·
Letras ·
Literatura
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
14
20 Anos do Reconhecimento da Libras: Impactos na Educação das Pessoas Surdas
Literatura
UNICESUMAR
3
Material de Avaliação Prática - Curso de Libras
Literatura
UNICESUMAR
6
A Mensagem de Fernando Pessoa: Uma Epopeia da Modernidade
Literatura
UFAM
21
O Indianismo na Prosa Romântica
Literatura
UNILAB
64
Ubirajara: A Terra e Seus Guerreiros
Literatura
UNILAB
10
Excertos de Álvaro de Campos: Reflexões sobre a Vida e o Ópio
Literatura
UNILAB
2
Roteiro para Entrega de Trabalho Monográfico: Recomendações e Estrutura
Literatura
IFSP
17
O Cego de Landim - Capítulo 1
Literatura
UNILAB
503
Mimesis Erich Auerbach Analise da Representacao da Realidade na Literatura Ocidental
Literatura
UMG
132
Senhora - José de Alencar
Literatura
UNILAB
Preview text
LIBRAS Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância NOGUEIRA Clélia Maria Ignatius CARNEIRO Marília Ignatius Nogueira SOARES Beatriz Ignatius Nogueira LIBRAS Clélia Maria Ignatius Nogueira Marília Ignatius Nogueira Carneiro Beatriz Ignatius Nogueira Soares MaringáPr UniCesumar 2017 Reimpresso em 2021 424 p Graduação EaD 1 Libras 2 Linguagem 3 Sinais 4 EaD I Título ISBN 9788545907053 CDD 22 ed 370 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Coordenador de Conteúdo Marcia Maria Previato Souza Designer Educacional Isabela Agulhon Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Daniel Fuverki Hey Fernando Henrique Mendes Qualidade Textual Pedro Afonso Barth Kaio Vinicius Cardoso Gomes Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pósgraduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica AUTORAS Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares Especialista em Educação Especial Instituto Paranaense de Ensino e Faculdade Maringá Licenciada em Artes Visuais pela Unicesumar e Licenciada em Letras Libras pela UFSC Universidade Federal de Santa Catarina Professora de Libras da UFPR Universidade Federal do Paraná Campus de Palotina Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Surdez e Ensino de Matemática da Universidade Estadual Paranaense UNESPAR e Coordenadora do Projeto de Apoio a Difusão da Libras Palotina UFPR Para maiores informações acesse o link disponível em httplattescnpq br9086666373114923 Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Doutora em Educação pela UNESP Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Mestra em Matemática pela USP Universidade de São Paulo Licenciada em Matemática pela FAFIT Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã SP Professora de Libras da Unicesumar desde 2010 Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Surdez e Ensino de Matemática da Universidade Estadual Paranaense UNESPAR do Projeto de Apoio a Difusão da Libras do Departamento de Língua Portuguesa da UEM e do Projeto de Apoio a Difusão da Libras Palotina UFPR Para maiores informações acesse o link disponível em httplattescnpq br7001703570357441 Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Mestra em Educação pela UEM Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Surdez e Ensino de Matemática da Universidade Estadual Paranaense UNESPAR Campus de Campo Mourão Licenciada em Letras Libras pela UFSC Universidade Federal de Santa Catarina Bacharel em Gastronomia pela Unicesumar Maringá Professora de Libras do Departamento de Língua Portuguesa da Universidade Estadual de Maringá e Coordenadora do Projeto de Apoio a Difusão da Libras UEM Para maiores informações acesse o link disponível em httplattescnpq br4034205128370041 SEJA BEMVINDOA Olá caroa alunoa Você certamente deve estar se perguntando por que estudar a Lín gua Brasileira de Sinais a Libras Afinal essa é a língua dos surdos brasileiros e provavel mente você nem conhece ninguém surdo Algo que você provavelmente não sabe é que atualmente existem no Brasil cerca de 57 milhões de pessoas surdas e que segundo dados do MEC Ministério da Educação em 2001 existiam 50 mil estudantes surdos matriculados no Ensino Fundamental a maioria deles em classes comuns em escolas inclusivas vivenciando uma situação de fracasso escolar principalmente porque a metodologia mais utilizada ainda é a explicação oral Este dado de 2001 é importante porque deu origem a diversas ações do Ministério da Educação do Brasil mudando radicalmente e para melhor a educação do surdo brasi leiro Dentre elas destacamos o Decreto Federal 5626 de 22 de dezembro de 2005 que tornou obrigatório o ensino de Libras Língua Brasileira de Sinais em todos os cursos de formação de professores e também de fonoaudiologia do Brasil além de se constituir como disciplina optativa dos demais cursos É por isso que você está tendo esta disci plina A surdez pode ser caracterizada de duas maneiras distintas seguindo o modelo médico em que ela é vista como uma deficiência uma limitação de natureza patológica com o surdo sendo rotulado por aquilo que não é capaz de fazer ou seguindo a concepção sócioantropológica da surdez como uma diferença linguística encarando o surdo a partir de suas possibilidades que poderão ser mais ou menos aproveitadas em função da educação que lhe for ofertada Ao elaborar este livro texto procuramos atender prioritariamente a três grandes ob jetivos proporcionar a constituição de uma imagem positiva da surdez e dos surdos favorecer a inclusão educacional e social do surdo e promover a difusão da Libras Pelo nosso sobrenome você já deve ter percebido que nós três somos parentes É verda de Somos mãe Clélia e filhas A mãe é ouvinte e as filhas são surdas e nós vivenciamos um período muito difícil na educação do surdo brasileiro no qual os professores não aprendiam a se comunicar com seus alunos e mais os próprios surdos eram proibidos de usar a Libras Esse período foi muito difícil e isso acontecia porque as pessoas incluídas aí os profes sores e a família acreditavam que aprender falar oralmente era a única forma do surdo que naquela época era designado por deficiente auditivo se integrar à sociedade Atualmente muita coisa mudou Até a maneira de se referir aos surdos e na Introdução da Unidade I nós vamos discutir isso melhor Vamos mostrar porque hoje os surdos não querem mais ser chamados de deficientes auditivos e mais vamos mostrar porque a maneira como nós utilizamos as palavras é importante Sem uma boa discussão parece implicância querer que se utilizem algumas palavras A tal da história do politicamente correto afinal o que isso importa se as pessoas entendem do que estamos falando independente da palavra usada Esta resposta está lá na Introdução da Unidade I APRESENTAÇÃO LIBRAS Com a Unidade I O surdo a surdez a educação a cultura e identidades surdas nosso objetivo é introduzir você no mundo surdo mostrando por exemplo que nem sem pre os surdos tiveram direito à educaçãoe que que começou somente por volta do século XV quando os surdos começam a ser educados e desde seu início a grande discussão sempre foi se esta educação deveria ser feita sustentada essencialmente na oralização ou se poderia ser apoiada em gestos Em seguida o objetivo é discutir como se efetiva a educação do surdo no Brasil atual Quais são as políticas as leis e os programas públicos de atendimento edu cacional ao surdo além dos recursos tecnológicos para a sua inclusão social e edu cacional Estes temas são abordados na Unidade II que trata como o próprio título indica de maneira direta e Legislação Políticas Públicas e Recursos Tecnológicos para a Educação de Surdos Na terceira unidade Aspectos Gerais e Fonológicos da Libras começamos a apre sentar a Libras em seus aspectos gerais e fonológicos e já a partir da introdução da Unidade III você vai ficar sabendo que a Libras é uma língua com gramática própria e proporciona para os surdos tudo que a língua oral proporciona aos ouvintes E ain da que cada país tem a sua língua de sinais A Libras é a Língua Brasileira de Sinais falada pelos surdos brasileiros Finalizamos a parte teórica da Unidade III discutindo as restrições para a criação de sinais em Libras Nesta unidade também iniciamos a construção do seu vocabulário em Libras com o Léxico de Categorias Semânticas isto é sinais para um grupo de palavras relacionadas entre si por um grande tema Esta construção de vocabulário também está presente nas Unidades IV e V Em fun ção da limitação de espaço em um texto como este nos limitamos ao vocabulário mais básico para a sala de aula Para o estudo dessas três unidades os vídeos são fundamentais assim como a consulta aos sites indicados Na Unidade IV Aspectos Morfológicos da Libras o objetivo principal é discutir as re gras que determinam a formação de sinais abordando também os Classificadores poderosos auxiliares da Libras Na Unidade V Aspectos Sintáticos da Libras o objetivo é apresentar a sintaxe es pacial ou seja como se caracteriza o espaço gramatical em Libras discutindo as regras para a formação de frases em Libras por exemplo Tratamos também da mo dulação de sinais em Libras como processo análogo ao da entonação na Língua Portuguesa Sabemos que aprender Libras é uma tarefa difícil e quase impossível de acontecer só com esta disciplina Nós esperamos que você se interesse pelos surdos pela sua língua e procure estudar mais e mais Finalizamos esta apresentação com esta frase que nos faz refletir O que importa a surdez da orelha quando a mente ouve A verdadeira surdez a incurável surdez é a da mente FERDINAND BERTHIER surdo francês 1854 Abram suas mentes e bons estudos APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS 15 Introdução 16 História da Educação de Surdos 22 Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo 32 Cultura e Identidades Surdas 41 Considerações Finais 47 Referências 49 Gabarito UNIDADE II LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS 53 Introdução 54 Inclusão como Princípio da Educação Especial 57 A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos 71 A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil 77 Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo 85 Considerações Finais 92 Referências 94 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS 97 Introdução 98 Paralelos Entre Libras e Língua Portuguesa 109 Aspectos Fonológicos da Libras 130 Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza 145 Considerações Finais 153 Referências 154 Gabarito UNIDADE IV Aspectos morfológicos da Libras 157 Introdução 158 Aspectos Morfológicos da Libras 175 Classificadores 190 Léxico de Categorias Semâticas II 261 Considerações Finais 266 Referências 267 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS 271 Introdução 272 O Espaço Gramatical 295 Verbos em Libras 300 Léxico De Categorias Semânticas III 416 Considerações Finais 422 Referências 423 Gabarito 424 Conclusão UNIDADE I Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Objetivos de Aprendizagem Refletir sobre o percurso histórico da Educação de Surdos Cotejar as principais abordagens pedagógicas na Educação de Surdos Refletir sobre cultura e processo de construção de identidades surdas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade História da educação de surdos Abordagens educacionais para surdos oralismo comunicação total e bilinguismo Cultura e identidades surdas INTRODUÇÃO Apesar de aparentemente não ter importância a denominação escolhida para designar uma pessoa ou um grupo de indivíduos ela revela nossa concepção a maneira como consideramos a pessoa o grupo ou o fenômeno a que nos referimos É comum entre as pessoas por exemplo a utilização da expressão surdamuda para designar a pessoa surda A palavra mudo não corresponde à realidade do surdo pois ele não é mudo no sentido de possuir comprometimentos no sistema fonoarticulatório mas a maioria das vezes a pessoa surda não fala porque não consegue aprender pois não possui o feedback auditivo Há casos de pessoas que ouvem portanto não são surdas mas têm um distúrbio da fala e em decorrência disso não falam são mudas A expressão deficiente auditivo está ligada ao período que refletia a concepção do Modelo Médico que entendia o surdo como deficiente e para tornálo efi ciente a ênfase no trabalho era a de reabilitação trabalho de reabilitar a audição e a fala na tentativa de minimizar os efeitos provocados pela alteração auditiva Atualmente dentro da concepção defendida por diversos autores como Carlos Skliar 1998 Ronice Quadros 1997 Lucinda Brito 1995 Paula Botelho 2002 Gladys Perlin 2004 entre outros a surdez é entendida muito mais como uma diferença do que como deficiência Segundo esses estudiosos a surdez é uma experiência visual e isso significa que todos os mecanismos de processamento da informação e todas as formas de compreender o universo em seu entorno se constroem como experiência visual SKLIAR 1998 p 28 Nesta primeira unidade vamos estudar a história da educação de surdos para compreendermos melhor a evolução dessa educação e das diferentes aborda gens ou filosofias educacionais o oralismo a comunicação total e o bilinguismo bem como suas consequências para a formação da identidade da pessoa surda Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS A principal questão da educação dos surdos desde seu início sempre foi se os surdos deveriam desenvolver a aprendizagem utilizando a língua de sinais ou a língua oral E essa decisão durante muito tempo foi tomada pelos ouvintes Só recentemente os surdos podem dizer como preferem ser educados e a maioria decidiu que o melhor para eles é a língua de sinais Como não é possível viver no mundo dos ouvintes sem o conhecimento da língua pátria os surdos defendem que a língua de sinais no caso do Brasil a Libras deve ser considerada sua primeira língua e depois devem aprender o português de preferência na modalidade escrita Mas para os surdos poderem conquistar o direito de se expressarem em Libras que hoje é língua oficial brasileira desde 2002 eles lutaram muito e por séculos Os poucos relatos encontrados sobre a educação dos surdos durante a Antiguidade e por quase toda a Idade Média falavam de curas milagrosas dizendo que qualquer sucesso dos sur dos era devido à interferência divina Durante muito tempo os surdos eram considerados incapazes de ser ensi nados por isso eles não frequentavam escolas As pessoas surdas principal mente as que não falavam eram excluídas da sociedade sendo proibidas de casar possuir ou herdar bens e viver como as demais pessoas Até o final do século XV não havia escolas com ensino especializado para surdos mas na verdade a figura do preceptor professor particular era muito comum para todas as crianças e jovens principalmente das famílias ricas Famílias nobres e influentes que tinham um filho surdo contratavam os serviços de pro fessores particulares para que ele aprendesse a falar pois a aprendizagem de uma Figura 1 Livro Arte para ensinar shutterstock História da Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 língua era essencial para que os surdos pudessem herdar os títulos e as proprie dades de suas famílias É apenas no início do século XVI que se começa a acreditar que os surdos podiam aprender mediante a educação e aparecem relatos de educadores que apresentam resultados obtidos com seus trabalhos utilizando diferentes métodos Uma pessoa importante para a educação dos surdos no século XVI é o médico matemático e astrólogo italiano Gerolamo Cardano 15011576 que tinha um filho surdo Ele é considerado um educador de surdos mas seus estudos eram mais relacionados à medicina Cardano afirmou que a escrita poderia represen tar os sons da fala e as ideias do pensamento e por isso o fato de não falar não era impedimento para que o surdo adquirisse conhecimento Assim Cardano já recomendava o uso de sinais e o ensino da linguagem escrita O espanhol Pedro Ponce de Leon 15201584 é considerado o primeiro pro fessor de surdos por ter ensinado crianças surdas da nobreza espanhola Frei Ponce de Léon usava na educação dos surdos sinais treinamento de voz e leitura labial Quarenta anos após a morte de Frei Ponce de Leon já no século XVII Juan Pablo Bonet publicou o que seria o primeiro livro do mundo para ensi nar língua de sinais a surdos contendo o alfabeto manual Bonet dava grande importância à expressão e ao treino oral nos primeiros anos de vida da pessoa e sempre utilizava a comunicação gestual A primeira intervenção pedagógica de Bonet com seus alunos era ensinar o alfabeto gestual e as letras correspon dentes na forma escrita Posteriormente Bonet ensinava a articulação das letras para finalmente apresentar as estruturas gramaticais Os gestos eram considerados importantes para os surdos entenderem o significado das palavras e como ele adotava os ges tos para ajudar os surdos a falarem o método de Bonet pode ser considerado a base para a Comunicação Total que é utilizada até os dias de hoje e que estuda remos no próximo tópico No século XVIII a educação dos surdos avança bastante principalmente com os trabalhos do Abade Charles Michel De LEpée na França de Thomas Braidwood na Inglaterra e de Samuel Heinicke na Alemanha Apesar de uti lizarem metodologias diferentes o que os aproxima é o fato de terem criado as primeiras escolas coletivas para surdos em seus países Fonte Bonet 16801 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 Thomas Braidwood fundou em 1760 em Edimburgo a primeira escola para surdos de toda GrãBretanha Braidwood utilizava um alfabeto digital envolvendo ambas as mãos para apoiar o ensino da escrita e da fala Este alfabeto ainda é utilizado na Inglaterra Samuel Heinicke criou em 1778 uma escola em Liepzig na Alemanha A sua meto dologia defendia que a coisa mais importante no ensino da criança surda seria a linguagem falada e que a linguagem por meio de ges tos poderia prejudicar esta aprendizagem Heinicke é considerado o fundador do ora lismo que vamos estudar melhor na seção seguinte e de uma metodologia que ficou conhecida como o método alemão Na época era comum manter em segredo o modo como se conduzia a educação dos surdos Cada professor trabalhava sozinho e não era comum trocar experiências por isso conhecemos pouco do método alemão de Heinicke Ele mesmo escreveu que seu método de educação não era conhe cido por ninguém exceto por seu filho pois ele dizia ter passado por muitas dificuldades para criar seu método e por isso não pretendia dividir suas con quistas com ninguém Considerando que os estudos linguísticos objetivam conhecer os princípios de funcionamento das línguas suas semelhanças e diferenças podemos dizer que os estudos linguísticos acerca das línguas de sinais tiveram início com o abade francês Charles De LEpée no final do século XVIII O abade a partir da observação de grupos de surdos verificou que estes desenvolviam um tipo de comunicação apoiada no canal visogestual que era muito satisfatória Partindo dessa linguagem gestual ele desenvolveu um método educacional apoiado na linguagem de sinais da comunidade de surdos franceses acrescentou alguns sinais que tornavam a estrutura da língua dos surdos mais parecida com o fran cês e denominou esse sistema de sinais metódicos Fonte Bonet 1680 online1 História da Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 Em 1775 De LEpée fundou uma escola para surdos a primeira em seu gênero com aulas coletivas na qual professores e alunos usavam os chamados sinais metó dicos A proposta educativa da escola era que os professores deveriam aprender tais sinais para se comunicar com os surdos Os professores aprendiam com os surdos e utilizando os sinais metódicos ensinavam o francês falado e escrito Diferente de Heinecke que escondia seu método De LEpée divulgava seus trabalhos em reuniões periódicas e propunhase a discutir seus resultados Em 1776 publicou um livro no qual divulgava suas técnicas Seus alunos usavam bem a escrita e muitos deles ocuparam mais tarde o lugar de professores de outros surdos Nesse período alguns surdos se destacaram e ocuparam posições impor tantes na sociedade de seu tempo Alguns deles como por exemplo Ferdinand Berthier escreveram vários livros falando de suas dificuldades de comunicação e dos problemas causados pela surdez Ainda no século XVIII o abade Roch Sicard 17421822 que havia estudado com De LEpée objetivando ser pro fessor de surdos criou uma escola em 1782 na cidade de Bordéus na França Escreveu o livro A Teoria dos Signos acerca dos sinais metódicos e também publicou um dicionário A partir do século XVIII dois grupos foram criados na educação de sur dos um grupo que defendia o oralismo puro não permitindo o recurso gestual e outro que buscava a aquisição da língua oral tendo como suporte a linguagem gestual metodologia combinada No início do século XIX Thomas Hopkins Gallaudet criou a primeira escola para surdos dos Estados Unidos da América usando sinais Em 1835 a língua americana de sinais ASL foi reconhecida como língua dos surdos dos Estados Unidos e oficializada como língua americana feito que os surdos brasileiros só conseguiram em 2002 com a oficialização da Libras As duas abordagens metodológicas avançaram surgindo então encontros mundiais de educadores de surdos para divulgação das práticas pedagógicas O primeiro desses encontros foi o I Congresso Internacional sobre a Instrução de Surdos realizado em 1878 em Paris Nesse congresso apesar de todos os participantes entenderem que era melhor usar sinais vários grupos defendiam que o oralismo era muito importante para a criança poder se comunicar com O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 os ouvintes É somente a partir deste congresso em Paris que os surdos adquiri ram o direito de assinar documentos Os debates sobre qual metodologia era mais adequada para a educação dos surdos continuaram e em 1880 foi realizado o II Congresso Internacional em Milão que provocou uma reviravolta nas práticas pedagógicas para o ensino dos surdos Organizado praticamente apenas por oralistas o objetivo velado do Congresso de Milão era tornar o oralismo obrigatório na educação de surdos Nesse congresso o inventor do telefone Graham Bell exerceu enorme influên cia a favor do oralismo Para conseguirem seus objetivos os oralistas apresentaram diversos sur dos que falavam bem e na assembleia de encerramento realizada no dia 11 de setembro de 1880 com exceção dos cinco membros americanos e de um pro fessor britânico todos os participantes em sua maioria europeus e ouvintes votaram por aclamação a aprovação do uso exclusivo e absoluto da metodolo gia oralista proibindo a partir de então a utilização da linguagem de sinais na educação de surdos Assim a partir do Congresso de Milão no mundo todo com exceção do Instituto Gallaudet nos Estados Unidos o oralismo foi o referencial assumido e suas práticas educacionais foram amplamente desenvolvidas e divulgadas não sendo questionadas por quase um século Todavia o trabalho educacional realizado na abordagem oralista não mostrou bons resultados pois a maioria dos surdos profundos não conseguiu desenvolver uma linguagem oral que lhe permitisse conviver em sociedade além de apresen tarem muitas dificuldades para aprender ler e escrever Apesar desse fracasso evidente o oralismo ganhou nova força na década de 50 do século XX quando com o avanço da tecnologia surgem os primeiros apa relhos de audição para crianças surdas muito pequenas os AASI Aparelhos de Amplificação Sonora Individual Os oralistas acreditavam que com a pro tetização uso dos aparelhos desde muito cedo os surdos poderiam ouvir e então aprender a falar Todavia isso também não se concretizou na prática para todas as crianças Com o passar do tempo a garantia do direito de todos à educação e o avanço da tecnologia dos aparelhos auditivos fizeram com que as crianças surdas de História da Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 diversos países passassem a ser encaminhadas para as escolas regulares comuns No Brasil as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação passaram a coor denar o ensino das crianças com necessidades educacionais especiais e surgiram as Salas de Recursos e Classes Especiais para surdos além de algumas Escolas Especiais com recursos públicos ou privados Na década de 1960 surgiu no Brasil o primeiro estudo linguístico sobre lín guas de sinais não considerada até então uma língua verdadeira Realizado por William Stokoe Klima e Bellugi nos Estados Unidos este estudo demonstrou as características que fazem da linguagem de sinais uma língua equivalente à oral Entre 1960 e 1970 chega ao Brasil a Comunicação Total que basicamente tirava a língua oral como o grande e principal objetivo da educação de surdos considerando mais importante a comunicação Para isso todos os recursos eram usados como gestos convencionados no próprio grupo língua de sinais leitura orofacial alfabeto manual leitura e escrita etc Em 1969 temos a primeira tentativa de registrar a Língua de Sinais falada no Brasil por meio de um pequeno dicionário Linguagem das Mãos orga nizado pelo missionário americano Eugênio Oates que apresentou um bom índice de aceitação por parte dos surdos Somente em 1980 iniciaram os Estudos Linguísticos no Brasil sobre a Língua de Sinais saindo o primeiro boletim do GELES Grupo de Estudos sobre Linguagem Educação e Surdez da Universidade Federal de Pernambuco no Recife Em 1986 a Língua de Sinais passou a ser defendida no Brasil por profissio nais influenciados pelos estudos divulgados pela Gallaudet University Nessa mesma época a língua de sinais utilizada pelos surdos das capitais do Brasil foi denominada pela sigla LSCB Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros Também foi descoberta a existência de outra língua de sinais no Brasil a LSUK Língua de Sinais dos índios UrubusKaapor Os avanços nas pesquisas sobre as línguas de sinais recomendam que a criança surda tenha acesso o mais cedo possível à língua de sinais e que poste riormente aprenda a língua de seu país se necessário apenas na modalidade escrita Essa filosofia de educação dos surdos é a que está valendo atualmente e se chama Bilinguismo Para que os surdos brasileiros pudessem ter direito a uma educação bilíngue muitas lutas aconteceram O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 Um acontecimento importante foi a criação da FENEIS Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos em 1987 que é uma entidade sem fins lucrativos a máxima representativa dos surdos que trabalha em prol da socie dade surda garantindo entre outras coisas a inclusão do surdo no mercado de trabalho pesquisas para a sistematização e padronização do ensino de Libras Língua Brasileira de Sinais para ouvintes e a defesa dos direitos linguísticos e culturais da comunidade surda Em 2001 foi lançado em São Paulo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado de Libras em projeto da USP Universidade de São Paulo e em 2002 o Dicionário LIBRASPortuguês em CDROM trabalho realizado pelo INESMEC com apoio da FENEIS Nacionalmente a Libras foi recentemente oficializada através da Lei 104362002 enquanto língua dos surdos brasileiros marcando o início de uma nova e promissora era no que diz respeito à pessoa surda sua capacidade iden tidade e formação Essa lei reconhece não somente a Libras como uma Língua e que como tal deve ser respeitada mas que a comunidade surda sua cultura e sua identidade devem ser respeitadas Com tantos avanços a discussão da educação dos surdos agora se prende a Inclusão ou Escolas Especiais Mas essa é outra história ABORDAGENS EDUCACIONAIS PARA SURDOS ORALISMO COMUNICAÇÃO TOTAL E BILINGUISMO Conforme vimos no texto anterior até o Congresso de Milão as duas principais correntes metodológicas da educação de surdos o oralismo e o gestualismo con forme era denominada na época conviviam pacificamente e o objetivo maior dessa educação era que o surdo aprendesse a língua que falavam os ouvintes da sociedade na qual viviam Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 Em seu início a educação de surdos além da atenção dada à fala enfa tizava também a língua escrita e por isso os alfabetos digitais eram muito utilizados Esses alfabetos digitais eram inventados pelos próprios professores que defendiam a ideia de que se o surdo não podia ouvir e nem se expressar na língua falada ele podia comu nicarse pela escrita Mesmo os professores de surdos que defendiam o oralismo iniciavam o ensina mento de seus alunos pela leitura e escrita e com este apoio utilizavam diferentes técni cas para desenvolver outras habilidades tais como leitura labial e articulação das palavras Apesar desses aspectos em comum já no começo do século XVIII começa a sur gir uma brecha que se alargaria com o passar do tempo e que separaria irreconciliavelmente oralistas de gestualistas LACERDA 1998 p 70 De maneira ampla o que diferencia oralistas de gestualistas é que os pri meiros exigiam que os surdos falassem e se comportassem como se não fossem surdos Os gestualistas entendiam melhor as dificuldades do surdo com a língua falada e perceberam que os surdos desenvolviam uma linguagem que permi tia a comunicação e lhes abria as portas para o conhecimento da cultura incluindo aquele dirigido para a língua oral LACERDA 1998 p 70 O que é importante destacar dessa divergência entre os defensores do oralismo e do gestualismo é o fato de que existem diferentes maneiras de se enfrentar as consequências da surdez e que ainda não existem estudos que permitam deter minar com certeza se uma única abordagem metodológica seria a mais indicada para a educação de todos os surdos O ideal seria que a família juntamente com os profissionais conhecendo as particularidades de cada criança pudessem esco lher qual abordagem ou mesmo uma combinação delas seria mais indicada shutterstock O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 De maneira geral costuma ser indicado para as crianças que possuem resíduos auditivos isto é as que conseguem ouvir alguma coisa uma educação que favoreça a aquisição da fala ou seja uma abordagem oral e para aquelas que não possuem um resíduo auditivo suficiente ou que possuem muita dificuldade para desenvol ver a oralidade o indicado é uma abordagem que privilegia a Língua de Sinais Atualmente são três as principais abordagens que fundamentam diferentes metodologias na educação de surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo ORALISMO O alemão Heinicke que viveu no século XVIII é considerado o fundador do oralismo por ter criado uma metodologia que ficou conhecida como o método alemão Para Heinecke o pensamento dependeria da língua oral para existir e assim a língua escrita deveria ser aprendida somente após a língua oral O oralismo entende a surdez como uma deficiência que precisa ser direcio nada para a normalidade mediante à estimulação auditiva e à reabilitação da fala da criança surda buscando assemelhála o máximo possível à criança ouvinte e assim integrála na comunidade GOLDFELD 1997 Segundo Goldfeld 1997 o objetivo do oralismo ou filosofia oralista é a integração da criança surda na comunidade de ouvintes mediante o desenvol vimento da língua oral o português no caso do Brasil Mesmo com o avanço das pesquisas linguísticas sobre as línguas de sinais alguns oralistas continuam defendendo que para a criança surda se comunicar com o mundo ela precisa ser oralizada isto é precisa saber falar Assim a abordagem de enfoque oralista é contra o uso da Língua de Sinais ou de qualquer código gestual porque acredita que com a utilização de gestos os surdos se acomodariam e não iriam se esforçar para aprender a língua oral Os oralistas vão além e afirmam que o uso da língua de sinais torna impossível o desenvolvimento de hábitos orais corretos Nessa abordagem a educação do surdo deve começar com os bebês e deve aproveitar todos os recursos disponíveis para se desenvolver a linguagem interior da mesma forma como acontece aos ouvintes isto é utilizando apoios sonoros de forma que os resíduos auditivos e a amplificação sonora sejam explorados Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 ao máximo Também são incentivados e treinados à exaustão a leitura labial a percepção das vibrações vocais e demais recursos que favoreçam a emissão e a recepção da língua oral Ensinar e aprender a falar não são tarefas fáceis e exigem muita dedicação da família e da escola além de muito esforço por parte da criança sem que con tudo se possa garantir sucesso Dentro da filosofia oralista existem correntes que se diferem tanto na teo ria quanto na prática originando diversas metodologias de oralização método acupédico método Perdoncini Método Verbotonal entre outros porém qual quer que seja a metodologia adotada um programa oralista se fundamenta nos seguintes pressupostos Entretanto as pesquisas apontam que crianças com perda auditiva pro funda mesmo atendendo à risca as orientações para aprender a falar realizando incansavelmente exercícios de voz e de articulação em sua grande maioria não conseguem desenvolver a fala com fluência Mesmo com treinamento para realizar leitura labial o período crítico para a aquisição de linguagem até os 4 anos aproximadamente seria perdido por causa da complexidade dessa aprendizagem com preju ízos importantes para o desenvolvimento cognitivo e o desempenho escolar da criança REILY 2004 p 122 O único meio de comunicação aceito é a língua oral O trabalho para a aquisição da fala deve ser iniciado assim que se descobre a surdez da criança atualmente com o teste da orelhinha seria desde o seu nascimento A educação oral deve começar no lar exigindo a dedicação de todas as pessoas que convivem com a criança especialmente a mãe durante todas as horas de cada dia do ano O trabalho de aquisição da fala ou educação oral necessita de fonoau diólogos e pedagogos especializados para atender o aluno e orientar e acompanhar a ação da família A educação oral requer equipamentos especializados como o apare lho de amplificação sonora individual O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 Enfim a aquisição da língua portuguesa oral depende do grau e natureza da perda auditiva do bom uso dos resíduos auditivos proporcionados pelo AASI e do apoio de profissionais e família No entanto também os AASI não são mágicos isto é não basta protetizar a criança colocar o aparelho É necessá rio ensinála a ouvir E de novo precisase de recursos métodos e profissionais especializados para realizar o treinamento auditivo Um aparelho auditivo que é colocado mesmo que esteja conforme as necessi dades da criança sem o devido treinamento pode inclusive prejudicar a criança pois esta passará a receber uma intensidade de estímulos sonoros simultâneos que precisam ser inicialmente identificados para que em seguida ela selecione aqueles aos quais vai direcionar sua atenção auditiva Portanto nem sempre o uso do aparelho auditivo permite que a criança escute a voz humana e mesmo que a escute que faça o uso correto desta informação pois os aparelhos não atuam na decodificação instantânea da lin guagem apenas ao serem agregados ao ouvido do mesmo modo que uma pessoa completamente cega por exemplo não passa a en xergar utilizando óculos ou lentes de grau GESSER 2009 p 75 O implante coclear muitas vezes apresentados pela mídia em matérias carrega das de emoção ainda é visto com muita desconfiança pelos surdos familiares e profissionais pois a recuperação da surdez não depende apenas do sucesso da intervenção cirúrgica mas de inúmeras variáveis como idade do surdo tempo de surdez condições do nervo auditivo época de instalação da surdez adapta ção anterior ao AASI trabalho com fonoaudiólogo etc Mas o que é preciso ficar claro é que os surdos mesmo com surdez profunda podem apresentar uma comunicação oral funcional desde que se submetam aos procedimentos adequados e principalmente se assim o desejarem pois de acordo com Gesser 2009 p 56 o grande problema herdado da filosofia oralista é o efeito colateral que se instaurou na comunidade surda ou seja o sentimento de indig nação frustração opressão e discriminação entre usuários dos sinais uma vez que durante as sessões de fala e treinos repetitivos pregados pelo oralismo do passado a língua de sinais foi banida e rejeitada em prol do uso exclusivo da língua oral Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 Como já dissemos anteriormente ao final de várias décadas o trabalho educa cional realizado na abordagem oralista não apresentou bons resultados pois a maioria dos surdos profundos não conseguiu desenvolver uma linguagem oral satisfatória que lhe permitisse conviver em sociedade além apresentarem mui tas dificuldades na aquisição das habilidades de leitura e escrita Vimos também que mesmo diante desse fracasso visível o oralismo ganhou nova força na década de 50 do século XX quando com o avanço da tecnologia surgem os primeiros aparelhos de audição para crianças surdas muito peque nas Os oralistas acreditavam que com a protetização uso dos aparelhos desde muito cedo os surdos poderiam ouvir e então aprender a falar Contudo isso também não se concretizou na prática para todas as crianças Essa crença de que o aparelho de amplificação resolve o problema dos sur dos persiste até hoje porém não basta a colocação do aparelho para que o surdo escute O som que entra pelo aparelho é o som total do ambiente como o som da gravação que fazemos de uma aula que juntamente com a voz do profes sor traz ruídos de folhas de caderno sendo viradas cadeiras arrastadas veículos passando pela rua sussurros dos alunos risadas e passos no corredor etc difi cultando a compreensão do que foi dito pelo mestre Para poder se beneficiar da prótese auditiva o surdo precisa passar por um longo processo de treina mento auditivo para desenvolver sua atenção auditiva e poder identificar os diferentes sons O predomínio do oralismo começou a diminuir na década de 60 do século passado a partir de fortes críticas a esta abordagem principalmente pelos edu cadores e pesquisadores dos Estados Unidos e pela realização de diversos estudos sobre as línguas de sinais que as comunidades de surdos desenvolviam apesar da proibição de sua utilização no espaço escolar Desses estudos surgiram as abor dagens gestualistas para a educação de surdos GESTUALISMO O principal criador do que se conhece como abordagem gestualista foi abade francês Charles M De LEpée que no século XVIII na mesma época em que O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 Heinecke criava o método alemão criou o método francês de educação de surdos que ficou conhecido como sinais metódicos Para De LEpée a lingua gem de sinais seria a língua natural dos surdos e possibilitaria o desenvolvimento do pensamento e sua comunicação Falamos aqui em linguagem de sinais e em abordagem gestualista porque em seu início os sinais eram confundidos com gestos e a comunicação por sinais ainda não possuía o status de língua Atualmente já está comprovado que sinais não são gestos e que as línguas de sinais possuem todos os requisitos para serem reconhecidas como idiomas Esses aspectos são tratados com mais detalhes em nossa terceira unidade mas adiantamos aqui a distinção entre sinais e gestos Em função de suas características os sinais podem parecer movimentos aleatórios de mãos e corpo acompanhados por expressões faciais variadas ou seja seriam apenas gestos De acordo com Pereira et al 2011 p 18 esta des crição para sinais seria equivalente a descrever uma língua oral como ruídos feitos com a boca Além disso os gestos são traços das línguas orais isto é acom panham as línguas orais e favorecem a comunicação Os sinais são produzidos combinandose simultaneamente configuração de mãos ponto de articulação ou localização movimento orientação das palmas das mãos e componentes não manuais que são os parâmetros constituintes da língua de sinais conforme você verá na Unidade III Assim daqui em diante não utilizaremos mais a palavra gestualismo Duas são as principais abordagens sustentadas na utilização de sinais a Comunicação Total que ganhou impulso nos anos 1970 e o Bilinguismo que é a mais ado tada atualmente no mundo todo COMUNICAÇÃO TOTAL Na Comunicação Total como o próprio nome indica todos os esforços são empre gados no sentido de uma comunicação mais efetiva entre surdos e entre surdos e ouvintes utilizando portanto modelos auditivos manuais e orais Apesar da oralização não ser o principal objetivo da educação de surdos nessa abordagem seus defensores entendem que tudo o que é falado pode ser expresso por gestos Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 e mímica ou seja pode ser visualizado e dessa forma os sinais são utilizados como apoio para a aquisição da língua oral e da escrita A filosofia da Comunicação Total tem como principal preocupação os processos comunicativos entre surdos e surdos e entre surdos e ouvin tes Essa filosofia também se preocupa com a aprendizagem da língua oral pela criança surda mas acredita que os aspectos cognitivos emo cionais e sociais não devem ser deixados de lado em prol do aprendi zado exclusivo da língua oral Por esse motivo esta filosofia defende a utilização de recursos espaçovisuais como facilitadores da comunica ção GOLDFELD 1997 p 35 A Comunicação Total foi adotada no Brasil no final da década de 1970 parti cularmente nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul Um dos aspectos considerados pelos defensores da Comunicação Total é que crianças que foram educadas segundo o oralismo desde muito cedo não tiveram desenvolvimento social e emocional satisfatório mesmo quando con seguiam relativo sucesso na aprendizagem da língua oral A surdez é entendida pelos defensores da Comunicação Total não como uma patologia doença nem como uma deficiência que precisa ser normali zada como os oralistas entendem mas como uma marca com significações sociais CICCONE 1990 p 7 A família da mesma forma que no oralismo desempenha papel fundamen tal na educação dos surdos segundo a Comunicação Total mas aqui a família não desempenha o papel de profissional especializado na aquisição da lingua gem mas o de compartilhar experiências valores e significados contribuindo assim para o desenvolvimento social e emocional do surdo De acordo com Ciccone 1990 um programa de Comunicação Total uti liza técnicas e recursos para Estimulação auditiva Adaptação de aparelho de ampliação sonora individual AASI prótese auditiva Leitura labial Oralização Leitura e escrita O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 Além desses procedimentos a Comunicação Total utiliza também a datilologia e a língua de sinais Autores como Sanches 1990 e Dorziat 1997 acreditam que o maior problema desta metodologia ou filosofia seria a mistura das duas línguas Português Língua de Sinais que resultaria numa terceira modalidade que é o Português Sinalizado Os resultados obtidos com essa abordagem não foram satisfatórios nem para a aquisição da língua oral e nem para a escrita Esses resultados e o apro fundamento dos estudos realizados sobre línguas de sinais foram direcionando a educação dos surdos para uma abordagem bilíngue Porém o que a comunicação total favoreceu de maneira efetiva foi o conta to com sinais que era proibido pelo oralismo e esse contato propiciou que os surdos se dispusessem à aprendizagem das línguas de sinais externamente ao trabalho escolar Essas línguas são frequentemente usadas entre os alunos enquanto na relação com o professor é usado um misto de língua oral com sinais LACERDA 1998 p 76 BILINGUISMO A abordagem bilíngue tem como ponto de partida que os surdos podem desenvolver uma língua que permite uma comunicação eficiente Essa lín gua apoiada na visão e utilizando as mãos a Língua de Sinais é para os bilinguistas a primeira língua dos surdos que a aprendem com naturali dade e rapidez O bilinguismo começou a ganhar força a partir da década de 1980 e no Brasil a partir de 1990 Na Suécia esta filosofia já é adotada há bastante tempo e no Uruguai e na Venezuela o bilinguismo é adotado de maneira oficial ou seja nas instituições públicas a exemplo do que está ocorrendo atualmente no Brasil Todavia assim como a inclusão a adoção do bilinguismo nas escolas públicas brasileiras ainda é incipiente reduzida exclusivamente à presença de intérpretes em sala de aula e eventualmente a um Atendimento Educacional Especializado AEE no contraturno cuja proposta de funcionamento apresen tarmos na Unidade II Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 De acordo com essa filosofia a criança surda deve adquirir o mais cedo pos sível primeiro a língua de sinais considerada a sua língua natural Essa aquisição deve ser feita com a comunidade surda Somente como segunda língua deve ria ser ensinada na escola a língua oficial do país mas de preferência na sua forma escrita Apenas quando as condições forem favoráveis deve ser ensinada a Língua Portuguesa na modalidade oral Para alguns estudiosos do bilinguismo a criança surda deve adquirir a língua de sinais e aprender a língua falada de maneira separada com pessoas e locais diferentes o mais cedo possível e só depois deve aprender a língua escrita Para outros o que importa é o desenvolvimento cognitivo social e emocional do surdo o que só seria possível mediante a consolidação da língua de sinais Assim nesse último caso a criança primeiro deve adquirir a língua de sinais e depois no momento adequado ser alfabetizada e não se ensinar a língua falada O bilinguismo entende a surdez como diferença linguística e não como uma deficiência a ser normalizada por meio da reabilitação como o oralismo E assim os surdos constituiriam uma comunidade particular com cultura e língua pró prias como veremos no último texto que compõe esta primeira unidade Para os bilinguistas a problemática global do surdo é intimamente dependente de seu desenvolvimento lingüístico e só mesmo o respeito à língua de sinais conduzirá a um maior sucesso educacional e social do surdo FERREIRABRITO 1995 p 16 O bilingüismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser Bilíngüe ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais que é considerada a língua natural dos surdos e como segunda língua a língua oficial de seu país GOLDFELD 1997 p 39 Tornarse letrado numa abordagem bilíngüe pressupõe a utilização de língua de sinais para o ensino de todas as disciplinas Faz também parte do projeto bilíngüe que todo o corpo de funcionários da escola surdos e ouvintes e os pais aprendam e utilizem a língua de sinais BOTELHO 2002 p 112 O bilingüismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se pro põem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo a mais adequa da para o ensino das crianças surdas tendo em vista que considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita QUADROS 1997 p 27 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 Ainda segundo Quadros 1997 a preocupação do bilinguismo é respeitar a auto nomia das línguas de sinais organizandose um plano educacional que respeite a experiência psicossocial e linguística da criança com surdez Por essas razões atualmente se dá tanta importância ao fato do professor ouvinte conhecer e usar a Língua de Sinais no caso do Brasil a Libras A comuni cação adequada entre professores ouvintes e alunos surdos é a condição primeira para uma escola realmente inclusiva CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Já vimos que a partir do Congresso de Milão e durante quase todo o século XX a Educação dos Surdos teve o oralismo como ideologia dominante pensando no surdo como deficiente não considerando sua diferença linguística A educação oferecida aos surdos dava muita importância à oralização e os educadores ficavam tão ocupados ensinando os surdos a falar que não perce biam a importância da formação da Identidade e Cultura Surda para o Surdo Assim a educação não formava os surdos como cidadãos críticos e muito pouco se discutia a importância de se buscar a igualdade sem entretanto eli minar a diferença Os surdos educados no oralismo não se reconheciam como surdos mas sim como não ouvintes não normais Ele era visto e obrigado a se ver a partir da pers pectiva do que ele não podia fazer e toda tentativa de formação de identidade cultural era considerada como uma tentativa de formação de guetos e segrega ção e portanto desprezada e mesmo proibida Isso acontecia porque para o ouvinte a surdez significa a perda de comunica ção e assim o surdo seria alguém que não pode fazer parte do mundo ouvinte É alguém que é menos do que aquele que ouve e precisa ser sempre ajudado Dessa forma as escolas e entidades de ouvintes para os surdos sempre basea ram suas ações na filantropia e no assistencialismo Cultura e Identidades Surdas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 Quando se fala em identidade e em cultura surda estamos pensando na surdez como uma diferença Primeiro é preciso entender que diferença não é o contrário de igualdade O contrário de igualdade é desigualdade A diferença não deve ser entendida como uma coisa que é contrária à normalidade Entender a surdez como diferença significa a uma minoria linguística que faz uso de outra língua Língua de Sinais e constituem uma comunidade específica Entender o surdo como deficiente auditivo é considerar que ele tem uma patologia e necessita de especialista para aprender a falar e ficar o mais parecido possível com o ouvinte Assim o que se faz é não reconhecer o direito do surdo de ser diferente é não aceitar a Língua de Sinais a Cultura e as Identidades Surdas Durante muito tempo se acreditou que a linguagem oral era a única respon sável pelo funcionamento cognitivo humano e a dificuldade encontrada pelos surdos para falar foi considerada como quase impeditiva do desenvolvimento do pensamento A língua de sinais durante muito tempo foi confundida com mímica e assim estaria presa ao mundo concreto não permitindo a compreen são de conceitos abstratos Por isso o oralismo dominou em todo o mundo até a década de 1970 Porém outros estudos sobre cognição e linguagem como os de Piaget e de Vygotski mostraram que o que é importante é a comunicação e não a língua que se usa Assim a surdez não torna a criança um ser que tem possibilidades a menos ou seja ela tem possibilidades diferentes e não menores Ao reconhe cer a língua de sinais como língua natural dos surdos e admitir sua condição bilíngue emerge outra questão a do biculturalismo uma vez que o surdo vivencia dois grupos culturais distintos o dos surdos e o dos ouvintes Ora esse trânsito entre dois mundos culturalmente diferentes acaba por fazer emergir uma discussão que até antes da adoção do bilinguismo não existia como se processa a construção da identidade do sujeito surdo ante a exposi ção a dois modelos culturais Partindo disso entra em questão um novo fator pois junto com uma lín gua distinta para os surdos surge também uma nova cultura ou seja junto ao bilinguismo veio o biculturalismo revelando um processo antes ignorado que é o processo de construção da identidade cultural surda uma vez que o surdo tem contato com dois grupos culturais distintos o ouvinte e o surdo O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 Somente a partir da década de 1980 é que foi entendida a necessidade de reconhecer o verdadeiro valor da cultura e da linguagem surda para o desenvol vimento cognitivo e da identidade dos surdos Existem muitas formas de definir identidade mas o significado melhor para o caso dos surdos é o da busca pelo direito de ser surdo Gladis Perlin é uma pesquisadora surda que escreve muito sobre cultura e identidades surdas e diz que a influência do poder ouvintista prejudica a cons trução da identidade surda Ela também fala que a oralização foi imposta aos surdos pelos ouvintes Na educação oralista as crianças surdas eram proibidas de ter contato com surdos adultos que sinalizavam e como a maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes por vontade da família ou mesmo por vontade própria os sur dos tentavam oralizar e mesmo surdos profundos falavam que ouviam Não existia uma identidade definida Com o bilinguismo e com o reconhecimento da Libras como uma língua oficial do Brasil há contato com os surdos adultos sinalizadores e todos come çam a se identificar como surdos Ao sinalizarem e conviverem em um grupo no qual todos sinalizam ou seja na comunidade surda os surdos não mais querem se parecer com os ouvintes agora querem a interpretação das falas dos ouvin tes em Libras No oralismo é desenvolvido no surdo o desejo de ouvir Tanto o processo de aquisição da fala quanto o de treinamento auditivo são complexos o surdo sofre muito e fica sempre se sentindo deficiente e incapaz Na educação oralista também se praticava a integração escolar com os surdos estudando em salas comuns sem apoio algum gerando uma situação de não aprendizagem O surdo então não apenas se sentia um fracassado mas também tinha a construção da sua identidade prejudicada pois o modelo ideal a ser seguido era o do ouvinte Assim o surdo construía sua identidade em um mundo no qual se via como diferente das outras pessoas com o estigma de incapacidade e de deficiência O surdo ficava transitando em dois mundos e não se sentia parte de nenhum Não fazia parte do mundo ouvinte porque não sabia se comunicar bem e também não participava de um mundo surdo porque era proibido de usar a língua de sinais processo denominado pelo estudioso Carlos Skliar 1998 de identidade flutuante Cultura e Identidades