado diversas empresas ainda adotam o modelo de Ford em suas instalações fabris como é o caso da Volvo Na fábrica da Volvo na Suécia equipes de 10 empregados trabalham em plataformas estacionárias para a montagem dos modelos 740 e 760 em pequenas células de trabalho WOMACK JONES ROOS 2004 Tratase realmente de um retorno às teorias e modelo de Henry Ford Ademais segundo o Sindicato Norteamericano Automobilístico United Automobile Workers Union a produção enxuta preconizada pela Toyota é ainda mais prejudicial ao trabalhador que a produção em massa de Ford WOMACK JONES ROOS 2004 Perceba que além de críticas e elogios o modelo de Henry Ford influenciou e continua influenciando métodos de trabalho seja na indústria ou em uma cadeia de fastfood É fundamental portanto concebermos a importância dos conceitos de Henry Ford para as organizações sejam da época sejam atuais Neste Capítulo você conheceu uma breve introdução das contribuições de Ford para a engenharia da produção seu conceito de modelo econômico sua linha de produção e entendimento da produção em massa e da padronização assim como da influência do fordismo nas organizações Referências AACKER D A Administração estratégica de mercado 9 ed Porto Alegre Bookman 2012 ANTUNES J et al Sistemas de produção conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta Porto Alegre Bookman 2008 BATALHA M O org Introdução à engenharia da produção Rio de Janeiro Elsevier 2008 DANTAS P I Fordlândia a cidade perdida de Henry Ford na Amazônia 2015 Disponível em httpschickenorpastacombr2015fordlandiaacidadeperdidadehenryford naamazonia Acesso em 15 abr 2021 FORD Ford modelo T primeiro carro popular da história comemora 110 anos de lan çamento 2018 Disponível em httpsmediafordcomcontentfordmediafsabrpt news20181002fordmodelotprimeirocarropopulardahistoriacomemora110 html Acesso em 15 abr 2021 Henry Ford e a linha de produção 14 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO Práticas do modelo de produção fordista nos fastfoods 2016 Disponível em httpsfdauneb2016wordpresscom20161021 algumaspraticasdofordismonosfastfoods Acesso em 15 abr 2021 GRANDIM G Fordlândia ascensão e queda da cidade esquecida de Henry Ford na selva Rio de Janeiro Rocco 2010 GUERRINI F M BELHOT R V AZZOLINI JÚNIOR W Planejamento e controla da produção projeto e operações de sistemas Rio de Janeiro Elsevier 2014 MOREIRA D Administração da produção e operações São Paulo Saraiva 2012 OHNO T O sistema Toyota de produção além da produção em larga escala Porto Alegre Bookman 1997 SLACK N BRANDONJONES A JOHNSTON R Administração da produção 8 ed São Paulo Atlas 2018 WOMACK J P JONES D T ROOS D A máquina que mudou o mundo baseado no estudo do Massachusetts Institute of Technology sobre o futuro do automóvel Rio de Janeiro Elsevier 2004 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material No entanto a rede é extremamente dinâmica suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo Assim os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade precisão ou integralidade das informações referidas em tais links Henry Ford e a linha de produção 15