Surdas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 Felizmente alguns surdos conseguiram sobreviver a toda essa relação de poder e lutaram muito para estabelecer e defender a cultura surda que é fun damental para a construção da identidade surda Para isso no mundo todo o Movimento Surdo criou Associações de Surdos como uma resistência contra a cultura dominante contra a ideologia ouvintista Existe uma história de lutas na qual se procura marcar entre os próprios surdos e na sociedade em geral discussões sobre a língua de sinais a cultura e as identidades surdas Essa luta e as conquistas alcançadas têm permitido que a cultura surda se fortaleça e por causa disso identidades surdas sejam construídas Para Perlin 1998 p 52 a identidade é algo em questão em construção uma construção móvel que pode frequentemente ser transformada ou estar em movimento A construção da identidade depende de modelos e da forma como o outro enxerga o sujeito Assim é de fundamental importância defender a cul tura surda porque é dentro dela que se constrói a identidade surda Mas a existência da cultura surda depende da língua de sinais A aquisição da Libras pelo surdo é de extrema importância para o desenvolvimento de uma identidade pessoal surda Para acontecer a construção de nossa identidade como somos seres sociais precisamos identificarnos com uma comunidade social específica e com ela interagir de modo pleno ou seja precisamos de uma iden tidade cultural e para isso não basta uma língua e uma forma de alfabetização mas sim um conjunto de crenças conhecimentos comuns a todos Não podemos separar a noção de cultura da de grupo e classes sociais pois cultura é o espaço no qual se dá a luta pela manutenção ou superação das divi sões sociais Talvez seja por isso por exemplo que podemos falar de uma cultura surda É dentro desse espaço que os sujeitos surdos passam a se identificar como sujeitos culturais O estudo do mundo dos surdos mostra que as capacidades do homem lin guagem pensamento comunicação e cultura não se desenvolvem de maneira automática não se compõem apenas de funções biológicas mas também têm origem social e histórica Essas capacidades são como diz Sacks 1998 um presente o mais maravilhoso dos presentes de uma geração para outra refor çando a importância do grupo da cultura surda para a construção da identidade e desenvolvimento cognitivo do surdo O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 Para podermos compreender o que é cultura surda é preciso estabelecer o que estamos considerando como cultura De acordo com o senso comum existiria A cultura no singular se refere às manifestações artísticas e às tra dições de um povo representadas e contadas em lendas festas trajes típicos ritos comida e língua Atualmente os estudiosos admitem a existência de múltiplas culturas inte ragindo entre si sendo possível a multiplicidade de manifestações e grupos culturais de naturezas diferentes ampliando o conceito de cultura e permitindo falar de cultura no plural De acordo com Strobel 2008 p17 a humanidade ao longo do tempo adquire conhecimento através da língua crenças hábitos costumes normas de comportamento den tre outras manifestações Partindo do suposto que cultura é a herança que o grupo cultural transmite a seus membros através de aprendiza gem e de convivência percebese que cada geração e sujeito também contribuem para ampliála e modificála Outro uso da palavra cultura está relacionado à agricultura ao cultivo da terra Falamos em cultura da canadeaçúcar cultura de milho etc O termo cultura está tão rela cionado à lavoura que compõe literalmente o termo agriCULTURA Considerando este outro uso para a palavra cultura Strobel 2008 p 18 afirma que o cultivo da linguagem e da identidade são então elementos fundamentais de uma cultura Mas não é fácil definir o que é cultura surda Para entender a cultura surda é necessário enxergar o surdo como diferente e não deficiente Segundo Perlin 2004 ser surdo é pertencer a um mundo de experiência visual e não auditiva E viver uma experiência visual é ter como primeira língua a Língua de Sinais uma língua visual pertencente à outra cultura que é tam bém visual A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual Essa é também a visão de Quadros e Karnopp 2004 p 10 para quem a cultura do povo surdo é visual ela traduzse de forma visual Na história constatase que os surdos sofreram perseguições pelas pessoas ouvintes que não aceitavam as diferenças e exigiam uma cultura única por meio do modelo ouvintista ou ouvintismo São muitas as lutas e histórias nas comu nidades surdas em que o povo surdo se une contra as práticas dos ouvintes que não respeitam a cultura surda STROBEL 2008 Cultura e Identidades Surdas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 Ainda hoje muitos ouvintes tentam diminuir os surdos para que vivam iso lados e assumam a cultura ouvinte como se esta fosse uma cultura única ser normal para a sociedade significa ouvir e falar oralmente Os ouvintes não pres tam atenção aos surdos que se comunicam por meio da Libras Consequentemente não acreditam que os surdos sejam capazes de estudar em faculdade ou realizar mestrado e doutorado por exemplo Os sujeitos ouvintes veem os sujeitos sur dos com curiosidade e às vezes zombam por eles serem diferentes STROBEL 2008 p 22 Ainda de acordo com Strobel 2008 os surdos constituem uma comuni dade que se caracteriza particularmente pela sua diferença linguística que gosta de interagir entre si e criam espaços para desenvolverem em conjunto dife rentes atividades de educação trabalho esporte e lazer Os espaços dos surdos são associações e clubes de surdos além de ambientes escolares e religiosos onde podem manifestarse livremente em sua língua constituindo ao mesmo tempo refúgio e trincheira da língua de sinais da identidade e da cultura surda Se não é fácil definir o que é a cultura surda podemos mostrar que ela existe e a sua presença pode ser confirmada pelas transformações culturais e cotidianas dos surdos Percebese que o sujeito surdo está descentrado da cultura domi nante e possui outra cultura Diante da comunidade majoritariamente ouvinte as comunidades surdas apresentam suas próprias condutas linguísticas e seus valores culturais A comunidade surda tem uma atitude diferente diante do déficit auditivo já que não leva em conta o grau de perda auditiva de seus membros Pertencer à comunidade surda pode ser definido pelo domínio da língua de sinais e pelos sentimentos de identidade grupal fatores que consideram a surdez como uma diferença e não como uma deficiência PEREIRA et al 2011 p 34 Em seus espaços em sua língua da mesma forma que acontece em qualquer comunidade minoritária os surdos compartilham valores crenças comporta mentos e constroem preservam e difundem sua cultura Para Perlin 2004 a língua de sinais é uma das maiores produções culturais dos surdos Para Perlin 2004 cultura surda é a diferença que contém a prática social dos surdos e que comunica um significado É o caso de ser surdo homem de ser surdo mulher deixando evidências de identidade o predomínio da ordem O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 como por exemplo o jeito de usar sinais o jeito de ensinar e de transmitir cul tura a nostalgia por algo que é dos surdos o carinho para com os achados surdos do passado o jeito de discutir a política a pedagogia etc Para Strobel 2008 p 24 Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo enten der o mundo e de modificálo a fim de tornálo acessível e habitável ajustandoo com suas percepções visuais que contribuem para a definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas Apesar da luta constante da comunidade surda pelo respeito e aceitação como grupo cultural distinto ainda há uma dificuldade muito grande de desen volvimento da inclusão dos surdos com base no respeito a suas diferenças Há que se considerar por exemplo que a maioria das crianças surdas mais de 90 possui pais ouvintes o que causa maiores dificuldades na construção das iden tidades pois os modelos não estão dentro de casa Além disso a dificuldade de comunicação entre pais e filhos surdos causa às vezes problemas de ordem social e cognitiva Esses problemas poderiam ser minimizados se houvesse por parte dos familia res ouvintes disposição em assumir formas de comunicação e intervenção que considerem mais as particularidades da surdez do que as dificuldades inerentes à ausência de audição Partindo disso é fundamental que instituições escolares os pais enfim todos que estão perto da criança surda preocupemse em entender o modo pelo qual ela se comunica para que as trocas possam existir de forma satisfatória para ambas as partes Durante muito tempo os próprios surdos não compreenderam a importân cia da Língua de Sinais para o processo de construção de sua identidade cultural Em sua opinião esta situação está mudando Cultura e Identidades Surdas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 Assim em função da existência de barreiras na comunicação entre o mundo surdo e o mundo ouvinte existem dificuldades para o desenvolvimento cultu ral por isso é necessário que se construam meios especiais para a sua realização como por exemplo que os ouvintes conheçam a Libras Por isso o Decreto 5626 que vamos estudar na próxima unidade e que na prática vai permitir que muitos mais ouvintes aprendam porque Libras é tão importante para os surdos Ele representa um grande avanço para o desenvolvi mento pleno do surdo E traz de volta os professores surdos que desapareceram depois do Congresso de Milão Com professores surdos as crianças surdas terão modelos para se identificar É importante que os ouvintes entendam a importância do professor surdo e respeite esse espaço É como se fosse ensinar japonês o que seria melhor Um japonês que conhece seu idioma na forma correta e tem o português como segunda língua conhecendo as semelhanças e diferenças entre as duas línguas para ensinar japonês aos brasileiros ou um brasileiro que aprendeu japonês como segunda língua Há ainda as novas tecnologias como centrais telefônicas celular digital por teiros luminosos facilidades para a vida dos surdos Em algumas cidades raros lugares estão fora do alcance da cultura surda inclusive o preconceito está dimi nuindo Os surdos não estão mais escondidos estão surgindo novas maneiras de ser surdo com seu modo de comprar olhar comunicar escolher socializar É preciso e necessário para um adequado desenvolvimento tanto físico quanto psíquico dos surdos que os ouvintes deixem de se considerar modelo de normalidade e percebam que diferença não significa inferioridade Importa salientar a diferença das pessoas Respeitálas como surdas índias nômades negras brancas Importa deixar os surdos construí rem sua identidade assinalarem suas fronteiras em posição mais soli dária do que crítica A educação ainda que já esteja saindo do domínio do oralismo tem que desaprender um grande número de preconceitos entre eles o de querer fazer do surdo um ouvinte Novas hipóteses podem ser levantadas novos achados são necessários Entre eles sobressai a urgência de dizer que o surdo é sujeito surdo PERLIN 1998 p 72 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 40 Atualmente buscamos relacionar o processo educacional e as experiências cul turais dos surdos para que seu desenvolvimento alcance maior êxito Como consequência a discussão sobre as formas de atenção às pessoas e aos grupos surdos tem sido deslocada do campo da educação especial para o campo antro pológico pois a educação deveria dar acesso aos bens culturais de acordo com as características singulares decorrentes da surdez Por isso a inclusão escolar dos surdos precisa ser bem discutida pois a relação da surdez com as sociedades culturalmente ouvintes é constituída pelas barreiras de comunicação e participação Assim o campo da surdez pode ser comparado com uma situação de pobreza e reclama da falta de acesso a uma educação de qualidade condições dignas de vida informações adequadas e ao respeito a sua língua cultura e identidade Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Começamos esta primeira unidade pela história da educação dos surdos des tacando que a decisão sobre qual deveria ser a melhor maneira de educar esses sujeitos ou seja se a educação de surdos deveria ser sustentada na oralização ou no uso de sinais foi durante séculos tomada pelos ouvintes Como para o ouvinte ouvir e falar são fundamentais na interação social os profissionais ouvintes envolvidos com a Educação de Surdos durante séculos estabeleceram que o melhor para os surdos seria a oralização e o oralismo como abordagem educacional chegando ao abuso ocorrido no Congresso de Milão com a proibição da utilização de sinais nas escolas Para compreendermos melhor alguns conceitos abordados em nossa uni dade Identidade surda constituise no interior da cultura surda Está em situação de dependência de necessidade do outro surdo As identidades surdas são multifacetadas fragmentadas em constante mudança jamais se encontra uma identidade mestra um foco Os surdos passam a ser surdos por meio da experiência visual de adquirir certo jeito de ser surdo Diferença por exemplo se perguntarmos porque os surdos querem es colas de Surdos A resposta identifica a caminhada para a diferença para tornaremse sujeitos de sua história saírem da exclusão construírem sua identidade em presença do outro surdo para terem direito à presença cul tural própria Língua de Sinais uma das maiores produções culturais dos surdos refere se a língua de sinais Os estudos mais recentes sobre ela têm atestado a incomensurabilidade da sua riqueza linguística Fonte Perlin 1998 p 53 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 42 Só recentemente os surdos puderam opinar sobre sua própria educação e optaram pelo ensino em língua de sinais No caso do Brasil pela educação bilín gue Libras e Língua Portuguesa essa última preferencialmente na modalidade escrita Conquistaram este direito razão pela qual os futuros professores agora precisam aprender Libras É certo que a Libras é um conhecimento necessário que visa uma melhor qualificação para o exercício profissional na Educação Básica uma vez que com a implementação das propostas inclusivistas a escola já vem recebendo muitos surdos os quais muitas vezes não conseguem prosseguir na sua escolarização porque o contexto escolar não atende às suas especificidades linguísticas Porém apenas ter uma comunicação funcional em Libras no contexto escolar não é sufi ciente para a atuação pedagógica com os surdos É importante também ter conhecimento sobre a história da educação de sur dos e sobre as diferentes abordagens educacionais criadas para os alunos com surdez pois estes conhecimentos permitem a compreensão da forte relação existente entre a especificidade linguística dos surdos suas interações sociais e a formação de sua identidade Conhecer os aspectos legais e as políticas públicas da educação de surdos tam bém é fundamental razão pela qual são abordados em nossa próxima unidade 43 O texto a seguir foi publicado na revista ETD Educação Temática Digital Escolhemos alguns fragmentos pois este é um relato importantíssimo para o futuro professor A PRESENÇA DE UMA ALUNA SURDA EM UMA TURMA DE OUVINTES POSSIBILIDADE DE REPENSAR A MESMIDADE E A DIFERENÇA NO COTIDIANO ESCOLAR Carmen Sanches Sampaio Investigo em uma escola pública do Estado do Rio de Janeiro o processo alfabetizador experienciado por uma turma formada por crianças ouvintes e uma criança surda A presença nesta escola de uma aluna surda tornou mais visível para algumas pro fessoras a característica de toda sala de aula a diferença A surdez dessa aluna não pode ser ignorada e nem tão pouco facilmente apagada como tantas outras diferenças constitutivas do espaçotempo escolar Seu modo de ser alguém que não escuta e não se comunica através da linguagem oral tem desafiado a escola a pensar e praticar ou tros modos outros de se relacionar e compreender a alteridade Nesse sentido algumas questões têm surgido como pensar uma escola que de fato reconheça as singulari dades linguísticas e culturais ao invés de apenas se propor a incluir uma aluna surda Como reconhecer politicamente a surdez como diferença Em 2003 participando de um Conselho de Classe a fala angustiada de uma das profes soras alfabetizadoras chama minha atenção Eu não sei o que fazer Há quase dois anos estou com Carla É muito difícil para mim trabalhar com uma aluna surda Como avaliar Ela é uma criança alegre se dá bem com todos os colegas mas A turma está lendo menos ela Como alfabetizar uma aluna que não ouve se o dizer o pensar e o conhecer no diaa dia da sala de aula nessa escola como em tantas outras são mediados pela oralidade linguagem ainda privilegiada no processo de ensinaraprender Sua falapedido de so corro ecoava pela sala de reunião mediante o silêncio existente A responsabilidade pelo trabalho com essa aluna era basicamente dela professora de turma pois as crianças que não acompanham a turma as que não aprendem eou não se comportam de acor do com as expectativas da escolaprofessoras as que fogem dos padrões compreendi dos como normais são selecionadas destacadas e encaminhadas para atendimentos especiais dentro eou fora da escola Com essa aluna não era diferente A força da ar madilha que nos captura para a compreensão da diferença como deficiência é forte A professora que trabalha com a aluna surda desde 2004 quando juntas começamos a investigar o processo alfabetizador vivenciado por esta aluna e seus colegas ouvintes desenvolve uma ação alfabetizadora que investe na dialogicidade na produção de tex tos escritos e orais de modo que as crianças possam aprender a ler e a escrever usando praticando e experienciando a linguagem escrita procurando fugir de uma prática pe dagógica que tem a memorização e a repetição como eixos do trabalho Carla provoca da a participar das atividades realizadas dentro e fora da sala de aula foi evidenciando 44 a subordinação do currículo ao ensino da oralidade e ao mesmo tempo foi instigan donos a pensar e a compreender a surdez como uma experiência visual embora se comportasse como se ouvinte fosse pois praticamente não convivia com surdos Várias vezes quando solicitada a ler lia emitindo sons incompreensíveis e se posicionando desde segurar o papel ou livro até o movimento com o corpo como seus colegas ou vintes faziam Em casa e na escola usava gestos mímicos desenhava dramatizava re corria à datilologia dizia as palavras utilizando o alfabeto manual em Língua de Sinais usava sinais Ela e os que com ela conviviam usavam de todos os recursos possíveis de modo a garantir a comunicação A pressão exercida junto a Gerência de Inclusão e equipe técnicopedagógica da escola garantiu quase no final do 1º semestre do ano de 2005 a contratação de uma professora surda para atuar nesta turma A surpresa vivenciada por Carla foi evidente Interagir com a professora surda mais do que qualquer outra experiência vivida no cotidiano da escola foi crucial para que começasse a se perceber como surda pois foi o encontro surdosurdo A presença na escola de uma professora surda tem evidenciado a dificuldade encon trada pelas próprias professoras em lidar com essa questão Era comum em 2005 nas reuniões pedagógicas se a aluna bolsista usuária da língua de sinais não estivesse pre sente a exclusão da professora surda Inexistia a preocupação em falar mais devagar essa professora é oralizada e lê os lábios e de frente para professora surda ou uma das professoras da escola usuária da língua de sinais realizar a tradução das discussões em andamento Mesmo sem perceber a própria professora surda e a aluna bolsista que atuava como intérprete por várias vezes se colocavam em uma posição física na sala de reuniões mais afastadas do grupo e fora da roda de discussão Inclusive a própria professora surda ao ser solicitada a falar por mais de uma vez resistiu alegando não ter o que dizer Eu e Ana Paula professora de Carla insistimos e a provocamos para que participe efetivamente das discussões e estudos realizados embora a língua pela qual se expressa e constrói conhecimentos não seja a língua dos professores e profissionais ouvintes da escola A investigação com o cotidiano a partir de uma perspectiva complexa possibilita a per cepção e o aprendizado de que a mesmidade da escola proíbe e não proíbe a diferença pois a permanente tensão entre os conhecimentos regulação e emancipação presente no cotidiano escolar revela o confronto entre ações que legitimam relações com o outro que a todo momento demonstram está mal ser o que se está sendo ou está bem ser o que nunca poderá ser e ações com a alteridade que nos desafiam a experienciar uma edu cação uma relação pedagógica inspirada em dois princípios radicalmente novos não está mal ser o que se é e não está mal ser além daquilo que já se é 45 1 Considerando a História da Educação dos Surdos qual foi a conquista mais importante para eles 2 Estabeleça as diferenças entre as concepções de surdez dos defensores do oralis mo da comunicação total e do bilinguismo 3 Qual a importância da comunidade e da cultura surda para o desenvolvimento das identidades surdas 4 Em sua opinião é importante para o professor de uma escola inclusiva conhecer Libras Por quê 5 O século XVIII foi importantíssimo para a educação dos surdos graças à atuação de três grandes educadores Quais foram qual sua nacionalidade qual abor dagem educacional seguiam e qual fato tinham em comum além de serem educadores de surdos MATERIAL COMPLEMENTAR LIBRAS Que língua é essa Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda Audrei Gesser Editora Parábola 2009 Sinopse para complementar seus estudos sobre o tema indicamos o livro de autoria da doutora em linguística Audrei Gesser e professora da Unicamp Esse livro é uma leitura obrigatória para quem pretende conhecer um pouco do mundo surdo e dessa língua tão exótica que é a Libras A própria autora insiste em dizer que muito do que ela traz aos leitores é o óbvio mas que ainda precisa ser dito E no prefácio do livro Pedro Garcez complementa precisa ser dito para que mais ouvintes tenham conhecimento do rico universo humano que se faz nas línguas de sinais com as línguas de sinais e particularmente com a Língua Brasileira de Sinais essa LIBRAS que nos toca de perto se soubermos escutar para vêla Biblioteca Virtual do INES Instituto Nacional de Educação de Surdos Ao acessar a Biblioteca Virtual do INES Instituto Nacional de Educação de Surdos e clicar em pesquisas bibliográficas você encontrará muitas informações acerca de todo o conteúdo dessa disciplina Acesse o link wwwinesgovbrPaginasbibliotecaasp Acesso em 19 jun 2016 47 REFERÊNCIAS BOTELHO P Linguagem e letramento na educação dos surdos ideologias e prá ticas pedagógicas Belo Horizonte Autêntica 2002 CICCONE M Comunicação Total Rio de Janeiro Cultura Médica 1990 DORZIAT A Metodologias específicas ao ensino de surdos análise crítica Pro grama de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental Deficiência Auditiva Vol I Brasília Secretaria de Educação EspecialMEC 1997 FERREIRABRITO L Por uma gramática de Línguas de Sinais Rio de Janeiro Tem po Brasileiro 1995 GESSER A Libras Que língua é essa crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 2009 GOLDFELD M A criança surda São Paulo Pexus 1997 LACERDA C B F Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos Cad CEDES CampinasSP v19 n 46 set 1998 LACERDA C B F SANTOS L F org Tenho um surdo e agora Introdução à Libras e educação de Surdos São Carlos EdusFSCar 2013 NOGUEIRA C M I CARNEIRO M I N NOGUEIRA BI Surdez libras e educação de surdos uma introdução à língua brasileira de sinais MaringáPr EDUEM 2012 PEREIRA M C C CHOI D VIEIRA M I GASPAR P NAKASATO R Libras conheci mento além dos sinais 1 ed São Paulo Pearson Prentice Hall 2011 PERLIN G O lugar da cultura surda In THOMA A S LOPES M C Orgs A inven ção da surdez cultura alteridade identidade e diferença no campo da educação Santa Cruz do Sul EDUNISC 2004 Identidades surdas In SKLIAR C Org A surdez um olhar sobre as dife renças Porto Alegre Mediação 1998 QUADROS R M Educação de surdos a aquisição da linguagem Porto Alegre Ar tes Médicas 1997 REFERÊNCIAS QUADROS R M KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Porto Alegre Artes Médicas 2004 REILY L Escola Inclusiva Linguagem e mediação 4 ed Campinas SP Papirus 2004 SACKS O Vendo vozes uma viagem ao mundo dos surdos São Paulo Companhia das Letras 1998 SÁNCHES C M La increible y triste historia de la sordera Caracas Editorial Cepro sord 1990 SAMPAIO C S A presença de uma aluna surda em uma turma de ouvintes possibi lidade de repensar a mesmidade e a diferença no cotidiano escolar ETD Educa ção Temática Digital Campinas v7 n 2 p 4757 jun 2006 SKLIAR C Org A surdez um olhar sobre as diferenças Porto Alegre Mediação 1998 STROBEL K As imagens do outro sobre a cultura surda Florianópolis Ed UFSC 2008 Referências online 1 Em httpsptwikipediaorgwikiJuanPabloBonetmediaFileLenguade SignosJuanPabloBonet1620Ajpg Acesso em 20 jun 2016 GABARITO 49 1 A principal conquista dos surdos no que se refere à sua educação foi o direito de ser educado em sua própria língua a Libras 2 Para os adeptos do oralismo a surdez é uma deficiência uma patologia que pre cisa ser minimizada Para os defensores da comunicação total a surdez é um estigma uma marca com consequências sociais e para os que assumem o bilin guismo a surdez é uma diferença linguística uma experiência visual 3 A convivência com surdos adultos estabelece modelos para as crianças adoles centes e jovens surdos colaborando para o desenvolvimento das identidades surdas A cultura surda aqui entendida como a maneira do surdo ver o mundo também estabelece vínculos entre os iguais favorecendo o desenvolvimento das identidades surdas 4 Porque em primeiro lugar demonstra o respeito do professor pela identidade do aluno surdo e em segundo lugar permite não apenas uma ação pedagógica mais efetiva mas também o estabelecimento de laços afetivos essenciais para o sucesso da ação docente 5 Foram os educadores Samuel Heinecke alemão e oralista Charles Michell de LEpée francês e precursor da adoção da Língua de Sinais Thomas Braidwood inglês adotava um método combinado próximo à comunicação total Em co mum tinham o fato de que os três criaram em seus países de origem escolas coletivas para surdos UNIDADE II Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Objetivos de Aprendizagem Compreender a inclusão como princípio da Educação Especial Conhecer e refletir sobre a Legislação Educacional brasileira referente aos surdos Conhecer as Políticas Públicas para a educação dos surdos brasileiros Conhecer as novas tecnologias disponíveis para a comunicação e educação dos surdos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Inclusão como princípio da Educação Especial A Legislação brasileira referente à educação de surdos A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil Tecnologias de acessibilidade para a comunicação do surdo INTRODUÇÃO Em qualquer congresso palestra atividades de formação continuada ou grupo de estudos destinados a professores da Educação Básica de maneira direta ou indireta atualmente se fala de escola inclusiva Embora a inclusão diga res peito a qualquer estudante que encontra barreiras para aprender ou ter acesso ao que a escola oferece em qualquer momento da escolarização a maioria das pessoas envolvidas ou não com a educação acredita que a escola inclusiva se destina apenas àqueles com necessidades educativas especiais A principal razão para isso é que nessas crianças as diferenças são mais específicas e exigem ações pedagógicas igualmente específicas para as quais os professores em geral jul gam estar despreparados Em uma escola inclusiva todos são considerados iguais e têm o mesmo valor Assim a escola que é inclusiva está em contínuo processo de mudança para se adaptar aos diferentes alunos que recebe pois incluir significa muito mais do que a simples presença física da criança na sala de aula Infelizmente ainda não saímos do discurso para a prática uma vez que nossa escola pública continua excluindo os pobres os culturalmente diferentes e principalmente os que pos suem necessidades educativas especiais Dentre os alunos com necessidades educativas especiais que encontram maiores dificuldades nesse processo de inclusão estão os surdos pois o processo de ensinar e aprender ainda se sustenta quase que exclusivamente na comuni cação oral Como a comunicação oral é sensivelmente prejudicada a educação de surdos apresenta dificuldades e limitações exigindo práticas pedagógicas diferenciadas que mudaram radicalmente ao longo dos anos Apresentamos nesta unidade a legislação e as Políticas Públicas brasileiras para a Educação de Surdos discutindo desde os princípios da educação especial que sustentam a proposta inclusiva até os principais recursos tecnológicos que constituem parte da tecnologia assistiva para a educação de surdos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 53 LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 54 INCLUSÃO COMO PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Atualmente as agências gover namentais e os especialistas recomendam a inclusão como a principal estratégia educacional para as pessoas com deficiência Da maneira como são apresen tadas as propostas de inclusão temos a impressão de que elas são resultados apenas dos estu dos científicos ou são bondade dos governantes Isso não é ver dade A proposta de inclusão que hoje ocupa o centro das discus sões da Educação Especial é resultado de longas e difíceis batalhas das pessoas com deficiência ao longo da história A Educação Especial é uma modalidade de educação escolar integrante da educação geral direcionada a indivíduos com necessidades especiais Educação Especial segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional lei 939496 é a modalidade de educação escolar ofereci da preferencialmente na rede regular de ensino para educandos que por possuírem necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes a sua idade requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas e adaptadas para que possam apropriarse dos conhecimentos oferecidos pela escola As diferenças ocorrem em função de altas habilidades con dutas típicas deficiência física motora visual auditiva mental bem como condições de vida material precária SHIMAZAKI MORI 2012 p 31 GRIFO NOSSO Observe que a LDB estabelece que a Educação Especial deva ser ofertada pre ferencialmente na rede regular de ensino ou seja a Educação Especial não se opõe à escola regular Existe um equívoco muito grande neste sentido pois as pessoas consideram que a escola que não é especial seria a escola regular Uma shutterstock Inclusão como Princípio da Educação Especial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 55 escola é regular quando oferece o ensino seriado isto é todos ou alguns anos referentes à Educação Básica Ensino Fundamental e Médio Temos escolas especiais que são regulares como o Instituto Nacional de Educação de Surdos INES especializado na educação de surdos oferecendo ensino regular desde a Educação Infantil até o Ensino Superior A modalidade de educação que se opõe ao ensino regular é o ensino supletivo que se caracteriza por não ser seriado e sim concretizado por meio de componentes curriculares ou disciplinas isoladas Assim a educação de pessoas com deficiência pode ser realizada no Brasil em escolas regulares especiais escolas comuns escolas supletivas comuns escolas supletivas especializadas ou como se pretende atualmente em escolas inclusivas Para compreender esta caminhada iniciamos pela caracterização da inclusão como princípio da Educação Especial Para isso apresentamos primeiramente os princípios de Normalização e de Integração por serem os princípios dos quais teve origem a inclusão O princípio de Normalização surgiu na Dinamarca com uma lei de 1959 que estabelecia É necessário criar condições de vida para a pessoa retardada mental semelhantes tanto quanto possível às condições normais da sociedade em que vive O espírito da lei se referia a criar condições normais da sociedade e não do indivíduo Porém a partir de diferentes interpretações a maioria equivocadas passouse a considerar que o princípio da normalização se aplicava à pessoa com deficiência e assim a Educação Especial buscava tornar a criança especial o mais normal possível No caso específico da surdez isso significava que o surdo deve ria aprender a falar e assim o oralismo passou a ser a principal metodologia de trabalho para com os surdos Apesar dessas interpretações equivocadas o princípio da normalização foi muito importante para o desenvolvimento da Educação Especial Novos estu dos realizados a partir do princípio da Normalização foram surgindo fazendo com que as pessoas com deficiência naquela época chamadas de excepcionais fossem enxergadas com direitos e deveres iguais passando a exigir as mesmas condições de vida dos demais seres humanos Na década de 1970 passouse a falar em Integração como um novo princípio o que foi questionado pelos estudiosos Para eles Normalização era o objetivo e a LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 56 Integração era o processo ou seja era como se poderia alcançar a Normalização As crianças especiais passaram a partir da proposta de Integração a fre quentar senão classes comuns pelo menos classes especiais em escolas comuns embora na maioria das vezes com horários de entrada e de saída diferentes dos demais alunos As classes especiais não ofereciam escolarização regular e era comum que estudantes particularmente os surdos passassem anos em uma classe especial e quando deixavam a escola depois de mais de dez anos de estudo não recebiam nenhum certificado pois não se sabia qual série haviam concluído Para se determinar o nível de escolaridade do aluno surdo era preciso sub metêlo a um exame classificatório realizado pelas Secretarias Estaduais o que nem sempre acontecia Quando isto acontecia o surdo educado segundo o oralismo e sem acesso a tratamentos fonoaudiológicos e a uma prótese adequada dificilmente conse guia certificação além dos anos iniciais do Ensino Fundamental A situação era tão desanimadora que se dizia que uma criança surda entrava na educação pela porta da classe especial e nunca mais saía Entretanto a prática da Integração com todas as suas dificuldades e pro blemas foi importante para fazer surgir novos estudos e pesquisas no campo da Educação Especial tanto nos aspectos administrativos quanto nos que se refe rem aos processos de ensino e de aprendizagem Foi desses estudos e pesquisas que originou o princípio da Inclusão ou a proposta da escola inclusiva que estamos vivenciando atualmente De maneira bastante ampla podemos dizer que quando se trata de inclusão o que se preconiza é que a sociedade de maneira geral e a escola de maneira particular necessitam se modificar para receber a criança especial em seu meio No que se refere à surdez garantia de currículo adaptado critério diferen ciado para a correção de provas discursivas e de Língua Portuguesa conhecimento de Libras para uma comunicação funcional por parte dos professores e a pre sença do intérprete de Libras A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 57 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA REFERENTE À EDUCAÇÃO DE SURDOS Veja que cada vez mais os estudos na área da Educação Especial apontam a relevância da parceria famíliapro fissional não só do ponto de vista da promoção do desenvolvimento da pes soa com necessidades especiais mas também como suporte social para todos os envolvidos Todavia os mesmos estu dos que apontam para a importância da parceria famíliaescola apontam para a dificuldade de se conseguir o envolvimento ideal tendo como um dos principais motivos a distância dos profissionais da Educação Especial em relação à família Distanciamento este na maioria das vezes inconsciente Os profissionais de maneira geral e os professores em particular precisam ter clareza de que a participação da família é fundamental para o sucesso do seu trabalho e ainda mais precisam entender qual é o seu papel nesse processo A principal maneira de se conseguir a participação da família na educação da criança especial é firmando parceria entre esta a escola e a sociedade Essa não é uma tarefa fácil e cabe ao professor intermediar para que a família se apro xime da escola e se sinta segura nessa aproximação De fato o professor é o agente principal dessa parceria e deve ser capaz de orientar os pais sobre a deficiência de seu filho sobre os programas de atendimento disponíveis sejam eles educacionais de saúde psicologia ou assistência social É de responsabilidade do professor a orientação sobre a atuação da família em toda a vida do filho com necessidades especiais daí a necessidade do pro fessor conhecer a legislação e as políticas públicas que contemplam os surdos Outro fator fundamental para que os professores conheçam a legislação acerca dos direitos dos surdos é que muitas vezes são estes os únicos profissionais shutterstock LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 58 aos quais a família tem acesso que além de possuírem o conhecimento teóri coprático estão de posse da serenidade emocional que as famílias demoram a conseguir quando se deparam com o imprevisto da chegada de uma criança com necessidades especiais na família Só recentemente passamos a ter legislação destinada especificamente aos surdos A maioria da legislação brasileira referente às garantias de direitos à educação saúde trabalho acessibilidade etc não contemplam diretamente os surdos mas sim a totalidade das pessoas com deficiência independentemente de suas particularidades muitas vezes gerando tensão entre os diferentes seg mentos que constituem esse conjunto de pessoas Apresentamos a seguir trechos ou comentários acerca da legislação educa cional brasileira que contempla os direitos dos surdos particularmente aquelas referentes à Educação Começamos pela Constituição Federal de 1988 conside rada um marco no que se refere aos direitos humanos no Brasil e terminamos com a apresentação da Lei 131462015 a Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência passando pela discus são do Decreto 5626 de 2005 responsável pela inclusão da disciplina de Libras nos currículos dos cursos de licenciatura CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A Constituição Brasileira de 1988 é considerada uma das mais avançadas do mundo no que se refere aos Direitos Humanos e pode ser considerada um ins trumento eficaz na contemplação de especificidades referentes a gênero raça cor idade e deficiência com o estabelecimento de garantias de direitos específi cos e diferenciados Os artigos da Constituição Federal que mais nos interessam são 205 e 208 Art 205 A educação direito de todos e dever do Estado e da família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento da pessoa seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 59 Art 208 III Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino IV 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e subjetivo V Acesso aos níveis mais elevados de ensino da pesquisa e da criação artística segundo a capacidade de cada um LEI Nº 7853 DE 1989 Nesta lei há previsão de matrícula compulsória obrigatória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoa com deficiência capaz de se integrar no sistema regular de ensino Estabelece ainda que é crime recusar suspender adiar cancelar ou fazer cessar sem justa causa a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau público ou privado por motivos derivados da deficiência que este porte LEI 9394 DE 1996 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Esta lei define as diretrizes para educação nacional brasileira e no que se refere aos educandos com necessidades especiais estabelece que o estado brasileiro garanta Art 4º III atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino Art 58 Entendese por educação especial para efeitos desta Lei a mo dalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede re gular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais Art 60 Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos especializadas e com atuação exclusiva em educação especial para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 60 Parágrafo Único O Poder Público adotará como alternativa preferen cial a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades es peciais na própria rede pública regular de ensino independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo PORTARIA Nº 1679 DE 2 DE DEZEMBRO DE 1999 Dispõe sobre os requisitos de acessibilidade a pessoas portadoras de deficiência para instruir processos de autorização e de reconhecimento de cursos e creden ciamento de instituições de ensino superior A partir dessa portaria para que uma Instituição de Ensino Superior tenha autorização de funcionamento para qualquer curso de graduação e mesmo o reconhecimento de cursos já autoriza dos uma das exigências a ser cumprida são as condições de acesso concurso vestibular e de permanência de pessoas com deficiência nos cursos superiores LEI FEDERAL Nº 10098 DE 2000 Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos no mobi liário urbano na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação Entendese por acessibilidade a possibilidade e condição de alcance para utilização com segurança e autonomia dos espaços mobiliários e equipamentos urbanos das edificações dos transportes e dos sistemas e meios de comunica ção por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida É importante destacar o capítulo VII artigos 17 18 e 19 que tratam especifi camente da acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização e abordam o direito à informação das pessoas surdas A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 61 LEI FEDERAL Nº 10436 DE 24 DE ABRIL DE 2002 Esta lei oficializou a Língua Brasileira de Sinais Libras A partir dessa lei não mais se escreve a palavra Libras com todas as letras maiúsculas como se fazia anteriormente quando ela representava uma sigla LÍngua BRAsileira de Sinais LIBRAS Nessa lei também estão estabelecidas as condições que caracterizam uma escola inclusiva para surdos A essência das disposições federais contidas nessa lei está distribuída em quatro artigos Art 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais Libras e outros recursos de expressão a ela associados Parágrafo único Entendese como Língua Brasileira de Sinais Libras a forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico de natureza visualmotora com estrutura gramatical própria constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil Art 2º Deve ser garantido por parte do poder público em geral e em presas concessionárias de serviços públicos formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunida des surdas do Brasil Art 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e trata mento adequado aos portadores de deficiência auditiva de acordo com as normas legais em vigor Art 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais es taduais municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de educação Especial de Fonoaudiologia e de Magistério em seus níveis médio e superior do ensino da Língua Bra sileira de Sinais Libras como parte integrante dos Parâmetros Curri culares Nacionais PCNs conforme legislação vigente Parágrafo único A Língua Brasileira de Sinais Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa A Lei nº 104362002 marca o início de uma nova e promissora era no que diz respeito à pessoa surda sua capacidade identidade e formação Essa lei reconhece não somente que a Libras é uma Língua e que como tal deve ser LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 62 respeitada mas que a comunidade surda sua cultura e sua identidade tam bém devem ser respeitadas As leis da acessibilidade de 2000 e a da Libras de 2002 foram regulamen tadas pelos Decretos 5296 de 2004 e pelo Decreto nº 5626 de 2005 DECRETO FEDERAL Nº 5296 DE 2004 Apesar deste Decreto que regulamenta a Lei 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibili dade não se referir especificamente à educação destacamos os artigos 5º e 6 º No primeiro está estabelecido quem são as pessoas com surdez que neste Decreto voltam a ser denominadas de deficientes auditivas e a ter sua caracterização esta belecida pelo modelo médico em contraposição aos avanços conquistados com a Lei da Libras de 2002 que caracteriza a surdez como experiência visual No artigo 6º determinase como deve ser o atendimento prioritário para pessoas com deficiência conforme estabelecido na Lei 10048 de 8 de novembro de 2000 Art 5o Os órgãos da administração pública direta indireta e funda cional as empresas prestadoras de serviços públicos e as instituições financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às pessoas por tadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida 1o Considerase para os efeitos deste Decreto I pessoa porta dora de deficiência além daquelas previstas na Lei no 10690 de 16 de junho de 2003 a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias b deficiência auditiva perda bilateral parcial ou total de quarenta e um decibéis dB ou mais aferida por audiograma nas frequências de 500Hz 1000Hz 2000Hz e 3000Hz Art 6o O atendimento prioritário compreende tratamento diferen ciado e atendimento imediato às pessoas de que trata o art 5o 1o O tratamento diferenciado inclui dentre outros III serviços de atendimento para pessoas com deficiência auditiva prestado por intér pretes ou pessoas capacitadas em Língua Brasileira de Sinais LIBRAS e no trato com aquelas que não se comuniquem em LIBRAS e para pessoas surdocegas prestado por guiasintérpretes ou pessoas capaci tadas neste tipo de atendimento A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 Além de retroceder na denominação e definição das pessoas com surdez o Decreto 5296 de 2004 também continua utilizando a grafia da Libras com mai úsculas como uma sigla não considerando a substantivação procedida pela Lei da Libras Estes fatos demonstram que nem sempre os especialistas em surdez participam da elaboração da legislação e das políticas públicas destinadas a este segmento da população DECRETO FEDERAL Nº 5626 DE 2005 Para os fins deste Decreto considerase pessoa surda aquela que por ter perda auditiva compreende e interage com o mundo por meio de experiências visu ais manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais Libras O Decreto 5626 estabelece o que é preciso fazer que a abordagem bilíngue seja adotada nas escolas públicas e particulares do país Define ainda que escola ou classe bilíngue são aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam as línguas utilizadas no ensino Também é este Decreto que torna obrigatório o ensino de Libras para os futuros professores e para os fono audiólogos Destacamos a seguir de forma resumida a essência das disposições contidas no Decreto 5626 A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magis tério em nível médio e superior e nos cursos de Fonoaudiologia de instituições de ensino públicas e privadas do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados do Distrito Federal e dos Municípios Todos os cursos de licenciatura nas diferentes áreas do conheci mento o curso normal de nível médio o curso normal superior o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considera dos cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério A Libras constituirseá em disciplina curricular optativa nos de mais cursos de educação superior e na educação profissional a partir de um ano da publicação deste Decreto LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de for mação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental de nível médio e superior bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa O Decreto nº 5626 estabelece ainda que as instituições federais de ensino devam garantir obrigatoriamente às pessoas surdas acesso à comunicação informação e educação nos processos seletivos atividades e conteúdos curricu lares desenvolvidos em todos os níveis etapas e modalidades de educação desde a educação infantil até à superior A programação visual dos cursos de nível médio e superior preferencial mente os de formação de professores na modalidade de educação a distância deve dispor de sistemas de acesso à informação como janela com tradutor e intérprete de Libras Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de legenda oculta de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às pessoas surdas DECRETO 6949 DE 2009 Quando o Brasil participa de algum evento internacional e assina o documento resultante das discussões para que o compromisso assumido pelo país tenha força de Lei é necessário de que o documento seja aprovado pelo Congresso Nacional e seja sancionado pela Presidência da República O Decreto 6949 de 2009 da Presidência da República promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo assinados em Nova York em 30 de março de 2007 O entendimento do que são pessoas com deficiência avançou muito com esta convenção transferindo o foco das dificuldades do indivíduo para as con dições do entorno em que ele vive a saber pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física mental intelectual ou sensorial os quais em interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma indepen dente e participar plenamente de todos os aspectos da vida os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso em igualdade de oportunidades com as demais pessoas ao meio físico ao transporte à informação e comunicação inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público tanto na zona urbana como na rural No que se refere ao direito à informação temos uma manifestação explícita de inclusão quando estabelece que cabe ao Estado Aceitar e facilitar em trâmites oficiais o uso de línguas de sinais Braille comunicação aumentativa e alternativa e de todos os demais meios modos e formatos acessíveis de comunicação à escolha das pessoas com deficiência Garantia de que a educação de pessoas em particular crianças cegas surdocegas e surdas seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados ao indivíduo e em ambientes que favore çam ao máximo seu desenvolvimento acadêmico e social A fim de contribuir para o exercício desse direito os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para empregar professores inclusive professores com deficiência habilitados para o ensino da língua de sinais eou do Braille e para capacitar profissionais e equipes atuantes em todos os níveis de ensino Apesar da Política Nacional de Educação em especial na perspectiva inclu siva ter sido estabelecida em 2008 portanto um ano anterior ao Decreto 6949 que é de 2009 ela foi orientada pela Convenção que aconteceu em 2007 DECRETO 7611 DE 2011 A promulgação deste decreto contou com intensa participação da comunidade surda mediante a FENEIS seu órgão representativo Este decreto estabelece as diretrizes que normatizam o dever do Estado para com a populaçãoalvo da edu cação especial garantindo a manutenção de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às escolas especializadas que estavam sob a iminência de extinção em LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 função da proposta inclusiva O Decreto no parágrafo 2º do artigo 1º garante todas as diretrizes e princípios dispostos no decreto 5626 de 2005 LEI 13146 DE 2015 Esta Lei que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Estatuto das Pessoas com Deficiência deixa claro quais são os direitos das pes soas com deficiência e quais os deveres que o Estado aqui entendidos como os poderes públicos Federal Estadual e Municipal tem para com esta parcela da população Para se constituir em Lei o projeto do Estatuto das Pessoas com Deficiência tramitou por muitos anos uma vez que não havia unanimidade nem mesmo entre as pessoas com deficiência sobre a pertinência deste documento Para os defensores do Estatuto um documento específico que daria mais visibilidade às pessoas com deficiência além de facilitar ações reivindicatórias de seus direitos pois estariam todos condensados em um único documento sem necessidade de se recorrer ao conjunto de leis estabelecidas Para outros o Estatuto deixaria explícito a exclusão desse segmento do con junto das demais pessoas da sociedade Isto porque enquanto o ECA Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso se remetem a cidadãos em fases específicas de sua vida ou seja os que ainda exercerão plenamente seus direitos em sua fase adulta e os que buscam a extensão de seus direitos para a velhice as pessoas com deficiência enquanto crianças adolescentes adultos e idosos gostariam de ter seus direitos garantidos da mesma forma que os demais indivíduos Assim por exemplo no ECA deveriam estar estabelecidos os direi tos da criança e do adolescente com deficiência assim como em toda legislação e políticas públicas brasileiras A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 No que se refere especificamente à educação a Lei 13146 de 2015 em seus artigos 27 e 28 preconiza o atendimento na perspectiva inclusiva mas garante aos surdos no inciso IV do art 28 o direito de estudar em escolas bilíngues ou seja as escolas especializadas Destacamos também o que se refere ao desenvolvi mento de tecnologias assistivas pela importância que elas assumem na educação de surdos razão pela qual finalizamos esta unidade com um texto sobre este tema Art 27 A educação constitui direito da pessoa com deficiência as segurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e apren dizado ao longo de toda a vida de forma a alcançar o máximo desen volvimento possível de seus talentos e habilidades físicas sensoriais intelectuais e sociais segundo suas características interesses e necessi dades de aprendizagem Parágrafo único É dever do Estado da família da comunidade es colar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência colocandoa a salvo de toda forma de violência negligência e discriminação Art 28 Incumbe ao poder público assegurar criar desenvolver imple mentar incentivar acompanhar e avaliar IV oferta de educação bilíngue em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas VI pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas de materiais didáticos de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva VII planejamento de estudo de caso de elaboração de plano de aten dimento educacional especializado de organização de recursos e servi ços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva XI formação e disponibilização de professores para o atendimen to educacional especializado de tradutores e intérpretes da Libras de guias intérpretes e de profissionais de apoio XII oferta de ensino da Libras do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes promovendo sua autonomia e participação LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 2o Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo devese observar o seguinte I os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica devem no mínimo possuir ensino médio completo e certificado de proficiência na Libras II os tradutores e intérpretes da Libras quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação e pósgradu ação devem possuir nível superior com habilitação prioritariamente em Tradução e Interpretação em Libras Art 30 Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior e de educação profissional e tecnológica públicas e privadas devem ser adotadas as seguintes medidas I atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Instituições de Ensino Superior IES e nos serviços II disponibilização de formulário de inscrição de exames com campos específicos para que o candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva necessários para sua partici pação III disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendi mento às necessidades específicas do candidato com deficiência IV disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia as sistiva adequados previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência V dilação de tempo conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiência tanto na realização de exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas mediante prévia solicitação e comprovação da necessidade VI adoção de critérios de avaliação das provas escritas discursivas ou de redação que considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa VII tradução completa do edital e de suas retificações em Libras A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 O acesso à comunicação e informação é estabelecido em um capítulo específico da Lei 13146 de 2015 destacamos os artigos que interessam diretamente ao surdo Art 66 Cabe ao poder público incentivar a oferta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com acessibilidade que entre outras tec nologias assistivas possuam possibilidade de indicação e de ampliação sonoras de todas as operações e funções disponíveis Art 67 Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o uso dos seguintes recursos entre outros I subtitulação por meio de legenda oculta II janela com intérprete da Libras III audiodescrição Art 68 O poder público deve adotar mecanismos de incentivo à pro dução à edição à difusão à distribuição e à comercialização de livros em formatos acessíveis inclusive em publicações da administração pública ou financiadas com recursos públicos com vistas a garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à leitura à informação e à comunicação 1o Nos editais de compras de livros inclusive para o abastecimento ou a atualização de acervos de bibliotecas em todos os níveis e modalidades de educação e de bibliotecas públicas o poder público deverá adotar cláusulas de impedimento à participação de editoras que não ofertem sua produção também em formatos acessíveis 2o Consideramse formatos acessíveis os arquivos digitais que possam ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituílos permitindo leitura com voz sintetizada ampliação de caracteres diferentes contrastes e impressão em Braille 3o O poder público deve estimular e apoiar a adaptação e a produção de artigos científicos em formato acessível inclusive em Libras LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 Art 70 As instituições promotoras de congressos seminários ofici nas e demais eventos de natureza científicocultural devem oferecer à pessoa com deficiência no mínimo os recursos de tecnologia assistiva previstos no art 67 desta Lei Art 71 Os congressos os seminários as oficinas e os demais eventos de natureza científicocultural promovidos ou financiados pelo poder público devem garantir as condições de acessibilidade e os recursos de tecnologia assistiva Art 72 Os programas as linhas de pesquisa e os projetos a serem desenvolvidos com o apoio de agências de financiamento e de órgãos e entidades integrantes da administração pública que atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar temas voltados à tecnologia assistiva Art 73 Caberá ao poder público diretamente ou em parceria com or ganizações da sociedade civil promover a capacitação de tradutores e intérpretes da Libras de guias intérpretes e de profissionais habilitados em Braille audiodescrição estenotipia e legendagem O capítulo III da Lei 13146 de 2015 aborda a tecnologia assistiva estabelecendo a garantia de acesso da pessoa com deficiência a produtos recursos estratégias práticas processos métodos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia mobilidade pessoal e qualidade de vida mediante por exemplo o acesso a crédito especializado subsidiado para a aquisição individual desses recursos Finalmente o resumo da legislação aqui apresentado teve a intenção de informar o futuro professor e de destacar que atualmente são muitas as ações governamentais que buscam melhorar a educação e a vida social dos surdos Por isso já podemos imaginar em um futuro não muito distante um mundo em que a diferença linguística não seja mais considerada uma deficiência mas como particularidade que não diminui a pessoa surda A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 A EDUCAÇÃO DE SURDOS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DO BRASIL Um dos discursos educacionais atuais é o da inclusão e uma das discussões mais presen tes quando se fala de atitudes politicamente corretas são as que abordam a diversidade cultural e social de indivíduos e grupos Respeitar as diferenças se tornou mais do que um objetivo a ser alcançado passou a ser estratégia nas políticas públicas educa cionais brasileiras Se conhecer a Legislação acerca da edu cação de surdos no Brasil é fundamental para o professor orientar seus alunos e familiares conhecer as políticas públicas educacionais para o surdo brasileiro cumpre também esta função Além disso esse conheci mento é importante para que o professor possa reivindicar melhores condições de trabalho A primeira política pública para a educação dos surdos em nosso país pode ser considerada a Decisão Imperial de 26 de setembro de 1857 quando o governo de D Pedro II criou o Instituto Nacional de SurdosMudos no Rio de Janeiro atual Instituto Nacional de Educação do Surdo INES que adotava a língua de sinais Essa escola foi fundada por Ernest Huet professor surdo francês que che gou ao Brasil com o objetivo de aqui iniciar a educação dos surdos Porém seguindo a tendência determinada pelo Congresso de Milão 1880 em 1911 o INES estabeleceu o oralismo como método de educação dos surdos Atualmente a filosofia educacional adotada pelo INES é o bilinguismo Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 na qual em diferentes artigos são garantidos os direitos das pessoas com deficiência foram propos tas políticas para que a atuação dos diferentes órgãos governamentais pudesse estar em conformidade com os dispositivos constitucionais shutterstock LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DE 1994 Nesse documento aparecem pela primeira vez de forma explícita propostas de apoio à utilização da Língua Brasileira de Sinais Libras na educação de alunos surdos e incentivo à oficialização da Libras Lei nº 1017201 Plano Nacional de Educação O Plano Nacional de Educação estabelece vinte e sete objetivos e metas para a educação das pessoas com necessidades educativas especiais Sinteticamente essas metas tratam Das ações preventivas na área visual e auditiva até a generalização do atendimento aos alunos na educação infantil e no ensino fundamental Do atendimento extraordinário em classes e escolas especiais ao atendi mento preferencial na rede regular de ensino Da educação continuada dos professores que estão em exercício à forma ção em instituições de ensino superior O Plano Nacional de Educação de 2001 indica como meta ainda capacitar pes soas para dar atendimento aos educandos especiais e como meta nº 11 implantar em cinco anos e generalizar em dez o ensino da Língua Brasileira de Sinais para alunos surdos e sempre que possível para seus familiares e para o pessoal da unidade escola mediante um programa de formação de monitores em par cerias com organizações não governamentais PROGRAMA NACIONAL DE APOIO À EDUCAÇÃO DE SURDOS 2001 No cenário de reformas e propostas educacionais temos o Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos que foi o resultado de uma proposição da SEESP MEC e Secretarias de Estado da Educação e Secretarias Municipais de Educação das capitais visando à melhoria da educação de alunos surdos matriculados no A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 Ensino Fundamental Um de seus focos de trabalho foi a formação de professo res ouvintes para o uso da Libras O Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos buscava atender aos 50 mil estudantes surdos matriculados no Ensino Fundamental naquele momento e possuía três metas 1 Organizar cursos de capacitação para profissionais da educação subdi vidida em 3 etapas a primeira a ser realizada em Brasília consistia no curso de instrutores surdos a segunda a ser realizada nos estados con sistia no curso de língua de sinais para professores da rede pública e no curso de língua de sinais para novos instrutores e a terceira a ser reali zada no INES em curso de intérprete de línguas de sinais para professores da rede pública a curto prazo 2 Implantar o centro de apoio à capacitação dos profissionais e à educação de surdos CAP a ser cumprida em médio prazo 3 Modernizar as salas de recursos para atendimento dos surdos a médio prazo Como resultado material deste Programa foi produzido pelo MEC em conjunto com pesquisadores e com a FENEIS Federação Nacional de Escolas e Instituições de Surdos o material didático Libras em Contexto composto de livro do aluno livro do professor e fitas de vídeo Foi o primeiro material de características ofi ciais para o ensino de Libras do Brasil que em 2009 teve publicada sua 9ª edição POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA PNEE 2008 A Educação Especial modalidade escolar que atende preferencialmente na rede regular de ensino educandos com deficiência transtornos globais do desen volvimento e altas habilidades ou superdotação é explicitamente considerada atualmente no Brasil na perspectiva inclusiva e regida pela Política Nacional de Educação Especial PNEE de 2008 De acordo com a PNEE 2008 a atua ção da Educação Especial deve ser articulada com o ensino comum e se efetiva LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 mediante o atendimento às necessidades educacionais especiais dos educandos constituintes de seu público alvo com a oferta em contraturno do Atendimento Educacional Especializado AEE Na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva inclusiva de 2008 o MEC reconhece que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alter nativas para superálas e assim a educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na supe ração da lógica da exclusão A partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais inclu sivos a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alu nos tenham suas especificidades atendidas O documento é claro na orientação de que não sejam mais criadas escolas especiais e orienta que as já existentes transformemse em centros educacionais especializados para ofertar AEE As principais justificativas para a extinção das escolas especializadas apresentadas na PNEE são A Educação Especial se organizou tradicionalmente como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum evidencian do diferentes compreensões terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições especializadas escolas especiais e classes es peciais Essa organização fundamentada no conceito de normalidadeanor malidade determina formas de atendimento clínico terapêuticos for temente ancorados nos testes psicométricos que definem por meio de diagnósticos as práticas escolares para os alunos com deficiência BRASIL 2008 p 06 De acordo com a PNEE 2008 deve ser garantido direito de todos os alu nos pertencerem a uma mesma escola de estarem todos juntos aprendendo e participando sem nenhum tipo de discriminação e suas particularidades seriam atendidas mediante a oferta do AEE Assim o trabalho pedagógico com os alunos com surdez nas escolas comuns deve ser desenvolvido em um ambiente bilíngue ou seja em um espaço em que se utilize a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa Um período adicional de A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 horas diárias de estudo é indicado para a execução do Atendimento Educacional Especializado DÁMAZIO 20071 Nele destacamse três momentos didáti copedagógicos Momento do Atendimento Educacional Especializado em Libras Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras e Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa No Atendimento Educacional Especializado em Libras na escola comum todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares são explicados nessa língua por um professor sendo ele preferencialmente surdo A organiza ção didática desse espaço de ensino implica o uso de muitas imagens visuais e de todo tipo de referências que possam colaborar para o aprendizado O Atendimento Educacional Especializado em Libras oferece ao aluno com surdez segurança e motivação para aprender sendo portanto de extrema importância para a inclusão do aluno na classe comum Já no Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras na escola comum os alunos com surdez têm aulas de Libras favorecendo o conhe cimento e a aquisição principalmente de termos científicos Esse trabalho é realizado pelo professor e ou instrutor de Libras preferencialmente surdo de acordo com o estágio de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhe cimento que o aluno tem a respeito da Língua de Sinais O professor eou instrutor de Libras organiza o trabalho do Atendimento Educacional Especializado respeitando as especificidades dessa língua princi palmente o estudo dos termos científicos a serem introduzidos pelo conteúdo curricular Eles procuram os sinais em Libras investigando em livros e dicioná rios especializados internet ou mesmo entrevistando pessoas adultas com surdez O professor surdo no ensino de Libras oferece aos alunos com surdez melho res possibilidades do que o professor ouvinte porque o contato de crianças e jovens surdos com adultos com surdez favorece não apenas a aquisição dessa língua como também a construção de identidades surdas No Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa são trabalhadas as especificidades dessa língua para pessoas com surdez O ensino é desenvolvido por um professor preferencialmente formado LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 76 em Língua Portuguesa que conheça os pressupostos linguísticos teóricos que norteiam o trabalho e que sobretudo acredite nesta proposta estando disposto a realizar as mudanças para o ensino do Português aos alunos com surdez O que se pretende no Atendimento Educacional Especializado é desenvol ver a competência gramatical ou linguística bem como textual nas pessoas com surdez para que sejam capazes de gerar sequências linguísticas bem formadas Além disso o AEE deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua Portuguesa Para completar a descrição do modelo atual de inclusão dos surdos brasi leiros resta comentar a presença de Intérprete de Libras na sala de aula que é fundamental para a inserção das pessoas com surdez que são usuárias da Língua de Sinais O intérprete deve conhecer com profundidade cientificidade e criticidade sua profissão a área em que atua as implicações da surdez as pessoas com sur dez a Libras os diversos ambientes de sua atuação a fim de que de posse desses conhecimentos seja capaz de atuar de maneira adequada em cada uma das situ ações que envolvem a tradução a interpretação e a ética profissional O ideal é que o professor conheça Libras mesmo com a presença de intér pretes Não é viável que a aula seja ministrada em Libras mas deve existir comunicação mesmo que funcional entre o professor e o aluno Além disso o intérprete geralmente não domina todo conteúdo de todas as disciplinas e é preciso ter certeza de que o que está sendo repassado aos alunos é o que está de fato sendo explicado pelo professor Considerando a importância dos recursos tecnológicos para a inclusão social e educacional dos surdos e que o acesso a tais recursos é garantido pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Lei 13146 de 2015 que inclusive estabelece dispositivos para fomentar pesquisas nesta área Por isso destinamos a seguir um texto específico para analisar os avanços nesta área no que se refere aos surdos Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 TECNOLOGIAS DE ACESSIBILIDADE PARA A COMUNICAÇÃO DO SURDO1 As tecnologias atuais permitiram um enorme aumento da boa qualidade de comunicação entre surdos e entre ouvintes e surdos das quais o princi pal exemplo é o celular por permitir o envio de mensagens escritas dentre outras facilidades 1 Texto resumido do Capítulo 2 de mesmo título da dissertação de mestrado O uso social das tecnologias de comunicação pelo surdo limites e possibilidades para o desenvolvimento da linguagem de autoria de Marília Ignatius Nogueira Carneiro constante das referências Para conhecer mais alguns decretos vinculados à questão dos direitos das pessoas com deficiência pesquise por Decreto Nº 1862008 Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Decreto Nº 621507 Institui o Comitê Gestor de Políticas de Inclusão das Pessoas com Deficiência Decreto Nº 657108 Dispõe sobre o atendimento educacional especiali zado Decreto nº 329899 Regulamenta a Lei no 7853 de 24 de outubro de 1989 dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Porta dora de Deficiência Decreto nº 395201 Conselho Nacional de Combate à Discriminação Decreto nº 529604 Regulamenta as Leis n 10048 e 10098 com ênfase na Promoção de Acessibilidade Decreto nº 395601 Convenção da Guatemala Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência Fonte as autoras LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 78 O precursor do celular foi o PAGER ou BIP Este equipamento não foi criado pensando nos surdos mas por utilizar a escrita e possibilitar que o surdo tivesse acesso à mensagem pela via visual foi adotado por muitos integrantes da comu nidade surda gerando muita esperança Todavia além de ser cara sua utilização não era prática Como as mensagens escritas apenas podiam ser emitidas pelas telefonistas não havia possibilidade de troca efetiva de comunicação Os ouvin tes ligavam para uma central de comunicações do BIP os telefonistas recebiam os recados e enviavam as mensagens para os aparelhos dos surdos que não tinham como responder Infelizmente esses equipamentos tecnológicos foram falhos para a comunicação dos surdos embora servissem para que esses recebessem recados Beatriz e Marília tiveram um deste porque a mãe Clélia desejava man dar recados por exemplo quando saiam à noite Às vezes a mãe queria saber se estava tudo bem então mandava mensagens no Pager e elas telefonavam de um orelhão para casa Não era possível conversar mas apenas por a ligação a mãe sabia que estava tudo bem Era um código combinado entre a família Este exemplo ilustra bem as dificuldades de comunicação que os surdos vivenciaram ao longo dos tempos de maneira que consideramos que é muito mais fácil ser surdo no momento atual repleto de ferramentas tecnológicas Em 1998 surgiu o TDD Telecommunications Devices for the Deaf que foi anunciado como um grande avanço na comunicação dos surdos Entretanto esta tecnologia não foi muito utilizada por eles Primeiro porque era de difícil aquisi ção de maneira que apenas associações entidades governamentais e algumas não governamentais possuíam os aparelhos Além disso sua utilização não apresentava praticidade Para usufruir os serviços do TDD o surdo quando queria ligar para um ouvinte digitava o número e a mensagem que era recebida por um atendente e transmitida oralmente na ligação de telefone comum para o ouvinte O ouvinte respondia e esta mensagem era escrita pelo atendente e encaminhada para o surdo via TDD e assim o procedimento continuava O processo demorado de troca de mensagens e seu custo alto inviabilizou a utilização deste recurso em larga escala A partir do TDD outros recursos tecnológicos sustentados no Português escrito foram disponibilizados para a comunidade surda Muitos inclusive não necessitaram de nenhum tipo de adaptação e foram utilizados indistintamente por surdos e ouvintes Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 Um exemplo desses recursos é o Facebook Este aplicativo para redes sociais é o de maior acesso no mundo Com características individuais permite também a formação de grupos de usuários que possuem interesses em comum Atualmente os smartphones estão bastante acessíveis e os aplicativos de men sagens instantâneas vêm sendo aperfeiçoados fazendo parte do cotidiano das pessoas e facilitando ainda mais a vida social dos surdos como exemplo temos o ICQ o WhatsApp o Instangram e o Telegram Constantemente novos recursos tecnológicos que favorecem a comunica ção de pessoas surdas são apresentados à comunidade científica Um exemplo disso é a pulseira Lepee apresentada por alunos do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná O dispositivo consiste em um aparelho vibratório que se conecta a qualquer celular e pisca e vibra quando o Smartphone recebe notificação de mensagem por exemplo o alarme do carro ou uma campainha wireless Segundo o jornal Gazeta do Povo 2015 online2 O funcionamento de pulseira Lepee tem potencial para provocar uma minirre volução na relação das pessoas surdas com a tecnologia O Instagram é semelhante ao Facebook e é uma rede social online de compartilhamento de fotos e vídeos acessível apenas para smartphones e que não permite a criação de grupos Oferece duas opções público ou fechado Se público qualquer pessoa pode ter acesso ao que for disponibilizado na página do usuário Se fechado só as pessoas adicionadas podem ver suas postagens Os surdos costumam postar fotos e vídeos curtíssimos de no máximo dois minutos Apesar de ser possível postar vídeos em Libras a maioria dos surdos faz apenas postagem de fotos O Telegram é considerado um dos principais concorrentes do WhatsApp porque possui funções semelhantes como o envio e recebimento de conteúdos em texto vídeo áudio e imagem por meio de um pacote de dados ou de uma conexão WiFi Uma primeira vantagem deste aplicativo é o fato de não estar vinculado a nenhuma grande empresa da internet Como o Telegram utiliza a rede móvel para mandar e receber as mensagens ele é gratuito O Telegram apresenta ainda suporte para GIFs Graphics Interchange Format ou em português formato de intercâmbio de gráficos animados Possui dispo sitivos de busca para pesquisa de imagens animadas ou estáticas diretamente LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 80 no aplicativo e apresenta um sistema de citação de outros usuários durante uma conversa ideal para ser utilizada em um grupo Atualmente um grupo de surdos brasileiros2 utiliza o Telegram para uma pesquisa que tem por objetivo convencionar sinais em Libras para diferentes áreas do conhecimento como por exemplo a Matemática Os recursos descritos anteriormente são utilizados pelos surdos letrados entretanto temos também os surdos que são analfabe tos que não sabem ler e escrever mensagens ou mesmo os que possuem um conhecimento insuficiente do Português o que inviabiliza a comunicação com ouvin tes desacostumados com a redação dos surdos Assim além das ferramentas tecnológicas que permitem a exploração de vídeos em geral permitindo portanto a comunicação em língua de sinais algumas ferramen tas tecnológicas foram adaptadas ou mesmo criadas para os surdos São as que utilizam ou a Libras ou o SignWriting As que permitem a utilização da Libras são as preferidas pelos surdos pois por meio delas podem se valer de um poderoso recurso de comuni cação muito valorizado pela comunidade surda que são as expressões visuais A importância de poder se comunicar mediante imagens ou seja por meio de vídeos além de per mitir ao surdo se expressar em sua língua natural se adapta melhor ao desenvolvimento cognitivo e afetivo dos surdos pois como já abordamos na Unidade I atualmente surdez é entendida como uma experi ência visual Dessa forma a Libras é concebida pelas experiências visuais dos surdos os quais se sentem confortáveis ao utilizar ferramentas tecnológicas em que podem se expressar na sua língua Por exemplo os ouvintes leem e escrevem 2 O grupo de Lexicologia e terminologia em Libras desenvolve seus trabalhos por meio do Telegram Muitos surdos de diferentes estados brasileiros reúnemse e discutem para produzir um novo sinal Aproximadamente 38 pessoas surdas da área de linguística e fluentes em Libras O Telegram permite que os usuários se comuniquem sem sair de casa com a vantagem de que este aplicativo permite o envio de vídeos de mais ou menos 6 minutos de gravação que podem ser compartilhados com o grupo shutterstock Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 mas eles falam ao telefone e se sentem bem em ouvir as vozes de seus interlo cutores da mesma forma os surdos para se sentirem próximos da pessoa com quem se comunicam precisam vêla e observar suas expressões faciais Seria o equivalente para os ouvintes a ouvir a voz e pela entonação perceber as varia ções de humor de seus interlocutores As novas tecnologias em Libras são importantes para o uso social dos cida dãos surdos pois a facilidade de acesso às informações pode incentivar a busca pelo conhecimento científico e social pelos surdos Vários recursos tecnológicos com uso da Libras estão disponíveis para os surdos A seguir apresentamos os recursos tecnológicos com Libras que os sur dos mais utilizam TV com Intérpretes Seguramente esta foi a primeira ferramenta tecnológica a disponibilizar o acesso dos surdos à informação em sua língua natural no caso do Brasil a Libras Para isto alguns canais da TV ou determinados programas apresentam a tradução simultânea com o intérprete de Libras em destaque no canto da tela em um espaço denominado janela de interpretação a WebCam e chats com vídeo Não são ferramentas específicas para surdos São recursos dos diferentes aplicativos e redes sociais que permitem aos surdos visualizarem o diálogo sinalizado simultaneamente O software Skype Muito utilizado atualmente para conferências palestras e até mesmo realização de bancas de defesa de mestrado e doutorado em que os participantes da banca não podem estar presentes pois permite a comunicação simultânea com imagens e sons Para estabelecer contato é necessário possuir uma conta de email Na tela aparecem duas imagens uma pequena corresponde à primeira pessoa que vê sua própria imagem a imagem maior mostra a ima gem do interlocutor ou seja daquele com quem se está comunicando O Skype possibilita ainda a comunicação escrita na ausência de câmeras O programa é grátis e é acessível apenas para computadores e tablets Muitos surdos utilizam esta forma de comunicação A webcam do celular Permite a utilização de alguns aplicativos simples e efetivos como por exemplo o Imo Video Free Este programa de download gra tuito é um grande sucesso entre os usuários em geral por permitir chamadas de voz e de vídeo com alta qualidade se estiver conectado à internet 3G 4G ou LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 82 WiFi Também permite mensagens escritas bate papo em grupo e figuras para enriquecer as comunicações escritas O aplicativo permite ainda a formação de grupos para batepapo e compartilhamento de fotos e vídeos Entretanto é a possibilidade de se expressar em Libras pois a imagem é trans mitida simultaneamente que torna o IMO o aplicativo preferido dos surdos É a telefonia móvel para a comunicação entre usuários da Libras Dentre as ferramentas tecnológicas específicas para utilização pelos surdos destacamos o Viável Brasil O Viável é o nome comercial de uma tecnologia adap tada para os surdos semelhante ao aplicativo Skype Esta ferramenta necessita de um equipamento próprio que precisa estar ligado à internet Além do custo do aparelho e da internet há a necessidade de pagamento de uma taxa de serviços que se destina ao pagamento de intérpretes que permanecem em uma central É um telefone específico para clientes surdos Tem dois tipos um oferece tecnolo gia para videoconferência para dois ou três surdos conversarem com webcam O outro disponibiliza intérprete em língua de sinais Para a utilização do sistema Viável o surdo que deseja ligar para um ouvinte pode digitar normalmente o número de telefone e o intérprete atua como mediador interpretando em voz para o ouvinte e sinalizando no vídeo para o surdo ver Também tem bate papo em linguagem escrita Outro recurso tecnológico atualmente disponível são os softwares de tradu ção simultânea de texto e voz da Língua Portuguesa para Libras disponíveis sob a denominação PRODEAF e HandTalk Ambos são aplicativos muito inovadores Os novos softwares ajudam bastante a comunicação entre ouvintes e surdos pois a pessoa fala ao celular e o programa traduz automaticamente em Libras mediante uma animação para os surdos Apesar do grande avanço estes aplica tivos ainda precisam ser refinados e enriquecidos pois não permitem a tradução da Libras nem para o Português oral nem para escrito mas permitem ao surdo responder por escrito Assim de um lado representa um grande avanço pois facilita a comunicação quando o surdo é o receptor ao traduzir o que o ouvinte diz ao surdo mas por outro lado ainda necessita que o surdo possua conheci mento do Português escrito para poder ser o emissor da mensagem O PRODEAF foi desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco por alunos do curso de ciência da computação O grupo envolvido fundou a empresa Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 83 Proativa Soluções e negócios que conta com o apoio e parceria da Wayra Brasil Telefônica Microsoft Sebrae e CNPq O Hand talk foi apresentado em 2012 O aplicativo é parecido com o PRO DEAF Nele o Hugo personagem 3D torna a comunicação interativa e de fácil compreensão No que se refere à educação de surdos as ferramentas tecnológicas facilitam sua comunicação e aprendizagem Um exemplo são os livros didáticos traduzidos para a Libras que permitem aos surdos entenderem rapidamente os textos em Português com o auxílio da tradução para a Libras em um DVD que acompanha o livro Um problema dessas traduções é que para serem fiéis aos textos escritos os intérpretes acabam realizando mais o Português Sinalizado3 do que a Libras Em outros países em particular em alguns europeus já está disponível um recurso tecnológico por meio do qual na sala de aula por meio de um monitor de tele visão com um aplicativo semelhante ao PRODEAF a língua oral seja traduzida para a língua de sinais O professor fala sempre em um microfone específico e o software traduz para a língua de sinais mediante a animação de um intérprete Esse sistema é mais efetivo do que a interpretação tradicional pois a tradução é simultânea e evita conversas paralelas entre o surdo e o intérprete No Brasil ainda está sendo desenvolvido o projeto TLIBRAS buscando a implantação de recursos semelhantes 3 O português sinalizado corresponde a uma tentativa de tradução termo a termo de Libras para Português obedecendo à estrutura da língua portuguesa mas que não corresponde à sintaxe da Libras Possuindo inúmeras falhas quanto à estrutura e qualidade no ensino você acha que as escolas brasileiras são capazes de atender satisfatoriamente os requisitos de uma escola inclusiva para surdos LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 84 A imagem que segue demonstra o funcionamento desse recurso Figura 1 TLIBRAS Interprete de Libras na TV Fonte adaptada de Alcântara 2015 online3 Outro recurso educacional decorrente das ferramentas tecnológicas são os dicionários virtuais em Libras muito importantes para alunos surdos e para aprendizes ouvintes Como a Libras se sustenta no movimento os dicionários somente são possíveis em razão das tecnologias digitais Esses dicionários pode riam ser explorados pelas escolas bilíngues para o ensino da Língua Portuguesa escrita para crianças surdas da mesma maneira que os dicionários tradicionais são explorados para a construção do vocabulário de crianças ouvintes Assim da mesma forma que esses recursos favorecem o aprendizado da Libras para pessoas ouvintes os surdos também podem ver os sinais de Libras e apren der português escrito Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 85 Outros dicionários virtuais de Libras estão disponíveis como o Dicionário de Libras Este material é muito útil pois além da simples tradução de sinais para palavras escritas em português e viceversa apresenta também planejamento para aulas temáticas que auxiliam muito o professor de Libras para ouvintes Os dicionários virtuais já estão avançando e é possível encontrar dicioná rios temáticos por área de conhecimento como o dicionário virtual em Libras para termos filosóficos elaborado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais PUCMG finalizado em 2008 O material tem como objetivo auxiliar professores da graduação e do Ensino Médio A UTFPR de Londrina criou um dicionário virtual para termos científicos da área de Biologia 2017 online4 A PUCMG estuda atualmente a possibilidade de elaboração de dicionários para as disciplinas de Biologia e História CONSIDERAÇÕES FINAIS A adoção da língua de sinais constitui sem dúvida um avanço importante na medida em que se elimina um grande obstáculo à aprendizagem do surdo Mas não é suficiente para garantir o desenvolvimento das operações formais sem a defasagem encontrada em relação ao ouvinte Existem outros fatores que preci sam ser compreendidos no desenvolvimento cognitivo do surdo Os surdos adultos não se diferenciam significativamente em termos cog nitivos dos adultos ouvintes Isso significa que de alguma forma a defasagem cognitiva encontrada na idade escolar não permanece para sempre no desen volvimento do surdo Mas isso quer dizer também que a escola no geral não está colaborando para a mudança dessa situação LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 86 A língua de sinais possibilita aos surdos uma comunicação mais efetiva com seus pares Isso é uma condição fundamental para o desenvolvimento cognitivo não porque a linguagem seja a única responsável pelo desenvolvimento cogni tivo do surdo mas porque permite a interação com o outro e principalmente a interação com seus iguais no sentido dos interesses comuns próprios de cada fase de desenvolvimento Qual o papel da escola nesse sentido Dar cada vez mais qualidade a essa interação sem impor à criança ideias prontas ou soluções baseadas na autori dade O professor deve ser antes de tudo aquele que coloca as perguntas certas organiza situações adequadas e não aquele que oferece as respostas certas Apesar de ser imprescindível que os surdos aprendam o mais cedo possí vel a língua de sinais a sua educação necessita ainda de um cuidado especial A escola não deve se limitar apenas a traduzir para a língua de sinais meto dologias estratégias e procedimentos da escola comum mas deve continuar a se preocupar em organizar atividades que proporcionem o salto qualitativo no pensamento dos surdos O que não se pode deixar de considerar é que o surdo não ficará livre das restrições impostas pela surdez apenas com a aceitação da sua peculiaridade linguística e cultural 87 O texto a seguir foi extraído da Revista Arqueiro n 13 publicada em novembro de 2006 pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos ENTREVISTA Professor Surdo e Alunos Universitários um surdo e um ouvinte João Lázaro professor Marcus Vinicius Freitas Pinheiro aluno surdo Rafael Lebra aluno ouvinte Vanessa Bartolo intérprete Com o Decreto nº 5626 de 22122005 a disciplina de Libras será obrigatória nos cur sos de licenciatura pedagogia fonoaudiologia e opcional nos demais Após um ano de vigência as instituições deverão ter em seus quadros um tradutor e intérprete de Libras para atuarem nos processos seletivos e nas salas de aula Do mesmo modo o Sistema Único de Saúde SUS e os órgãos públicos federais terão que reservar 5 de suas vagas para servidores e funcionários tradutores ou intérpretes de Libras Neste número da revista Arqueiro convidamos um professor surdo um aluno surdo universitário e um aluno ouvinte colega de classe do segundo para se manifestarem a respeito desse acontecimento que a partir dessa data reescreve a história da educação de surdos no país 1 Queremos primeiramente parabenizálos por esta grande conquista e saber que mudanças poderão vir a ocorrer com este Decreto Professor surdo São muitas as mudanças a começar pelas vantagens e benefícios que os indivíduos surdos receberão tendo uma aceitação maior por parte da sociedade da Língua de Sinais uma vez que a maioria dos surdos de nosso país se comunica por meio da Libras Além do mais creio que haverá maior acessibilidade para todos nós nos diversos serviços públicos oferecidos em nosso país 2 Pelo que rege o Decreto escolas e universidades terão que contratar intérpretes eou monitores para os alunos surdos A difusão da Libras é agora uma realidade a ser respeitada e mantida Como você vê a preparação e capacitação de pessoal para este fim Professor surdo Vejo que ainda não estamos preparados devidamente para colocar mos intérpretes nas instituições pois há controvérsias nas interpretações de alguns Acredito que com as universidades criando cursos de graduação e pósgraduação para esta área talvez futuramente tenhamos intérpretes fiéis ao que os surdos dizem 88 3 Sabemos que muitos universitários surdos contratam intérpretes para que te nham um maior entendimento do que lhes é transmitido nas universidades vis to que algumas delas ainda não contrataram esse tipo de profissional Agora isso deverá mudar O que mais será necessário para que se efetive uma mudança sig nificativa no que diz respeito ao acesso pleno das pessoas surdas à educação uni versitária Professor surdo Esta questão é constantemente discutida nos corredores universitá rios Como professor da Universidade Salgado de Oliveira UNIVERSO que contratava intérpretes houve problemas devido a alguns desses profissionais quererem escolher para quem interpretar e uns surdos brigarem com outros pelo intérprete que queriam Por causa desta discussão a instituição resolveu parar de contratar intérpretes deixan do a cargo de cada aluno a sua contratação por conta própria Também há outro proble ma muitos tentam ganhar um salário maior ou igual ao de um professor universitário o que grande parte das instituições de ensino não aceita Além do mais eles têm que compreender que não são contratados apenas para interpretar mas para ajudar no que for necessário e muitos não aceitam Aí surge o problema se o aluno falta o intérprete não faz nada se o aluno mata a aula o intérprete não faz nada se o aluno não tiver aula naquele dia o intérprete não vai ou comparece apenas para ficar sentado sem fazer nada Prefiro parar por aí já que os questionamentos são muitos Aluno surdo O professor em sala de aula precisa conhecer o universo do surdo pre parar aulas que integrem surdos e ouvintes Professores e alunos precisam entender e respeitar a cultura dos surdos 4 Como você encara a proposta de provimento das escolas com professores e ou instrutores de Libras tradutor e intérprete Libras Língua Portuguesa e profes sor regente de classe com conhecimento das singularidades linguísticas dos sur dos neste imenso território nacional Professor surdo É uma boa proposta desde que seja posta em prática respeitando as identidades de cada indivíduo e suas reais necessidades No entanto é preciso que os professores saibam que eles também precisam saber utilizar a Libras como forma de comunicação e expressão senão aquela relação professoraluno nunca existirá na sala de aula 5 Qual é a sua expectativa quanto ao cumprimento do Decreto Aluno surdo Infelizmente acho que vai demorar para que as pessoas cumpram o de creto mas tenho esperança de que isso possa acontecer logo 89 6 Como você vê a inclusão da Libras no currículo universitário e como é assistir a aulas com um intérprete de Libras na sala de aula Aluno ouvinte Vejo a inclusão de Libras como uma nova possibilidade de comunicação e avanço na consolidação da cidadania O Intérprete é um auxiliar de comunicação do professor com o aluno e até mesmo com outros alunos é claro que não atrapalha a aula pois o interesse de comunicação é de ambos 7 Você acredita que com a regulamentação da Libras e sua obrigatoriedade nos Cursos Normais e de Licenciatura as barreiras de comunicação serão eliminadas Professor surdo Isso dependerá da aceitação por parte de nossa sociedade Gostaria que este decreto fosse estendido também para os médicos otorrinolaringologistas pois muitos aconselham as famílias de surdos a não deixálos aprender a Língua de Sinais o que muitas famílias seguem à risca Mas creio que já será um grande passo para as comunidades surdas uma vez que pode ajudar a quebra de preconceitos e também a nossa aceitação e respeito por parte da sociedade brasileira Aluno surdo Depende de como serão as aulas Se a Libras for ensinada de modo super ficial dificilmente essas barreiras acabarão E também para que a barreira da comunica ção seja eliminada é preciso que todos saibam Libras não só alguns Fonte INES Instituto Nacional de Educação para Surdos 2006 online5 90 Depois de uma primeira leitura retome os textos e faça uma nova leitura para res ponder as seguintes questões 1 No que se refere à educação de surdos as ferramentas tecnológicas facilitam sua comunicação e aprendizagem Neste contexto analise as afirmações a se guir e assinale a alternativa correta I Um recurso educacional decorrente das ferramentas tecnológicas são os dicionários virtuais em Libras muito importantes para alunos surdos e para aprendizes ouvintes II Um recurso tecnológico atualmente disponível são os softwares de tradução simultânea de texto e voz da Língua Portuguesa para Libras III O Brasil já produz tecnologias para surdos como por exemplo a pulseira Lepee criada por alunos da Universidade Tecnológica Fe deral do Paraná IV Os recursos tecnológicos como o ICQ o WhatsApp o Instan gram e o Telegram podem ser utilizados por qualquer surdo que a eles tenha acesso a Somente I II e III são verdadeiras b Somente I II e IV são verdadeiras c Somente II III e IV são verdadeiras d Somente I III e IV são verdadeiras e Todas são verdadeiras 2 O que você entende por inclusão Por que este movimento está tão forte atual mente no que se refere às pessoas com deficiência 3 Que fatores além da Libras devem ser considerados na educação de surdos 4 Qual seria em sua opinião a maior dificuldade do trabalho docente com os surdos Explique 5 Como a pessoa surda é considerada no Decreto 5626 de 2005 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Você pode obter gratuitamente a Série Atualidades Pedagógicas Educação Especial Deficiência Auditiva publicada pelo MEC e composta de cinco volumes um dos quais destinado especificamente à aprendizagem da Libras acessando o link wwwinesgovbrineslivroslivrohtml Acesso em 20 jun 2016 Para saber mais sobre os surdos sua educação a proposta inclusiva e sobre educação e diversidade acesse wwweditoraararaazulcombr Acesso em 20 jun 2016 A política educacional de integraçãoinclusão um olhar do egresso surdo Paulo Cesar Machado Editora EdUFSC 2008 Sinopse O autor do livro atua há mais de duas décadas na área da Educação de Surdos em diferentes cursos e níveis de ensino Neste texto conforme consta da contracapa em apresentação de Vilmar Silva caminha com os surdos no labirinto da política de inclusãointegração e nos faz acreditar que é possível criar espaços inclusivos em que a normalização do surdo seja buscada mediante o debate a pesquisa a ação e o compromisso político histórico e social de todos os envolvidos REFERÊNCIAS BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil Brasília DF Senado Federal Centro Gráfico 1988 Decreto n 5626 Regulamenta a Lei no 10436 de 24 de abril de 2002 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras e o art 18 da Lei no 10098 de 19 de dezembro de 2000 Brasília Diário Oficial da União 22 dez 2005 Decreto nº 5296 de 22 de dezembro de 2005 Regulamen ta a Lei no 10436 de 24 de abril de 2002 que dispõe sobre a Língua Bra sileira de Sinais Libras e o art 18 da Lei no 10098 de 19 de dezem bro de 2000 Brasília 2005 Disponível em httpwwwplanaltogovbr ccivil03ato200420062005decretod5626htm Acesso em 23 jun 2017 Decreto n 6949 Promulga a Convenção Internacional sobre os Direi tos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo assinados em Nova York em 30 de março de 2007 Brasília Diário Oficial da União 25 ago 2009 Decreto nº 7611 de 17 de novembro de 2011 Dispõe sobre a educação es pecial o atendimento educacional especializado e dá outras providências Brasília 2011 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03ato201120142011 decretod7611htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência sua integração social sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência Corde institui a tutela juris dicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuação do Ministério Público define crimes e dá outras providências Brasília 1989 Disponí vel em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisL7853htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Brasília 1996 Disponível em httpwwwplanaltogovbr ccivil03leisL9394htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e crité rios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiên cia ou com mobilidade reduzida e dá outras providências Brasília 2000 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisL10098htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº 10172 de 9 de janeiro de 2001 Aprova o Plano Nacional de Edu cação e dá outras providências Brasília 2017 Disponível em httpwww planaltogovbrccivil03leisleis2001l10172htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº13146 de 6 de julho de 2015 Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Estatuto da Pessoa com Deficiência Brasília 2015 Dispo nível em httpwwwplanaltogovbrccivil03ato201520182015leil13146 htm Acesso em 23 jun 2017 REFERÊNCIAS 93 Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial Polí tica nacional de educação especial na perspectiva da educação in clusiva Brasília MEC 2008 Disponível em httpportalmecgov brarquivospdfpoliticaeducespecialpdf Acesso em 23 jun 2017 Portaria nº 1679 de 2 de dezembro de 1999 Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências para instruir os processos de autorização e de reconhecimento de cursos e de credenciamento de institui ções Brasília 1999 Disponível em httpportalmecgovbrsesuarquivospdf c11679pdf Acesso em 23 jun 2017 CARNEIRO M I N O uso social das tecnologias de comunicação pelo sur do limites e possibilidades para o desenvolvimento da linguagem Dissertação Mestrado em Educação Universidade Estadual de Maringá Pósgraduação em Educação 2016 SHIMAZAKI E M MORI N N R Fundamentos da educação especial In MORI N N R M CEREZUELA C Org Fundamentos da educação especial 1 ed Maringá EDUEM 2012 v 1 p 3141 Referências online 1Em httpportalmecgovbrseesparquivospdfaeedapdf Acesso em 20 jun 2016 2Em httpwwwgazetadopovocombrsaudealunosdautfprcriampulseirapa rasurdosac1f3w4qb5ffti2psrz9bpw0j Acesso em 20 jun 2016 3Em httptecnologiasnaeducacaoinclusivablogspotcombr Acesso em 20 jun 2016 4Em httpepeemcputfpredubrsite Acesso em 20 jun 2016 5Em httpwwwinesgovbruploadspublicacoesrevistaarqueiroarqueiro13 pdf Acesso em 20 jun 2016 GABARITO 1 Alternativa a apenas as afirmações I II e III estão corretas Os recursos ICQ WhatsApp Instangram e Telegram só podem ser utilizados por surdos letra dos que ainda não constituem a maioria As questões 2 3 e 4 tem como propósito proporcionar sua reflexão sobre os temas estudados Aproveite para discutir suas respostas com seus colegas nos espaços apropriados Entretanto algumas respostas são esperadas como 2 Inclusão se refere a proporcionar o acesso de QUALQUER estudante a tudo que a escola oferece Este movimento está tão forte em relação às pessoas com de ficiência em função da luta deste segmento da população para ter acesso a uma educação de qualidade que culmina no Brasil com a PNEE Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva de 2008 3 A cultura surda maior exploração de atividades visuais a própria exploração pedagógica da Libras etc 4 Aqui realmente é para você refletir e se colocar no lugar de um professor que tem um aluno surdo em sala de aula e imaginar o que seria mais difícil para você a comunicação Preparar atividades que explorem a percepção visual Aprender Libras Interagir com o intérprete Condicionar o tempo de aula ao tempo do aluno surdo Enfim são muitas as possibilidades Estabeleça a sua e explique porque você a considera a maior dificuldade no trabalho docente com surdos 5 O Decreto Federal nº 5626 de 2005 considera a pessoa surda como aquela que por ter perda auditiva compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais Libras UNIDADE III Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Objetivos de Aprendizagem Compreender a Libras em seus aspectos gerais Compreender a Libras em seus aspectos fonológicos Instrumentalizar os licenciandos para o estabelecimento de uma comunicação funcional com pessoas surdas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Paralelos entre Libras e a Língua Portuguesa Aspectos fonológicos da Libras Léxico de categorias semânticas I Tempo e Elementos da Natureza INTRODUÇÃO A Libras é uma língua com gramática própria e com condições de proporcionar não apenas a comunicação efetiva entre os surdos como também a expres são de sentimentos a composição de poesias a discussão filosófica enfim um idioma completo Porém principalmente devido às suas características icônicas é comum o pensamento de que as línguas de sinais são iguais em todo o mundo Também é comum aos ouvintes pressupor que as línguas de sinais sejam versões sinalizadas das línguas orais No entanto embora haja semelhanças ou aspectos comuns entre as diferentes línguas de sinais e entre as línguas de sinais e as orais os chamados universais linguísticos as línguas de sinais são autônomas possuindo peculiaridades que as distinguem umas das outras e das línguas orais Nesta unidade vamos estabelecer paralelos entre Libras e Língua Portuguesa e iniciar os estudos da Libras em seus aspectos linguísticos Assim após você ter sido apresentado ao mundo surdo na Unidade I e conhecer a realidade educa cional do surdo brasileiro na Unidade II nesta terceira unidade você vai iniciar sua caminhada no aprendizado desta fascinante língua Como os sinais exigem movimento para serem executados é importante que você observe atentamente as fotos pois quando temos duas ou mais fotos que não estão separadas por um espaço em branco significa que a primeira foto é como o sinal começa e a segunda indica com que configuração de mão ele ter mina As setas indicam a direção do movimento Procure estudar esta unidade acompanhada do seu vídeo pois cada um dos sinais é apresentado na mesma ordem em que aparecem no texto Repita atentamente cada sinal e procure comunicarse em Libras com seus colegas familiares etc Lembrese aqui como na aprendizagem de qualquer outra língua é fundamental praticar muito Bons estudos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 97 ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 98 PARALELOS ENTRE LIBRAS E LINGUA PORTUGUESA Não ouvir faz o surdo criar uma maneira própria de se comunicar mas não o impede de adquirir uma língua e nem de desenvolver sua capacidade de repre sentação Isso provavelmente envolve mecanismos mentais diferentes dos da pessoa ouvinte Todavia a comunicação com as mãos não teve início com os surdos e nem é exclusividade deles De fato a língua de sinais não começou com os surdos pois de acordo com Vygotsky os homens préhistóricos se comunicavam por meio de gestos e apenas quando começaram a utilizar ferramentas ocupando as mãos é que começaram a utilizar a comunicação oral Assim antes de utilizarem a palavra os seres humanos usavam as mãos para interagir demonstrando a naturalidade da comunicação por sinais Podemos então dizer que o processo inverso isto é a passagem da língua oral para a manual foi reinventado pelo homem sempre que necessário e não apenas no caso dos surdos shutterstock Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 99 Você sabia que existem varias linguagens manuais criadas em diversos momentos da história da humanidade para uso em contextos variados tendo em vista possibilitar a comunicação e a interação em situações em que a fala era inviável proibida ou impossível Mergulhadores por exemplo criaram um sistema de códigos gestuais para se comunicar debaixo d água onde a fala não é possível Consi derando os riscos de uma comunicação equivocada em circunstâncias perigosas fica evidente o quanto essa comunicação deve ser bem as similada durante os cursos de mergulho para garantir a segurança no meio líquido REILY 2004 p 113 No Brasil Lucinda Ferreira Brito iniciou em 1982 os estudos linguísticos sobre a Língua de Sinais dos índios UrubuKaapor da floresta amazônica brasileira e após um mês de convivência documentando em filme sua experiência consta tou que se tratava de uma legítima língua de sinais O interessante de se observar no caso dos UrubuKaapor é que os ouvintes da aldeia falam a língua de sinais e a língua oral enquanto que os surdos se restringem à língua de sinais Assim os ouvintes da aldeia se tornam bilíngues enquanto os surdos se man têm monolíngues De acordo com Reily 2004 os indígenas do planalto americano também desenvolveram uma língua de sinais para estabelecer uma comunicação entre tribos distintas que não falavam a mesma língua e precisavam de uma forma convencional de comunicação Assim desenvolveram ao longo do tempo um conjunto de sinais bastante eficiente com o qual conseguiam realizar alianças e comércios Um sistema de sinais também foi desenvolvido no período medieval por mon ges nos mosteiros europeus que faziam o voto do silêncio sendo que mesmo atualmente algumas comunidades de monges utilizam gestos em suas ativida des cotidianas no mosteiro Veja como se concebia a função do silencio no período monástico segundo regras registradas por São Basílio Magno de que a palavra só poderia ser utilizada em caso de necessidade e estando as mãos ocupadas com algum trabalho o que permite inferir que a comunicação gestual por eles utilizada era bastante eficiente É bom para os noviços também a prática do silêncio Se dominam a língua darão simultaneamente boa prova de temperança Com o silên cio aprenderão junto dos que sabem usar da palavra com concisão e ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 100 firmeza como convém perguntar e responder a cada um Há um tom de voz uma palavra comedida um tempo oportuno uma propriedade no falar peculiares e adequados aos que praticam a piedade Não os aprende quem não tiver abandonado aquilo a que estiver acostumado O silêncio traz consigo o esquecimento da vida anterior em consequ ência da interrupção e proporciona lazer para o aprendizado do bem Assim a não ser por questão especial atinente ao bem da própria alma ou por inevitável necessidade de um trabalho em mãos ou por negócio urgente guardese o silêncio excetuada é claro a salmodia Basílio Magno apud REILY 2004 p 114 Assim conforme já mencionamos anteriormente a língua de sinais é um idioma completo Porém talvez principalmente devido às suas características icônicas uma representação da realidade por ícones e pela forte influência da língua oral tanto na estrutura gramatical quanto lexical são muitas as interpretações equivocadas sobre as línguas de sinais em geral e sobre a Libras em particular LIBRAS É LÍNGUA Foi este o título escolhido para a palestra apre sentada por uma linguista em um evento cujo público alvo era o es tudante do curso de letras Uma professora que trabalha na área da surdez mencionando o título fez o seguinte comentário De novo Achei que essa questão já estivesse resolvida GESSER 2009 p 9 Embora mais de cinquenta anos tenham passado desde que a língua de sinais é mundialmente reconhecida do ponto de vista linguístico como uma verdadeira língua no Brasil mesmo após a promulgação da Lei Federal 10436 de 24 de abril de 2002 ainda é necessário afirmar e reafirmar esta legitimidade Mas por que insistir tanto nesta questão de que a Libras é uma língua Afinal o que isso significa Língua e linguagem é a mesma coisa O surdo fala em Libras Por linguagem designamos o sistema abstrato articulado fenômeno univer sal independente da situação cultural que diferencia o ser humano das demais espécies Chamamos de língua o sistema abstrato articulado utilizado por um grupo ou uma comunidade específica por exemplo a Língua Portuguesa O modo particular e individualizado de exercitar a língua é o que denominamos de fala A fala é o exercício material da língua levado a cabo por este ou aquele indivíduo pertencente a uma comunidade linguística específica BASTOS CANDIOTTO 2007 p 15 Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 101 De acordo com Bastos e Candiotto 2007 p 15 a linguagem é a capacidade do ser humano de comunicarse com os semelhantes por meio de signos É ao mesmo tempo física psicológica e social e é realizada sempre dentro do âmbito de uma língua inseparável de um contexto cultural específico particular de uma comunidade linguística Considerando então só o que estabelecemos anteriormente é possível admi tir que a Libras é uma língua porque permite que uma comunidade linguística particular a comunidade surda exerça sua capacidade de comunicação e ainda mais se a fala é o modo de um elemento de uma comunidade linguística exer citar sua língua o surdo fala em Libras Mas não foram considerações simplistas como as que fizemos aqui que per mitiram afirmar em bases científicas que a Libras é uma língua sendo que este reconhecimento linguístico tem início com os estudos descritivos do linguista americano William Stokoe em 1960 Antes disso as línguas de sinais não eram vistas como uma língua verdadeira com gramática própria No Brasil conforme afirmamos anteriormente os primeiros estudos sobre a Libras foram realizados na década de 1980 por Lucinda FerreiraBrito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Tanya Mara Felipe da Universidade Federal de Pernambuco e da FENEIS Federação Nacional de Escolas e Instituições de Surdos entidade representativa máxima dos surdos brasileiros Para poderem chegar à conclusão de que as línguas de sinais constituem um idioma foram feitos muitos estudos Também para poder estabelecer uma compara ção entre a Libras e a Língua Portuguesa os linguistas realizaram diversos estudos Quadros e Karnopp 2004 p 15 definem linguística como o estudo científico das línguas naturais e humanas As línguas naturais podem ser enten didas como arbitrária eou como algo que nasce com o homem LIBRAS É LÍNGUA Reafirmamos isso muitas vezes nessa unidade Para mui tas pessoas que trabalham na área esta questão já deveria estar resolvida Para você existe consenso acerca desta afirmação adaptado de Audrei Gesser ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 102 A parte da linguística que faz a comparação entre duas ou mais línguas cha mase linguística contrastiva A linguística contrastiva é uma parte da linguística geral que estuda as similaridades coisas parecidas e diferenças estruturais entre a língua materna de um grupo de alunos e uma língua estrangeira Essa comparação é feita nos níveis de articulação da linguagem a saber fonológico semântico morfológico e sintático Fonológico estuda os fonemas que são a menor unidade distintiva da pala vra por exemplo na palavra fala a letra f representa o fonema fê se refere aos sons numa língua oral Semântico estuda o significado ou sentido das palavras e da sentença A semântica além de estudar as ironias e metáforas é a parte da linguística que estuda a natureza do significado in dividual das palavras e do agrupamento das palavras nas senten ças que pode apresentar variações regionais e sociais nos diferen tes dialetos de uma língua QUADROS KARNOPP 2004 p 163 Morfológico estudo da estrutura interna das palavras isto é como os elementos se combinam entre si para formar as palavras Sua unidade mínima é o mor fema que é a unidade mínima significativa Por exemplo estudei estudamos e estudante A identidade de significado das três formas é devido ao morfema estud que é igual nas três palavras A Morfologia área da Linguística estuda ainda as diversas formas que apresentam tais palavras quanto à categoria de número gênero tempo e pessoa e a origem das palavras apresentando se a seguinte questão Como as palavras são criadas QUADROS KARNOPP 2004 p 1620 Sintático estuda como as palavras são organizadas numa frase De acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 20 Sintaxe é a parte da linguística que estuda a estrutura interna das sentenças e a relação interna entre as suas partes Para as mesmas autoras o conhecimento linguístico dos seres humanos caracterizase pela existência de uma gramática que apresenta um conjunto finito de princípios regras que possibilitam a compreensão e produção de um número infinito de combinações em uma determinada língua QUA DROS KARNOPP 2004 p 21 Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 103 Ao se estabelecer comparações entre a Língua Portuguesa e a Libras percebem se uma série de diferenças das quais destacamos A língua de sinais é visualespacial e a Língua Portuguesa é oralauditiva A língua de sinais é baseada nas experiências visuais das comunidades sur das mediante as interações culturais surdas enquanto a Língua Portuguesa constituise baseada nos sons A língua de sinais apresenta uma sintaxe espacial incluindo os chamados classificadores A Língua Portuguesa usa uma sintaxe linear utilizando a descrição para captar o uso de classificadores A língua de sinais não tem marcação de gênero isto é não tem sinais dife rentes para feminino e masculino enquanto que na Língua Portuguesa o gênero é marcado a ponto de ser redundante por exemplo na frase A MULHER é professorA o feminino é utilizado diversas vezes o que não era necessário para se entender A língua de sinais atribui um valor gramatical às expressões faciais As expressões faciais não são essenciais na Língua Portuguesa apesar de poderem ser substituídas pela prosódia que significa a pronúncia cor reta das palavras com acentuação ou intensidade Coisas que são ditas na língua de sinais não são ditas usando o mesmo tipo de construção gramatical na Língua Portuguesa Assim às vezes uma grande frase em Língua Portuguesa é necessária para dizer poucas pala vras em Libras e viceversa A língua de sinais utiliza a estrutura tópicocomentário associada ao mecanismo gramatical da topicalização De acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 146 tal mecanismo está associado à mar cação nãomanual com a elevação das sobrancelhas isto é para destacar o tópico de que ou quem se fala do argumento o que se está falando se utiliza a expressão facial de elevação das sobrance lhas A estrutura tópicocomentário evidencia a função gramatical das componentes não manuais no caso da expressão facial Por exemplo na frase DE FUTEBOL JOÃO GOSTA que em Libras fica FUTEBOL JOÃO GOSTAR o sinal para João vem acompanhado da elevação das sobrancelhas ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 104 A língua de sinais utiliza a estrutura de foco que de acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 170 envolve construções duplas em que o ele mento duplicado ocupa a posição final isto é significa destacar a parte mais importante da conversa por meio de repetições sistemáticas Este processo não é comum na Língua Portuguesa ex eu ter dois cachorros dois A ênfase está na quantidade de cachorros portanto ela se repete A língua de sinais utiliza as referências anafóricas isto é sobre quem se está falando mostrando ou indicando pontos específicos no espaço o que exclui ambiguidades que são possíveis na Língua Portuguesa A lín gua de sinais usa apontamentos para indicar um referente e isso não cria ambiguidades como na Língua Portuguesa A escrita da língua de sinais denominada Signwriting não é alfabética Ao se observar as produções em línguas orais e de sinais no nosso caso particu lar entre a Língua Portuguesa e a Libras percebemse uma série de semelhanças das quais destacamos Arbitrariedade as línguas orais são maioritariamente arbitrárias não se depreende a palavra simplesmente pela sua representatividade mas é necessário conhecer o seu significado A iconicidade encontrase presente nas línguas de sinais mais do que nas orais mas a sua arbitrariedade con tinua a ser dominante Embora nas línguas de sinais alguns sinais sejam totalmente icônicos é impossível como nas línguas orais depreender o significado da grande maioria dos sinais apenas pela sua representação Comunidade as línguas orais têm uma comunidade que as adquirem como língua materna cujo desenvolvimento se faz através de uma comu nidade de origem passando pela família a escola e as associações Todas as línguas orais têm variações linguísticas Todas as línguas de sinais pos suem estas mesmas características Sistema linguístico as línguas orais são sistemas regidos por regras O mesmo acontece com as línguas de sinais Produtividade as línguas orais possuem as características da produ tividade e da recursividade sendo possível aos seus falantes nativos produzirem e compreenderem um número infinito de enunciados mesmo que estes nunca tenham sido produzidos antes Acontece o mesmo com Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 105 as línguas de sinais sendo encontradas a criatividade e produtividade nas produções por exemplo da Libras pelos seus sinalizadores nativos pare cendo não haver limite criativo Aspectos contrastivos as línguas orais possuem aspectos contrastivos isto é as unidades fonológicas do sistema de determinada língua estabele cemse por oposições contrastivas ou seja em pares de palavras em que a substituição de uma unidade fonológica uma letra por outra altera o significado da palavra por exemplo jarra e barra Acontece o mesmo nas línguas de sinais sendo que em vez de unidade fonológica muda um pequeno aspecto do sinal Evolução e renovação as línguas orais modificamse como no caso das palavras que caem em desuso outras que são adquiridas a fim de aumen tar o vocabulário e ainda no caso da mudança de significado das palavras O mesmo acontece nas línguas de sinais a fim de responder às necessi dades que a evolução sociocultural impõe Aquisição a aquisição de qualquer língua oral é natural desde que haja um ambiente propício desde nascença Na língua de sinais acontece da mesma forma não tendo o surdo que exercer esforço para aprender uma língua de sinais ou necessidade de qualquer preparação especial Funções da linguagem as línguas orais podem ser analisadas de acordo com as suas funções O mesmo acontece com as línguas de sinais As funções são a função referencial a emotiva a conotativa a fática a meta linguística e a poética Processamento embora usando modalidades de produção e percep ção as línguas orais e de sinais são processadas na mesma área cerebral Dupla articulação tanto as línguas orais possuem um número finito de unidades fonemas para as primeiras e quiremas para as segundas que não possuem significado quando consideradas isoladamente Por exemplo os sons f v c e a não possuem significado por si só mas quando combina dos por exemplo como vaca cava e faca adquirem sentidos diferentes No que se refere às especificidades das línguas de sinais em geral e da Libras em particular destacamos ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 106 Em função de suas características os sinais podem parecer movimentos aleatórios de mãos e corpo acompanhados por expressões faciais varia das ou seja seriam apenas gestos De acordo com Pereira et al 2001 p 18 esta descrição para sinais seria equivalente a descrever uma língua oral como ruídos feitos com a boca Além disso os gestos são traços das línguas orais isto é acompanham as línguas orais e favorecem a comu nicação Portanto os sinais não são gestos A língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as línguas orais dispondo de recursos expressivos suficientes para permitir aos seus usuá rios expressarse sobre qualquer assunto em qualquer situação domínio do conhecimento e esfera de atividade As línguas de sinais são línguas de modalidade visomotora ou espaço visual ou ainda visuoespacial pois a informação linguística é produzida pelas mãos e recebida pelos olhos A comunicação manual é algo inerente ao ser humano e já existia entre os hominídeos préhistóricos sendo portanto natural Dizemos que uma língua é artificial quando é construída por um grupo de indivíduos com um objetivo específico como o caso do Esperanto língua criada pelo russo Ludwik Zamenhof em 1887 com o objetivo de estabelecer uma comuni cação internacional fácil De maneira semelhante foi criado o Gestuno com a intenção de ser uma língua de sinais universal e que foi apresentado pela primeira vez em 1951 no Congresso Mundial da Federação Mundial dos Surdos mas que não conseguiu aceitação plena entre os surdos por ser inventada Portanto a língua de sinais não é artificial A língua de sinais não é icônica apesar de grande parte dos sinais serem icônicos isto é são parecidos com o que estão representando o que poderia significar que a língua de sinais não seria arbitrária e resultante de convenção como as línguas orais em que não existe uma relação de semelhança entre a palavra e o conceito que representa não podemos afirmar que a língua de sinais seja icônica pois apesar da relação direta quase transparente entre um sinal e o conceito que este representa as modificações por eles sofridas ao longo do tempo e na combinação com outros sinais resultam em perda de iconicidade se tornando portanto arbitrários A Libras é uma língua com gramática própria e com condições de Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 proporcionar não apenas a comunicação efetiva entre os surdos como também a expressão de sentimentos a composição de poesias a discus são filosófica enfim um idoma completo não se tratando absolutamente de um conjunto de gestos mímica ou de Português sinalizado repro duzir utilizando sinais a Língua Portuguesa conservando suas regras gramaticais As línguas de sinais não são iguais em todo o mundo isto é existe dife rença entre as línguas de sinais utilizadas em países diferentes No caso do Brasil a língua brasileira de sinais é denominada Libras e é portanto brasileira não podendo ser considerada como uma língua estrangeira Dito de outra forma língua de sinais é universal mas existe uma dife rença importante entre as línguas de sinais e as orais Quando surdos de diferentes nacionalidades se encontram mesmo um não conhecendo a língua de sinais do outro acabam se comunicando com mais facilidade que os ouvintes As línguas de sinais por comprovação científica cumprem todas as fun ções de uma língua natural mesmo assim ainda sofrem preconceito e são desvalorizadas diante das línguas orais sendo consideradas como uma derivação da gestualidade espontânea como uma mescla de pantomima e sinais icônicos A língua de sinais não é subordinada à língua oral majoritária do país As línguas de sinais são completamente independentes das línguas orais dos países onde são produzidas Como exemplo as línguas de sinais do Brasil e dos Estados Unidos possuem uma raiz comum a língua de sinais francesa embora o Português e o Inglês não possuam as mesmas raízes sendo o primeiro um idioma de origem latina e o segundo anglosaxão A Libras é uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos brasileiros devendo portanto ser conhecida pelo menos em seus aspec tos fundamentais pelos professores A Libras é falada de boca fechada As pessoas ouvintes que não são fluen tes em Libras costumam misturar as duas línguas na comunicação com surdos e acabam por utilizar os sinais da língua de sinais mas com a estru tura da Língua Portuguesa Normalmente o surdo não compreende essa mistura de línguas pois a construção de sentido depende da estrutura e portanto da fidelidade à gramática da língua de sinais ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 Sempre que se comparam duas línguas aparece uma série de regularidades e a partir dessas regularidades foram estabelecidos alguns descritores para a busca de similaridades e diferenças entre as línguas São eles a Que existem alguns aspectos que estão presentes na base de todas as línguas naturais consideradas similaridades comportamentais que não precisam ser explicitados b Que se duas línguas têm muitas similaridades tipológicas estas poderão servir de base para as primeiras ideias sobre o significado das formas em língua estrangeira como por exemplo o Português e o Espanhol Se você conhece bem o Português possui um vasto vocabulário certamente você terá facilidades para compreender o Espanhol c Quanto às diferenças se elas acontecem sempre nas mesmas coisas por exemplo Inglês quase não tem masculino e feminino e Português quase sempre tem Saber no que as línguas são diferentes ajuda a entender me lhor a língua estrangeira Fonte as autoras Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 ASPECTOS FONOLÓGICOS DA LIBRAS No texto anterior estabelecemos semelhanças e diferenças entre línguas de sinais e línguas orais Neste capítulo destacamos mais uma e talvez a semelhança mais importante entre elas ambas seguem os mesmos princípios pelo fato de possuírem um léxico isto é um conjunto de símbolos convencionais e uma gramática ou seja um sistema de regras que rege o uso desses símbolos PEREIRA et al 2011 p 59 Foi o linguista americano Stokoe conforme vimos no texto anterior o primeiro estudioso a constatar na década de 1960 que a língua de sinais no caso a Língua de Sinais Americana LSA ou ASL American Sign Language preenchia todos os requisitos linguísticos de uma língua isto é possuía um léxico vocabulário uma sintaxe regras gramaticais e uma capacidade de gerar uma quantidade infinita de sinais e sentenças De acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 47 a primeira tarefa da fonologia para as línguas de sinais é determinar quais são as unidades mínimas que formam os sinais e a segunda tarefa ainda segundo as mesmas autoras é estabelecer quais são os padrões possíveis de combinação entre essas unida des e as variações possíveis ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 Um sinal não é holístico isto é não se constitui em um todo indivisível ao contrário ele é constituído pela combinação dos movimentos das mãos com um determinado formato e orientação das palmas em um determinado lugar que pode ser um ponto específico do corpo ou um espaço à frente do sujeito que sinaliza Dito de outra forma os sinais são constituídos por unidades mínimas também chamadas de parâmetros que se combinam mediante alguns padrões Em suas pesquisas Stokoe estabeleceu que cada sinal é composto por três parâmetros básicos a configuração das mãos CM o movimento das mãos M e o ponto de articulação PA ou Locação L que é o lugar do espaço onde as mãos se movem Parâmetro é um componente de um sinal uma unidade mínima que se for alterado altera o significado da palavra ou sinal Os parâmetros nas línguas de sinais correspondem aos fonemas nas línguas orais e em analogia Stokoe propôs inicialmente o termo quirema para tais parâmetros A partir da década de 1970 foram aprofundados os estudos fonológicos sobre a ASL dos quais resultou a descrição de um quarto parâmetro a orientação O e posteriormente mais um parâmetro foi acrescentado os componentes não manuais ou expressões não manuais ENM Esse contraste de dois itens lexicais com base em um único componen te recebe em linguística o nome de par mínimo Nas línguas orais por exemplo pata e rata se diferenciam significativamente pela altera ção de um único fonema a substituição do p por r No nível lexical temos em LIBRAS pares mínimos como os sinais grátis e amarelo que se opõem quanto à CM churrascaria e provocar diferenciados pelo M ter e Alemanha quanto à L GESSER 2009 p 15 Quadros e Karnopp 2004 apresentam alguns dos aspectos fonológicos da Língua Brasileira de Sinais e são As línguas de sinais são visuoespaciais ou espaçovisuais pois a infor mação linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos Os elementos mínimos constituintes da língua de sinais parâmetros são processados simultaneamente e não linearmente como ocorre na língua oral Os articuladores primários das línguas de sinais são as mãos que se movi mentam no espaço em frente ao corpo e articulam sinais em determinadas Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 locações nesse espaço Entretanto os movimentos do corpo e da face tam bém desempenham funções Um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos No caso de uma mão a articulação ocorre pela mão dominante Um mesmo sinal pode ser produzido pela mão esquerda ou direita Assim conforme vimos anteriormente unidades mínimas parâmetros podem ser produzidas simultaneamente e a variação de uma delas pode alterar o sig nificado do sinal Elas não têm significado isoladamente Um sinal pode ser constituído por mais de uma unidade mínima por exemplo o sinal de tele visão envolve simultaneamente configuração de mão ponto de articulação movimento e a orientação de mão TELEVISÃO A Libras tem sua estrutura gramatical organizada a partir de cinco parâmetros que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos a Configuração das mãosCM o Movimento M o Ponto de Articulação ou Locação PA ou L e a Orientação das mãos O e as Componentes não manuais ou Expressões não manuais CNM ou ENM que são as expressões faciais e corporais ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 Configuração de mão CM a configuração de mão é o ponto de partida da articulação do sinal São as formas que as mãos assumem na produção dos sinais que podem ser as do alfabeto digital ou outras Uma mesma configuração de mão possibilita a produção de vários sinais por exemplo a configuração mão em L está presente nos sinais de televisão trabalho papel educação entre outros FerreiraBrito 1995 propõe 46 configurações de mão Atualmente o dicionário digital de Língua Brasileira de Sinais organizado pela Acessibilidade Brasil disponível em wwwacessobrasilorgbr Acesso em 20 jun 2016 apre senta 73 configurações conforme quadro a seguir Apresentamos a seguir 38 configurações de mão sendo 28 que compõem o Alfabeto Digital e 10 que se referem aos algarismos Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y Z ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 A Libras não se resume a escrever as palavras utilizando o alfabeto digital A escrita datilológica que é como é denominada esse tipo de escrita só é utili zada para nomes próprios ou para palavras que ainda não possuem um sinal ou que não pode ser facilmente representada por um classificador icônico Outro Acesse e veja o material que preparamos especialmente para você Acesse e veja o material que preparamos especialmente para você Fonte as autoras Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 aspecto a se destacar é que a escrita datilológica não é a escrita de sinais isto é se utiliza a escrita datilológica na fala em conversas A datilologia é uma forma de comunicação em Libras fundamentada essencialmente no alfabeto datiloló gico e é diferente da soletração A soletração é feita em Libras letra por letra da mesma forma que na Língua Portuguesa por exemplo soletrando com a mão o nome Maria escrita ou fala Maria soletração M A R I A É aconselhável soletrar devagar formando as palavras com nitidez Entre as pala vras soletradas é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado A datilologia difere da soletração porque não reproduz todas as letras da palavra mas dito de maneira simplificada soletra um resumo da palavra para agilizar a comunicação Por exemplo PAI fica em datilologia PI sem o A observe os exemplos a seguir Soletração PAI Datilologia PI Soletração VAI Datilologia VI Nesse exemplo o que distingue a datilologia da palavra VAI VI da soletração da palavra VI é o contexto em que ocorre a conversação ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 Os nomes podem ser transmitidos por datilologia quando o surdo está alfabetizado mas a comunidade surda prefere a prática de atribuir um sinal que identifica cada pessoa Esse sinal adjetiva características físi cas da pessoa Por isso dois meninos chamados Jonatas por exemplo podem ter sinais diferentes um do outro porque um tem uma covinha no queixo e o outro tem o cabelo encaracolado Também pode aconte cer de dois alunos de nomes diferentes terem o sinal parecido REILY 2004 p 132 Ressaltamos que o alfabeto digital é um recurso utilizado pelos surdos sinaliza dores para soletrar manualmente as palavras soletração e datilologia Assim apesar de possuir uma importante função na interação entre sinalizadores o alfabeto digital não é uma língua e sim apenas um código para a representação manual das letras alfabéticas Detalhe importante a soletração só é possível entre interlocutores alfabetizados É nesse sentido que as crianças surdas ainda em processo de alfabeti zação da escrita oral poderão ter também dificuldade com essa habi lidade Mais uma prova para desconstruir a crença de que a língua de sinais pudesse ser o alfabeto manualdatilologia afinal para ser com preendido e realizado o abecedário precisa ser ensinado formalmente GESSER 2009 p 33 O alfabeto digital da Libras não é o mesmo que é utilizado pelos surdoscegos que precisam pegar na mão do interlocutor para nela produzir o sinal Uma observação como a Libras não admite flexão de gênero na transcrição dos sinais utilizamos o símbolo isto é o símbolo está sendo utilizado para representar sinais que diferentemente do Português não possuem marca para gênero masculinofeminino Assim o sinal traduzido por fei pode tanto ser usado para feio ou feia Observe as fotos Para compor um sinal a expressão facial é importante por exemplo para o sinal feio a expressão do rosto deve indicar isso Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 FEI Ponto de Articulação PA ou Localização L O ponto de articulação é a segunda principal unidade mínima É o lugar do corpo ou do espaço em que é realizado o sinal Os sinais podem ser produzidos envolvendo quatro pontos de articulação tronco cabeça mão e espaço neutro Muitos sinais envolvem um movimento indo de um ponto de articulação para outro Mesmo assim considerase que cada sinal tem apenas um ponto de articulação mesmo que ocorra um movi mento de direção Se dois sinais possuem a mesma configuração de mão e mesmo movimento mas pontos de articulação diferentes eles são diferentes como por exemplo os sinais para amar ouvir aprender e laranja diferem entre si apenas pelo ponto de articulação Ex LARANJA e APRENDER LARANJA Mesmo movimento e Configuração da Mão mas outro Ponto de Articulação Observe ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 APRENDER Mesma CM M com pouca diferença e PA é diferente CACHORR e CULPA Observe CAHORR CULPA MOVIMENTO M De acordo com Nogueira Carneiro e Nogueira 2010 p 104 movimento é uma importante unidade mínima Além de participar ativamente na produ ção do sinal ele dá graça beleza e dinamismo a essa língua Para que haja movimento é preciso haver objeto e espaço Nas línguas de sinais as mãos do enunciador representam o objeto enquanto o espaço em que o movimento se realiza o espaço de enunciação é a área em torno do corpo do enunciador O movimento é definido como um parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções desde o movimento interno da mão os movimentos dos pulsos e os movimentos direcionais no espaço QUADROS KAR NOPP 2004 p 54 Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 As pessoas ouvintes ao usarem a língua de sinais o fazem normalmente de maneira mais estática Isso ocorre porque o movimento embora seja uma parte integrante da língua é realizado com mais propriedade pelos surdos que são visu ais mais fluentes em relação aos ouvintes e conhecem a língua profundamente Sabese que associar à produção do sinal aspectos como o movimento e as expressões nãomanuais não é algo simples para os ouvintes Essa habilidade exige muita competência e fluência na língua além de uma boa coordenação motora domínio do movimento e orientação no espaço Ainda segundo Nogueira Carneiro Nogueira 2010 p 105 para os ouvin tes que são usuários de língua oralauditiva o domínio dessas habilidades é algo bem complexo Os sur dos por serem seres visuais adquirem essas habilidades com muito mais naturalidade e facilidade do que os ouvintes Cabe destacar então que para que haja movimento é preciso haver espaço Portanto o movimento é indissociável do espaço entretanto um sinal tam bém pode ser realizado sem movimento exemplos Ajoelhar Em pé Pensar As variações do movimento servem para diferenciar itens lexicais como por exemplo nome e verbo para indicar a direcionalidade do verbo por exemplo o verbo olhar e olhar para e para indicar variação em relação ao tempo dos verbos como por exemplo olhe para olhe fixo observe olhe por um longo tempo olhe várias vezes Os movimentos se diferenciam pela direcionalidade tipo maneira e frequ ência Vamos abordar aqui apenas a direcionalidade e o tipo Quanto à direcionalidade um movimento pode ser a Unidirecional movimento em uma única direção no espaço durante a realização de um sinal Ex PROIBID MANDAR ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 120 PROIBIR MANDAR b Bidirecional movimento realizado por uma ou ambas as mãos em duas direções diferentes Ex JULGAMENTO GRANDE DISCUTIR TRA BALHAR BRINCAR DISCUTIR GRANDE JULGAMENTO Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 BRINCAR TRABALHAR c Multidirecional movimentos que exploram várias direções no espaço durante a realização de um sinal Ex INCOMODAR PESQUISAR INCOMODAR PESQUISAR Você pode perceber esses movimentos com mais clareza consultando os vídeos TIPOS DE MOVIMENTOS FerreiraBrito 1995 identificou seis tipos diferentes de movimento a saber de contorno ou forma geométrica interação contato torcedura dobramento e interno das mãos Vamos abordar aqui apenas o tipo que se refere ao contorno ou forma geométrica que é a forma do movimento no espaço Nessa categoria de contorno ou forma geométrica os movimentos podem ser ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 122 a movimento retilíneo VER MANDAR DEVER b movimento helicoidal Alt Importante Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 c movimento circular BRINCAR BICICLETA NADAR d movimento semicircular Saúde Surd Coragem ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 124 e movimento sinuoso NAVIO f movimento angular DIFÍCIL Observe esses movimentos nos seus vídeos Orientação das mãos é a direção para a qual a palma da mão aponta na pro dução do sinal É possível identificar seis tipos de orientações da palma da mão na Língua Brasileira de Sinais para cima para baixo para o corpo para frente para a direita ou para a esquerda Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 125 Também pode ocorrer a mudança de orientação durante a execução de um sinal Exemplo MONTANHA BAIXA MONTANHA BAIXA COMPONENTES OU EXPRESSÕES NÃO MANUAIS CNM OU ENM Além desses parâmetros a Libras conta com uma série de componentes não manuais como a expressão facial ou o movimento do corpo que muitas vezes podem definir ou diferenciar significados entre sinais As expressões nãomanu ais envolvem movimento da face dos olhos da cabeça e do tronco A expressão facial e a corporal podem traduzir alegria tristeza raiva amor encantamento etc dando mais sentido à Libras e em alguns casos determinando o significado de um sinal Essa unidade mínima é também muito importante linguisticamente pois marca as sentenças interrogativas Ex o dedo indicador com a configuração de mão da letra G do alfabeto digital G sobre a boca com a expressão facial calma e serena significa silên cio o mesmo sinal usado com um movimento mais rápido e com a expressão de zanga significa uma severa ordem Cale a boca ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 126 SILÊNCIO CALE A BOCA Em outros casos utilizamos a expressão facial e corporal para negar afirmar duvidar questionar etc Duas expressões podem ocorrer ao mesmo tempo como por exemplo as marcas de interrogação e negação que podem envolver franzir de sobrancelhas e projeção da cabeça por exemplo As componentes nãomanuais possuem duas funções nas línguas de sinais marcação de construções sintáticas marcam sentenças interrogativas simnão interrogativas QU que quem qual quando e diferenciação de itens lexicais No caso de diferenciação de itens lexicais o sinal convencional é modificado sendo realizado na face disfarçadamente Exemplos ROUBO ATOSEXUAL ATO SEXUAL LADRÃO Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 127 As expressões faciais são muito importantes na realização dos classificadores pois intensificam seu significado Por exemplo Bochechas infladas e olhos bem abertos para coisas grandes ou grossas Olhos semifechados com o franzir da testa ombros levantados e inclina ção da cabeça para frente para coisas estreitas ou finas Expressão facial normal para tamanhos médios Observe a seguir as diferentes emoções de expressões faciais IRONIA ALEGRIA ESPANTO BRAVA RAIVA CUMPLICIDADE QUE COISA HEIN PENA TRISTEZA ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 128 CANSADO ENFADO TÉDIO SUSTO As expressões faciais também são utilizadas para indicar advérbios de intensi dade e tamanho INTENSIDADE DINHEIRO RICO MILIONÁRIO MULTIMILIONÁRIO Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 129 TAMANHO Até o momento você estudou as unidades mínimas de um sinal e viu que apesar de cada uma dessas unidades mínimas ou parâmetros a saber configuração de mãos ponto de articulação movimento orientação das mãos e componen tes não manuais não possuírem significado isoladamente quando se compõem passam a constituir sentido Entretanto essa composição não é livre Ela deve seguir regras dentre as quais se encontram aquelas que restringem ou limitam a formação de sinais ou seja a combinação das unidades mínimas Algumas dessas restrições são impostas pelo sistema perceptual visual e outras pelo sis tema articulatório fisiologia das mãos QUADROS KARNOPP 2004 p 78 Considerando que os sinais que utilizam apenas uma das mãos podem ser produzidos indistintamente pela mão direita ou esquerda as condições de restri ção se referem aos sinais produzidos por ambas as mãos Para sinais produzidos com as duas mãos temos duas possibilidades a as duas mãos são ativas e b uma mão é ativa mão dominante e a outra serve como locação Assim as con dições de restrição se referem a essas possibilidades de produção de sinais com as duas mãos e são de acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 79 a Condição de simetria caso as duas mãos se movam na produção de um sinal então determinadas restrições aparecem a saber a CM deve ser a mesma para as duas mãos a locação de ser a mesma ou simétrica e o movimento deve ser simultâneo ou alternado b Condição de dominância se as mãos apresentam distintas CM então a mão ativa produz o movimento e a mão passiva serve de apoio apre sentando um conjunto restrito de CM não marcadas As restrições na formação de sinais derivadas do sistema de percepção visual e da capacidade de produção manual restringem a complexidade dos sinais para que eles sejam mais facilmente produzidos e percebidos O resultado disso é uma maior previsibilidade na formação de sinais e um sistema com complexidade controlada Destacamos que a condição de simetria se refere tanto à percepção visual pois as duas mãos sendo ativas seria muito difícil a percepção dos movimentos se eles não fossem simétricos quanto ao sistema articulatório visto ser extremamente difícil a produção simultânea de sinais distintos para cada uma das mãos Com ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 130 o estudo das restrições na formação de sinais encerramos esta parte relacionada à fonologia das línguas de sinais em geral e da Libras em particular Em nossa próxima unidade abordaremos os aspectos morfológicos da Libras LÉXICO DE CATEGORIAS SEMÂNTICAS I TEMPO E ELEMENTOS DA NATUREZA A partir desta terceira Unidade iniciamos a construção do seu vocabulário léxico em Libras Para isso apresentamos os sinais reunidos por temas catego rias semânticas Assim começamos com a categoria Tempo na qual reunimos o calendário as horas as estações do ano clima fenômenos climáticos astros e elementos da natureza Procure estudar esses sinais em conjunto com os vídeos para observar o movimento CALENDARIO SEGUNDAFEIRA TERÇAFEIRA QUARTAFEIRA Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 131 QUINTAFEIRA SEXTAFEIRA SÁBADO DOMINGO TODO DIA FAZ TEMPO DIA ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 132 SEMANA DUAS SEMANAS TRÊS SEMANAS QUATRO SEMANAS UM DIA DOIS DIAS Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 133 TRÊS DIAS QUATRO DIAS QUANTOS DIAS UM DIA QUEM SABE UM DIA ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 134 MÊS ANO DATA JANEIRO FEVEREIRO FEVEREIRO M Ç O ABRIL OU Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 135 M I O JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO OU ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 136 DEZEMBRO MÊS DIA ANO DURAÇÃO ANO QUE VEM ANO PASSADO AMANHÃ HOJE Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 137 ONTEM MANHÃ TARDE NOITE HORAS RELÓGIO HORAS DURAÇÃO ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 138 ANTES ANTECIPAR ATRASO DEPOIS DEMORA Acesse e veja o material que preparamos especial mente para você Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 139 ESTAÇÕES DO ANO ESTADOS DO TEMPO TEMPO PRIMAVERA VERÃO OUTONO ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 140 FRIO INVERNO OU FRIO INVERNO FENÔMENOS METEREOLÓGICOS ASTROS NATUREZA CHUVA ARCOIRIS CHUVOSO RELÂMPAGO TROVÃO OU Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 NUVEM NUBLADO VENTO FURACÃO TERREMOTO ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 142 ASTROS LUA SOL ESTRELA Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 ELEMENTOS DA NATUREZA ÁRVORE FLOR FLORESTA CACHOEIRA JARDIM GRAMA ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 144 TERRA PLANETA TERRA PEDRA MONTANHA LAGO Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 RIO CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa unidade talvez seja a que contém maior número de informações desconhe cidas por você dentre as quais destacamos A língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as línguas orais dispondo de recursos expressivos suficientes para permitir aos seus usuá rios expressarse sobre qualquer assunto em qualquer situação domínio do conhecimento e esfera de atividade A Libras é uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos devendo portanto ser conhecida pelo menos em seus aspectos funda mentais pelos professores A Libras é uma língua com gramática própria e com condições de propor cionar não apenas a comunicação efetiva entre os surdos como também a expressão de sentimentos a composição de poesias a discussão filosó fica enfim um idoma completo ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 146 As línguas de sinais por comprovação científica cumprem todas as fun ções de uma língua natural mesmo assim ainda sofrem preconceito e são desvalorizadas diante das línguas orais sendo consideradas como uma derivação da gestualidade espontânea como uma mescla de panto mima e sinais icônicos A língua de sinais não é subordinada à língua oral majoritária do país As línguas de sinais são completamente independentes das línguas orais dos países em que são produzidas Na sua casa com a ajuda de um espelho treine a expressão facial e cor poral isso ajuda muito em Libras Também abordamos nesta Unidade III a organização fonológica dos sinais des tacando as unidades mínimas e também as restrições na formação de sinais além de estabelecer uma comparação entre as línguas de sinais e as línguas orais Falamos muito aqui em língua natural razão pela qual recomendamos o estudo atento do texto que trouxemos como Leitura Complementar que aborda essa questão Outra novidade dessa nossa terceira unidade é o início da construção de seu vocabulário em Libras com a apresentação da categoria semântica Tempo e Elementos da Natureza 147 Apresentamos a seguir um fragmento do Capítulo 2 do livro Tenho um aluno surdo e agora que apresentamos como material complementar O capítulo 2 cujo título é Li bras apresentando a língua e suas características é de autoria de Kathryn Marie Pa checo Harrison Essa parte selecionada estabelece com clareza o significado de língua natural além de caracterizar a modalidade visuoespacial O ESTATUTO DA LIBRAS ENQUANTO LÍNGUA NATURAL Kathryn Marie Pacheco Harrison Ao ler o subtítulo acima podese perguntar o que significa a palavra natural Seria legí timo pensar que é uma língua que surge espontaneamente quando a pessoa nasce com uma perda auditiva mas seria uma ideia errônea Na verdade o termo natural designa a característica das línguas orais e sinalizadas utilizadas pelos seres humanos em suas diversas interações sociais e se diferencia do que se chama de linguagem formal isto é linguagens construídas pelo ser humano como as linguagens de programação de computador ou a linguagem matemática Outro fator que explicita a característica natural das línguas de sinais é a sua organização cerebral Estudos desenvolvidos no Laboratório de Neurociências Cognitivas da Univer sidade da Califórnia com surdos com lesões cerebrais estabeleceram que o hemisfério esquerdo subserve as funções linguísticas para língua de sinais apesar de que a ASL utiliza distinções espaciais e ser processada visualmente domínio para os quais os hemisférios direitos de pessoas ouvintes têm sido encontrados como dominantes EMMOREY BELLUGI KLIMA 1993 p 19 Em outras palavras significa que embora as línguas de sinais sejam produzidas princi palmente por movimentos das mãos no espaço o que em pessoas que ouvem e falam é percebido pelo hemisfério direito do cérebro esses movimentos são percebidos pelo hemisfério esquerdo das pessoas surdas que usam língua de sinais justamente porque são entendidos como língua e não como gesticulação ou movimento corporal aleatório 148 Para que esses e outros estudiosos das línguas de sinais pudessem chegar a essas con clusões houve um primeiro estudo o estudo linguístico fundador realizado pelo lin guista americano William Stokoe em 1960 A partir de sua observação de surdos sina lizando na universidade em que lecionava ele curioso resolveu estudála Seria uma língua Para obter a resposta a essa pergunta aplicou os rigorosos métodos de pesquisa da linguística estrutural Os resultados de seus estudos demonstraram evidências de que ao contrário do que se pensava até então a língua e sinais dos surdos têm estrutura e função semelhante às demais línguas Para descrever uma língua antiga produzida em uma modalidade tão diferente das lín guas faladas e nunca antes estudada criou alguns termos próprios para definir os ele mentos constituintes da ASL como Sinal a menor unidade da língua de sinais com significado Gesto movimento comunicativo não analisável linguisticamente Quirema do grego kiros mãos conjunto de posições configurações ou movimen tos que tenham a mesma função na linguagem o ponto de estrutura da língua de sinais análogo ao fonema nas línguas orais Alocação qualquer um do conjunto de configurações movimentos ou posições isto é quirema que sinaliza identicamente na língua Além disso propôs a decomposição dos sinais da ASL em três parâmetros formacionais configuração de mão CM locação da mão L e movimento da mão M O trabalho de Stokoe teve grande repercussão nos meios linguísticos ao redor do mundo e nos movimentos de surdos que a partir de então tinham em mãos uma evidência científica de que sua comunicação sinalizada apresentava o estatuto de língua semelhante ao das línguas orais e portanto merecedora de respeito A MODALIDADE VISUOESPACIAL Quando falamos um complexo sistema de órgãos e funções entra em ação basicamen te lábios língua dentes nariz para articular as palavras a laringe para produzir a voz e os pulmões que produzem o ar que passa pela laringe e depois pela boca e finalmen te as palavras se deslocam pelo ar para chegar aos nossos ouvidos onde as escutamos e compreendemos Além disso os sons da fala os fonemas são produzidos um depois do outro pois é impossível anatomicamente produzir dois sons ao mesmo tempo Por essa razão dizemos que a fala é produzida sequencialmente no tempo 149 As línguas de sinais por outro lado são produzidas por movimentos das mãos do corpo e expressões faciais em um espaço à frente do corpo chamado de espaço de sinaliza ção A pessoa recebe a sinalização pela visão razão pela qual as línguas de sinais são chamadas de visuoespaciais ou espaçovisuais Dependendo do tipo de enunciado pro duzido dos sinais utilizados do que se deseja expressar se pode obter uma sinalização em que vários sinais podem ser feitos simultaneamente pois no caso dos movimentos envolvidos não há impedimento anatômico Em outros momentos os sinais são produ zidos um após o outro sequencialmente Os estudos linguísticos demonstram além do mais que as línguas de sinais e aí está inserida a Libras possuem as mesmas características e qualidades de qualquer outra língua ou seja 1 Versatilidade e flexibilidade são qualidades que as línguas possuem de poder expres sar qualquer sentimento emoção fazer indagações fazer referência ao passado presen te ou futuro ou até mesmo à fatos e coisas que não existem 2 Arbitrariedade é a característica segundo a qual a forma da palavra seja falada escri ta ou sinalizada não tem relação direta com seu significado Se ouvirmos uma palavra em língua estrangeira o som dela não nos ajudará a saber seu significado Da mesma maneira ver um sinal não ajudará a conhecer o que significa a não ser que conheçamos a língua 3 Criatividadeprodutividade são possibilidades que as línguas possuem de produzir infinitos enunciados a partir de um número finito de fonemas ou quiremas 4 Dupla articulação é a característica das línguas de possuir um número finito de unida des fonema ou quirema que isoladamente não têm significado Apenas se forem com binadas a outros fonemasquiremas adquirem significado Por exemplo os sons o p t a isolados não têm significado mas ao serem combinados como em pato ou topa ou opta ganham diferentes sentidos Podese compreender então que há duas camadas nas palavras uma de unidades menores e outra de unidades maiores Fonte Harrison 2013 150 1 Estude o alfabeto manual Faça cada configuração de mãos de frente ao espelho Lembrese o sinal deve ser feito virado para o seu interlocutor e não para você Assim olhando no espelho você deve enxergar o sinal tal como se apresenta no texto Soletre cada uma das seguintes palavras CASA PAULO ÁRVORE CARRO LIQUIDIFICADOR SÃO PAULO MARIA ANA MARIA COMPORTAMENTO 2 Em sua opinião existem mais semelhanças ou diferenças entre a Libras e a Língua Portuguesa Justifique 3 Considerando que as restrições para a formação de sinais podem ser exempli ficadas em sinais produzidos pelas duas mãos analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta I Condição de simetria estabelece que se ambas as mãos são ativas a CM deve ser a mesma para as duas II As restrições diminuem a complexidade dos sinais facilitando sua produção e percepção III Se apenas uma das mãos é ativa a mão não dominante serve de apoio para a mão dominante IV No caso de ambas as mãos serem ativas o ponto de articulação deve ser o mes mo ou simétrico a Somente I II e III são verdadeiras b Somente I II e IV são verdadeiras c Somente II III e IV são verdadeiras d Somente I III e IV são verdadeiras e Todas são verdadeiras 151 4 A comunicação pelas mãos teve início apenas com os surdos ou seja foram os surdos os primeiros seres humanos a se comunicar usando gestos Esta informação pode ser considerada verdadeira Justifique sua resposta baseandose nos conheci mentos adquiridos ao longo desta unidade 5 Cada parâmetro da Libras de maneira isolada não possui significado Apenas quando se compõem é que passam a constituir sentido Entretanto essa composi ção não é livre Nesse contexto analise as afirmações a seguir e assinale a alter nativa correta I Os sinais que utilizam apenas uma das mãos podem ser produzidos indistinta mente pela mão direita ou esquerda II As condições de restrição se referem aos sinais produzidos por ambas as mãos e temos duas possibilidades III Quando as duas mãos se movem na produção de um sinal então as condições de composição dependem de a CM ser a mesma para ambas as mãos ou não IV A condição de simetria se refere tanto à percepção visual quanto ao sistema articulatório a Somente I II e III são verdadeiras b Somente I II e IV são verdadeiras c Somente II III e IV são verdadeiras d Somente I III e IV são verdadeiras e Todas são verdadeiras MATERIAL COMPLEMENTAR Tenho um aluno surdo e agora Introdução à Libras e educação de Surdos Cristina Broglia Feitosa de Lacerda e Lara Ferreira dos Santos Org Editora EdUFSCAR 2013 Sinopse ganhador do Prêmio Jabuti na categoria Educação este livro reúne texto de autores diversos que atuam na área da surdez com a intenção de possibilitar uma visão ampla a respeito da surdez da Libras e da educação de surdos Conforme as organizadoras destacam na contracapa o objetivo que as orientaram na produção deste livro foi oferecer um conhecimento inicial acerca da educação de surdos e da Libras bem como dar subsídios para a atuação do professor da educação básica junto a alunos surdos Leitura fascinante fácil e quase que obrigatória aos futuros professores Você encontra muitas informações acerca da Libras referências bibliográficas links importantes pesquisas atuais e entre outros diversos conteúdos disponíveis em wwwdicionariolibrascom br e aprendolibrasblogspotcom Acesso em 20 jun 2016 REFERÊNCIAS BASTOS C L CANDIOTTO K Filosofia da Linguagem São Paulo Vozes 2007 FERREIRABRITO L Por uma gramática de Línguas de Sinais Rio de Janeiro Tem po Brasileiro 1995 GESSER A Libras Que língua é essa crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 2009 p 9 HARRISON K M P Libras apresentando a língua e suas características In LACERDA C B F de L SANTOS L F dos S Org Tenho um aluno surdo e agora Introdu ção à Libras e educação de Surdos São Carlos SP EduUFSCAR 2013 LACERDA C B F de SANTOS L F dos Org Tenho um aluno surdo e agora Introdução à Libras e educação de surdos São Carlos SP EdUFSCAR 2013 NOGUEIRA C M I CARNEIRO M I N NOGUEIRA B I Surdez Libras e educação de surdos introdução à língua brasileira de sinais Maringá EDUEM 2010 PEREIRA M C C CHOI D VIEIRA M I GASPAR P NAKASATO R Libras conheci mento além dos sinais São Paulo Pearsons Prentice Hall 2011 QUADROS R M KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Porto Alegre Artmed 2004 REILY L Escola Inclusiva linguagem e mediação 4 ed Campinas SP Papirus 2004 Referências online 1 Em httpwwwacessobrasilorgbr Acesso em 27 jun 2017 Verificar site estava fora do ar 153 GABARITO 1 Atividade prática Espero que tenha conseguido fazer se teve dificuldade é só treinar um pouco mais 2 Questão subjetiva em que ambas as possibilidades são verdadeiras No texto destacamos DEZ semelhanças entre as línguas de sinais e as línguas orais e DEZ particularidades das línguas de sinais de maneira que a resposta depende do que você considerou mais marcante as semelhanças ou as diferenças 3 Alternativa e todas estão corretas 4 A comunicação com as mãos não começou com os surdos pois de acordo com Vygotsky os homens préhistóricos se comunicavam por meio de gestos e apenas quando começaram a utilizar ferramentas ocupando as mãos é que começaram a utilizar a comunicação oral 5 Alternativa e todas estão corretas UNIDADE IV Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Objetivos de Aprendizagem Compreender a Libras em seus aspectos morfológicos Apresentar os classificadores Instrumentalizar os licenciandos para o estabelecimento de uma comunicação funcional com pessoas surdas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Aspectos Morfológicos da Libras Classificadores Léxico de categorias semânticas II INTRODUÇÃO Atualmente são muitas as pesquisas sobre a Libras e sobre como os surdos adqui rem a língua de sinais como L1 primeira língua língua natural e a Língua Portuguesa como L2 segunda língua língua estrangeira Existem estudos tam bém sobre o ensino de uma segunda língua de sinais ASL Língua Americana de Sinais por exemplo como LE Língua Estrangeira para surdos mas ainda são poucos os estudos sobre como os ouvintes aprendem Libras como L2 O que se faz de maneira geral é adaptar os métodos de ensino para línguas estrangeiras mas isso não é suficiente porque no caso do ensino de LE as duas línguas são auditivoorais isto é utilizam as mesmas informações sensoriais e no caso da Libras como L2 que é visomotora isso não acontece dificultando o processo No ensino de Libras para futuros professores outra dificuldade que podemos observar levando em conta os estudos sobre o ensino de LE é que a aprendi zagem de outra língua acontece quando a pessoa quer aprender quando a nova língua faça sentido para ela que ela sinta prazer em usar essa língua Como a Libras foi introduzida nos currículos pelo Decreto 56262005 nem sempre os futuros professores entendem porque eles devem aprender uma língua estranha falada por um grupo de pessoas que talvez ele nunca conheça Na ausência de uma metodologia específica para o ensino da Libras como L2 para ouvintes procuramos adaptar metodologias utilizadas no ensino de uma LE Essa metodologia é mais eficiente na modalidade presencial mas podemos obter bons resultados a distância Para isso você precisa ficar atento e observar se as suas configurações de mão estão corretas e não procure uma explicação lógica para o sinal porque nem sempre ela existe em função da arbitrariedade da língua Finalizamos a terceira unidade apresentando as restrições para a formação de sinais e nesta nossa quarta unidade o foco está nas regras para a formação de sinais Tratamos ainda dos classificadores e da construção do seu vocabulário Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS De acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 86 por Morfologia entendemos o estudo da estrutura interna das palavras ou dos sinais assim como das regras que determinam a formação de palavras ou sinais Como vimos na uni dade anterior os fonemas nas línguas orais e os parâmetros nas de sinais não possuem significado isoladamente O morfema é a unidade mínima do significado Ainda considerando o que estudamos na Unidade III as línguas de sinais satis fazem todos os requisitos linguísticos de uma língua isto é possuem um léxico vocabulário uma sintaxe regras gramaticais e uma capacidade de gerar uma quantidade infinita de sinais e sentenças As regras que determinam essa geração de sinais é o que estudaremos nesta Unidade IV enquanto que as regras grama ticais para a formação de sentenças e discursos serão estudadas na Unidade V Uma forma simples de criação de sinais é o empréstimo lexical Empréstimos lexicais não são sinais nativos da Libras e sim inspirados em outras línguas Destacamos aqui três tipos de Empréstimos Lexicais Empréstimos Lexicais de soletração manual completa ou de parte das pala vras em Língua Portuguesa como os sinais para BAR MÇO JN JUNHO JL JULHO Empréstimos lexicais de inicialização utilização de uma CM que corres ponde no alfabeto manual à primeira letra da palavra equivalente em Língua Portuguesa Apesar da Libras ser indepen dente da Língua Portuguesa alguns sinais são originários das iniciais da representação escrita de seus signifi cados demonstrando que da mesma forma que nas línguas orais em que uma língua influencia a criação de novas palavras exemplo deletar a Libras é influenciada pela Língua Portuguesa Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 F FERRO FLOR FUTURO P PRESIDENTE PROFESSOR PEDAGOGIA Empréstimos de itens lexicais de outras línguas de sinais isto é sinais de outras línguas de sinais que foram agregadas ao léxico da Libras como o sinal para laranja que utiliza a CM em O O referente à Orange que é um pos sível empréstimo da Língua de Sinais Americana ASL ou da Língua de Sinais Francesa LSF ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 160 Da mesma forma que nas línguas orais em que uma palavra é polissêmica isto é admite diferentes significados existem sinais em Libras que também admitem diferentes significados O contexto em que são usados que estabelece as diferen ças Exemplos SÁBADO LARANJA ALARANJADO Observando a figura a baixo para você qual a importância da língua de si nais e do bilinguismo para os surdos Quais as conclusões você consegue tirar sobre Figura 1 A evolução do Surdo Fonte Adaptado de ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE SURDOS2017 online1 Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 161 Um aspecto importante que reafirmamos aqui apesar de já termos tratado desse tema na Unidade III é que sinais não são gestos Os gestos são considerados tra ços paralinguísticos ou extralinguísticos das línguas orais isto é movimento ou expressão que ou complementa a palavra falada como no caso da linguagem corporal os gestos que um professor utiliza para deixar mais claro o que deseja explicar para seu aluno ou mesmo permite que se tenha uma mínima comuni cação contextualizada e quase sempre referente a coisas concretas como a que ocorre entre pessoas que não falam a mesma língua Os processos ou recursos para a formação de sinais em Libras são deriva ção composição e incorporação Na derivação um novo sinal é obtido pelo enriquecimento do radical raiz com vários movimentos e contornos no espaço A maneira mais comum de cria ção de novos sinais em Libras é realizar mudanças no movimento para derivar verbos de substantivos e viceversa O movimento dos substantivos repete e encurta o movimento dos verbos Uma das principais funções da morfologia é a mudança de classe isto é a utilização da ideia de uma palavra em outra classe gramatical Forma se um novo sinal para se utilizar o significado de um sinal já existente num contexto que requer uma classe gramatical diferente Um tipo de processo bastante comum na língua de sinais brasileira é aquele que deriva nomes de verbos ou viceversa O português pode formar no mes de verbos pela adição de um sufixo por exemplo programar pro gramador ou pela mudança de acento fabrica fábrica QUADROS KARNOPPP 2004 p 96 Pereira et al 2011 p 70 apresentam como exemplo para este fato os sinais para sentar e cadeira que são constituídos pela mesma CM mesmo PA e mesma orientação de mãos O movimento no entanto é diferente mais longo em sen tar e mais curto e repetido em cadeira Outros exemplos são voar e aeroporto ouvir e ouvinte etc ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 162 CADEIRA SENTAR AVIÃO VOAR AEROPORTO Outra forma bastante usual para a criação de novos sinais em Libras é a compo sição em que como o próprio nome indica dois ou mais sinais se combinam para criar um novo sinal Este é um processo comum na língua de sinais brasi leira O sinal conforme já foi explicitado na Unidade III é utilizado porque a marcação de gênero em Libras não acontece naturalmente e sim mediante a composição de sinais e o sinal indica exatamente a composição dos sinais Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 163 Exemplos Da composição de sinais para estabelecimento de gênero MASCULINO Benção PAI FEMININO Benção MÃE Outros exemplos Dermatologia MédicPele Oftalmologia MédicOlho Cardiologia MédicCoração Escola CasaEstudar ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 164 Vendedor de roupa TrabalhaVenderRoupa Carteiro BicicletaCartaEntrega Zebra CavaloListrado Mecânic para automóvel trabalhaConsertaCarro Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 165 AÇOUGUE CASACARNE IGREJA CASACRUZ A criação de novos sinais em Libras também é possível pela incorporação na raiz de um argumento um numeral ou de uma negação Devido às características visuais e espaciais da Libras é comum a incorpo ração de argumentos como por exemplo o sinal de escovar se modifica e se adapta de acordo com o objeto que está sendo escovado Isto é o que significa incorporação de argumento ESCOVAR CABELO ESCOVAR DENTES De acordo com Quadros e Karnopp 2004 quando a configuração de mão muda para expressar a quantidade e o ponto de articulação o movimento e a ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 166 orientação das mãos continuam os mesmos temos uma incorporação de nume ral Por exemplo temos uma mudança na configuração de mãos para indicar uma duas três semanas SEMANA DUAS SEMANAS TRÊS SEMANAS A incorporação de negação se dá pela mudança na direção do movimento do sinal quase sempre para fora e com a palma das mãos também virada para fora QUER NÃO QUER A incorporação de negação também pode se efetivar pela assimilação do movi mento de negação oscilação como acontece em ter e não ter por exemplo TER NÃO TER Ainda podemos ter além da incorporação da negação nos sinais a negação que incorpora somente a expressão facial sem alteração de nenhum dos demais Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 167 parâmetros Entretanto qualquer que seja a forma de negação utilizada a expres são facial é importante como sobrancelhas levemente franzidas Negação sem alterar nenhum parâmetro com o rosto balançando ou o dedo significando não por exemplo conhecer e não conhecer pensar e não pen sar casar e não casar OU E FLEXÕES NOMINAL E VERBAL São oito os processos de flexão descritos pelos linguistas que estudaram a Língua de Sinais Americana a ASL entretanto vamos considerar neste estudo refe rente à Libras apenas as flexões de pessoa dêixis de número a de gênero e a de aspecto temporal descritas a seguir considerando Quadros e Karnopp 2004 e Pereira et al 2011 Flexão de pessoa dêixis flexão que muda as referências pessoais no verbo Flexão de número flexão que indica o singular o dual o trial e o múltiplo Flexão de gênero quando necessária é marcada pelo sinal de masculino ou feminino antecedendo o substantivo conforme vimos quando estudamos a composição de sinais Flexão de aspecto temporal indica distinções de tempo tais como regu larmente continuamente incessantemente repetidamente etc A flexão de pessoa se refere a dêixis que é uma palavra grega que significa apontar ou indicar Descreve uma forma particular de estabelecer nomi nais no espaço QUADROS KARNOPP 2004 p 112 que denominamos de apontação e é utilizada entre outras funções para estabelecer os pronomes ou referentes conforme segue ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 168 Pronomes pessoais VOCÊ EU ELE NÓS TODOS VOCÊS ELESELAS Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 169 Pronomes demonstrativos EST AQUI olhar para o lugar apontado perto da 1ª pessoa ESS AÍ olhar para o lugar apontado perto da 2ª pessoa AQUEL LÁ olhar para o lugar distante apontado De acordo com Quadros e Karnopp 2004 a apontação pode ser explícita envolvendo referentes presentes e não presentes Para os re ferentes presentes a apontação é feita à frente do sinalizador di recionada para a posição real do referente Quando os referentes não estão presentes são estabelecidos pontos arbitrários no espaço respeitandose por exemplo no caso de localizações específicas as posições topográficas Assim por exemplo para se indicar um ponto no espaço que represente o estado do Amazonas será apontado um ponto no alto em ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 170 referência ao Norte do Brasil enquanto que para o Rio Grande do Sul o ponto estaria abaixo Além da apontação a direção do olhar e a posição do corpo tam bém servem para estabelecer referentes por exemplo no sinal de entregar para alguém o olhar acompanha o movimento da mão ativa De acordo com Pereira et al 2011 p87 a flexão de plural nos substantivos é obtida na maioria das vezes pela repetição dos sinais pela sinalização anterior ou posterior ao sinal do substantivo de sinais referentes às quantidades ou pelo movimento semicircular que deve abranger as pessoas ou os objetos envolvidos Dual a mão ficará com o formato de dois Trial a mão assume o formato de três Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 171 Quatrial o formato será de quatro A flexão de número quando se refere a pessoas é feita utilizandose a aponta ção porém a quantidade fica explícita pela quantidade de dedos configuração de mãos Singular EU apontar para o peito do enunciador a pessoa que fala Dual NÓS 2 Trial NÓS 3 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 172 Quatrial NÓS 4 Plural NÓS GRUPO NÓS TOD Segunda pessoa A lógica aqui é a mesma do caso da primeira pessoa para o dual trial etc Singular VOCÊ apontar para o interlocutor a pessoa com quem se fala Dual VOCÊ 2 Trial VOCÊ 3 Quatrial VOCÊ 4 Plural VOCÊ GRUPO VOCÊ TOD Terceira pessoa mesmo forma das anteriores Singular EL apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencional Dual EL 2 Trial EL 3 Quatrial EL 4 Plural EL GRUPO EL TOD Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 173 Quando se quer falar de uma terceira pessoa presente mas desejase ser discreto por educação não se aponta para essa pessoa diretamente Ou se faz um sinal com os olhos e um leve movimento de cabeça em direção à pessoa mencionada ou apontase para a palma da mão voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida A flexão de aspecto temporal nos verbos está relacionada com as formas e a duração dos movimentos A Libras assim como outras línguas orais e de sinais modula o movimento dos sinais para distinguir entre os aspectos pontual con tinuativo ou durativo e iterativo que são diferenciados segundo FerreiraBrito 1995 por meio de alterações do movimento eou da configuração da mão O aspecto pontual se caracteriza por se referir a uma ação ou evento que aconteceu e terminou em algum momento bem definido no passado Por exem plo em português quando dizemos que Ele falou com você ontem sabemos que a ação de falar aconteceu no passado no momento ontem Em Libras tam bém é parecido Ele falar você ontem O aspecto durativo ou continuativo se refere a uma ação que continua que não para no tempo Por exemplo Ele fala sem parar na aula A Libras não usa o mesmo sinal que usou para a frase Ele falar você ontem A Libras tem um sinal diferente para falar sem parar Então é um sinal para falar e um para falar sem parar Mas são sinais parecidos o que muda é a intensidade e as expressões faciais e corporais Falar sem parar é derivado de falar pela adjunção da mão esquerda e o alongamento dos movimentos O aspecto iterativo é quando a ação ou evento acontece muitas vezes Por exemplo Marcelo viajar Curitiba ontem é aspecto pontual e o sinal é o de via jar Para dizer que Marcelo viajar muitas vezes o sinal é modificado em alguns parâmetros A Libras usa também modulações de olhar e expressões faciais e corporais para transmitir a intensidade do verbo apresentado e sua significação no con texto Então o verbo olhar por exemplo pode ser representado rapidamente para dizer que a pessoa apenas avistou ou longamente significando que a pes soa olhou com atenção ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 174 Os principais desafios para o ensino de libras como L2 para ouvintes em particular para futuros professores são 1 Falta de motivação para a aprendizagem 2 Autocensura quanto ao uso do corpo 3 Falta de uma metodologia específica fundamentada em pesquisas 4 Dificuldade do aluno de organizar a própria aprendizagem como fazer anotações e estudar em casa Com relação às duas primeiras dessas dificuldades entendemos que o fato do professor de Libras ser surdo de imediato o aluno vai ver uma realidade que era desconhecida para ele Com discussões sobre a cultura e a comuni dade surda é possível despertar a curiosidade por uma língua exótica e a conscientização em relação aos direitos e possibilidades de aprendizagem dos surdos criando a motivação e favorecendo a compreensão de que o próprio corpo é um importante elemento para a comunicação conscien tizando o educando da importância de suas expressões faciais e corporais para a Libras e minimizando a autocensura quanto ao uso do corpo Fonte as autoras Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 175 CLASSIFICADORES CLASSIFICADORES C L Para as línguas de sinais a descrição a reprodução da forma do movimento e da relação espacial do que se quer enunciar são fundamentais pois torna mais claros e compreensíveis seu significado Essa é a principal função dos classifi cadores em Libras Assim o classificador é um poderoso auxiliar da língua de sinais para deter minar as especificidades e dar vida a uma ideia ou a um conceito ou signos visuais Isto significa que o Classificador representa forma e tamanho dos refe rentes assim como características dos movimentos dos seres em um evento tendo pois a função de descrever o referente A nomeação Classificadores CLs para esses auxiliares importantíssi mos para as línguas de sinais foi atribuída pela comunidade de linguistas para comparar com as funções da língua falada ou oral e suas estruturas gramaticais Um classificador Cl é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma língua Nas línguas orais os classificadores são morfemas gramaticais que são afixados juntados aos morfemas lexicais palavras substantivos adje tivos e verbos para especificar aquilo a que a palavra se refere como a classe a que pertence o gênero a forma tamanho etc Na língua portuguesa as classificações podem se manifestar de várias formas como uma desinência para classificar os substantivos e adjetivos em masculino e feminino indicar tamanho número ou ainda ou que se coloca no verbo para estabelecer concordância como por exemplo a letra a que é afixada à palavra professor para indicar o gênero feminino professorA Outros exemplos são os ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 176 sufixos inho ão que se referem ao tamanho etc Para os pesquisadores surdos essa estrutura gramatical da Libras ainda está à procura de uma definição ade quada para nomeála de acordo com as perspectivas visuoespaciais Na Libras os classificadores são formas representadas por configurações de mão que podem vir junto de verbos de movimento e de localização para classi ficar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo Os classificadores permitem tornar mais compreensível o significado do que se quer enunciar e desempenham uma função descritiva podendo detalhar som tamanho textura paladar tato cheiro formas em geral de objetos inani mados e seres animados etc Os classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a sua forma ou o tamanho do objeto a ser referido Como os classificadores obe decem a regras de construção e são representados sempre por configurações de mãos específicas associadas a expressões faciais corporais e à localização isto é aos parâmetros da Libras apesar de serem icônicos não podem ser conside rados como mímica Exemplos árvore forte carro telefone borboleta mesa revolver sorriso triste pensar beijo vestir ÁRVORE FORTE CARRO Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 177 TELEFONE BORBOLETA MESA REVÓLVER PENSAR BEIJO VESTIR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 178 Esses sinais são muito parecidos com as coisas que estão representando mas não é mímica porque usa configuração de mãos movimento orientação ponto de articulação e expressões nãomanuais O fato da Libras utilizar classificadores icônicos e mesmo de possuir um grau elevado de sinais icônicos não significa dizer que a libras é mímica pois a ico nicidade é utilizada de forma convencional e sistemática FERREIRA BRITO 1995 p 108 Além disso nas línguas orais também estão presentes palavras com carac terísticas icônicas Podemos verificála no clássico exemplo das onomatopeias como pinguepongue tiquetaque zumzum cujas formas representam de acordo com cada língua o significado GESSER 2009 p 24 Em uma interpretação ou aula existem algumas palavras que não possuem um sinal próprio e é aí que são usados sinais icônicos ou que possuem seme lhança com o que estão descrevendo No contexto escolar os classificadores são importantes em todas as disciplinas principalmente na Física ou na Matemática Sabemos que para essas matérias muito dos conteúdos não têm sinais corres pondentes aos termos utilizados mas a explicação pode ser compreendida se usarmos os classificadores corretamente A expressão facial e a corporal são muito importantes para os classificadores Dito de outra forma classificador é uma representação da Libras que mos tra claramente detalhes específicos permitindo a descrição de pessoas animais e objetos bem como sua movimentação ou localização Os classificadores são muito importantes pois ajudam construir a estrutura sintática da Libras No geral ainda existem poucos estudos exclusivamente sobre os classificado res na Libras especialmente no que se refere a explicálos de um ponto de vista funcional tipológico Para alguns estudiosos que se baseiam principalmente em estudos feitos na ASL American Sign Langage os classificadores podem ser Classificador Descritivo referese ao tamanho forma e textura É usado para descrever aparência de um objeto Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 Classificador que especifica o tamanho e a forma de uma parte do corpo referese ao tamanho forma e textura de uma parte do corpo de um ani mal ou pessoa Classificador de Parte do Corpo retrata uma parte específica do corpo em uma posição determinada ou fazendo uma ação Classificador de Localização retrata um objeto em um determinado lugar em meio a outros objetos Classificador Instrumental mostra como é usado algum objeto Classificador do Corpo a parte superior do corpo do sinalizador se torna o classificador que exprime o verbo da frase especialmente os braços Classificador Semântico retrata um objeto em um lugar específico Classificador do Plural ele indica o movimento ou a posição de um número de objetos pessoas ou animais Classificador de Elemento retrata o movimento de elementos ou coisas que não são sólidas como ar água fumaça chuva fogo etc Classificador de nome utiliza as configurações das mãos do alfabeto manual ou dos números mas é parte de uma descrição De maneira geral os classificadores podem ser predicativos descritivos ou de características sintáticas e semânticas 1 Predicativos quando representam mais de uma palavra ou sinal quando representam verbos que ocupam parte do predicado em uma frase Estes verbos são chamados verbos de movimento ou de localização indicando o objeto que se move ou é localizado Exemplos A frase em lingua portuguesa O carro bateu no poste pode ser representada por um classificador predicativo significando em Libras Carro bater poste Aqui temos o verbo em movimento ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 180 Da mesma forma a frase Os pratos estão empilhados corresponde o classi ficador predicativo em Libras Pratos Empilhados e o verbo em localização PRATOS EMPILHADOS O COPO FOI GUARDADO NO ARMARIO Alguns autores chamam alguns classificadores predicativos de descritivos locati vos para indicar uma ação que determina um objeto em relação a outro objeto animado ou inanimado Por exemplo carro bateu no poste moto correndo na pista árvore sendo cortada 2 Classificadores descritivos as descrições visuais podem ser captadas de acordo com as imagens dos objetos animados ou inanimados Observamse aspectos tais como som tamanho textura paladar tato cheiro olhar sen timentos ou formas visuais bem como a localização e a ação incorporada ao classificador Veja os exemplos a seguir Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 JANELA BANDEJA MESA COPO VASO GROSSO SAPATOS SALTOS BOI AVIÃO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 182 JARRA GOTAS DE ÁGUA CANO FINO BOTÕES MOEDA COBRA MORDIDA DE COBRA Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 CACHORRO MORDIDA DE CACHORRO OPEROU O CORAÇÃO OPEROU OS OLHOS Alguns autores consideram que os classificadores descritivos podem ser subdi vididos em 21 Classificadores instrumentais furadeira escova de cabelo escova de dentes ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 184 FURADEIRA ESCOVA CABELO ESCOVA DENTES 22 Classificadores especificadores os classificadores especificadores como o próprio nome indica especificam eventos logomarcas e elementos como por exemplo fumaça telefone tocando bomba atômica Volkswagen Chevrolet FUMAÇA TELEFONE TOCANDO Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 BOMBA ATÔMICA VOLKSWAGEN CHEVROLET 23 Classificadores de plural livros casas carros árvores pessoas FLORESTA MUITAS ÁRVORES MULTIDÃO ANDANDO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 186 MUITAS CASAS 24 Classificadores de corpo andar de pessoas andar do elefante andar do gato etc podem também indicar características como cabelão leão bravo PESSOA PESSOA ANDANDO SOZINHA ANDAR cruzar com outra pessoa DUAS PESSOAS AN DANDO JUNTAS Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 ELEFANTE ELEFANTE ANDANDO GATO GATO ANDANDO 25 Classificadores de semântica quando quer especificar como uma ação foi realizada por exemplo dormir mal DORMIR DORMIR MAL 26 Classificadores de sintaxe esses classificadores podem incorporar algum tipo de ação por exemplo verbo escovar e devemos saber a qual objeto será aplicado à ação sapato dente cabelo tapete comer beijar voar etc ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 188 ESCOVAR SAPATO ESCOVAR DENTES ESCOVAR CABELO COMER PRATO EXECUTIVO COMER MACARRÃO Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 189 COMER MAÇÃ COMER COXA DE FRANGO BEIJAR NO PESCOÇO BEIJAR NA BOCHECHA BEIJAR NA BOCA BEIJAR NA MÃO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 190 VOAR PÁSSARO VOAR AVIÃO LÉXICO DE CATEGORIAS SEMÂTICAS II Continuamos aqui com a construção do seu vocabulário em Libras Ressaltamos a importância de você estudar esta parte acompanhando os vídeos para que os movimentos fiquem evidentes Depois procure repetir os movimentos defronte a um espelho enfatizando suas expressões faciais IDENTIFICAÇAO PESSOAL Os principais sinais utilizados na identificação pessoal são eu você nome para o nome da pessoa em Língua Portuguesa e sinal para o sinal correspondente à pessoa em Libras Esse sinal não é a tradução do nome para a Libras é um novo nome e geralmente se relaciona à alguma característica física ou profissional da pessoa ou ainda à inicial do seu nome Observe as frases a seguir prestando muita atenção na expressão interrogativa Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 191 VOCÊ NOME Expressão interrogativa QUAL É O SEU NOME VOCÊ IDADE Expressão interrogativa QUAL É A SUA IDADE VOCÊ SINAL Expressão interrogativa QUAL É O SEU SINAL ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 192 SAUDAÇÕES COTIDIANAS OI SAUDADES TCHAU TUDO BEM BOM DIA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 193 BOA TARDE BOA NOITE ABRAÇOS BEIJOS BEM VINDO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 194 CONHECERGOSTAR PRAZER POR FAVOR LICENÇA OBRIGADA DE NADA FAMÍLIA Apresentamos a seguir os componentes de uma família e possíveis relações entre eles Lembrese de que em Libras não temos gênero masculino ou feminino Assim por exemplo em português sabemos que é tia tiA é mulher e tiO é homem Como fazemos em Libras Utilizamos dois sinais um para a palavra e o outro para indicar o gênero Por exemplo para TIO temos Ti homem para Mamãe Mulher benção genitor Como se forma uma família Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 195 FAMÍILIA HOMEM MASCULINO MULHER FEMININO PAQUERA CONHECER CONVERSA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 196 NAMORO NOIVADO CASAR FAZER AMOR GRÁVIDA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 197 NASCERBEBÊ BEBÊ CRIANÇA FILHO FILHA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 198 PAI MÃE PADRASTO MADRASTA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 199 IRMÃO IRMÃ MEIOIRMÃO CUNHADO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 200 CUNHADA SOGRO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 201 SOGRA TIO TIA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 202 SOBRINHO SOBRINHA NETO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 203 NETA PRIMO PRIMA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 204 VOVÔ VOVÓ BISAVÔ BISAVÓ Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 205 FILHO ADOTIVO FILHA ADOTIVA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 206 AMANTE CASAL SEPARADO SEPARAÇÃO VIÚV SOLTEIR AMIG Acesse e veja o material que preparamos especial mente para você Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 207 LAR ESPAÇO FÍSICO MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS OBJETOS VESTIMENTAS CORES ESPAÇO FÍSICO LAVANDERIA BANHEIRO COZINHA SALA DE TELEVISÃO QUARTO DE CASAL ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 208 QUARTO DE SOLTEIRO CHURRASQUEIRA ESCRITÓRIO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 209 MÓVEIS PIA DO BANHEIRO PRATELEIRA BERÇO CAMA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 210 ARMÁRIO GUARDAROUPA ESTANTERACK SOFÁ Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 211 CADEIRA MESA ELETRODOMÉSTICOS APARELHO DE SOM IMPRESSORA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 212 FAX COMPUTADOR CELULAR TELEFONE DVD TELEVISÃO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 213 ABAJUR LÂMPADA LUZ CHUVEIRO ASPIRADOR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 214 BATEDEIRA LIQUIDIFICADOR MÁQUINA DE LAVAR ROUPA FREEZER GELADEIRA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 215 FOGÃO ELETRODOMÉSTICOELETRICIDADE OBJETOS OBJETO COISAS ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 216 COLHER GARFO FACA PANELA BANDEJA BANDEJA XÍCARACAFÉ PRATO COPO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 217 ASSADEIRA JORNAL ESPELHO FLOR FOTO PORTARETRATO QUADRO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 218 VESTIMENTAS VESTIDO GRAVATABORBOLETA GRAVATA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 219 TERNO TÊNIS SAPATO SALTO CHINELO SAPATO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 220 BÍQUÍNI SUNGA SUTIÃ CALCINHA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 221 CUECA MAIÔ MACACÃO SAIA BERMUDA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 222 ROUPA SOCIAL MEIA CALÇA JEANS CACHECOL BONÉ CHAPÉU Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 223 POLO LUVA JAQUETA CASACO LÃ COTTON ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 224 CAMISA CINTO CAMISETA MANGA COMPRIDA MANGA TRÊS QUARTOS MANGA CURTA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 225 CORES CORES AMARELO AZUL BEGE BRANCO CINZA MARROM ROXO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 226 ALARANJADA PRETO VERDE OU VERDE VERMELHO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 227 ALIMENTOS E BEBIDAS COMIDACOMER LANCHES HOTDOG CACHORRÃO MISTO QUENTE ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 228 XSALADA XFRANGO ALMÔNDEGA AZEITONA ROXA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 229 AZEITONA VERDE OVO CARNE CARNE DE FRANGO CARNE DE PORCO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 230 CARNE DE PEIXE CHURRASCO QUEIJO RALADO MOLHO DE TOMATE Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 231 MACARRÃO PIPOCA SOPA PIZZA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 232 PASTEL VINAGRE ÓLEOAZEITE PRESUNTO QUEIJO PÃO MANTEIGA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 233 BISCOITOSBOLACHAS SALGADO FRITAR ASSAR COZINHAR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 234 DOCES DOCEAÇUCAR PIRULITO PUDIMGELATINA CHICLETE OVO DE PÁSCOA CHOCOLATE Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 235 CHOCOLATE BOMBOM BALA PICOLÉ SORVETE ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 236 BOLO ANIVERSÁRIO BOLO DE ANIVERSARIO MEL CEREAIS FARINHA DE TRIGO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 237 AMENDOIM ERVILHA MILHO SOJA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 238 FEIJÃO ARROZ FEIJOADA LEGUMESVERDURAS PEPINO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 239 PIMENTÃO VERDE PIMENTÃO VERMELHO PIMENTÃO AMARELO PIMENTA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 240 ALHO OU ALHO ABÓBORA BATATADOCE BATATA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 241 CENOURA TOMATE CEBOLA COUVEFLOR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 242 COUVE REPOLHO MANDIOCA ALFACE Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 243 FRUTAS CAQUI PÊRA JABUTICABA CANADEAÇUCAR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 244 MARACUJÁ GOIABA MELÃO MAMÃO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 245 UVA ABACATE LIMÃO CAJU TANGERINA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 246 MORANGO MELANCIA MANGA LARANJA COCO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 247 BANANA ABACAXI PINHÃO BEBER COPO BEBER GARRAFA CACHAÇAPINGA ÁLCOOL ÁGUA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 248 GELO BATIDA VINHO CHAMPANHE UÍSQUE CERVEJA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 249 IOGURTE COCACOLA GUARANÁ LATA GARRAFA REFRIGERANTE ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 250 SUCO LEITE CAFÉ CHÁ Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 251 ANIMAIS DOMÉSTICOS E SILVESTRES AVES INSETOS ANIMAIS MARINHOS E PEIXES BOI VACA BODE PORCO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 252 CARNEIROOVELHA CARACOL RATO BURRO CAVALO COELHO GATO CACHORRO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 253 COBRA JACARÉ CANGURU HIPOPÓTAMO RINOCERONTE CAMELO BÚFALO ANTA MACACO GORILA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 254 GIRAFA ELEFANTE ZEBRA LOBO VEADO URSO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 255 PUMA TIGRE ONÇAPINTADA SAPO TARTARUGA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 256 LEÃO MOSQUITO FORMIGA ARANHA ABELHA BORBOLETA BARATA PÁSSAROS Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 257 AVESTRUZ POMBA PICAPAU BEIJAFLOR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 258 TUCANO PAVÃO PAPAGAIO CORUJA PERU GALINHA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 259 PATO PINGUIM SIRI CARANGUEJO CAMARÃO OSTRA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 260 FOCA GOLFINHO TUBARÃO PEIXE Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 261 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade apresentamos as principais regras morfológicas da Libras isto é mostramos a estrutura interna dos sinais Esperamos que na medida em que nos aprofundamos mais na teoria os aspectos linguísticos da Libras vão se tor nando mais evidentes e qualquer dúvida que você ainda pudesse ter a respeito da Libras ser efetivamente uma língua esteja ficando cada vez mais elucidada Nesta quarta unidade a construção de seu vocabulário foi bastante ampliada Trabalhamos aqui no que se refere ao léxico praticamente apenas com substan tivos Estamos fazendo mais ou menos como quando uma criança adquire sua língua natural primeiro ela aprende palavras isoladas particularmente os subs tantivos para depois aprender as ações verbos e a construir frases Dentre os substantivos as crianças aprendem primeiro a designar os elementos da famí lia os móveis de sua casa os alimentos e os animais Todavia precisa ficar claro para você que neste curso estamos apenas fazendo uma introdução ao ensino da Libras Você está adquirindo conhecimento para uma comunicação funcional em libras que pode auxiliar em seu fazer pedagógico Ninguém se torna fluente em outra língua com apenas algumas horas de estudo São necessários anos Só pra você ter uma ideia do que estamos falando nos Estados Unidos existe uma escola que atende surdos desde a Educação Infantil até pósgraduação em nível de doutorado chamada Gallaudet Lá todos os professores e funcionários são obrigados a conhecer a ASL Língua Americana de Sinais e apesar de já terem noções básicas dessa língua quando iniciam seu trabalho na Gallaudet os servidores ainda têm seis anos para ser tornarem fluentes Se neste prazo eles não conseguirem então são demitidos Veja bem são seis anos Portanto se você pretende conhecer um pouco de Libras pratique o máximo que você puder o que estamos lhe apresentando e procure manter contato com a comunidade surda da sua cidade 262 Apresentamos a seguir uma adaptação de um fragmento do capítulo 4 intitulado Ensi no da língua brasileira de sinais do livro Libras conhecimento além dos sinais METODOLOGIAS DE ENSINO DA LIBRAS Para tratar de metodologias de ensino da Libras parece interessante conhecer antes um pouco sobre as metodologias geralmente usadas no ensino de línguas estrangeiras MartinsCestaro 1999 apresenta uma retrospectiva das metodologias comumente em pregadas no ensino do francês como língua estrangeira Nela fica evidente que até a década de 1980 davase ênfase ao código da língua A aprendizagem da língua estrangeira era vista como uma atividade intelectual em que o aprendiz deveria aprender e memorizar as regras e os exemplos com o propósito de dominar a morfologia e a sintaxe Os alunos recebiam e elaboravam listas exaustivas de vocabulário As atividades propostas consistiam em exercícios de aplicação das regras de gramática Submetiamse os alunos ao ensino gradual de estruturas frasais por meio de exercícios estruturais Os alunos repetiam as estruturas apresentadas na sala de aula buscando à memorização e ao uso O professor controlava e dirigia o comportamento linguístico dos alunos Com base nos princípios da teoria comportamentalista a aquisição de uma língua era considerada um processo mecânico de formação de hábitos Ao aluno não era permitido errar Nos últimos anos observamse tentativas de mudança na concepção de língua no ensi no de línguas estrangeiras O foco no ensino passa a ser o uso da língua o que deu origem ao método comunicati vo cujo objetivo é ensinar o aluno a se comunicar MARTINSCESTARO 1999 Saber se comunicar significa como lembra Martinez 2009 ser capaz de produzir enunciados linguísticos de acordo com a intenção de comunicação pedir permissão por exemplo e conforme a situação de comunicação status escala social do interlocutor etc Os exercícios formais e repetitivos deram lugar na metodologia comunicativa aos exercí cios de comunicação real ou simulada mais interativos As atividades gramaticais estão a serviço da comunicação Nesse sentido a tarefa do professor não é corrigir o aluno buscando à adequação mor fossintática mas inserilo em atividades discursivas nas quais ele seja exposto à língua e não a vocábulos isolados O professor deixa de ocupar o papel principal no processo ensinoaprendizagem de detentor do conhecimento para assumir o papel de orientador facilitador organiza dor das atividades de classe 263 Passando para as metodologias de ensino das línguas de sinais os primeiros cursos para ensino da língua de sinais americana consistiam na apresentação de um vocabulário básico de sinais sendo a orientação relativa aos traços não manuais a de usar muita expressão facial como relatam Wilcox e Wilcox 2005 Com relação ao ensino da Libras a ênfase no vocabulário ainda é bastante comum Os aprendizes são expostos à listas de sinais esses sinais são depois combinados em ora ções propostas pelo professor as quais seguem uma ordem de complexidade crescente das mais simples para as mais complexas O objetivo é que os aprendizes memorizem as estruturas trabalhadas e as usem Como foi referido essa forma de ensino predominou até recentemente também nas aulas de línguas estrangeiras Mais recentemente observamse propostas de ensino da Libras que enfatizam o uso da língua de sinais em diálogos O objetivo é que os aprendizes aprendam a se comunicar Ao usar a Libras os aprendizes terão a oportunidade não só de entender e produzir os sinais mas também de combinálos em estruturas frasais e em pequenos relatos Wilcox e Wilcox lembram que enquanto ambientes naturais aceleram a aquisição de habilidades comunicativas os ambientes formais permitem o aprendizado de regras explícitas que o aluno pode aplicar adequadamente em situações específicas Eles des tacam que a visibilidade é essencial nas aulas de língua de sinais daí a necessidade de atenção para o arranjo das cadeiras As cadeiras em semicírculo possibilitam aos alunos visualizar e interagir com os colegas e todos com o professor Se como sugere o Decreto n 5626 os professores forem Surdos os alunos terão a opor tunidade de ter contato com pessoas Surdas podendo assim familiarizarse com aspec tos culturais das comunidades de Surdos Wilcox e Wilcox referem que as aulas do curso básico da língua de sinais Americana não oferecem espaço adequado para questões que os ouvintes frequentemente têm em relação à comunidade Surda Essas questões segundo Wilcox e Wilcox precisam ser le vantadas e respondidas provavelmente na língua nativa dos alunos Assim os autores sugerem que sejam oferecidas aulas nas quais os alunos estejam livres para fazer per guntas em sua língua oral Nesses cursos os alunos poderão discutir suas dúvidas sobre a surdez e as pessoas Surdas assim como sobre a língua de sinais Cabe ressaltar que um curso básico da Libras deve possibilitar aos alunos não apenas o aprendizado da Libras mas também um panorama que contemple o percurso histórico das línguas de sinais na educação de Surdos aspectos culturais das comunidades Sur das e aspectos linguísticos da Libras Outros aspectos poderiam ser incluídos depen dendo da carga horária destinada à disciplina Fonte Pereira et al 2011 264 1 Na sua casa com a ajuda de um espelho treine a expressão facial e corporal isso ajuda muito em Libras 2 Estude cada conjunto de palavras apresentado Família Lar Alimentos e Animais Reproduza cada sinal ou frase sempre em frente a um espelho Lembrese o sinal deve ser feito virado para o seu interlocutor e não para você Assim olhando no espelho você deve enxergar o sinal ou a frase tal como se apresenta no texto 3 Ensine os sinais para os membros de uma família e para seus familiares 4 Ensine as cores para pelo menos duas pessoas da sua família amigos ou colegas de trabalho 5 Em sua opinião qual conjunto de sinais aprendidos nesta seção que são mais icônicos Por quê 6 Descreva usando sinais algumas receitas de alimentos por exemplo para um bolo para uma feijoada etc 7 Escreva com suas próprias palavras o que você entendeu acerca dos classificado res 8 Reproduza para alguns amigos os sinais de cinco animais e de cinco frutas que você mais gosta 9 Tente criar alguns classificadores Imagine a situação como realmente acontece ria e faça sinais icônicos Mostre para alguém e veja se a pessoa consegue entender o que você está tentando comunicar Compare suas criações com os classificadores adequados GATO MORDEU X CACHORRO MORDEU COMI COXA DE FRANGO X COMI MACARRÃO MATEI REVÓLVER X MATEI FACA OPEREI OLHO X OPEREI JOELHO BEIJO NA MÃO X BEIJO NA BOCHECHA O LEÃO CORRE X ELEFANTE CORRE CARRO BATEU NO POSTE OSSO OMBRO FRATUROU EU VI O AVIÃO Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Libras conhecimento além dos sinais Maria Cristina da Cunha Pereira Daniel Choi Maria Inês Vieira Priscilla Gaspar Ricardo Nakasato Editora Pearson Sinopse o livro apresenta a Libras em seus aspectos gerais e linguísticos mas seguindo a concepção socioantropológica da surdez aborda de maneira clara porém sucinta a história da educação dos surdos sua cultura e sua comunidade destacando a importância da língua de sinais para a constituição das identidades surdas Repleto de ilustrações e com texto claro e dinâmico é especialmente indicado para alunos ouvintes que estão em busca de um conhecimento geral do mundo surdo e da Libras Você pode obter gratuitamente a Série Atualidades Pedagógicas Educação Especial Deficiência Auditiva publicada pelo MEC e composta de cinco volumes um dos quais destinado especificamente à aprendizagem da Libras disponível em wwwinesgovbrineslivroslivro html Acesso em 20 jun 2016 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS FERREIRABRITO L Por uma gramática de Línguas de Sinais Rio de Janeiro Tem po Brasileiro 1995 GESSER A Libras Que língua é essa crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 20092009 p 9 MARTINEZ P Didática de línguas estrangeiras São Paulo Parábola 2009 MARTINSCESTARO S O ensino da língua estrangeira história e metodologia Vide tuR USP v6 p 45561999 PEREIRA M C C CHOI D VIEIRA M I GASPAR P NAKASATO R Libras conheci mento além dos sinais São Paulo Pearsons Prentice Hall 2011 QUADROS R M de KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísti cos Porto Alegre Artmed 2004 WILCOXS WILCOX PP Aprendendo a ver o ensino da ASL como segunda língua Rio de Janeiro Arara Azul 2005 Referências online 1 Em httpwwwapsurdosorgpt Acesso em 20 jun 2016 266 REFERÊNCIAS 267 GABARITO As atividades de autoestudo propostas nessa unidade são práticas ou pessoais ra zão pela qual não apresentamos gabarito pronto Todavia não deixe de fazêlas pois ajudarão a compreender melhor a Libras UNIDADE V Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Objetivos de Aprendizagem Compreender a Libras em seus aspectos sintáticos Estudar o comportamento dos verbos Instrumentalizar os licenciandos para o estabelecimento de uma comunicação funcional com pessoas surdas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O espaço gramatical Verbos em Libras Léxico de Categorias Semânticas III INTRODUÇÃO Até o momento você já foi apresentado ao mundo do surdo na Unidade I conhe ceu na Unidade III a legislação e as políticas públicas brasileiras que orientam a educação dos surdos e começou a estudar Libras a partir da Unidade III que aborda os aspectos gerais e fonológicos desta língua enquanto que a Unidade IV tratou dos aspectos morfológicos Esta Unidade V a última de nosso livro apresenta os aspectos sintáticos da Libras ou seja vamos estudar sua estrutura gramatical Na Unidade III você viu que a língua de sinais não é universal e ainda mais que a Libras não é a tradução da Língua Portuguesa em sinais repetindo a estru tura gramatical Isto seria como já foi anteriormente explicitado Português Sinalizado De acordo com Góes e Campos 2013 p 65 o Português Sinalizado foi difundido na década de 1970 pela Comunicação Total também conhecida por bimodalismo com o objetivo de utilizar os sinais como ferramentas para o aprendizado da língua majoritária e recurso para o desenvolvimento da leitura e da escrita Desta forma não se considerava a estrutura gramatical própria da Libras que repetimos não é uma adaptação da gramática da Língua Portuguesa A língua de sinais brasileira é organizada espacialmente de uma forma bem complexa e apresenta possibilidades de estabelecimento de estruturas gramati cais no espaço de diferentes formas É importante lembrar que a Libras não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa porque sua sintaxe é diferenciada independente da língua oral A ordem dos sinais na construção de um enunciado obedece regras pró prias que refletem a forma de o surdo processar suas ideias com base em sua percepção visualespacial da realidade ou seja a sintaxe da Libras é espacial Nesta quinta unidade você vai conhecer de maneira geral a sintaxe espa cial da Libras Também vai estudar sobre o comportamento dos verbos além de continuar construindo seu vocabulário Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 271 ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 272 O ESPAÇO GRAMATICAL O uso do espaço e a simultaneidade usar mais de um fonema ou morfema ao mesmo tempo são muito importantes para a Libras pois tornam o discurso compreensível Falamos em espaço gramatical ou sintaxe espacial porque as relações gra maticais são especificadas pela manipulação dos sinais no espaço As relações ocorrem dentro de um espaço definido na frente do corpo em uma área limi tada pelo topo da cabeça e que se estende até os quadris sendo que o final de uma sentença na Libras é indicado por uma pausa A Libras utiliza mecanismos espaciais que fazem com que a informação gra matical se apresente simultaneamente com o sinal Esses mecanismos envolvem dois aspectos a incorporação que você estudou na Unidade IV e é conside rada um mecanismo produtivo na Libras e usada por exemplo para expressar localização número pessoa e o uso de sinais nãomanuais como movimen tos do corpo e expressões faciais As expressões faciais e corporais e outros mecanismos espaciais usados junto com os sinais são fundamentais nas línguas de sinais pois determinam relações sintáticas e semânticaspragmáticas Há várias maneiras de estabelecer os pontos no espaço a mais comum é a apontação explícita envolvendo referentes presentes apontação feita à frente do sinalizado direcionada para a posição real do referente e nãopresentes apon tamse pontos arbitrários no espaço Todos os referentes estabelecidos no espaço ficam à disposição do discurso para serem referidos novamente Além da apontação a direção do olhar e a posição do corpo também servem para estabelecer referentes por exemplo no sinal de entregar para alguém o olhar acompanha o movimento da mão ativa Qualquer referência usada em uma conversa ou discurso precisa de uma localização no espaço de sinalização que é o espaço na frente do sinalizador Este local pode ser de acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 127128 indi cado por vários mecanismos espaciais a Fazer o sinal em um local particular se a forma do sinal permitir por exemplo o sinal casa pode acompanhar o local que o sinalizador quer indicar O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 273 b Direcionar a cabeça e os olhos e talvez o corpo em direção a uma localização particular simultaneamente com o sinal de um substantivo com a apontação para o substantivo c Usar a apontação ostensiva antes do sinal de um referente específico por exemplo apontar para o ponto A associando esta apontação com o sinal CASA assim o ponto A passa a referir CASA d Usar um pronome demonstrativo a apontação ostensiva numa loca lização particular quando a referência for óbvia por exemplo mostrar a casa e sinalizar apenas NOVA AQUI ALI LÁ ESTE e Usar um classificador que representa aquele referente em uma locali zação particular como por exemplo na frase os carros se cruzaram f Usar um verbo direcional com concordância incorporando os referentes previamente introduzidos no espaço Veremos esse tema em detalhes um pouco mais adiante porém de maneira geral segundo Quadros e Karnopp 2004 p 130 esses verbos concordam com o sujeito eou com o objeto indireto direto da frase Além disso há uma relação entre os pontos estabelecidos ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 274 no espaço e os argumentos que estão incorporados ao verbo Como exemplo citamos o verbo dar DAR EU D VOCÊ DAR VOCÊ D PARA MIM No que se refere ao uso do sistema pronominal os sinalizadores estabelecem os referentes associados a localização no espaço sendo que tais referentes podem estar fisicamente presentes ou não Depois de serem introduzidos no espaço os pontos específicos podem ser referidos posteriormente no discurso Quando os referentes estão presentes os pontos no espaço são estabelecidos baseados na posição real ocupada pelo referente Por exemplo o sinalizador aponta para si indicando a primeira pessoa aponta para o interlocutor indicando a segunda pessoa e para os outros indicando a terceira pessoa Quando os referentes estão ausentes da situação de enunciação são estabeleci dos pontos abstratos no espaço QUADROS KARNOPP 2004 p 130 O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 275 Como a informação linguística é recebida pelos olhos os sinais são construídos de acordo com as possibilidades perceptuais do sistema visual humano Logo as relações espaciais nas línguas de sinais são muito complexas Usuários de sinais da comunidade surda são ótimos contadores de his tória A expressividade da face e dos movimentos corporais aliada às configurações de mão cria a dinâmica do relato que o ouvinte produz com a cadência da voz Quem domina a Libras é capaz de materializar a imagem do pensamento diante dos olhos do seu interlocutor Dife rentemente do ouvinte que usa a modulação da voz e a gramática as modalidades para produzir sentidos em sinais são visuais espaciais e rítmicas REILY 2004 p 132 Com relação à sintaxe o uso do espaço tem papel importante pois dentro do espaço sinalizado a área em que os sinais são feitos os sinais podem ser movi dos de uma localização para outra indicando diferenças no sujeito e no objeto Isto significa que é possível estabelecer localizações no espaço para dois personagens Por exemplo mover a mão relacionada a um destes personagens para o outro indicando algo ou seja uma relação de receptor e transmissor da mensagem ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 276 A ideia de representar graficamente as línguas de sinais teve origem num sistema para escrever passos de dança criado pela coreógrafa americana Valerie Sutton que acabou despertando em 1974 o interesse de pesqui sadores da Língua de Sinais dinamarquesa que estavam procurando uma forma de escrever os sinais Embora não tenha sido o primeiro sistema de escrita para línguas gestuais o SignWriting foi o primeiro que conseguiu representar adequadamente as expressões faciais e as nuances de postu ra do sinalizador O SignWriting pode registrar qualquer língua de sinais do mundo sem passar pela tradução da língua falada Cada língua de sinais vai adaptálo a sua própria ortografia Além disso o SignWriting possui um alfa beto que pode ser comparado com o alfabeto usado para escrever qualquer língua verbal que seja expressa no alfabeto romano Existe um aplicativo denominado EditSW gratuito para esta escrita Exemplo Fonte Nogueira Carneiro e Nogueira 2012 O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 277 SISTEMA PRONOMINAL Alguns aspectos do sistema pronominal da Libras como os pronomes pessoais por exemplo foram apresentados anteriormente quando estudamos a morfo logia desta língua particularmente no que se refere à incorporação de número Entretanto optamos por reapresentálos neste momento como forma de dar unidade ao estudo dos pronomes a Pronomes pessoais a Libras possui um sistema pronominal para repre sentar as seguintes pessoas do discurso VOCÊ EU ELEELA NÓS TODOS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 278 VOCÊS ELESELAS No singular o sinal para todas as pessoas é o mesmo o que difere é a orientação da mão No plural o formato do numeral dois três qua tro até nove apontando para pessoas ou lugares a quem se fez refe rência é interpretado como nós vocês ou eles dois três quatro até nove PEREIRA et al 2011 p 80 Primeira pessoa Singular EU apontar para o peito do enunciador a pessoa que fala Dual NÓS 2 O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 279 Trial NÓS 3 Quatrial NÓS 4 Plural NÓS GRUPO NÓS TODS Segunda pessoa A lógica aqui é a mesma do caso da primeira pessoa para o dual trial etc Singular VOCÊ apontar para o interlocutor a pessoa com quem se fala Dual VOCÊS 2 Trial VOCÊS 3 Quatrial VOCÊS 4 Plural VOCÊS GRUPO VOCÊS TODS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 280 Terceira pessoa Mesma forma das anteriores Singular EL apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencional Dual ELS 2 Trial ELS 3 Quatrial ELS 4 Plural ELS GRUPO ELS TODS Quando se quer falar de uma terceira pessoa presente mas desejase ser discreto por educação não se aponta para essa pessoa diretamente ou se faz um sinal com os olhos e um leve movimento de cabeça em direção à pessoa mencionada ou apontase para a palma da mão voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida a Pronomes demonstrativos na Libras os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar tem o mesmo sinal sendo diferenciados no contexto Configuração de mão G ESTAQUI olhar para o lugar apontado perto da 1ª pessoa O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 281 ESSAÍ olhar para o lugar apontado perto da 2ª pessoa AQUELLÁ olhar para o lugar distante apontado Tipos de referentes Referentes presentes Ex EU VOCÊ EL etc Referentes ausentes com localizações reais Ex MARINGÁ PREFEITURA EUROPA etc Referentes ausentes sem localização b Pronomes possessivos também não possuem marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não à coisa possuída como acon tece em Português Exemplos EU ME batendo no peito do emissor ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 282 VOCÊ TE movimento em direção à pessoa referida ELE ELA SE movimento em direção à pessoa referida Observação para os possessivos no dual trial quadrial e plural grupo são usa dos os pronomes pessoais correspondentes NOSSONOSSA SEUSSUAS DELESDELAS O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 283 c Pronomes indefinidos NINGUÉMNADA 1 mãos abertas esfregandose uma na outra é usado para pessoas e coisas ALGUM ALGUÉM QUALQUER Pronomes interrogativos os pronomes interrogativos QUE QUEM ONDE etc se caracterizam essencialmente pela expressão facial interrogativa feita simul taneamente ao pronome ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 284 O QUÊ QUAL POR QUÊ COMO O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 285 QUE QUEM Usados no início da frase QUEM QUAL PESSOA DE QUEM Usados no final da frase QUANDO a pergunta com quando está relacionada a um advérbio de tempo hoje amanhã ontem ou a um dia de semana específico Exemplos EL VIAJAR RIO QUANDOPASSADO interrogação EL VIAJAR RIO QUANDOFUTURO interrogação EU CONVIDAR VOCÊ VIR MINH ESCOLA VOCÊ PODER DIA interrogação QUANDO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 286 QUEHORAS QUANTASHORAS Para se referir às horas aponta se para o pulso e relacionase o numeral para a quantidade desejada Exemplos CURSO COMEÇAR QUEHORAS AQUI interrogação Resposta CURSO COMEÇAR HORAS DUAS Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade sinalizase um círculo ao redor do rosto seguido da expressão facial adequada Ex VIAJAR RIODEJANEIRO QUANTASHORAS interrogação POR QUE PORQUE Como não há diferença entre ambos o contexto é que sugere por meio das expressões faciais e corporais quando estão sendo usados em frases interroga tivas ou explicativas ONDE EM QUE LUGAR ONDE O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 287 MAS OU TALVEZ SE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 288 ORDEM DOS SINAIS EM UMA FRASE Quadros e Karnopp 2004 p1 333 estabelecem que a ordem das palavras é um conceito básico relacionado com a estrutura da frase de uma língua O fato de que as línguas podem variar suas ordenações das palavras apresenta um papel significante nas análises linguísticas e acrescentam que existem seis combinações possíveis de sujeito S objeto O e verbo V sendo que algumas são mais frequentes do que outras Veja os exemplos 1 Os alunos usam uniformes SVO 2 Os alunos uniformes usam SOV 3 Uniformes os alunos usam OSV 4 Uniformes usam os alunos OVS 5 Usam uniformes os alunos VOS 6 Usam os alunos uniformes VSO Todas essas construções estão corretas entretanto a ordem SVO da frase 1 é a mais comum seguida da ordem SOB 2 e VSO 6 embora esta última esteja presente mais na forma culta da língua De acordo ainda com Quadros e Karnopp 2004 p 135 a Libras apre senta certa flexibilidade na ordem das palavras não sendo portanto trivial o estabelecimento de uma ordem básica para as frases Com relação à ordem da frase na Língua Brasileira de Sinais de acordo com Quadros e Karnopp 2004 a construção SVO sujeito verbo objeto é a mais comum embora sejam encontradas também construções do tipo SOV e OSV Entretanto nossa experiência pessoal nos permite afirmar que entre os sujeitos surdos não letrados a ordem OSV em frases como CARRO VOCÊ TER é muito utilizada O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 289 Outra observação importante em relação à ordem das frases é que os advér bios temporais e de frequência não podem interromper uma relação entre o verbo e o objeto Os advérbios temporais podem estar antes ou depois da ora ção por exemplo João comprar carro amanhã ou Amanhã João comprar carro Os advérbios de frequência podem estar antes ou depois do complemento por exemplo Eu bebo leite algumas vezes ou Eu algumas vezes bebo leite TIPOS DE FRASES As frases em Libras a exemplo da Língua Portuguesa podem ser afirmativas exclamativas interrogativas e negativas Como não existe entonação ou modu lação em Libras que é o que especifica as diferenças entre frases afirmativas exclamativas imperativas e interrogativas na Língua Portuguesa a modulação do som são as expressões faciais e corporais que estabelecem os diferentes tipos de frases em Libras Assim as expressões faciais são essenciais para determinar o tipo de frase isto é se a frase é afirmativa a expressão facial é neutra Para frases exclamati vas as sobrancelhas devem ficar levantadas e acompanha um ligeiro movimento da cabeça inclinandoa para cima e para baixo AFIRMATIVA expressão facial é Neutra ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 290 EXCLAMATIVA sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça inclinandose para cima e para baixo INTERROGATIVA sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça inclinandose para cima eou Frase interrogativa a cabeça que se movimenta para cima As estruturas inter rogativas são constituídas a partir das seguintes propriedades Os elementos interrogativos o que quem como onde etc podem ser movidos para o final da sentença ou serem mantidos na posição original Exemplo João gosta de quem ou Quem gosta de Maria O que com a boca como U com a cabeça movimenta cima também O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 291 NEGATIVA ela pode ocorrer por meio de duas maneiras alterando o parâme tro movimento por exemplo ter e não ter e incorporando a expressão facial ao sinal sem alterar nenhum parâmetro mas em qualquer tipo de negativa a expressão facial é importante como sobrancelhas levemente franzidas Negação sem alterar nenhum parâmetro com o rosto balançando ou o dedo significando não por exemplo conhecer e não conhecer pensar e não pen sar casar e não casar eou Alterando parâmetros o sinal já tem a negação como por exemplo ter e não ter gostar e não gostar querer e não querer Não precisamos falar NÃO VER por que o sinal é diferente Observe VER ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 292 VER NÃO VER QUER NÃO QUER SABER NÃO SABER O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 293 PODE NÃO PODE TER NÃO TER IMPERATIVA a ordem é dada pelo sinal convencional acompanhado de expressão séria ou zangada Saia Cala a boca Vá embora As expressões faciais são essenciais também para pronomes pessoais demons trativos e advérbios de lugar mas são mais importantes ainda para os pronomes interrogativos que se caracterizam essencialmente pela expressão facial inter rogativa feita simultaneamente ao pronome Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade por exemplo sinalizase um círculo ao redor do rosto seguido da expressão facial adequada Ex VIAJAR RIODEJANEIRO QUANTASHORAS interrogação ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 294 No caso dos pronomes POR QUEPORQUE como não há diferença entre ambos o contexto é que sugere por meio das expressões faciais e corporais quando estão sendo usados em frases interrogativas ou explicativas As expressões faciais e corporais são também responsáveis pela modulação de intensidade e advérbios de modo muitas vezes acompanhadas da repetição exagerada do sinal O advérbio muito pode ser expresso por meio das expressões faciais inflar as bochechas e corporal pelo sinal de muito ou por uma modi ficação no movimento do sinal Enfim esses são alguns exemplos das modulações de sinais pelas expres sões faciais na Libras A partir da análise desses parâmetros podemos perceber que as lín guas orais e as línguas de sinais são similares em seu nível estrutural os seja são formadas a partir de unidades simples que combinadas formam unidades mais complexas Diferem quanto à forma como as combinações das unidades são construídas Enquanto as línguas de sinais de uma maneira geral mas não exclusiva incorporam as uni dades simultaneamente as línguas orais tendem a organizálas sequen cialmentelinearmente GESSER 2009 p 19 Os sinais são classificados em categorias gramaticais entre outras como substan tivos advérbios adjetivos verbos pronomes com as três últimas apresentando particularidades em relação ao uso do espaço de sinalização Os adjetivos não recebem marcação de gênero nem de número mas podem variar em intensidade com a utilização de componentes não manuais como no exemplo a seguir para rico muito rico milionário em que o sinal é o mesmo e o que muda são as expressões faciais RICO RIQUÍSSIMO MILIONÁRIO Verbos em Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 295 Os adjetivos são em sua maioria descritivos e por expressarem características do objeto em geral reproduzem a qualidade descrita desenhandoa no ar ou mostrandoa no objeto ou no corpo do emissor Assim para dizer que alguém está vestindo uma camisa listrada o emissor desenhará listras no próprio corpo PEREIRA et al p 78 Acesse e veja o material que preparamos especialmen te para você VERBOS EM LIBRAS Os verbos na Libras dividemse praticamente em três classes verbos simples verbos com concordância ou direcionais e verbos espaciais Os verbos simples utilizam apenas o espaço para a elaboração do sinal ou seja o ponto de articulação e movimento Os verbos simples não se flexionam em pessoa e número e não aceitam afi xos locativos por exemplo os verbos conhecer amar aprender CONHECER AMAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 296 Os verbos com concordância flexionamse em pessoa número e aspecto mas não incorporam afixos locativos por exemplo os verbos responder perguntar e dar DAR EU D VOCÊ DAR VOCÊ D PARA MIM RESPONDER EU RESPOND Verbos em Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 297 RESPONDER VOCÊ RESPOND PARA MIM Os verbos espaciais são os que têm afixos locativos por exemplo colocar ir e che gar e utilizam o espaço para isso Isso significa que ao sinal do verbo é acrescentado por exemplo o que foi colocado ou para onde se vai Exemplos viajar ir e chegar IR Quadros e Karnopp 2004 p 205 acrescentam ainda os verbos manuais como aqueles que envolvem uma configuração de mão em que se representa estar segurando um objeto na mão Esses verbos sempre finalizam a frase Primeiro situase sobre o que se está falando e em seguida definese que tipo de verbo manual será usado como nas construções tópicocomentário Exemplo eu pintei no caderno com o lápis ficaria assim em Libras Caderno pintar lápis Pintar com lápis é um verbo manual Flexão de número é realizada normalmente pela repetição do movimento exemplo João entregar livro para alguém para duas pessoas para três para todos A flexão de aspecto está relacionada com as formas movimento e veloci dade por exemplo cuidar incessantemente cuidar de forma ininterrupta cuidar ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 298 de maneira habitual Têmse várias dimensões descritas sobre a forma direção eu entregar você uso do espaço velocidadediariamente A Libras usa também modulações de olhar e expressões faciaiscorporais para transmitir a intensidade do verbo apresentado e sua significação no contexto O verbo olhar por exem plo pode ser representado rapidamente para dizer que a pessoa apenas avistou ou longamente significando que a pessoa olhou com atenção A marcação dos tempos verbais em Libras se resume a presente passado e futuro podendo ser enfatizados caso seja presente os sinais de agora ou já e em seguida o sinal do verbo que se deseja enunciar caso seja passado utiliza se os sinais de ontem ou muito tempo atrás seguido do sinal do verbo e caso seja futuro sinalizase amanhã ou um futuro mais distante seguido do sinal do verbo A ordem pode ser invertida em qualquer dos casos sinalizandose pri meiro o verbo e depois o advérbio de tempo FUTURO AMANHÃ PRESENTE Verbos em Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 299 HOJEAGORA FAZ TEMPO ONTEM JÁ PASSADO Existe também em Libras o gerúndio que é sempre um sinal composto do sinal do verbo acrescido do sinal para presente ou vivo para indicar que a ação está acontecendo naquele momento Também temos as modulações de grau e de intensidade por meio das expressões faciais que podem ser consideradas gramaticais Essas marcações são chamadas de marcações nãomanuais A sinalização é sempre acompanhada pela posição da cabeça por movimentos da cabeça pela postura do corpo e principalmente pela expressão facial ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 300 Muitos sinais apresentam como traço diferenciador a expressão facial e a cor poral em sua configuração como por exemplo os sinais de ALEGRE e de TRISTE Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO e ATO SEXUAL A expressão facial e corporal pode indicar alegria tristeza raiva amor encan tamento entre outros sentimentos dando mais sentido à Libras e até mesmo determinando o significado de um sinal Por exemplo o dedo indicador em G sobre a boca com a expressão facial calma e serena significa silêncio O mesmo sinal usado com o movimento mais rápido e com a expressão zangada significa uma ordem severa Cale a boca Outro exemplo a mão aberta com o movi mento lento e a expressão serena significa calma o mesmo sinal com movimento brusco e com expressão séria significa para LÉXICO DE CATEGORIAS SEMÂNTICAS III 1 Corpo Humano Higiene Corporal Saúde Deficiências Emoções e Religiões A maioria dos sinais referentes ao corpo humano são icônicos e classificadores portanto são de fácil compreensão CORPO HUMANO VEIA ARTÉRIA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 301 SANGUE CÉREBRO OSSO FÍGADO BEXIGA PULMÃO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 302 CORAÇÃO RIM INTESTINO DELGADO ÂNUS ESTÔMAGO ESÔFAGO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 303 LARINGE EREÇÃO PÊNIS ESPERMATOZÓIDE PELOS TESTÍCULOS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 304 GRÁVIDA ÚTERO OVÁRIOS VAGINA SEIO TROMPAS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 305 MEMBROS SUPERIORES OMBRO BRAÇO COTOVELO MÃO PULSO DORSO UNHA DEDO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 306 MEMBROS INFERIORES PÉ PERNA QUADRIL COXA NÁDEGAS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 307 PESCOÇO CABEÇA QUEIXO BOCHECHA ORELHA LÍNGUA DENTE NARIZ BOCA SOBRANCELHA CABELO OLHO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 308 HIGIENE HIGIENE ESCOVA DE DENTES PASTA ESCOVA DE CABELO TOALHA DESODORANTE SABONETE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 309 SHAMPOO PERFUME OU PERFUME BELEZA RÍMEL BATOM PÓ DE ARROZ ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 310 SAÚDE SAÚDE DOENTE DOENÇA VACINA REMÉDIO DOR DEPRESSÃO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 311 RAIOX ENJOO FRATURA DOR DE BARRIGA POMADA DOR DE CABEÇA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 312 CÂNCER AIDS CÓLICA VÔMITO TOSSE GRIPE FEBRE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 313 DEFICIÊNCIAPESSOA COM DEFICIÊNCIA DEFICIENTE CEGUEIRACEG CEG DOWN MENTAL CADEIRA DE RODAS AUTISTA APAE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 314 SURDEZSURD SENTIMENTOS E EMOÇÕES EMOÇÃO SENTIRSENTIMENTO MATURIDADEMADUR TEIMOSIATEIMOS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 315 SORTESORTUD COITAD SORRIDENTE REBELDIA REBELDE QUIET PREGUIÇAPREGUIÇOS SONOLENT FAMINTO FOME ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 316 SEDENTSEDE MULHERENGO CARINHOCARINHOS LIMPEZALIMP INOCÊNCIAINOCENTE LIBERDADEINDEPENDENTELIVRE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 317 HUMILDADEHUMILDE JUSTOHONESTIDADEHONEST FOFOCA EDUCAD FOFOCA FOFOQUEIR CHAT METIDESNOBE CONFUSÃOCONFUS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 318 EGOÍSTA CHORAR ENGRAÇADPIADA BOB CRIANÇA CORAGEM VERDADE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 319 CALMAACALMAR BARULHO BRUTO CALM IDIOTA VINGANÇAVINGATIV FINGIR FINGIMENTOFINGID RESPONSABILIDADE RESPONSÁVEL ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 320 FALS TRAIÇÃO PIOR SURPRESASURPRES MELHOR SUSTOASSUSTAD CONFIANÇACONFIAR SÓ SOZINH APENAS SOLIDÃO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 321 DESPREZAR DEIXA PRA LÁ DESPREZAD PAZ PROBLEMA PREOCUPAÇÃOPREO CUPAD ANSIEDADE PACIÊNCIA ARREPENDIMENTO MEDO GUERRA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 322 CURIOSIDADE INTERESSANTE CONFIAR ACREDITAR CULPA TIMID TIMIDVERGONHA BRAV RAIVA ZANGADBRAV CIÚMES Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 323 DÓPENA INVEJA MÁGOA TRISTETRISTEZA NERVOS ORGULHOS VAIDOS GRATIDÃO MIMAD ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 324 AMADO FELIZ DESEJO VONTADE PRAZER ORGULHO ALEGRE EXCITANTE IRA MUITA RAIVA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 325 RELIGIÃO RELIGIÃO DEUS ORAR ORAÇÃO REZAR PROFETA FÉ RESSURREIÇÃO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 326 PECADO DIABO ALTAR ALMA JESUS BÍBLIA PALAVRA DE DEUS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 327 JUDEUS HEBREUS BATISTA LUTERANA MACUMBA ADVENTISTA TESTEMUNHA DE JEOVÁ PROTESTANTECRENTE PASTOR BATISMO CRENTE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 328 ATEU BISPO FREIRA ESPIRITO SANTO CATÓLIC ÍDOLOS ANJO SANT Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 329 BUDA PAPA PADRE MARIA BATISMO CATÓLICA COMUNGAR CRUZ ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 330 IGREJA ADJETIVOS E ADVÉRBIOS USADOS NO COTIDIANO VAZI CHEI SATISFEIT Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 331 APERTAD PEQUEN GRANDE PRES DEIXAR OU LIBERDADE QUENTE GELAD FRI POBRE RIC ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 332 VELH NOV NOV JOVEM ADOLESCENTE POUCO MUITO PERTINHO PERTÍSSIMO PERTO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 333 MUITO LONGE LONGE DEMAIS LONGE SEC MOLHAD SUJO LIMPO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 334 PESAD LEVE PRIMEIR ULTIM DIFERENTE IGUAL OU IGUAL SORTE AZAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 335 MAGR GORD FRAC FORTE OU FORTE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 336 MOLE DUR DEPRESSA RAPID DEVAGAR FÁCIL FÁCIL DIFÍCIL INTELIGENTE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 337 COMPRID CURT CLAR ESCUR ERRAD CERT ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 338 BARAT CAR BOM BOA FEI BONIT INIMIG Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 339 MACI ÁSPER BAIX ALT OU ALT EDUCAÇÃO ESCOLA NÍVEIS DE ENSINO ESPAÇO FÍSICO DISCIPLINAS MATERIAL ECOLAR ESCOLA ALUN ESTUDAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 340 FACULDADE UNIVERSIDADE DOUTORADO MESTRADO PÓSGRADUAÇÃO 1º GRAU 2º GRAU 3º GRAU OU 1º GRAU 2º GRAU 3º GRAU Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 341 ANOSÉRIE 1ºANO 2º ANO 3º ANO 4ºANO 5º ANO 6º ANO 7ºANO 8º ANO 9º ANO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 342 APROVAÇÃO REPROVAÇÃO REUNIÃO CERTIFICADO FORMATURA CURSO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 343 NOTA VESTIBULAR REDAÇÃO PROVA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 344 ESPAÇO FÍSICO COMPUTAÇÃO LABORATÓRIO SALA DE AULA BIBLIOTECA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 345 DISCIPLINAS DISCIPLINA ESTUDOS RELIGIOSOS FILOSOFIA ESPANHOL ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 346 INGLÊS FRANCÊS QUÍMICA EDUCAÇÃO ARTÍSTICA EDUCAÇÃO FÍSICA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 347 HISTÓRIA OU HISTÓRIA SOCIOLOGIA GEOGRAFIA OU GEOGRAFIA BIOLOGIA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 348 CIÊNCIAS PORTUGUÊS MATEMÁTICA MULTIPLICAÇÃO DIVISÃO SUBTRAÇÃO ADIÇÃO DESCONTO SOMA CALCULAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 349 MATERIAL ESCOLAR UNIFORME MOCHILA APONTADOR TESOURA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 350 COLA LÁPIS LÁPIS DE COR RÉGUA LIVRO REVISTA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 351 CADERNO CANETA BORRACHA Acesse e veja o material que preparamos especial mente para você ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 352 ATIVIDADES HUMANAS ESPORTE E PROFISSÕES ESPORTE CAMPO SALÃO CAMPO FUTEBOL CAMPEONATOS CORRER NATAÇÃO BASQUETE VÔLEI Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 353 PROFISSÕES FARMACÊUTIC ENFERMEIR BANCÁRI ENGENHEIR JORNALIST FOTÓGRAF ATORATRIZ MONITOR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 354 INSTRUTOR DE LIBRAS DENTISTA INFORMÁTICA AEROMOÇA MOTORISTA JUIZ ADVOGAD Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 355 CANTORCANTORA CHEFE CONTABILIDADE ADMINISTRAÇÃO MÉDIC INTÉRPRETE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 356 ENCANADOR MECÂNIC EMPREGAD DOMÉSTIC Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 357 PINTOR DE PAREDES COMPRADOR VENDEDOR AÇOUGUEIR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 358 CARTEIR PADEIRO GARÇOMGARÇONETE PEDREIR FAXINEIR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 359 SECRETÁRI BOMBEIRO POLICIAL DIRETORIA FONOAUDIÓLOG ASSISTENTE SOCIAL PSICOLOGIA PROFESSOR TRABALHO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 360 MEIOS DE TRANSPORTES ATIVIDADES E LOCAIS PÚBLICOS MEIOS DE TRANSPORTES FOGUETE TRATOR ÔNIBUS ARTICULADO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 361 CARROÇA ÔNIBUS TÁXI METRÔ HELICÓPTERO TREM ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 362 BARCO NAVIO CAMINHÃO BICICLETA AVIÃO MOTO CARRO CINEMA TEATRO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 363 PRÉDIO OU PRÉDIO ACADEMIA ASSOCIAÇÃO FENEIS DEE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL SEED SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 364 BAR ZOOLÓGICO PARQUE DE EXPOSIÇÃO CEMITÉRIO SHOPPING LOJA EMPRESA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 365 FÁBRICA CIRCO FEIRA GOVERNO PREFEITURA AEROPORTO PADARIA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 366 SORVETERIA LANCHONETE BANCO RESTAURANTE BIBLIOTECA RODOVIÁRIA CORREIO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 367 HOSPITAL ENFERMARIA FÓRUM AÇOUGUE IGREJA FARMÁCIA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 368 SUPERMERCADO HOTEL CADEIA BANCOS E ECONOMIA ITAÚ SANTANDER Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 369 SICREDI BANCO REAL BRADESCO BANCO DO BRASIL CAIXA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 370 LUCRO PORCENTAGEM JUROS BANCO COMPRAR PAGAR ALUGAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 371 PARCELAR PARCELA SALÁRIO APOSENTADO APOSENTAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 372 RECEBER CÉDULAS CARTÃO MAGNÉTICO CHEQUE CENTAVOS REAL DÓLAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 373 DINHEIRO ECONOMIA LOCALIZAÇÃO PONTOS CARDEAIS ESTADOS BRASILEIROS E SUAS CAPITAIS PONTOS CARDEAIS OESTE LESTE NORTE SUL ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 374 ESTADOS BRASILEIROS E CAPITAIS BRASIL BRASÍLIA ESTADO CAPITAL CIDADE REGIÃO NORTE RORAIMA RONDONIA MANAUS AMAZONAS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 375 ACRE AMAPÁ PARÁ REGIÃO NORDESTE PIAUÍ PARAÍBA MARANHÃO RIO GRANDE DO NORTE SERGIPE ARACAJU FORTALEZA CEARÁ ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 376 ALAGOAS PERNAMBUCO RECIFE SALVADORBAHIA REGIÃO SUL FLORIANOPÓLIS SC PORTO ALEGRE RIO GRANDE DO SUL Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 377 CURITIBA PARANÁ REGIÃO SUDESTE RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 378 SÃO PAULO SÃO PAULO MINAS GERAIS BELO HORIZONTE ESPIRITO SANTO VITÓRIA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 379 REGIÃO CENTROOESTE MATO GROSSO DO SUL MATO GROSSO GOIÂNIA GOIÁS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 380 MUNDO CONTINENTES PAÍSES E CAPITAIS CONTINENTES ÁSIA EUROPA AMÉRICA AMÉRICA CENTRAL AMÉRICA DO SUL AMÉRICA DO NORTE AUSTRÁLIAOCEANIA ÁFRICA PAÍSNAÇÃO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 381 ALGUNS PAÍSES SULAMERICANOS VENEZUELA URUGUAI PERU PARAGUAI COLÔMBIA CHILE BOLÍVIA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 382 ARGENTINA AMÉRICA DO NORTE MÉXICO ESTADOS UNIDOS CANADÁ Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 383 ALGUNS PAÍSES EUROPEUS SUIÇA ITÁLIA PORTUGAL SUÉCIA INGLATERRA RÚSSIA FRANÇA NORUEGA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 384 HOLANDA ESPANHA ESPANHA DINAMARCA ESCÓCIA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 385 ALEMANHA ÁFRICA EGITO ISRAEL ÁSIA CHINA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 386 JAPÃO ARÁBIA ÍNDIA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 387 PRINCIPAIS VERBOS USADOS NO COTIDIANO ABRIR JANELA FECHAR JANELA APRENDER ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 388 ACHAR ANTECIPAR ATRASAR ANDARAPROVEITAR ANDAR ANIMAL AJUDAR AJUDAR AGRADECER Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 389 APAGAR ACENDER AJOELHAR ACORDAR ENCONTRAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 390 ABRIR CONSERVA ABRIR PORTA FECHAR PORTA ACUSAR ACONTECER OU ACONTECEU ADMIRAR AFASTAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 391 ACOMPANHAR APROVEITAR AGUENTAR ACREDITAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 392 ACONSELHAR ACEITAR ACOSTUMAR ABANDONAR DESISTIR COMPRAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 393 CONVERSAR COMER CHUTAR CHEIRAR RESPIRAR CHEGAR CANTAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 394 CAIR BRINCAR BRIGAR BATER BRIGAR DISCUSSÃO BEIJAR BOCHECHA BEIJAR BOCA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 395 BEBER ÁGUA BEBER PINGA BEBER BEBIDA APRESENTAR CONVI DAR MOSTRAR APRESEN TAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 396 COMEMORAR FESTA PARABENIZAR ENTENDER COMEÇAR COMEÇAR PRENDER CADEIA CANSAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 397 CONFUNDIR COMBINAR ROUPAS COMBINAR MARCAR CURAR SUMIR CUIDADO CUIDAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 398 PROTEGER CANTAR CORRER DAR DAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 399 DANÇAR IR PRECISAR AGRUPAR FALAR FALAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 400 FUNDAR PLANTAR INVENTAR TER IDEIAS COSTURAR MÁQUINA COSTURAR BORDAR COZINHAR PINTAR QUADRO PAPEL Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 401 COPIAR DESCULPAR DESCANSAR FICAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 402 ERRAR CONTINUAR ENSINAR VIGIAR PEDIRPOR FAVOR DECORAR DISTRAIR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 403 DIMINUIRDECRESCER DESENVOLVERCRESCER DUVIDAR DORMIR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 404 DORMIR DÍVIDA DEVER DE TER DÍVIDA DEVER PRECISAR SEGUIR GUIA DISCUTIR PULAR SENTAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 405 FICAR EM PÉ LEVANTAR ESTAR FAZER DESCONFIAR FALTAR ESTAR AUSENTE PESSOA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 406 FALTAR FALTAR ALGUMA COISA EXPLICAR TENTAR EXPERIMENTAR EVITAR ESTUDAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 407 ESPIAR TRAIR VIVER ESQUECER ESPERAR ESCONDER ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 408 ESCREVER MANDAR RESPONDER PESQUISAR PERGUNTAR PRECISAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 409 PENSAR PENDURAR POR FAVOR PEDIR LICENÇA PEDIR PEDIR PAQUERAR PASSEAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 410 OU PARAR PARAR NÃO OUVIR OUVIR OPINAR VER OLHAR OBEDECER Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 411 NASCER NADAR NAMORAR BUSCAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 412 TRAZER LEVAR MORRER MORAR ESMOLAR MATAR FACA CONVIDARAPRESENTAR ASSAR LIMPAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 413 LER LÁBIOS LER CASAR INTERROMPER INFLUENCIAR MENTIR GRITAR SONHAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 414 GOSTAR NÃO GOSTAR GASTAR CONSEGUIR FOTOGRAFAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 415 RECEBER FUGIR INTEGRAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 416 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta quinta unidade você estudou a sintaxe dos verbos e a modulação de sinais além do léxico relacionado à educação e outros temas que talvez não seja parte integrante de sua conversação cotidiana mas que são essenciais para uma comu nicação funcional eficiente em sala de aula A Língua Brasileira de Sinais é uma língua que tem ganhado espaço na socie dade em função da contínua luta dos movimentos surdos em prol de seus direitos Uma luta que vem desde muito tempo mas que se concretiza no Brasil parti cularmente depois da criação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos FENEIDA em 1986 entidade que já no ano seguinte em 1987 adotando o modelo das suas congêneres em outros países muda seu nome para Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos FENEIS Esta instituição foi criada com o objetivo de preencher a lacuna no contexto político social cultural e educacional que se apresentava e se apresenta ainda aqui no Brasil no campo da política dos Surdos Capitaneada pela FENEIS há muitos anos o povo surdo luta contra os padrões de cidadão impostos pela sociedade majoritária É uma luta de muitos anos pelo reconhecimento de que o povo surdo é um povo com cultura e língua própria possuidor de especificidades linguísticas sociais e culturais Atualmente o povo surdo conquistou o direito de usar sua língua que possi bilita não só a comunicação mas também sua efetiva participação na sociedade Mas para que esta mudança se efetive é necessário que cada vez mais pes soas conheçam e utilizem a Libras Faça a sua parte Considerando tudo o que você estudou nas cinco unidades de nosso livro texto quais são em sua opinião as principais justificativas para a inserção da Libras como componente curricular obrigatória em seu curso 417 Neste livro texto frisamos o tempo todo que a Libras é uma língua capaz de cumprir to das as funções de uma língua oral inclusive a de produções literárias Por isso apresen tamos como leitura complementar um fragmento adaptado de uma apostila destinada aos alunos do Curso de Licenciatura LetrasLibras sobre Literatura Surda e autoria da professora Lodenir Karnopp LITERATURA SURDA Enquanto a Libras não era reconhecida ou enquanto era proibida de ser usada nas esco las também não existiam publicações ou o reconhecimento de uma cultura surda ou de uma literatura surda O ensino priorizava o aprendizado da fala e da língua portuguesa Nas escolas não havia espaço nem aceitação para as produções literárias em sinais No entanto acreditamos que entre os surdos circulavam histórias sinalizadas piadas po emas histórias de vida mas em espaços que ficavam longe do controle daqueles que desprestigiavam a língua de sinais Em geral naqueles contextos escolares ou clínicos nos quais não se tolera a língua de sinais eou a cultura surda há um completo desco nhecimento dos processos e dos produtos que determinados grupos de surdos geram em relação ao teatro ao humor à poesia visual enfim à literatura produzida em língua de sinais A Língua de Sinais Brasileira é uma língua visualgestual e recentemente seus usuários têm utilizado a escrita dessa língua em seu cotidiano A escrita dos sinais SignWriting é a forma de registro das línguas de sinais mas raras são as obras literárias produzidas que utilizam essa escrita Além disso também são poucas as escolas que incluem a escrita dos sinais em seus currículos As publicações na escrita dos sinais Sign Writing têm sido uma inovação na tradição de contar e recontar histórias e por outro lado divulgam e imprimem materiais na Libras No entanto um dos problemas é a abrangência do público leitor nessa língua Libras já que poucos são usuários desse sistema mesmo nas comunidades de surdos Além da importância dos registros na Libras encontramos uma vasta e diversificada li teratura presente em associações de surdos em escolas em pontos de encontro da co munidade surda Algumas dessas histórias são contadas e resgatadas por surdos idosos eou por surdos contadores de histórias Uma pequena parcela dessas produções cultu rais tem sido registradas em fitas de vídeo na Libras ou então traduzidas para a língua portuguesa As narrativas os poemas as piadas e os mitos que são produzidos servem como evidências da identidade e da cultura surda As produções culturais de pessoas surdas envolvem em geral o uso de uma língua de si nais o pertencimento a uma comunidade surda e o contato com pessoas ouvintes sen do que esse contato linguístico e cultural pode proporcionar uma experiência bilíngue a essa comunidade Neste sentido além da escrita da língua de sinais a escrita da língua portuguesa também faz parte do mundo surdo indispensável aos surdos brasileiros 418 para a escolarização a defesa dos seus interesses e cidadania Podese pensar que a es crita pode contribuir para a destruição da riqueza em sinais mas a escrita por si só não é necessariamente um fator contrário já que se pode pensar na escrita como a busca por tradução das raízes culturais associada a outras formas de arte como teatro e vídeo Além do registro das produções culturais de pessoas surdas através da escrita em língua de sinais sign writing e de traduções para a escrita da língua portuguesa outras formas de documentação como filmagens são fundamentais para o registro de formas literá rias que vão se perdendo ou se transformando Para uma comunidade de surdos manter o leque de possibilidades artísticas e expressões da língua de sinais os registros visuais são indispensáveis a criação de bibliotecas visuais e podem contribuir para uma escri ta posterior através da escrita dos sinais eou através de traduções apropriadas para o português Contar histórias é um hábito tão antigo quanto a civilização Contar histórias é um ato que pertence a todas as comunidades comunidades indígenas comunidades de sur dos entre outras Contar histórias piadas episódios em línguas de sinais pelos próprios surdos é um hábito que acompanha a história das comunidades surdas Cabe então coletar as narrativas que surgem nessas comunidades para que não desapareçam com o tempo Surdos reúnemse frequentemente para contar histórias e entre as preferidas estão as histórias de vida as piadas e aquelas que incluem elementos da cultura surda com per sonagens surdos com tramas que em geral envolvem as diferenças entre o mundo surdo e o ouvinte 419 A comunidade surda é diferente de outras comunidades linguísticas em muitos aspec tos já que eles não estão geograficamente em uma mesma localidade mas estão espa lhados em várias partes do mundo Pessoas surdas não trabalham em um mesmo local Em alguns centros urbanos eles encontram seus pares surdos somente duas ou três vezes por semana e passam a maior parte de seu tempo em um mundo ouvinte Esse fato produz um padrão de comunidade em que o tempo que os surdos permanecem juntos é fragmentado por outro lado são extremamente próximos uns dos outros Essa característica social faz com que pessoas surdas mantenham suas vidas na comunidade surda participando da associação de surdos realizando atividades conjuntas estudan do em uma mesma escola empreendendo lutas e reivindicações conjuntas Essas considerações são importantes para entendermos a produção literária em sinais Pessoas surdas convivendo com ouvintes em seu ambiente de trabalho ou com a famí lia se apropriam de meios visuais para entender o mundo e se relacionar com as pessoas ouvintes Essa experiência visual além do uso da língua de sinais implica dividir a comu nicação e isto também caracteriza a cultura surda Para escaparem da ridicularização da língua de sinais e de seus bens culturais de ações intolerantes e até proibitivas os surdos se organizam em comunidades buscando o for talecimento da língua de sinais da identidade e da cultura surda Nessa perspectiva a literatura surda adquire também o papel de difusão da cultura surda dando visibilidade às expressões linguísticas e artísticas advindas da experiência visual Fonte adaptado de Karnopp 2008 online1 420 1 Repetiremos aqui algumas das atividades anteriores na sua casa com a ajuda de um espelho treine a expressão facial e corporal isso ajuda muito em Libras 2 Estude cada conjunto de palavras apresentado Pessoa Adjetivos e Advérbios Educação Atividades Humanas Meios de Transportes Atividades e Locais Públicos Localização pontos cardeais estados brasileiros e suas capitais Mundo continen tes países e capitais e Verbos Reproduza cada sinal ou frase sempre em frente a um espelho Lembrese o sinal deve ser feito virado para o seu interlocutor e não para você Assim olhando no espelho você deve enxergar o sinal ou a frase tal como se apresenta no texto 3 Ensine os sinais para os membros de sua família para seus familiares 4 Ensine as profissões para pelo menos duas pessoas da sua família amigos ou co legas de trabalho 5 Ensine os sinais dos estados e as capitais brasileiras a seus familiares amigos e colegas de trabalho 6 Em sua opinião qual conjunto de sinais aprendidos nesta seção que são mais icônicos 7 Escreva com suas próprias palavras o que você entendeu acerca dos verbos Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Se você quiser conhecer ainda mais sobre os surdos sua educação sua cultura e sua língua além de todos os endereços que já disponibilizamos acesse o site disponível em wwwlibraselegal combr Acesso em 20 jun 2016 Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Ronice Müller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp Editora Artmed 2004 Sinopse este livro foi a principal referência para a produção deste texto no que se refere aos aspectos linguísticos da Libras Suas autoras linguistas e fluentes em Libras descrevem e analisam a Libras em seus aspectos fonológicos morfológicos e sintáticos proporcionando uma fonte importante para aprendizagem compreensão análise e uso desta língua Com uma redação clara e repleto de exemplos o livro ainda é ricamente ilustrado com fotos realizadas com rigoroso cuidado técnico com a intenção de dar ao leitor uma ideia dos movimentos envolvidos no sinal REFERÊNCIAS GESSER A Libras Que língua é essa crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 2009 GÓES A M CAMPOS M de L I L Aspectos da gramática da Libras In LACERDA C SANTOS L F Org Tenho um aluno surdo e agora Introdução à Libras e educa ção de surdos São Carlos EdUFSCar 2013 NOGUEIRA C M Ignatius CARNEIRO M I N NOGUEIRA B I Surdez Libras e Edu cação de Surdos Uma introdução à Língua Brasileira de Sinais Maringá EDUEM 2012 PEREIRA M C C CHOI D VIEIRA M I GASPAR P NAKASATO R Libras conheci mento além dos sinais São Paulo Pearsons Prentice Hall 2011 QUADROS R M KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Porto Alegre Artmed 2004 REILY L Escola Inclusiva Linguagem e mediação 4 ed Campinas SP Papirus 2004 Referências online 1 Em httpwwwlibrasufscbrcolecaoLetrasLibraseixoFormacaoEspecifica literatu raVisualassets369LiteraturaSurdaTextoBasepdf Acesso em 25 jun 2016 REFERÊNCIAS 423 GABARITO Questões 1 2 3 4 5 As questões 1 2 3 4 e 5 foram pensadas com o intuito de fazer você praticar a Li bras Por isso é importante que as faça Lembrese Libras necessita de muita prática portanto procure alguém para conversar Desta forma as cinco primeiras questões são destinadas a favorecer a sua prática Questão 6 para essa questão a resposta pode ser subjetiva embora a resposta esperada seja o conjunto de sinais que se referem ao corpo humano Questão 7 para essa questão você deve tratar dos verbos simples com concordân cia e os espaciais além dos verbos manuais É importante você abordar também a marcação dos tempos verbais CONCLUSÃO Prezadoa alunoa Finalizamos a nossa disciplina Muito haveria ainda para ser es tudado acerca da Libras dos surdos e da sua educação todavia para isso existem cursos específicos como a Licenciatura em LetrasLibras com quatro anos de dura ção ou a Graduação em Educação Especial área da surdez também com quatro anos de duração Nosso objetivo nas duas primeiras unidades deste livro foi introduzir você no mun do surdo o que foi feito na primeira Unidade e apresentar a legislação e as políticas públicas brasileiras para a educação de surdos bem como a importância dos recur sos tecnológicos para a inclusão social e educacional dos surdos A partir da terceira unidade o objetivo principal foi instrumentalizar o futuro pro fessor para uma comunicação funcional em Libras de maneira a facilitar sua atuação profissional bem como favorecer a aprendizagem dos educandos surdos inclusos Desta forma as três últimas unidades de nosso texto abordam os aspectos gerais e linguísticos da Libras além da construção de vocabulário mediante categorias se mânticas Em função da complexidade da Libras certamente não será apenas com esta dis ciplina que você estará apto a ser um sinalizador Afinal este não é um curso de Especialização em Libras é apenas uma disciplina em um curso de graduação para que você conheça ao menos um pouco sobre quão ela é importante Enfim esperamos ter convencido você de como a língua de sinais é imprescindível para o desenvolvimento cognitivo e social do surdo sendo importantíssimo que a criança aprenda a língua de sinais bem cedo para que seu desempenho escolar seja equivalente ao de crianças ouvintes Afinal atualmente o povo surdo conquistou o direito de usar sua língua o que pos sibilita não só a comunicação mas também sua efetiva participação na sociedade Entretanto muito ainda necessita ser feito para que essa mudança se efetive Faça a sua parte As autoras CONCLUSÃO
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
14
20 Anos do Reconhecimento da Libras: Impactos na Educação das Pessoas Surdas
Literatura
UNICESUMAR
3
Material de Avaliação Prática - Curso de Libras
Literatura
UNICESUMAR
6
A Mensagem de Fernando Pessoa: Uma Epopeia da Modernidade
Literatura
UFAM
21
O Indianismo na Prosa Romântica
Literatura
UNILAB
64
Ubirajara: A Terra e Seus Guerreiros
Literatura
UNILAB
10
Excertos de Álvaro de Campos: Reflexões sobre a Vida e o Ópio
Literatura
UNILAB
2
Roteiro para Entrega de Trabalho Monográfico: Recomendações e Estrutura
Literatura
IFSP
17
O Cego de Landim - Capítulo 1
Literatura
UNILAB
503
Mimesis Erich Auerbach Analise da Representacao da Realidade na Literatura Ocidental
Literatura
UMG
132
Senhora - José de Alencar
Literatura
UNILAB
Preview text
LIBRAS Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância NOGUEIRA Clélia Maria Ignatius CARNEIRO Marília Ignatius Nogueira SOARES Beatriz Ignatius Nogueira LIBRAS Clélia Maria Ignatius Nogueira Marília Ignatius Nogueira Carneiro Beatriz Ignatius Nogueira Soares MaringáPr UniCesumar 2017 Reimpresso em 2021 424 p Graduação EaD 1 Libras 2 Linguagem 3 Sinais 4 EaD I Título ISBN 9788545907053 CDD 22 ed 370 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Coordenador de Conteúdo Marcia Maria Previato Souza Designer Educacional Isabela Agulhon Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Daniel Fuverki Hey Fernando Henrique Mendes Qualidade Textual Pedro Afonso Barth Kaio Vinicius Cardoso Gomes Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pósgraduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica AUTORAS Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares Especialista em Educação Especial Instituto Paranaense de Ensino e Faculdade Maringá Licenciada em Artes Visuais pela Unicesumar e Licenciada em Letras Libras pela UFSC Universidade Federal de Santa Catarina Professora de Libras da UFPR Universidade Federal do Paraná Campus de Palotina Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Surdez e Ensino de Matemática da Universidade Estadual Paranaense UNESPAR e Coordenadora do Projeto de Apoio a Difusão da Libras Palotina UFPR Para maiores informações acesse o link disponível em httplattescnpq br9086666373114923 Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Doutora em Educação pela UNESP Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Mestra em Matemática pela USP Universidade de São Paulo Licenciada em Matemática pela FAFIT Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã SP Professora de Libras da Unicesumar desde 2010 Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Surdez e Ensino de Matemática da Universidade Estadual Paranaense UNESPAR do Projeto de Apoio a Difusão da Libras do Departamento de Língua Portuguesa da UEM e do Projeto de Apoio a Difusão da Libras Palotina UFPR Para maiores informações acesse o link disponível em httplattescnpq br7001703570357441 Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Mestra em Educação pela UEM Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Surdez e Ensino de Matemática da Universidade Estadual Paranaense UNESPAR Campus de Campo Mourão Licenciada em Letras Libras pela UFSC Universidade Federal de Santa Catarina Bacharel em Gastronomia pela Unicesumar Maringá Professora de Libras do Departamento de Língua Portuguesa da Universidade Estadual de Maringá e Coordenadora do Projeto de Apoio a Difusão da Libras UEM Para maiores informações acesse o link disponível em httplattescnpq br4034205128370041 SEJA BEMVINDOA Olá caroa alunoa Você certamente deve estar se perguntando por que estudar a Lín gua Brasileira de Sinais a Libras Afinal essa é a língua dos surdos brasileiros e provavel mente você nem conhece ninguém surdo Algo que você provavelmente não sabe é que atualmente existem no Brasil cerca de 57 milhões de pessoas surdas e que segundo dados do MEC Ministério da Educação em 2001 existiam 50 mil estudantes surdos matriculados no Ensino Fundamental a maioria deles em classes comuns em escolas inclusivas vivenciando uma situação de fracasso escolar principalmente porque a metodologia mais utilizada ainda é a explicação oral Este dado de 2001 é importante porque deu origem a diversas ações do Ministério da Educação do Brasil mudando radicalmente e para melhor a educação do surdo brasi leiro Dentre elas destacamos o Decreto Federal 5626 de 22 de dezembro de 2005 que tornou obrigatório o ensino de Libras Língua Brasileira de Sinais em todos os cursos de formação de professores e também de fonoaudiologia do Brasil além de se constituir como disciplina optativa dos demais cursos É por isso que você está tendo esta disci plina A surdez pode ser caracterizada de duas maneiras distintas seguindo o modelo médico em que ela é vista como uma deficiência uma limitação de natureza patológica com o surdo sendo rotulado por aquilo que não é capaz de fazer ou seguindo a concepção sócioantropológica da surdez como uma diferença linguística encarando o surdo a partir de suas possibilidades que poderão ser mais ou menos aproveitadas em função da educação que lhe for ofertada Ao elaborar este livro texto procuramos atender prioritariamente a três grandes ob jetivos proporcionar a constituição de uma imagem positiva da surdez e dos surdos favorecer a inclusão educacional e social do surdo e promover a difusão da Libras Pelo nosso sobrenome você já deve ter percebido que nós três somos parentes É verda de Somos mãe Clélia e filhas A mãe é ouvinte e as filhas são surdas e nós vivenciamos um período muito difícil na educação do surdo brasileiro no qual os professores não aprendiam a se comunicar com seus alunos e mais os próprios surdos eram proibidos de usar a Libras Esse período foi muito difícil e isso acontecia porque as pessoas incluídas aí os profes sores e a família acreditavam que aprender falar oralmente era a única forma do surdo que naquela época era designado por deficiente auditivo se integrar à sociedade Atualmente muita coisa mudou Até a maneira de se referir aos surdos e na Introdução da Unidade I nós vamos discutir isso melhor Vamos mostrar porque hoje os surdos não querem mais ser chamados de deficientes auditivos e mais vamos mostrar porque a maneira como nós utilizamos as palavras é importante Sem uma boa discussão parece implicância querer que se utilizem algumas palavras A tal da história do politicamente correto afinal o que isso importa se as pessoas entendem do que estamos falando independente da palavra usada Esta resposta está lá na Introdução da Unidade I APRESENTAÇÃO LIBRAS Com a Unidade I O surdo a surdez a educação a cultura e identidades surdas nosso objetivo é introduzir você no mundo surdo mostrando por exemplo que nem sem pre os surdos tiveram direito à educaçãoe que que começou somente por volta do século XV quando os surdos começam a ser educados e desde seu início a grande discussão sempre foi se esta educação deveria ser feita sustentada essencialmente na oralização ou se poderia ser apoiada em gestos Em seguida o objetivo é discutir como se efetiva a educação do surdo no Brasil atual Quais são as políticas as leis e os programas públicos de atendimento edu cacional ao surdo além dos recursos tecnológicos para a sua inclusão social e edu cacional Estes temas são abordados na Unidade II que trata como o próprio título indica de maneira direta e Legislação Políticas Públicas e Recursos Tecnológicos para a Educação de Surdos Na terceira unidade Aspectos Gerais e Fonológicos da Libras começamos a apre sentar a Libras em seus aspectos gerais e fonológicos e já a partir da introdução da Unidade III você vai ficar sabendo que a Libras é uma língua com gramática própria e proporciona para os surdos tudo que a língua oral proporciona aos ouvintes E ain da que cada país tem a sua língua de sinais A Libras é a Língua Brasileira de Sinais falada pelos surdos brasileiros Finalizamos a parte teórica da Unidade III discutindo as restrições para a criação de sinais em Libras Nesta unidade também iniciamos a construção do seu vocabulário em Libras com o Léxico de Categorias Semânticas isto é sinais para um grupo de palavras relacionadas entre si por um grande tema Esta construção de vocabulário também está presente nas Unidades IV e V Em fun ção da limitação de espaço em um texto como este nos limitamos ao vocabulário mais básico para a sala de aula Para o estudo dessas três unidades os vídeos são fundamentais assim como a consulta aos sites indicados Na Unidade IV Aspectos Morfológicos da Libras o objetivo principal é discutir as re gras que determinam a formação de sinais abordando também os Classificadores poderosos auxiliares da Libras Na Unidade V Aspectos Sintáticos da Libras o objetivo é apresentar a sintaxe es pacial ou seja como se caracteriza o espaço gramatical em Libras discutindo as regras para a formação de frases em Libras por exemplo Tratamos também da mo dulação de sinais em Libras como processo análogo ao da entonação na Língua Portuguesa Sabemos que aprender Libras é uma tarefa difícil e quase impossível de acontecer só com esta disciplina Nós esperamos que você se interesse pelos surdos pela sua língua e procure estudar mais e mais Finalizamos esta apresentação com esta frase que nos faz refletir O que importa a surdez da orelha quando a mente ouve A verdadeira surdez a incurável surdez é a da mente FERDINAND BERTHIER surdo francês 1854 Abram suas mentes e bons estudos APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS 15 Introdução 16 História da Educação de Surdos 22 Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo 32 Cultura e Identidades Surdas 41 Considerações Finais 47 Referências 49 Gabarito UNIDADE II LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS 53 Introdução 54 Inclusão como Princípio da Educação Especial 57 A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos 71 A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil 77 Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo 85 Considerações Finais 92 Referências 94 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS 97 Introdução 98 Paralelos Entre Libras e Língua Portuguesa 109 Aspectos Fonológicos da Libras 130 Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza 145 Considerações Finais 153 Referências 154 Gabarito UNIDADE IV Aspectos morfológicos da Libras 157 Introdução 158 Aspectos Morfológicos da Libras 175 Classificadores 190 Léxico de Categorias Semâticas II 261 Considerações Finais 266 Referências 267 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS 271 Introdução 272 O Espaço Gramatical 295 Verbos em Libras 300 Léxico De Categorias Semânticas III 416 Considerações Finais 422 Referências 423 Gabarito 424 Conclusão UNIDADE I Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Objetivos de Aprendizagem Refletir sobre o percurso histórico da Educação de Surdos Cotejar as principais abordagens pedagógicas na Educação de Surdos Refletir sobre cultura e processo de construção de identidades surdas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade História da educação de surdos Abordagens educacionais para surdos oralismo comunicação total e bilinguismo Cultura e identidades surdas INTRODUÇÃO Apesar de aparentemente não ter importância a denominação escolhida para designar uma pessoa ou um grupo de indivíduos ela revela nossa concepção a maneira como consideramos a pessoa o grupo ou o fenômeno a que nos referimos É comum entre as pessoas por exemplo a utilização da expressão surdamuda para designar a pessoa surda A palavra mudo não corresponde à realidade do surdo pois ele não é mudo no sentido de possuir comprometimentos no sistema fonoarticulatório mas a maioria das vezes a pessoa surda não fala porque não consegue aprender pois não possui o feedback auditivo Há casos de pessoas que ouvem portanto não são surdas mas têm um distúrbio da fala e em decorrência disso não falam são mudas A expressão deficiente auditivo está ligada ao período que refletia a concepção do Modelo Médico que entendia o surdo como deficiente e para tornálo efi ciente a ênfase no trabalho era a de reabilitação trabalho de reabilitar a audição e a fala na tentativa de minimizar os efeitos provocados pela alteração auditiva Atualmente dentro da concepção defendida por diversos autores como Carlos Skliar 1998 Ronice Quadros 1997 Lucinda Brito 1995 Paula Botelho 2002 Gladys Perlin 2004 entre outros a surdez é entendida muito mais como uma diferença do que como deficiência Segundo esses estudiosos a surdez é uma experiência visual e isso significa que todos os mecanismos de processamento da informação e todas as formas de compreender o universo em seu entorno se constroem como experiência visual SKLIAR 1998 p 28 Nesta primeira unidade vamos estudar a história da educação de surdos para compreendermos melhor a evolução dessa educação e das diferentes aborda gens ou filosofias educacionais o oralismo a comunicação total e o bilinguismo bem como suas consequências para a formação da identidade da pessoa surda Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS A principal questão da educação dos surdos desde seu início sempre foi se os surdos deveriam desenvolver a aprendizagem utilizando a língua de sinais ou a língua oral E essa decisão durante muito tempo foi tomada pelos ouvintes Só recentemente os surdos podem dizer como preferem ser educados e a maioria decidiu que o melhor para eles é a língua de sinais Como não é possível viver no mundo dos ouvintes sem o conhecimento da língua pátria os surdos defendem que a língua de sinais no caso do Brasil a Libras deve ser considerada sua primeira língua e depois devem aprender o português de preferência na modalidade escrita Mas para os surdos poderem conquistar o direito de se expressarem em Libras que hoje é língua oficial brasileira desde 2002 eles lutaram muito e por séculos Os poucos relatos encontrados sobre a educação dos surdos durante a Antiguidade e por quase toda a Idade Média falavam de curas milagrosas dizendo que qualquer sucesso dos sur dos era devido à interferência divina Durante muito tempo os surdos eram considerados incapazes de ser ensi nados por isso eles não frequentavam escolas As pessoas surdas principal mente as que não falavam eram excluídas da sociedade sendo proibidas de casar possuir ou herdar bens e viver como as demais pessoas Até o final do século XV não havia escolas com ensino especializado para surdos mas na verdade a figura do preceptor professor particular era muito comum para todas as crianças e jovens principalmente das famílias ricas Famílias nobres e influentes que tinham um filho surdo contratavam os serviços de pro fessores particulares para que ele aprendesse a falar pois a aprendizagem de uma Figura 1 Livro Arte para ensinar shutterstock História da Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 língua era essencial para que os surdos pudessem herdar os títulos e as proprie dades de suas famílias É apenas no início do século XVI que se começa a acreditar que os surdos podiam aprender mediante a educação e aparecem relatos de educadores que apresentam resultados obtidos com seus trabalhos utilizando diferentes métodos Uma pessoa importante para a educação dos surdos no século XVI é o médico matemático e astrólogo italiano Gerolamo Cardano 15011576 que tinha um filho surdo Ele é considerado um educador de surdos mas seus estudos eram mais relacionados à medicina Cardano afirmou que a escrita poderia represen tar os sons da fala e as ideias do pensamento e por isso o fato de não falar não era impedimento para que o surdo adquirisse conhecimento Assim Cardano já recomendava o uso de sinais e o ensino da linguagem escrita O espanhol Pedro Ponce de Leon 15201584 é considerado o primeiro pro fessor de surdos por ter ensinado crianças surdas da nobreza espanhola Frei Ponce de Léon usava na educação dos surdos sinais treinamento de voz e leitura labial Quarenta anos após a morte de Frei Ponce de Leon já no século XVII Juan Pablo Bonet publicou o que seria o primeiro livro do mundo para ensi nar língua de sinais a surdos contendo o alfabeto manual Bonet dava grande importância à expressão e ao treino oral nos primeiros anos de vida da pessoa e sempre utilizava a comunicação gestual A primeira intervenção pedagógica de Bonet com seus alunos era ensinar o alfabeto gestual e as letras correspon dentes na forma escrita Posteriormente Bonet ensinava a articulação das letras para finalmente apresentar as estruturas gramaticais Os gestos eram considerados importantes para os surdos entenderem o significado das palavras e como ele adotava os ges tos para ajudar os surdos a falarem o método de Bonet pode ser considerado a base para a Comunicação Total que é utilizada até os dias de hoje e que estuda remos no próximo tópico No século XVIII a educação dos surdos avança bastante principalmente com os trabalhos do Abade Charles Michel De LEpée na França de Thomas Braidwood na Inglaterra e de Samuel Heinicke na Alemanha Apesar de uti lizarem metodologias diferentes o que os aproxima é o fato de terem criado as primeiras escolas coletivas para surdos em seus países Fonte Bonet 16801 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 Thomas Braidwood fundou em 1760 em Edimburgo a primeira escola para surdos de toda GrãBretanha Braidwood utilizava um alfabeto digital envolvendo ambas as mãos para apoiar o ensino da escrita e da fala Este alfabeto ainda é utilizado na Inglaterra Samuel Heinicke criou em 1778 uma escola em Liepzig na Alemanha A sua meto dologia defendia que a coisa mais importante no ensino da criança surda seria a linguagem falada e que a linguagem por meio de ges tos poderia prejudicar esta aprendizagem Heinicke é considerado o fundador do ora lismo que vamos estudar melhor na seção seguinte e de uma metodologia que ficou conhecida como o método alemão Na época era comum manter em segredo o modo como se conduzia a educação dos surdos Cada professor trabalhava sozinho e não era comum trocar experiências por isso conhecemos pouco do método alemão de Heinicke Ele mesmo escreveu que seu método de educação não era conhe cido por ninguém exceto por seu filho pois ele dizia ter passado por muitas dificuldades para criar seu método e por isso não pretendia dividir suas con quistas com ninguém Considerando que os estudos linguísticos objetivam conhecer os princípios de funcionamento das línguas suas semelhanças e diferenças podemos dizer que os estudos linguísticos acerca das línguas de sinais tiveram início com o abade francês Charles De LEpée no final do século XVIII O abade a partir da observação de grupos de surdos verificou que estes desenvolviam um tipo de comunicação apoiada no canal visogestual que era muito satisfatória Partindo dessa linguagem gestual ele desenvolveu um método educacional apoiado na linguagem de sinais da comunidade de surdos franceses acrescentou alguns sinais que tornavam a estrutura da língua dos surdos mais parecida com o fran cês e denominou esse sistema de sinais metódicos Fonte Bonet 1680 online1 História da Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 Em 1775 De LEpée fundou uma escola para surdos a primeira em seu gênero com aulas coletivas na qual professores e alunos usavam os chamados sinais metó dicos A proposta educativa da escola era que os professores deveriam aprender tais sinais para se comunicar com os surdos Os professores aprendiam com os surdos e utilizando os sinais metódicos ensinavam o francês falado e escrito Diferente de Heinecke que escondia seu método De LEpée divulgava seus trabalhos em reuniões periódicas e propunhase a discutir seus resultados Em 1776 publicou um livro no qual divulgava suas técnicas Seus alunos usavam bem a escrita e muitos deles ocuparam mais tarde o lugar de professores de outros surdos Nesse período alguns surdos se destacaram e ocuparam posições impor tantes na sociedade de seu tempo Alguns deles como por exemplo Ferdinand Berthier escreveram vários livros falando de suas dificuldades de comunicação e dos problemas causados pela surdez Ainda no século XVIII o abade Roch Sicard 17421822 que havia estudado com De LEpée objetivando ser pro fessor de surdos criou uma escola em 1782 na cidade de Bordéus na França Escreveu o livro A Teoria dos Signos acerca dos sinais metódicos e também publicou um dicionário A partir do século XVIII dois grupos foram criados na educação de sur dos um grupo que defendia o oralismo puro não permitindo o recurso gestual e outro que buscava a aquisição da língua oral tendo como suporte a linguagem gestual metodologia combinada No início do século XIX Thomas Hopkins Gallaudet criou a primeira escola para surdos dos Estados Unidos da América usando sinais Em 1835 a língua americana de sinais ASL foi reconhecida como língua dos surdos dos Estados Unidos e oficializada como língua americana feito que os surdos brasileiros só conseguiram em 2002 com a oficialização da Libras As duas abordagens metodológicas avançaram surgindo então encontros mundiais de educadores de surdos para divulgação das práticas pedagógicas O primeiro desses encontros foi o I Congresso Internacional sobre a Instrução de Surdos realizado em 1878 em Paris Nesse congresso apesar de todos os participantes entenderem que era melhor usar sinais vários grupos defendiam que o oralismo era muito importante para a criança poder se comunicar com O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 os ouvintes É somente a partir deste congresso em Paris que os surdos adquiri ram o direito de assinar documentos Os debates sobre qual metodologia era mais adequada para a educação dos surdos continuaram e em 1880 foi realizado o II Congresso Internacional em Milão que provocou uma reviravolta nas práticas pedagógicas para o ensino dos surdos Organizado praticamente apenas por oralistas o objetivo velado do Congresso de Milão era tornar o oralismo obrigatório na educação de surdos Nesse congresso o inventor do telefone Graham Bell exerceu enorme influên cia a favor do oralismo Para conseguirem seus objetivos os oralistas apresentaram diversos sur dos que falavam bem e na assembleia de encerramento realizada no dia 11 de setembro de 1880 com exceção dos cinco membros americanos e de um pro fessor britânico todos os participantes em sua maioria europeus e ouvintes votaram por aclamação a aprovação do uso exclusivo e absoluto da metodolo gia oralista proibindo a partir de então a utilização da linguagem de sinais na educação de surdos Assim a partir do Congresso de Milão no mundo todo com exceção do Instituto Gallaudet nos Estados Unidos o oralismo foi o referencial assumido e suas práticas educacionais foram amplamente desenvolvidas e divulgadas não sendo questionadas por quase um século Todavia o trabalho educacional realizado na abordagem oralista não mostrou bons resultados pois a maioria dos surdos profundos não conseguiu desenvolver uma linguagem oral que lhe permitisse conviver em sociedade além de apresen tarem muitas dificuldades para aprender ler e escrever Apesar desse fracasso evidente o oralismo ganhou nova força na década de 50 do século XX quando com o avanço da tecnologia surgem os primeiros apa relhos de audição para crianças surdas muito pequenas os AASI Aparelhos de Amplificação Sonora Individual Os oralistas acreditavam que com a pro tetização uso dos aparelhos desde muito cedo os surdos poderiam ouvir e então aprender a falar Todavia isso também não se concretizou na prática para todas as crianças Com o passar do tempo a garantia do direito de todos à educação e o avanço da tecnologia dos aparelhos auditivos fizeram com que as crianças surdas de História da Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 diversos países passassem a ser encaminhadas para as escolas regulares comuns No Brasil as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação passaram a coor denar o ensino das crianças com necessidades educacionais especiais e surgiram as Salas de Recursos e Classes Especiais para surdos além de algumas Escolas Especiais com recursos públicos ou privados Na década de 1960 surgiu no Brasil o primeiro estudo linguístico sobre lín guas de sinais não considerada até então uma língua verdadeira Realizado por William Stokoe Klima e Bellugi nos Estados Unidos este estudo demonstrou as características que fazem da linguagem de sinais uma língua equivalente à oral Entre 1960 e 1970 chega ao Brasil a Comunicação Total que basicamente tirava a língua oral como o grande e principal objetivo da educação de surdos considerando mais importante a comunicação Para isso todos os recursos eram usados como gestos convencionados no próprio grupo língua de sinais leitura orofacial alfabeto manual leitura e escrita etc Em 1969 temos a primeira tentativa de registrar a Língua de Sinais falada no Brasil por meio de um pequeno dicionário Linguagem das Mãos orga nizado pelo missionário americano Eugênio Oates que apresentou um bom índice de aceitação por parte dos surdos Somente em 1980 iniciaram os Estudos Linguísticos no Brasil sobre a Língua de Sinais saindo o primeiro boletim do GELES Grupo de Estudos sobre Linguagem Educação e Surdez da Universidade Federal de Pernambuco no Recife Em 1986 a Língua de Sinais passou a ser defendida no Brasil por profissio nais influenciados pelos estudos divulgados pela Gallaudet University Nessa mesma época a língua de sinais utilizada pelos surdos das capitais do Brasil foi denominada pela sigla LSCB Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros Também foi descoberta a existência de outra língua de sinais no Brasil a LSUK Língua de Sinais dos índios UrubusKaapor Os avanços nas pesquisas sobre as línguas de sinais recomendam que a criança surda tenha acesso o mais cedo possível à língua de sinais e que poste riormente aprenda a língua de seu país se necessário apenas na modalidade escrita Essa filosofia de educação dos surdos é a que está valendo atualmente e se chama Bilinguismo Para que os surdos brasileiros pudessem ter direito a uma educação bilíngue muitas lutas aconteceram O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 Um acontecimento importante foi a criação da FENEIS Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos em 1987 que é uma entidade sem fins lucrativos a máxima representativa dos surdos que trabalha em prol da socie dade surda garantindo entre outras coisas a inclusão do surdo no mercado de trabalho pesquisas para a sistematização e padronização do ensino de Libras Língua Brasileira de Sinais para ouvintes e a defesa dos direitos linguísticos e culturais da comunidade surda Em 2001 foi lançado em São Paulo o Dicionário Enciclopédico Ilustrado de Libras em projeto da USP Universidade de São Paulo e em 2002 o Dicionário LIBRASPortuguês em CDROM trabalho realizado pelo INESMEC com apoio da FENEIS Nacionalmente a Libras foi recentemente oficializada através da Lei 104362002 enquanto língua dos surdos brasileiros marcando o início de uma nova e promissora era no que diz respeito à pessoa surda sua capacidade iden tidade e formação Essa lei reconhece não somente a Libras como uma Língua e que como tal deve ser respeitada mas que a comunidade surda sua cultura e sua identidade devem ser respeitadas Com tantos avanços a discussão da educação dos surdos agora se prende a Inclusão ou Escolas Especiais Mas essa é outra história ABORDAGENS EDUCACIONAIS PARA SURDOS ORALISMO COMUNICAÇÃO TOTAL E BILINGUISMO Conforme vimos no texto anterior até o Congresso de Milão as duas principais correntes metodológicas da educação de surdos o oralismo e o gestualismo con forme era denominada na época conviviam pacificamente e o objetivo maior dessa educação era que o surdo aprendesse a língua que falavam os ouvintes da sociedade na qual viviam Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 Em seu início a educação de surdos além da atenção dada à fala enfa tizava também a língua escrita e por isso os alfabetos digitais eram muito utilizados Esses alfabetos digitais eram inventados pelos próprios professores que defendiam a ideia de que se o surdo não podia ouvir e nem se expressar na língua falada ele podia comu nicarse pela escrita Mesmo os professores de surdos que defendiam o oralismo iniciavam o ensina mento de seus alunos pela leitura e escrita e com este apoio utilizavam diferentes técni cas para desenvolver outras habilidades tais como leitura labial e articulação das palavras Apesar desses aspectos em comum já no começo do século XVIII começa a sur gir uma brecha que se alargaria com o passar do tempo e que separaria irreconciliavelmente oralistas de gestualistas LACERDA 1998 p 70 De maneira ampla o que diferencia oralistas de gestualistas é que os pri meiros exigiam que os surdos falassem e se comportassem como se não fossem surdos Os gestualistas entendiam melhor as dificuldades do surdo com a língua falada e perceberam que os surdos desenvolviam uma linguagem que permi tia a comunicação e lhes abria as portas para o conhecimento da cultura incluindo aquele dirigido para a língua oral LACERDA 1998 p 70 O que é importante destacar dessa divergência entre os defensores do oralismo e do gestualismo é o fato de que existem diferentes maneiras de se enfrentar as consequências da surdez e que ainda não existem estudos que permitam deter minar com certeza se uma única abordagem metodológica seria a mais indicada para a educação de todos os surdos O ideal seria que a família juntamente com os profissionais conhecendo as particularidades de cada criança pudessem esco lher qual abordagem ou mesmo uma combinação delas seria mais indicada shutterstock O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 De maneira geral costuma ser indicado para as crianças que possuem resíduos auditivos isto é as que conseguem ouvir alguma coisa uma educação que favoreça a aquisição da fala ou seja uma abordagem oral e para aquelas que não possuem um resíduo auditivo suficiente ou que possuem muita dificuldade para desenvol ver a oralidade o indicado é uma abordagem que privilegia a Língua de Sinais Atualmente são três as principais abordagens que fundamentam diferentes metodologias na educação de surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo ORALISMO O alemão Heinicke que viveu no século XVIII é considerado o fundador do oralismo por ter criado uma metodologia que ficou conhecida como o método alemão Para Heinecke o pensamento dependeria da língua oral para existir e assim a língua escrita deveria ser aprendida somente após a língua oral O oralismo entende a surdez como uma deficiência que precisa ser direcio nada para a normalidade mediante à estimulação auditiva e à reabilitação da fala da criança surda buscando assemelhála o máximo possível à criança ouvinte e assim integrála na comunidade GOLDFELD 1997 Segundo Goldfeld 1997 o objetivo do oralismo ou filosofia oralista é a integração da criança surda na comunidade de ouvintes mediante o desenvol vimento da língua oral o português no caso do Brasil Mesmo com o avanço das pesquisas linguísticas sobre as línguas de sinais alguns oralistas continuam defendendo que para a criança surda se comunicar com o mundo ela precisa ser oralizada isto é precisa saber falar Assim a abordagem de enfoque oralista é contra o uso da Língua de Sinais ou de qualquer código gestual porque acredita que com a utilização de gestos os surdos se acomodariam e não iriam se esforçar para aprender a língua oral Os oralistas vão além e afirmam que o uso da língua de sinais torna impossível o desenvolvimento de hábitos orais corretos Nessa abordagem a educação do surdo deve começar com os bebês e deve aproveitar todos os recursos disponíveis para se desenvolver a linguagem interior da mesma forma como acontece aos ouvintes isto é utilizando apoios sonoros de forma que os resíduos auditivos e a amplificação sonora sejam explorados Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 ao máximo Também são incentivados e treinados à exaustão a leitura labial a percepção das vibrações vocais e demais recursos que favoreçam a emissão e a recepção da língua oral Ensinar e aprender a falar não são tarefas fáceis e exigem muita dedicação da família e da escola além de muito esforço por parte da criança sem que con tudo se possa garantir sucesso Dentro da filosofia oralista existem correntes que se diferem tanto na teo ria quanto na prática originando diversas metodologias de oralização método acupédico método Perdoncini Método Verbotonal entre outros porém qual quer que seja a metodologia adotada um programa oralista se fundamenta nos seguintes pressupostos Entretanto as pesquisas apontam que crianças com perda auditiva pro funda mesmo atendendo à risca as orientações para aprender a falar realizando incansavelmente exercícios de voz e de articulação em sua grande maioria não conseguem desenvolver a fala com fluência Mesmo com treinamento para realizar leitura labial o período crítico para a aquisição de linguagem até os 4 anos aproximadamente seria perdido por causa da complexidade dessa aprendizagem com preju ízos importantes para o desenvolvimento cognitivo e o desempenho escolar da criança REILY 2004 p 122 O único meio de comunicação aceito é a língua oral O trabalho para a aquisição da fala deve ser iniciado assim que se descobre a surdez da criança atualmente com o teste da orelhinha seria desde o seu nascimento A educação oral deve começar no lar exigindo a dedicação de todas as pessoas que convivem com a criança especialmente a mãe durante todas as horas de cada dia do ano O trabalho de aquisição da fala ou educação oral necessita de fonoau diólogos e pedagogos especializados para atender o aluno e orientar e acompanhar a ação da família A educação oral requer equipamentos especializados como o apare lho de amplificação sonora individual O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 Enfim a aquisição da língua portuguesa oral depende do grau e natureza da perda auditiva do bom uso dos resíduos auditivos proporcionados pelo AASI e do apoio de profissionais e família No entanto também os AASI não são mágicos isto é não basta protetizar a criança colocar o aparelho É necessá rio ensinála a ouvir E de novo precisase de recursos métodos e profissionais especializados para realizar o treinamento auditivo Um aparelho auditivo que é colocado mesmo que esteja conforme as necessi dades da criança sem o devido treinamento pode inclusive prejudicar a criança pois esta passará a receber uma intensidade de estímulos sonoros simultâneos que precisam ser inicialmente identificados para que em seguida ela selecione aqueles aos quais vai direcionar sua atenção auditiva Portanto nem sempre o uso do aparelho auditivo permite que a criança escute a voz humana e mesmo que a escute que faça o uso correto desta informação pois os aparelhos não atuam na decodificação instantânea da lin guagem apenas ao serem agregados ao ouvido do mesmo modo que uma pessoa completamente cega por exemplo não passa a en xergar utilizando óculos ou lentes de grau GESSER 2009 p 75 O implante coclear muitas vezes apresentados pela mídia em matérias carrega das de emoção ainda é visto com muita desconfiança pelos surdos familiares e profissionais pois a recuperação da surdez não depende apenas do sucesso da intervenção cirúrgica mas de inúmeras variáveis como idade do surdo tempo de surdez condições do nervo auditivo época de instalação da surdez adapta ção anterior ao AASI trabalho com fonoaudiólogo etc Mas o que é preciso ficar claro é que os surdos mesmo com surdez profunda podem apresentar uma comunicação oral funcional desde que se submetam aos procedimentos adequados e principalmente se assim o desejarem pois de acordo com Gesser 2009 p 56 o grande problema herdado da filosofia oralista é o efeito colateral que se instaurou na comunidade surda ou seja o sentimento de indig nação frustração opressão e discriminação entre usuários dos sinais uma vez que durante as sessões de fala e treinos repetitivos pregados pelo oralismo do passado a língua de sinais foi banida e rejeitada em prol do uso exclusivo da língua oral Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 Como já dissemos anteriormente ao final de várias décadas o trabalho educa cional realizado na abordagem oralista não apresentou bons resultados pois a maioria dos surdos profundos não conseguiu desenvolver uma linguagem oral satisfatória que lhe permitisse conviver em sociedade além apresentarem mui tas dificuldades na aquisição das habilidades de leitura e escrita Vimos também que mesmo diante desse fracasso visível o oralismo ganhou nova força na década de 50 do século XX quando com o avanço da tecnologia surgem os primeiros aparelhos de audição para crianças surdas muito peque nas Os oralistas acreditavam que com a protetização uso dos aparelhos desde muito cedo os surdos poderiam ouvir e então aprender a falar Contudo isso também não se concretizou na prática para todas as crianças Essa crença de que o aparelho de amplificação resolve o problema dos sur dos persiste até hoje porém não basta a colocação do aparelho para que o surdo escute O som que entra pelo aparelho é o som total do ambiente como o som da gravação que fazemos de uma aula que juntamente com a voz do profes sor traz ruídos de folhas de caderno sendo viradas cadeiras arrastadas veículos passando pela rua sussurros dos alunos risadas e passos no corredor etc difi cultando a compreensão do que foi dito pelo mestre Para poder se beneficiar da prótese auditiva o surdo precisa passar por um longo processo de treina mento auditivo para desenvolver sua atenção auditiva e poder identificar os diferentes sons O predomínio do oralismo começou a diminuir na década de 60 do século passado a partir de fortes críticas a esta abordagem principalmente pelos edu cadores e pesquisadores dos Estados Unidos e pela realização de diversos estudos sobre as línguas de sinais que as comunidades de surdos desenvolviam apesar da proibição de sua utilização no espaço escolar Desses estudos surgiram as abor dagens gestualistas para a educação de surdos GESTUALISMO O principal criador do que se conhece como abordagem gestualista foi abade francês Charles M De LEpée que no século XVIII na mesma época em que O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 Heinecke criava o método alemão criou o método francês de educação de surdos que ficou conhecido como sinais metódicos Para De LEpée a lingua gem de sinais seria a língua natural dos surdos e possibilitaria o desenvolvimento do pensamento e sua comunicação Falamos aqui em linguagem de sinais e em abordagem gestualista porque em seu início os sinais eram confundidos com gestos e a comunicação por sinais ainda não possuía o status de língua Atualmente já está comprovado que sinais não são gestos e que as línguas de sinais possuem todos os requisitos para serem reconhecidas como idiomas Esses aspectos são tratados com mais detalhes em nossa terceira unidade mas adiantamos aqui a distinção entre sinais e gestos Em função de suas características os sinais podem parecer movimentos aleatórios de mãos e corpo acompanhados por expressões faciais variadas ou seja seriam apenas gestos De acordo com Pereira et al 2011 p 18 esta des crição para sinais seria equivalente a descrever uma língua oral como ruídos feitos com a boca Além disso os gestos são traços das línguas orais isto é acom panham as línguas orais e favorecem a comunicação Os sinais são produzidos combinandose simultaneamente configuração de mãos ponto de articulação ou localização movimento orientação das palmas das mãos e componentes não manuais que são os parâmetros constituintes da língua de sinais conforme você verá na Unidade III Assim daqui em diante não utilizaremos mais a palavra gestualismo Duas são as principais abordagens sustentadas na utilização de sinais a Comunicação Total que ganhou impulso nos anos 1970 e o Bilinguismo que é a mais ado tada atualmente no mundo todo COMUNICAÇÃO TOTAL Na Comunicação Total como o próprio nome indica todos os esforços são empre gados no sentido de uma comunicação mais efetiva entre surdos e entre surdos e ouvintes utilizando portanto modelos auditivos manuais e orais Apesar da oralização não ser o principal objetivo da educação de surdos nessa abordagem seus defensores entendem que tudo o que é falado pode ser expresso por gestos Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 e mímica ou seja pode ser visualizado e dessa forma os sinais são utilizados como apoio para a aquisição da língua oral e da escrita A filosofia da Comunicação Total tem como principal preocupação os processos comunicativos entre surdos e surdos e entre surdos e ouvin tes Essa filosofia também se preocupa com a aprendizagem da língua oral pela criança surda mas acredita que os aspectos cognitivos emo cionais e sociais não devem ser deixados de lado em prol do aprendi zado exclusivo da língua oral Por esse motivo esta filosofia defende a utilização de recursos espaçovisuais como facilitadores da comunica ção GOLDFELD 1997 p 35 A Comunicação Total foi adotada no Brasil no final da década de 1970 parti cularmente nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul Um dos aspectos considerados pelos defensores da Comunicação Total é que crianças que foram educadas segundo o oralismo desde muito cedo não tiveram desenvolvimento social e emocional satisfatório mesmo quando con seguiam relativo sucesso na aprendizagem da língua oral A surdez é entendida pelos defensores da Comunicação Total não como uma patologia doença nem como uma deficiência que precisa ser normali zada como os oralistas entendem mas como uma marca com significações sociais CICCONE 1990 p 7 A família da mesma forma que no oralismo desempenha papel fundamen tal na educação dos surdos segundo a Comunicação Total mas aqui a família não desempenha o papel de profissional especializado na aquisição da lingua gem mas o de compartilhar experiências valores e significados contribuindo assim para o desenvolvimento social e emocional do surdo De acordo com Ciccone 1990 um programa de Comunicação Total uti liza técnicas e recursos para Estimulação auditiva Adaptação de aparelho de ampliação sonora individual AASI prótese auditiva Leitura labial Oralização Leitura e escrita O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 Além desses procedimentos a Comunicação Total utiliza também a datilologia e a língua de sinais Autores como Sanches 1990 e Dorziat 1997 acreditam que o maior problema desta metodologia ou filosofia seria a mistura das duas línguas Português Língua de Sinais que resultaria numa terceira modalidade que é o Português Sinalizado Os resultados obtidos com essa abordagem não foram satisfatórios nem para a aquisição da língua oral e nem para a escrita Esses resultados e o apro fundamento dos estudos realizados sobre línguas de sinais foram direcionando a educação dos surdos para uma abordagem bilíngue Porém o que a comunicação total favoreceu de maneira efetiva foi o conta to com sinais que era proibido pelo oralismo e esse contato propiciou que os surdos se dispusessem à aprendizagem das línguas de sinais externamente ao trabalho escolar Essas línguas são frequentemente usadas entre os alunos enquanto na relação com o professor é usado um misto de língua oral com sinais LACERDA 1998 p 76 BILINGUISMO A abordagem bilíngue tem como ponto de partida que os surdos podem desenvolver uma língua que permite uma comunicação eficiente Essa lín gua apoiada na visão e utilizando as mãos a Língua de Sinais é para os bilinguistas a primeira língua dos surdos que a aprendem com naturali dade e rapidez O bilinguismo começou a ganhar força a partir da década de 1980 e no Brasil a partir de 1990 Na Suécia esta filosofia já é adotada há bastante tempo e no Uruguai e na Venezuela o bilinguismo é adotado de maneira oficial ou seja nas instituições públicas a exemplo do que está ocorrendo atualmente no Brasil Todavia assim como a inclusão a adoção do bilinguismo nas escolas públicas brasileiras ainda é incipiente reduzida exclusivamente à presença de intérpretes em sala de aula e eventualmente a um Atendimento Educacional Especializado AEE no contraturno cuja proposta de funcionamento apresen tarmos na Unidade II Abordagens Educacionais para Surdos Oralismo Comunicação Total e Bilinguismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 De acordo com essa filosofia a criança surda deve adquirir o mais cedo pos sível primeiro a língua de sinais considerada a sua língua natural Essa aquisição deve ser feita com a comunidade surda Somente como segunda língua deve ria ser ensinada na escola a língua oficial do país mas de preferência na sua forma escrita Apenas quando as condições forem favoráveis deve ser ensinada a Língua Portuguesa na modalidade oral Para alguns estudiosos do bilinguismo a criança surda deve adquirir a língua de sinais e aprender a língua falada de maneira separada com pessoas e locais diferentes o mais cedo possível e só depois deve aprender a língua escrita Para outros o que importa é o desenvolvimento cognitivo social e emocional do surdo o que só seria possível mediante a consolidação da língua de sinais Assim nesse último caso a criança primeiro deve adquirir a língua de sinais e depois no momento adequado ser alfabetizada e não se ensinar a língua falada O bilinguismo entende a surdez como diferença linguística e não como uma deficiência a ser normalizada por meio da reabilitação como o oralismo E assim os surdos constituiriam uma comunidade particular com cultura e língua pró prias como veremos no último texto que compõe esta primeira unidade Para os bilinguistas a problemática global do surdo é intimamente dependente de seu desenvolvimento lingüístico e só mesmo o respeito à língua de sinais conduzirá a um maior sucesso educacional e social do surdo FERREIRABRITO 1995 p 16 O bilingüismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser Bilíngüe ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais que é considerada a língua natural dos surdos e como segunda língua a língua oficial de seu país GOLDFELD 1997 p 39 Tornarse letrado numa abordagem bilíngüe pressupõe a utilização de língua de sinais para o ensino de todas as disciplinas Faz também parte do projeto bilíngüe que todo o corpo de funcionários da escola surdos e ouvintes e os pais aprendam e utilizem a língua de sinais BOTELHO 2002 p 112 O bilingüismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se pro põem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo a mais adequa da para o ensino das crianças surdas tendo em vista que considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita QUADROS 1997 p 27 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 Ainda segundo Quadros 1997 a preocupação do bilinguismo é respeitar a auto nomia das línguas de sinais organizandose um plano educacional que respeite a experiência psicossocial e linguística da criança com surdez Por essas razões atualmente se dá tanta importância ao fato do professor ouvinte conhecer e usar a Língua de Sinais no caso do Brasil a Libras A comuni cação adequada entre professores ouvintes e alunos surdos é a condição primeira para uma escola realmente inclusiva CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Já vimos que a partir do Congresso de Milão e durante quase todo o século XX a Educação dos Surdos teve o oralismo como ideologia dominante pensando no surdo como deficiente não considerando sua diferença linguística A educação oferecida aos surdos dava muita importância à oralização e os educadores ficavam tão ocupados ensinando os surdos a falar que não perce biam a importância da formação da Identidade e Cultura Surda para o Surdo Assim a educação não formava os surdos como cidadãos críticos e muito pouco se discutia a importância de se buscar a igualdade sem entretanto eli minar a diferença Os surdos educados no oralismo não se reconheciam como surdos mas sim como não ouvintes não normais Ele era visto e obrigado a se ver a partir da pers pectiva do que ele não podia fazer e toda tentativa de formação de identidade cultural era considerada como uma tentativa de formação de guetos e segrega ção e portanto desprezada e mesmo proibida Isso acontecia porque para o ouvinte a surdez significa a perda de comunica ção e assim o surdo seria alguém que não pode fazer parte do mundo ouvinte É alguém que é menos do que aquele que ouve e precisa ser sempre ajudado Dessa forma as escolas e entidades de ouvintes para os surdos sempre basea ram suas ações na filantropia e no assistencialismo Cultura e Identidades Surdas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 Quando se fala em identidade e em cultura surda estamos pensando na surdez como uma diferença Primeiro é preciso entender que diferença não é o contrário de igualdade O contrário de igualdade é desigualdade A diferença não deve ser entendida como uma coisa que é contrária à normalidade Entender a surdez como diferença significa a uma minoria linguística que faz uso de outra língua Língua de Sinais e constituem uma comunidade específica Entender o surdo como deficiente auditivo é considerar que ele tem uma patologia e necessita de especialista para aprender a falar e ficar o mais parecido possível com o ouvinte Assim o que se faz é não reconhecer o direito do surdo de ser diferente é não aceitar a Língua de Sinais a Cultura e as Identidades Surdas Durante muito tempo se acreditou que a linguagem oral era a única respon sável pelo funcionamento cognitivo humano e a dificuldade encontrada pelos surdos para falar foi considerada como quase impeditiva do desenvolvimento do pensamento A língua de sinais durante muito tempo foi confundida com mímica e assim estaria presa ao mundo concreto não permitindo a compreen são de conceitos abstratos Por isso o oralismo dominou em todo o mundo até a década de 1970 Porém outros estudos sobre cognição e linguagem como os de Piaget e de Vygotski mostraram que o que é importante é a comunicação e não a língua que se usa Assim a surdez não torna a criança um ser que tem possibilidades a menos ou seja ela tem possibilidades diferentes e não menores Ao reconhe cer a língua de sinais como língua natural dos surdos e admitir sua condição bilíngue emerge outra questão a do biculturalismo uma vez que o surdo vivencia dois grupos culturais distintos o dos surdos e o dos ouvintes Ora esse trânsito entre dois mundos culturalmente diferentes acaba por fazer emergir uma discussão que até antes da adoção do bilinguismo não existia como se processa a construção da identidade do sujeito surdo ante a exposi ção a dois modelos culturais Partindo disso entra em questão um novo fator pois junto com uma lín gua distinta para os surdos surge também uma nova cultura ou seja junto ao bilinguismo veio o biculturalismo revelando um processo antes ignorado que é o processo de construção da identidade cultural surda uma vez que o surdo tem contato com dois grupos culturais distintos o ouvinte e o surdo O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 Somente a partir da década de 1980 é que foi entendida a necessidade de reconhecer o verdadeiro valor da cultura e da linguagem surda para o desenvol vimento cognitivo e da identidade dos surdos Existem muitas formas de definir identidade mas o significado melhor para o caso dos surdos é o da busca pelo direito de ser surdo Gladis Perlin é uma pesquisadora surda que escreve muito sobre cultura e identidades surdas e diz que a influência do poder ouvintista prejudica a cons trução da identidade surda Ela também fala que a oralização foi imposta aos surdos pelos ouvintes Na educação oralista as crianças surdas eram proibidas de ter contato com surdos adultos que sinalizavam e como a maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes por vontade da família ou mesmo por vontade própria os sur dos tentavam oralizar e mesmo surdos profundos falavam que ouviam Não existia uma identidade definida Com o bilinguismo e com o reconhecimento da Libras como uma língua oficial do Brasil há contato com os surdos adultos sinalizadores e todos come çam a se identificar como surdos Ao sinalizarem e conviverem em um grupo no qual todos sinalizam ou seja na comunidade surda os surdos não mais querem se parecer com os ouvintes agora querem a interpretação das falas dos ouvin tes em Libras No oralismo é desenvolvido no surdo o desejo de ouvir Tanto o processo de aquisição da fala quanto o de treinamento auditivo são complexos o surdo sofre muito e fica sempre se sentindo deficiente e incapaz Na educação oralista também se praticava a integração escolar com os surdos estudando em salas comuns sem apoio algum gerando uma situação de não aprendizagem O surdo então não apenas se sentia um fracassado mas também tinha a construção da sua identidade prejudicada pois o modelo ideal a ser seguido era o do ouvinte Assim o surdo construía sua identidade em um mundo no qual se via como diferente das outras pessoas com o estigma de incapacidade e de deficiência O surdo ficava transitando em dois mundos e não se sentia parte de nenhum Não fazia parte do mundo ouvinte porque não sabia se comunicar bem e também não participava de um mundo surdo porque era proibido de usar a língua de sinais processo denominado pelo estudioso Carlos Skliar 1998 de identidade flutuante Cultura e Identidades Surdas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 Felizmente alguns surdos conseguiram sobreviver a toda essa relação de poder e lutaram muito para estabelecer e defender a cultura surda que é fun damental para a construção da identidade surda Para isso no mundo todo o Movimento Surdo criou Associações de Surdos como uma resistência contra a cultura dominante contra a ideologia ouvintista Existe uma história de lutas na qual se procura marcar entre os próprios surdos e na sociedade em geral discussões sobre a língua de sinais a cultura e as identidades surdas Essa luta e as conquistas alcançadas têm permitido que a cultura surda se fortaleça e por causa disso identidades surdas sejam construídas Para Perlin 1998 p 52 a identidade é algo em questão em construção uma construção móvel que pode frequentemente ser transformada ou estar em movimento A construção da identidade depende de modelos e da forma como o outro enxerga o sujeito Assim é de fundamental importância defender a cul tura surda porque é dentro dela que se constrói a identidade surda Mas a existência da cultura surda depende da língua de sinais A aquisição da Libras pelo surdo é de extrema importância para o desenvolvimento de uma identidade pessoal surda Para acontecer a construção de nossa identidade como somos seres sociais precisamos identificarnos com uma comunidade social específica e com ela interagir de modo pleno ou seja precisamos de uma iden tidade cultural e para isso não basta uma língua e uma forma de alfabetização mas sim um conjunto de crenças conhecimentos comuns a todos Não podemos separar a noção de cultura da de grupo e classes sociais pois cultura é o espaço no qual se dá a luta pela manutenção ou superação das divi sões sociais Talvez seja por isso por exemplo que podemos falar de uma cultura surda É dentro desse espaço que os sujeitos surdos passam a se identificar como sujeitos culturais O estudo do mundo dos surdos mostra que as capacidades do homem lin guagem pensamento comunicação e cultura não se desenvolvem de maneira automática não se compõem apenas de funções biológicas mas também têm origem social e histórica Essas capacidades são como diz Sacks 1998 um presente o mais maravilhoso dos presentes de uma geração para outra refor çando a importância do grupo da cultura surda para a construção da identidade e desenvolvimento cognitivo do surdo O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 Para podermos compreender o que é cultura surda é preciso estabelecer o que estamos considerando como cultura De acordo com o senso comum existiria A cultura no singular se refere às manifestações artísticas e às tra dições de um povo representadas e contadas em lendas festas trajes típicos ritos comida e língua Atualmente os estudiosos admitem a existência de múltiplas culturas inte ragindo entre si sendo possível a multiplicidade de manifestações e grupos culturais de naturezas diferentes ampliando o conceito de cultura e permitindo falar de cultura no plural De acordo com Strobel 2008 p17 a humanidade ao longo do tempo adquire conhecimento através da língua crenças hábitos costumes normas de comportamento den tre outras manifestações Partindo do suposto que cultura é a herança que o grupo cultural transmite a seus membros através de aprendiza gem e de convivência percebese que cada geração e sujeito também contribuem para ampliála e modificála Outro uso da palavra cultura está relacionado à agricultura ao cultivo da terra Falamos em cultura da canadeaçúcar cultura de milho etc O termo cultura está tão rela cionado à lavoura que compõe literalmente o termo agriCULTURA Considerando este outro uso para a palavra cultura Strobel 2008 p 18 afirma que o cultivo da linguagem e da identidade são então elementos fundamentais de uma cultura Mas não é fácil definir o que é cultura surda Para entender a cultura surda é necessário enxergar o surdo como diferente e não deficiente Segundo Perlin 2004 ser surdo é pertencer a um mundo de experiência visual e não auditiva E viver uma experiência visual é ter como primeira língua a Língua de Sinais uma língua visual pertencente à outra cultura que é tam bém visual A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual Essa é também a visão de Quadros e Karnopp 2004 p 10 para quem a cultura do povo surdo é visual ela traduzse de forma visual Na história constatase que os surdos sofreram perseguições pelas pessoas ouvintes que não aceitavam as diferenças e exigiam uma cultura única por meio do modelo ouvintista ou ouvintismo São muitas as lutas e histórias nas comu nidades surdas em que o povo surdo se une contra as práticas dos ouvintes que não respeitam a cultura surda STROBEL 2008 Cultura e Identidades Surdas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 Ainda hoje muitos ouvintes tentam diminuir os surdos para que vivam iso lados e assumam a cultura ouvinte como se esta fosse uma cultura única ser normal para a sociedade significa ouvir e falar oralmente Os ouvintes não pres tam atenção aos surdos que se comunicam por meio da Libras Consequentemente não acreditam que os surdos sejam capazes de estudar em faculdade ou realizar mestrado e doutorado por exemplo Os sujeitos ouvintes veem os sujeitos sur dos com curiosidade e às vezes zombam por eles serem diferentes STROBEL 2008 p 22 Ainda de acordo com Strobel 2008 os surdos constituem uma comuni dade que se caracteriza particularmente pela sua diferença linguística que gosta de interagir entre si e criam espaços para desenvolverem em conjunto dife rentes atividades de educação trabalho esporte e lazer Os espaços dos surdos são associações e clubes de surdos além de ambientes escolares e religiosos onde podem manifestarse livremente em sua língua constituindo ao mesmo tempo refúgio e trincheira da língua de sinais da identidade e da cultura surda Se não é fácil definir o que é a cultura surda podemos mostrar que ela existe e a sua presença pode ser confirmada pelas transformações culturais e cotidianas dos surdos Percebese que o sujeito surdo está descentrado da cultura domi nante e possui outra cultura Diante da comunidade majoritariamente ouvinte as comunidades surdas apresentam suas próprias condutas linguísticas e seus valores culturais A comunidade surda tem uma atitude diferente diante do déficit auditivo já que não leva em conta o grau de perda auditiva de seus membros Pertencer à comunidade surda pode ser definido pelo domínio da língua de sinais e pelos sentimentos de identidade grupal fatores que consideram a surdez como uma diferença e não como uma deficiência PEREIRA et al 2011 p 34 Em seus espaços em sua língua da mesma forma que acontece em qualquer comunidade minoritária os surdos compartilham valores crenças comporta mentos e constroem preservam e difundem sua cultura Para Perlin 2004 a língua de sinais é uma das maiores produções culturais dos surdos Para Perlin 2004 cultura surda é a diferença que contém a prática social dos surdos e que comunica um significado É o caso de ser surdo homem de ser surdo mulher deixando evidências de identidade o predomínio da ordem O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 como por exemplo o jeito de usar sinais o jeito de ensinar e de transmitir cul tura a nostalgia por algo que é dos surdos o carinho para com os achados surdos do passado o jeito de discutir a política a pedagogia etc Para Strobel 2008 p 24 Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo enten der o mundo e de modificálo a fim de tornálo acessível e habitável ajustandoo com suas percepções visuais que contribuem para a definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas Apesar da luta constante da comunidade surda pelo respeito e aceitação como grupo cultural distinto ainda há uma dificuldade muito grande de desen volvimento da inclusão dos surdos com base no respeito a suas diferenças Há que se considerar por exemplo que a maioria das crianças surdas mais de 90 possui pais ouvintes o que causa maiores dificuldades na construção das iden tidades pois os modelos não estão dentro de casa Além disso a dificuldade de comunicação entre pais e filhos surdos causa às vezes problemas de ordem social e cognitiva Esses problemas poderiam ser minimizados se houvesse por parte dos familia res ouvintes disposição em assumir formas de comunicação e intervenção que considerem mais as particularidades da surdez do que as dificuldades inerentes à ausência de audição Partindo disso é fundamental que instituições escolares os pais enfim todos que estão perto da criança surda preocupemse em entender o modo pelo qual ela se comunica para que as trocas possam existir de forma satisfatória para ambas as partes Durante muito tempo os próprios surdos não compreenderam a importân cia da Língua de Sinais para o processo de construção de sua identidade cultural Em sua opinião esta situação está mudando Cultura e Identidades Surdas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 Assim em função da existência de barreiras na comunicação entre o mundo surdo e o mundo ouvinte existem dificuldades para o desenvolvimento cultu ral por isso é necessário que se construam meios especiais para a sua realização como por exemplo que os ouvintes conheçam a Libras Por isso o Decreto 5626 que vamos estudar na próxima unidade e que na prática vai permitir que muitos mais ouvintes aprendam porque Libras é tão importante para os surdos Ele representa um grande avanço para o desenvolvi mento pleno do surdo E traz de volta os professores surdos que desapareceram depois do Congresso de Milão Com professores surdos as crianças surdas terão modelos para se identificar É importante que os ouvintes entendam a importância do professor surdo e respeite esse espaço É como se fosse ensinar japonês o que seria melhor Um japonês que conhece seu idioma na forma correta e tem o português como segunda língua conhecendo as semelhanças e diferenças entre as duas línguas para ensinar japonês aos brasileiros ou um brasileiro que aprendeu japonês como segunda língua Há ainda as novas tecnologias como centrais telefônicas celular digital por teiros luminosos facilidades para a vida dos surdos Em algumas cidades raros lugares estão fora do alcance da cultura surda inclusive o preconceito está dimi nuindo Os surdos não estão mais escondidos estão surgindo novas maneiras de ser surdo com seu modo de comprar olhar comunicar escolher socializar É preciso e necessário para um adequado desenvolvimento tanto físico quanto psíquico dos surdos que os ouvintes deixem de se considerar modelo de normalidade e percebam que diferença não significa inferioridade Importa salientar a diferença das pessoas Respeitálas como surdas índias nômades negras brancas Importa deixar os surdos construí rem sua identidade assinalarem suas fronteiras em posição mais soli dária do que crítica A educação ainda que já esteja saindo do domínio do oralismo tem que desaprender um grande número de preconceitos entre eles o de querer fazer do surdo um ouvinte Novas hipóteses podem ser levantadas novos achados são necessários Entre eles sobressai a urgência de dizer que o surdo é sujeito surdo PERLIN 1998 p 72 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 40 Atualmente buscamos relacionar o processo educacional e as experiências cul turais dos surdos para que seu desenvolvimento alcance maior êxito Como consequência a discussão sobre as formas de atenção às pessoas e aos grupos surdos tem sido deslocada do campo da educação especial para o campo antro pológico pois a educação deveria dar acesso aos bens culturais de acordo com as características singulares decorrentes da surdez Por isso a inclusão escolar dos surdos precisa ser bem discutida pois a relação da surdez com as sociedades culturalmente ouvintes é constituída pelas barreiras de comunicação e participação Assim o campo da surdez pode ser comparado com uma situação de pobreza e reclama da falta de acesso a uma educação de qualidade condições dignas de vida informações adequadas e ao respeito a sua língua cultura e identidade Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Começamos esta primeira unidade pela história da educação dos surdos des tacando que a decisão sobre qual deveria ser a melhor maneira de educar esses sujeitos ou seja se a educação de surdos deveria ser sustentada na oralização ou no uso de sinais foi durante séculos tomada pelos ouvintes Como para o ouvinte ouvir e falar são fundamentais na interação social os profissionais ouvintes envolvidos com a Educação de Surdos durante séculos estabeleceram que o melhor para os surdos seria a oralização e o oralismo como abordagem educacional chegando ao abuso ocorrido no Congresso de Milão com a proibição da utilização de sinais nas escolas Para compreendermos melhor alguns conceitos abordados em nossa uni dade Identidade surda constituise no interior da cultura surda Está em situação de dependência de necessidade do outro surdo As identidades surdas são multifacetadas fragmentadas em constante mudança jamais se encontra uma identidade mestra um foco Os surdos passam a ser surdos por meio da experiência visual de adquirir certo jeito de ser surdo Diferença por exemplo se perguntarmos porque os surdos querem es colas de Surdos A resposta identifica a caminhada para a diferença para tornaremse sujeitos de sua história saírem da exclusão construírem sua identidade em presença do outro surdo para terem direito à presença cul tural própria Língua de Sinais uma das maiores produções culturais dos surdos refere se a língua de sinais Os estudos mais recentes sobre ela têm atestado a incomensurabilidade da sua riqueza linguística Fonte Perlin 1998 p 53 O SURDO A SURDEZ A EDUCAÇÃO A CULTURA E IDENTIDADES SURDAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 42 Só recentemente os surdos puderam opinar sobre sua própria educação e optaram pelo ensino em língua de sinais No caso do Brasil pela educação bilín gue Libras e Língua Portuguesa essa última preferencialmente na modalidade escrita Conquistaram este direito razão pela qual os futuros professores agora precisam aprender Libras É certo que a Libras é um conhecimento necessário que visa uma melhor qualificação para o exercício profissional na Educação Básica uma vez que com a implementação das propostas inclusivistas a escola já vem recebendo muitos surdos os quais muitas vezes não conseguem prosseguir na sua escolarização porque o contexto escolar não atende às suas especificidades linguísticas Porém apenas ter uma comunicação funcional em Libras no contexto escolar não é sufi ciente para a atuação pedagógica com os surdos É importante também ter conhecimento sobre a história da educação de sur dos e sobre as diferentes abordagens educacionais criadas para os alunos com surdez pois estes conhecimentos permitem a compreensão da forte relação existente entre a especificidade linguística dos surdos suas interações sociais e a formação de sua identidade Conhecer os aspectos legais e as políticas públicas da educação de surdos tam bém é fundamental razão pela qual são abordados em nossa próxima unidade 43 O texto a seguir foi publicado na revista ETD Educação Temática Digital Escolhemos alguns fragmentos pois este é um relato importantíssimo para o futuro professor A PRESENÇA DE UMA ALUNA SURDA EM UMA TURMA DE OUVINTES POSSIBILIDADE DE REPENSAR A MESMIDADE E A DIFERENÇA NO COTIDIANO ESCOLAR Carmen Sanches Sampaio Investigo em uma escola pública do Estado do Rio de Janeiro o processo alfabetizador experienciado por uma turma formada por crianças ouvintes e uma criança surda A presença nesta escola de uma aluna surda tornou mais visível para algumas pro fessoras a característica de toda sala de aula a diferença A surdez dessa aluna não pode ser ignorada e nem tão pouco facilmente apagada como tantas outras diferenças constitutivas do espaçotempo escolar Seu modo de ser alguém que não escuta e não se comunica através da linguagem oral tem desafiado a escola a pensar e praticar ou tros modos outros de se relacionar e compreender a alteridade Nesse sentido algumas questões têm surgido como pensar uma escola que de fato reconheça as singulari dades linguísticas e culturais ao invés de apenas se propor a incluir uma aluna surda Como reconhecer politicamente a surdez como diferença Em 2003 participando de um Conselho de Classe a fala angustiada de uma das profes soras alfabetizadoras chama minha atenção Eu não sei o que fazer Há quase dois anos estou com Carla É muito difícil para mim trabalhar com uma aluna surda Como avaliar Ela é uma criança alegre se dá bem com todos os colegas mas A turma está lendo menos ela Como alfabetizar uma aluna que não ouve se o dizer o pensar e o conhecer no diaa dia da sala de aula nessa escola como em tantas outras são mediados pela oralidade linguagem ainda privilegiada no processo de ensinaraprender Sua falapedido de so corro ecoava pela sala de reunião mediante o silêncio existente A responsabilidade pelo trabalho com essa aluna era basicamente dela professora de turma pois as crianças que não acompanham a turma as que não aprendem eou não se comportam de acor do com as expectativas da escolaprofessoras as que fogem dos padrões compreendi dos como normais são selecionadas destacadas e encaminhadas para atendimentos especiais dentro eou fora da escola Com essa aluna não era diferente A força da ar madilha que nos captura para a compreensão da diferença como deficiência é forte A professora que trabalha com a aluna surda desde 2004 quando juntas começamos a investigar o processo alfabetizador vivenciado por esta aluna e seus colegas ouvintes desenvolve uma ação alfabetizadora que investe na dialogicidade na produção de tex tos escritos e orais de modo que as crianças possam aprender a ler e a escrever usando praticando e experienciando a linguagem escrita procurando fugir de uma prática pe dagógica que tem a memorização e a repetição como eixos do trabalho Carla provoca da a participar das atividades realizadas dentro e fora da sala de aula foi evidenciando 44 a subordinação do currículo ao ensino da oralidade e ao mesmo tempo foi instigan donos a pensar e a compreender a surdez como uma experiência visual embora se comportasse como se ouvinte fosse pois praticamente não convivia com surdos Várias vezes quando solicitada a ler lia emitindo sons incompreensíveis e se posicionando desde segurar o papel ou livro até o movimento com o corpo como seus colegas ou vintes faziam Em casa e na escola usava gestos mímicos desenhava dramatizava re corria à datilologia dizia as palavras utilizando o alfabeto manual em Língua de Sinais usava sinais Ela e os que com ela conviviam usavam de todos os recursos possíveis de modo a garantir a comunicação A pressão exercida junto a Gerência de Inclusão e equipe técnicopedagógica da escola garantiu quase no final do 1º semestre do ano de 2005 a contratação de uma professora surda para atuar nesta turma A surpresa vivenciada por Carla foi evidente Interagir com a professora surda mais do que qualquer outra experiência vivida no cotidiano da escola foi crucial para que começasse a se perceber como surda pois foi o encontro surdosurdo A presença na escola de uma professora surda tem evidenciado a dificuldade encon trada pelas próprias professoras em lidar com essa questão Era comum em 2005 nas reuniões pedagógicas se a aluna bolsista usuária da língua de sinais não estivesse pre sente a exclusão da professora surda Inexistia a preocupação em falar mais devagar essa professora é oralizada e lê os lábios e de frente para professora surda ou uma das professoras da escola usuária da língua de sinais realizar a tradução das discussões em andamento Mesmo sem perceber a própria professora surda e a aluna bolsista que atuava como intérprete por várias vezes se colocavam em uma posição física na sala de reuniões mais afastadas do grupo e fora da roda de discussão Inclusive a própria professora surda ao ser solicitada a falar por mais de uma vez resistiu alegando não ter o que dizer Eu e Ana Paula professora de Carla insistimos e a provocamos para que participe efetivamente das discussões e estudos realizados embora a língua pela qual se expressa e constrói conhecimentos não seja a língua dos professores e profissionais ouvintes da escola A investigação com o cotidiano a partir de uma perspectiva complexa possibilita a per cepção e o aprendizado de que a mesmidade da escola proíbe e não proíbe a diferença pois a permanente tensão entre os conhecimentos regulação e emancipação presente no cotidiano escolar revela o confronto entre ações que legitimam relações com o outro que a todo momento demonstram está mal ser o que se está sendo ou está bem ser o que nunca poderá ser e ações com a alteridade que nos desafiam a experienciar uma edu cação uma relação pedagógica inspirada em dois princípios radicalmente novos não está mal ser o que se é e não está mal ser além daquilo que já se é 45 1 Considerando a História da Educação dos Surdos qual foi a conquista mais importante para eles 2 Estabeleça as diferenças entre as concepções de surdez dos defensores do oralis mo da comunicação total e do bilinguismo 3 Qual a importância da comunidade e da cultura surda para o desenvolvimento das identidades surdas 4 Em sua opinião é importante para o professor de uma escola inclusiva conhecer Libras Por quê 5 O século XVIII foi importantíssimo para a educação dos surdos graças à atuação de três grandes educadores Quais foram qual sua nacionalidade qual abor dagem educacional seguiam e qual fato tinham em comum além de serem educadores de surdos MATERIAL COMPLEMENTAR LIBRAS Que língua é essa Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda Audrei Gesser Editora Parábola 2009 Sinopse para complementar seus estudos sobre o tema indicamos o livro de autoria da doutora em linguística Audrei Gesser e professora da Unicamp Esse livro é uma leitura obrigatória para quem pretende conhecer um pouco do mundo surdo e dessa língua tão exótica que é a Libras A própria autora insiste em dizer que muito do que ela traz aos leitores é o óbvio mas que ainda precisa ser dito E no prefácio do livro Pedro Garcez complementa precisa ser dito para que mais ouvintes tenham conhecimento do rico universo humano que se faz nas línguas de sinais com as línguas de sinais e particularmente com a Língua Brasileira de Sinais essa LIBRAS que nos toca de perto se soubermos escutar para vêla Biblioteca Virtual do INES Instituto Nacional de Educação de Surdos Ao acessar a Biblioteca Virtual do INES Instituto Nacional de Educação de Surdos e clicar em pesquisas bibliográficas você encontrará muitas informações acerca de todo o conteúdo dessa disciplina Acesse o link wwwinesgovbrPaginasbibliotecaasp Acesso em 19 jun 2016 47 REFERÊNCIAS BOTELHO P Linguagem e letramento na educação dos surdos ideologias e prá ticas pedagógicas Belo Horizonte Autêntica 2002 CICCONE M Comunicação Total Rio de Janeiro Cultura Médica 1990 DORZIAT A Metodologias específicas ao ensino de surdos análise crítica Pro grama de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental Deficiência Auditiva Vol I Brasília Secretaria de Educação EspecialMEC 1997 FERREIRABRITO L Por uma gramática de Línguas de Sinais Rio de Janeiro Tem po Brasileiro 1995 GESSER A Libras Que língua é essa crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 2009 GOLDFELD M A criança surda São Paulo Pexus 1997 LACERDA C B F Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos Cad CEDES CampinasSP v19 n 46 set 1998 LACERDA C B F SANTOS L F org Tenho um surdo e agora Introdução à Libras e educação de Surdos São Carlos EdusFSCar 2013 NOGUEIRA C M I CARNEIRO M I N NOGUEIRA BI Surdez libras e educação de surdos uma introdução à língua brasileira de sinais MaringáPr EDUEM 2012 PEREIRA M C C CHOI D VIEIRA M I GASPAR P NAKASATO R Libras conheci mento além dos sinais 1 ed São Paulo Pearson Prentice Hall 2011 PERLIN G O lugar da cultura surda In THOMA A S LOPES M C Orgs A inven ção da surdez cultura alteridade identidade e diferença no campo da educação Santa Cruz do Sul EDUNISC 2004 Identidades surdas In SKLIAR C Org A surdez um olhar sobre as dife renças Porto Alegre Mediação 1998 QUADROS R M Educação de surdos a aquisição da linguagem Porto Alegre Ar tes Médicas 1997 REFERÊNCIAS QUADROS R M KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Porto Alegre Artes Médicas 2004 REILY L Escola Inclusiva Linguagem e mediação 4 ed Campinas SP Papirus 2004 SACKS O Vendo vozes uma viagem ao mundo dos surdos São Paulo Companhia das Letras 1998 SÁNCHES C M La increible y triste historia de la sordera Caracas Editorial Cepro sord 1990 SAMPAIO C S A presença de uma aluna surda em uma turma de ouvintes possibi lidade de repensar a mesmidade e a diferença no cotidiano escolar ETD Educa ção Temática Digital Campinas v7 n 2 p 4757 jun 2006 SKLIAR C Org A surdez um olhar sobre as diferenças Porto Alegre Mediação 1998 STROBEL K As imagens do outro sobre a cultura surda Florianópolis Ed UFSC 2008 Referências online 1 Em httpsptwikipediaorgwikiJuanPabloBonetmediaFileLenguade SignosJuanPabloBonet1620Ajpg Acesso em 20 jun 2016 GABARITO 49 1 A principal conquista dos surdos no que se refere à sua educação foi o direito de ser educado em sua própria língua a Libras 2 Para os adeptos do oralismo a surdez é uma deficiência uma patologia que pre cisa ser minimizada Para os defensores da comunicação total a surdez é um estigma uma marca com consequências sociais e para os que assumem o bilin guismo a surdez é uma diferença linguística uma experiência visual 3 A convivência com surdos adultos estabelece modelos para as crianças adoles centes e jovens surdos colaborando para o desenvolvimento das identidades surdas A cultura surda aqui entendida como a maneira do surdo ver o mundo também estabelece vínculos entre os iguais favorecendo o desenvolvimento das identidades surdas 4 Porque em primeiro lugar demonstra o respeito do professor pela identidade do aluno surdo e em segundo lugar permite não apenas uma ação pedagógica mais efetiva mas também o estabelecimento de laços afetivos essenciais para o sucesso da ação docente 5 Foram os educadores Samuel Heinecke alemão e oralista Charles Michell de LEpée francês e precursor da adoção da Língua de Sinais Thomas Braidwood inglês adotava um método combinado próximo à comunicação total Em co mum tinham o fato de que os três criaram em seus países de origem escolas coletivas para surdos UNIDADE II Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Objetivos de Aprendizagem Compreender a inclusão como princípio da Educação Especial Conhecer e refletir sobre a Legislação Educacional brasileira referente aos surdos Conhecer as Políticas Públicas para a educação dos surdos brasileiros Conhecer as novas tecnologias disponíveis para a comunicação e educação dos surdos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Inclusão como princípio da Educação Especial A Legislação brasileira referente à educação de surdos A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil Tecnologias de acessibilidade para a comunicação do surdo INTRODUÇÃO Em qualquer congresso palestra atividades de formação continuada ou grupo de estudos destinados a professores da Educação Básica de maneira direta ou indireta atualmente se fala de escola inclusiva Embora a inclusão diga res peito a qualquer estudante que encontra barreiras para aprender ou ter acesso ao que a escola oferece em qualquer momento da escolarização a maioria das pessoas envolvidas ou não com a educação acredita que a escola inclusiva se destina apenas àqueles com necessidades educativas especiais A principal razão para isso é que nessas crianças as diferenças são mais específicas e exigem ações pedagógicas igualmente específicas para as quais os professores em geral jul gam estar despreparados Em uma escola inclusiva todos são considerados iguais e têm o mesmo valor Assim a escola que é inclusiva está em contínuo processo de mudança para se adaptar aos diferentes alunos que recebe pois incluir significa muito mais do que a simples presença física da criança na sala de aula Infelizmente ainda não saímos do discurso para a prática uma vez que nossa escola pública continua excluindo os pobres os culturalmente diferentes e principalmente os que pos suem necessidades educativas especiais Dentre os alunos com necessidades educativas especiais que encontram maiores dificuldades nesse processo de inclusão estão os surdos pois o processo de ensinar e aprender ainda se sustenta quase que exclusivamente na comuni cação oral Como a comunicação oral é sensivelmente prejudicada a educação de surdos apresenta dificuldades e limitações exigindo práticas pedagógicas diferenciadas que mudaram radicalmente ao longo dos anos Apresentamos nesta unidade a legislação e as Políticas Públicas brasileiras para a Educação de Surdos discutindo desde os princípios da educação especial que sustentam a proposta inclusiva até os principais recursos tecnológicos que constituem parte da tecnologia assistiva para a educação de surdos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 53 LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 54 INCLUSÃO COMO PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Atualmente as agências gover namentais e os especialistas recomendam a inclusão como a principal estratégia educacional para as pessoas com deficiência Da maneira como são apresen tadas as propostas de inclusão temos a impressão de que elas são resultados apenas dos estu dos científicos ou são bondade dos governantes Isso não é ver dade A proposta de inclusão que hoje ocupa o centro das discus sões da Educação Especial é resultado de longas e difíceis batalhas das pessoas com deficiência ao longo da história A Educação Especial é uma modalidade de educação escolar integrante da educação geral direcionada a indivíduos com necessidades especiais Educação Especial segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional lei 939496 é a modalidade de educação escolar ofereci da preferencialmente na rede regular de ensino para educandos que por possuírem necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes a sua idade requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas e adaptadas para que possam apropriarse dos conhecimentos oferecidos pela escola As diferenças ocorrem em função de altas habilidades con dutas típicas deficiência física motora visual auditiva mental bem como condições de vida material precária SHIMAZAKI MORI 2012 p 31 GRIFO NOSSO Observe que a LDB estabelece que a Educação Especial deva ser ofertada pre ferencialmente na rede regular de ensino ou seja a Educação Especial não se opõe à escola regular Existe um equívoco muito grande neste sentido pois as pessoas consideram que a escola que não é especial seria a escola regular Uma shutterstock Inclusão como Princípio da Educação Especial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 55 escola é regular quando oferece o ensino seriado isto é todos ou alguns anos referentes à Educação Básica Ensino Fundamental e Médio Temos escolas especiais que são regulares como o Instituto Nacional de Educação de Surdos INES especializado na educação de surdos oferecendo ensino regular desde a Educação Infantil até o Ensino Superior A modalidade de educação que se opõe ao ensino regular é o ensino supletivo que se caracteriza por não ser seriado e sim concretizado por meio de componentes curriculares ou disciplinas isoladas Assim a educação de pessoas com deficiência pode ser realizada no Brasil em escolas regulares especiais escolas comuns escolas supletivas comuns escolas supletivas especializadas ou como se pretende atualmente em escolas inclusivas Para compreender esta caminhada iniciamos pela caracterização da inclusão como princípio da Educação Especial Para isso apresentamos primeiramente os princípios de Normalização e de Integração por serem os princípios dos quais teve origem a inclusão O princípio de Normalização surgiu na Dinamarca com uma lei de 1959 que estabelecia É necessário criar condições de vida para a pessoa retardada mental semelhantes tanto quanto possível às condições normais da sociedade em que vive O espírito da lei se referia a criar condições normais da sociedade e não do indivíduo Porém a partir de diferentes interpretações a maioria equivocadas passouse a considerar que o princípio da normalização se aplicava à pessoa com deficiência e assim a Educação Especial buscava tornar a criança especial o mais normal possível No caso específico da surdez isso significava que o surdo deve ria aprender a falar e assim o oralismo passou a ser a principal metodologia de trabalho para com os surdos Apesar dessas interpretações equivocadas o princípio da normalização foi muito importante para o desenvolvimento da Educação Especial Novos estu dos realizados a partir do princípio da Normalização foram surgindo fazendo com que as pessoas com deficiência naquela época chamadas de excepcionais fossem enxergadas com direitos e deveres iguais passando a exigir as mesmas condições de vida dos demais seres humanos Na década de 1970 passouse a falar em Integração como um novo princípio o que foi questionado pelos estudiosos Para eles Normalização era o objetivo e a LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 56 Integração era o processo ou seja era como se poderia alcançar a Normalização As crianças especiais passaram a partir da proposta de Integração a fre quentar senão classes comuns pelo menos classes especiais em escolas comuns embora na maioria das vezes com horários de entrada e de saída diferentes dos demais alunos As classes especiais não ofereciam escolarização regular e era comum que estudantes particularmente os surdos passassem anos em uma classe especial e quando deixavam a escola depois de mais de dez anos de estudo não recebiam nenhum certificado pois não se sabia qual série haviam concluído Para se determinar o nível de escolaridade do aluno surdo era preciso sub metêlo a um exame classificatório realizado pelas Secretarias Estaduais o que nem sempre acontecia Quando isto acontecia o surdo educado segundo o oralismo e sem acesso a tratamentos fonoaudiológicos e a uma prótese adequada dificilmente conse guia certificação além dos anos iniciais do Ensino Fundamental A situação era tão desanimadora que se dizia que uma criança surda entrava na educação pela porta da classe especial e nunca mais saía Entretanto a prática da Integração com todas as suas dificuldades e pro blemas foi importante para fazer surgir novos estudos e pesquisas no campo da Educação Especial tanto nos aspectos administrativos quanto nos que se refe rem aos processos de ensino e de aprendizagem Foi desses estudos e pesquisas que originou o princípio da Inclusão ou a proposta da escola inclusiva que estamos vivenciando atualmente De maneira bastante ampla podemos dizer que quando se trata de inclusão o que se preconiza é que a sociedade de maneira geral e a escola de maneira particular necessitam se modificar para receber a criança especial em seu meio No que se refere à surdez garantia de currículo adaptado critério diferen ciado para a correção de provas discursivas e de Língua Portuguesa conhecimento de Libras para uma comunicação funcional por parte dos professores e a pre sença do intérprete de Libras A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 57 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA REFERENTE À EDUCAÇÃO DE SURDOS Veja que cada vez mais os estudos na área da Educação Especial apontam a relevância da parceria famíliapro fissional não só do ponto de vista da promoção do desenvolvimento da pes soa com necessidades especiais mas também como suporte social para todos os envolvidos Todavia os mesmos estu dos que apontam para a importância da parceria famíliaescola apontam para a dificuldade de se conseguir o envolvimento ideal tendo como um dos principais motivos a distância dos profissionais da Educação Especial em relação à família Distanciamento este na maioria das vezes inconsciente Os profissionais de maneira geral e os professores em particular precisam ter clareza de que a participação da família é fundamental para o sucesso do seu trabalho e ainda mais precisam entender qual é o seu papel nesse processo A principal maneira de se conseguir a participação da família na educação da criança especial é firmando parceria entre esta a escola e a sociedade Essa não é uma tarefa fácil e cabe ao professor intermediar para que a família se apro xime da escola e se sinta segura nessa aproximação De fato o professor é o agente principal dessa parceria e deve ser capaz de orientar os pais sobre a deficiência de seu filho sobre os programas de atendimento disponíveis sejam eles educacionais de saúde psicologia ou assistência social É de responsabilidade do professor a orientação sobre a atuação da família em toda a vida do filho com necessidades especiais daí a necessidade do pro fessor conhecer a legislação e as políticas públicas que contemplam os surdos Outro fator fundamental para que os professores conheçam a legislação acerca dos direitos dos surdos é que muitas vezes são estes os únicos profissionais shutterstock LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 58 aos quais a família tem acesso que além de possuírem o conhecimento teóri coprático estão de posse da serenidade emocional que as famílias demoram a conseguir quando se deparam com o imprevisto da chegada de uma criança com necessidades especiais na família Só recentemente passamos a ter legislação destinada especificamente aos surdos A maioria da legislação brasileira referente às garantias de direitos à educação saúde trabalho acessibilidade etc não contemplam diretamente os surdos mas sim a totalidade das pessoas com deficiência independentemente de suas particularidades muitas vezes gerando tensão entre os diferentes seg mentos que constituem esse conjunto de pessoas Apresentamos a seguir trechos ou comentários acerca da legislação educa cional brasileira que contempla os direitos dos surdos particularmente aquelas referentes à Educação Começamos pela Constituição Federal de 1988 conside rada um marco no que se refere aos direitos humanos no Brasil e terminamos com a apresentação da Lei 131462015 a Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência passando pela discus são do Decreto 5626 de 2005 responsável pela inclusão da disciplina de Libras nos currículos dos cursos de licenciatura CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A Constituição Brasileira de 1988 é considerada uma das mais avançadas do mundo no que se refere aos Direitos Humanos e pode ser considerada um ins trumento eficaz na contemplação de especificidades referentes a gênero raça cor idade e deficiência com o estabelecimento de garantias de direitos específi cos e diferenciados Os artigos da Constituição Federal que mais nos interessam são 205 e 208 Art 205 A educação direito de todos e dever do Estado e da família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento da pessoa seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 59 Art 208 III Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino IV 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e subjetivo V Acesso aos níveis mais elevados de ensino da pesquisa e da criação artística segundo a capacidade de cada um LEI Nº 7853 DE 1989 Nesta lei há previsão de matrícula compulsória obrigatória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoa com deficiência capaz de se integrar no sistema regular de ensino Estabelece ainda que é crime recusar suspender adiar cancelar ou fazer cessar sem justa causa a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau público ou privado por motivos derivados da deficiência que este porte LEI 9394 DE 1996 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Esta lei define as diretrizes para educação nacional brasileira e no que se refere aos educandos com necessidades especiais estabelece que o estado brasileiro garanta Art 4º III atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino Art 58 Entendese por educação especial para efeitos desta Lei a mo dalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede re gular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais Art 60 Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos especializadas e com atuação exclusiva em educação especial para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 60 Parágrafo Único O Poder Público adotará como alternativa preferen cial a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades es peciais na própria rede pública regular de ensino independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo PORTARIA Nº 1679 DE 2 DE DEZEMBRO DE 1999 Dispõe sobre os requisitos de acessibilidade a pessoas portadoras de deficiência para instruir processos de autorização e de reconhecimento de cursos e creden ciamento de instituições de ensino superior A partir dessa portaria para que uma Instituição de Ensino Superior tenha autorização de funcionamento para qualquer curso de graduação e mesmo o reconhecimento de cursos já autoriza dos uma das exigências a ser cumprida são as condições de acesso concurso vestibular e de permanência de pessoas com deficiência nos cursos superiores LEI FEDERAL Nº 10098 DE 2000 Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos no mobi liário urbano na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação Entendese por acessibilidade a possibilidade e condição de alcance para utilização com segurança e autonomia dos espaços mobiliários e equipamentos urbanos das edificações dos transportes e dos sistemas e meios de comunica ção por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida É importante destacar o capítulo VII artigos 17 18 e 19 que tratam especifi camente da acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização e abordam o direito à informação das pessoas surdas A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 61 LEI FEDERAL Nº 10436 DE 24 DE ABRIL DE 2002 Esta lei oficializou a Língua Brasileira de Sinais Libras A partir dessa lei não mais se escreve a palavra Libras com todas as letras maiúsculas como se fazia anteriormente quando ela representava uma sigla LÍngua BRAsileira de Sinais LIBRAS Nessa lei também estão estabelecidas as condições que caracterizam uma escola inclusiva para surdos A essência das disposições federais contidas nessa lei está distribuída em quatro artigos Art 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais Libras e outros recursos de expressão a ela associados Parágrafo único Entendese como Língua Brasileira de Sinais Libras a forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico de natureza visualmotora com estrutura gramatical própria constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil Art 2º Deve ser garantido por parte do poder público em geral e em presas concessionárias de serviços públicos formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunida des surdas do Brasil Art 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e trata mento adequado aos portadores de deficiência auditiva de acordo com as normas legais em vigor Art 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais es taduais municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de educação Especial de Fonoaudiologia e de Magistério em seus níveis médio e superior do ensino da Língua Bra sileira de Sinais Libras como parte integrante dos Parâmetros Curri culares Nacionais PCNs conforme legislação vigente Parágrafo único A Língua Brasileira de Sinais Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa A Lei nº 104362002 marca o início de uma nova e promissora era no que diz respeito à pessoa surda sua capacidade identidade e formação Essa lei reconhece não somente que a Libras é uma Língua e que como tal deve ser LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 62 respeitada mas que a comunidade surda sua cultura e sua identidade tam bém devem ser respeitadas As leis da acessibilidade de 2000 e a da Libras de 2002 foram regulamen tadas pelos Decretos 5296 de 2004 e pelo Decreto nº 5626 de 2005 DECRETO FEDERAL Nº 5296 DE 2004 Apesar deste Decreto que regulamenta a Lei 10098 de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibili dade não se referir especificamente à educação destacamos os artigos 5º e 6 º No primeiro está estabelecido quem são as pessoas com surdez que neste Decreto voltam a ser denominadas de deficientes auditivas e a ter sua caracterização esta belecida pelo modelo médico em contraposição aos avanços conquistados com a Lei da Libras de 2002 que caracteriza a surdez como experiência visual No artigo 6º determinase como deve ser o atendimento prioritário para pessoas com deficiência conforme estabelecido na Lei 10048 de 8 de novembro de 2000 Art 5o Os órgãos da administração pública direta indireta e funda cional as empresas prestadoras de serviços públicos e as instituições financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às pessoas por tadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida 1o Considerase para os efeitos deste Decreto I pessoa porta dora de deficiência além daquelas previstas na Lei no 10690 de 16 de junho de 2003 a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias b deficiência auditiva perda bilateral parcial ou total de quarenta e um decibéis dB ou mais aferida por audiograma nas frequências de 500Hz 1000Hz 2000Hz e 3000Hz Art 6o O atendimento prioritário compreende tratamento diferen ciado e atendimento imediato às pessoas de que trata o art 5o 1o O tratamento diferenciado inclui dentre outros III serviços de atendimento para pessoas com deficiência auditiva prestado por intér pretes ou pessoas capacitadas em Língua Brasileira de Sinais LIBRAS e no trato com aquelas que não se comuniquem em LIBRAS e para pessoas surdocegas prestado por guiasintérpretes ou pessoas capaci tadas neste tipo de atendimento A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 Além de retroceder na denominação e definição das pessoas com surdez o Decreto 5296 de 2004 também continua utilizando a grafia da Libras com mai úsculas como uma sigla não considerando a substantivação procedida pela Lei da Libras Estes fatos demonstram que nem sempre os especialistas em surdez participam da elaboração da legislação e das políticas públicas destinadas a este segmento da população DECRETO FEDERAL Nº 5626 DE 2005 Para os fins deste Decreto considerase pessoa surda aquela que por ter perda auditiva compreende e interage com o mundo por meio de experiências visu ais manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais Libras O Decreto 5626 estabelece o que é preciso fazer que a abordagem bilíngue seja adotada nas escolas públicas e particulares do país Define ainda que escola ou classe bilíngue são aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam as línguas utilizadas no ensino Também é este Decreto que torna obrigatório o ensino de Libras para os futuros professores e para os fono audiólogos Destacamos a seguir de forma resumida a essência das disposições contidas no Decreto 5626 A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magis tério em nível médio e superior e nos cursos de Fonoaudiologia de instituições de ensino públicas e privadas do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados do Distrito Federal e dos Municípios Todos os cursos de licenciatura nas diferentes áreas do conheci mento o curso normal de nível médio o curso normal superior o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considera dos cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério A Libras constituirseá em disciplina curricular optativa nos de mais cursos de educação superior e na educação profissional a partir de um ano da publicação deste Decreto LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de for mação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental de nível médio e superior bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa O Decreto nº 5626 estabelece ainda que as instituições federais de ensino devam garantir obrigatoriamente às pessoas surdas acesso à comunicação informação e educação nos processos seletivos atividades e conteúdos curricu lares desenvolvidos em todos os níveis etapas e modalidades de educação desde a educação infantil até à superior A programação visual dos cursos de nível médio e superior preferencial mente os de formação de professores na modalidade de educação a distância deve dispor de sistemas de acesso à informação como janela com tradutor e intérprete de Libras Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de legenda oculta de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às pessoas surdas DECRETO 6949 DE 2009 Quando o Brasil participa de algum evento internacional e assina o documento resultante das discussões para que o compromisso assumido pelo país tenha força de Lei é necessário de que o documento seja aprovado pelo Congresso Nacional e seja sancionado pela Presidência da República O Decreto 6949 de 2009 da Presidência da República promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo assinados em Nova York em 30 de março de 2007 O entendimento do que são pessoas com deficiência avançou muito com esta convenção transferindo o foco das dificuldades do indivíduo para as con dições do entorno em que ele vive a saber pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física mental intelectual ou sensorial os quais em interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma indepen dente e participar plenamente de todos os aspectos da vida os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso em igualdade de oportunidades com as demais pessoas ao meio físico ao transporte à informação e comunicação inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público tanto na zona urbana como na rural No que se refere ao direito à informação temos uma manifestação explícita de inclusão quando estabelece que cabe ao Estado Aceitar e facilitar em trâmites oficiais o uso de línguas de sinais Braille comunicação aumentativa e alternativa e de todos os demais meios modos e formatos acessíveis de comunicação à escolha das pessoas com deficiência Garantia de que a educação de pessoas em particular crianças cegas surdocegas e surdas seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados ao indivíduo e em ambientes que favore çam ao máximo seu desenvolvimento acadêmico e social A fim de contribuir para o exercício desse direito os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para empregar professores inclusive professores com deficiência habilitados para o ensino da língua de sinais eou do Braille e para capacitar profissionais e equipes atuantes em todos os níveis de ensino Apesar da Política Nacional de Educação em especial na perspectiva inclu siva ter sido estabelecida em 2008 portanto um ano anterior ao Decreto 6949 que é de 2009 ela foi orientada pela Convenção que aconteceu em 2007 DECRETO 7611 DE 2011 A promulgação deste decreto contou com intensa participação da comunidade surda mediante a FENEIS seu órgão representativo Este decreto estabelece as diretrizes que normatizam o dever do Estado para com a populaçãoalvo da edu cação especial garantindo a manutenção de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às escolas especializadas que estavam sob a iminência de extinção em LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 função da proposta inclusiva O Decreto no parágrafo 2º do artigo 1º garante todas as diretrizes e princípios dispostos no decreto 5626 de 2005 LEI 13146 DE 2015 Esta Lei que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Estatuto das Pessoas com Deficiência deixa claro quais são os direitos das pes soas com deficiência e quais os deveres que o Estado aqui entendidos como os poderes públicos Federal Estadual e Municipal tem para com esta parcela da população Para se constituir em Lei o projeto do Estatuto das Pessoas com Deficiência tramitou por muitos anos uma vez que não havia unanimidade nem mesmo entre as pessoas com deficiência sobre a pertinência deste documento Para os defensores do Estatuto um documento específico que daria mais visibilidade às pessoas com deficiência além de facilitar ações reivindicatórias de seus direitos pois estariam todos condensados em um único documento sem necessidade de se recorrer ao conjunto de leis estabelecidas Para outros o Estatuto deixaria explícito a exclusão desse segmento do con junto das demais pessoas da sociedade Isto porque enquanto o ECA Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso se remetem a cidadãos em fases específicas de sua vida ou seja os que ainda exercerão plenamente seus direitos em sua fase adulta e os que buscam a extensão de seus direitos para a velhice as pessoas com deficiência enquanto crianças adolescentes adultos e idosos gostariam de ter seus direitos garantidos da mesma forma que os demais indivíduos Assim por exemplo no ECA deveriam estar estabelecidos os direi tos da criança e do adolescente com deficiência assim como em toda legislação e políticas públicas brasileiras A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 No que se refere especificamente à educação a Lei 13146 de 2015 em seus artigos 27 e 28 preconiza o atendimento na perspectiva inclusiva mas garante aos surdos no inciso IV do art 28 o direito de estudar em escolas bilíngues ou seja as escolas especializadas Destacamos também o que se refere ao desenvolvi mento de tecnologias assistivas pela importância que elas assumem na educação de surdos razão pela qual finalizamos esta unidade com um texto sobre este tema Art 27 A educação constitui direito da pessoa com deficiência as segurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e apren dizado ao longo de toda a vida de forma a alcançar o máximo desen volvimento possível de seus talentos e habilidades físicas sensoriais intelectuais e sociais segundo suas características interesses e necessi dades de aprendizagem Parágrafo único É dever do Estado da família da comunidade es colar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência colocandoa a salvo de toda forma de violência negligência e discriminação Art 28 Incumbe ao poder público assegurar criar desenvolver imple mentar incentivar acompanhar e avaliar IV oferta de educação bilíngue em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas VI pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas de materiais didáticos de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva VII planejamento de estudo de caso de elaboração de plano de aten dimento educacional especializado de organização de recursos e servi ços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva XI formação e disponibilização de professores para o atendimen to educacional especializado de tradutores e intérpretes da Libras de guias intérpretes e de profissionais de apoio XII oferta de ensino da Libras do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes promovendo sua autonomia e participação LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 2o Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo devese observar o seguinte I os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica devem no mínimo possuir ensino médio completo e certificado de proficiência na Libras II os tradutores e intérpretes da Libras quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação e pósgradu ação devem possuir nível superior com habilitação prioritariamente em Tradução e Interpretação em Libras Art 30 Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior e de educação profissional e tecnológica públicas e privadas devem ser adotadas as seguintes medidas I atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Instituições de Ensino Superior IES e nos serviços II disponibilização de formulário de inscrição de exames com campos específicos para que o candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva necessários para sua partici pação III disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendi mento às necessidades específicas do candidato com deficiência IV disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia as sistiva adequados previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência V dilação de tempo conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiência tanto na realização de exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas mediante prévia solicitação e comprovação da necessidade VI adoção de critérios de avaliação das provas escritas discursivas ou de redação que considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa VII tradução completa do edital e de suas retificações em Libras A Legislação Brasileira Referente à Educação de Surdos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 O acesso à comunicação e informação é estabelecido em um capítulo específico da Lei 13146 de 2015 destacamos os artigos que interessam diretamente ao surdo Art 66 Cabe ao poder público incentivar a oferta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com acessibilidade que entre outras tec nologias assistivas possuam possibilidade de indicação e de ampliação sonoras de todas as operações e funções disponíveis Art 67 Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o uso dos seguintes recursos entre outros I subtitulação por meio de legenda oculta II janela com intérprete da Libras III audiodescrição Art 68 O poder público deve adotar mecanismos de incentivo à pro dução à edição à difusão à distribuição e à comercialização de livros em formatos acessíveis inclusive em publicações da administração pública ou financiadas com recursos públicos com vistas a garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à leitura à informação e à comunicação 1o Nos editais de compras de livros inclusive para o abastecimento ou a atualização de acervos de bibliotecas em todos os níveis e modalidades de educação e de bibliotecas públicas o poder público deverá adotar cláusulas de impedimento à participação de editoras que não ofertem sua produção também em formatos acessíveis 2o Consideramse formatos acessíveis os arquivos digitais que possam ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituílos permitindo leitura com voz sintetizada ampliação de caracteres diferentes contrastes e impressão em Braille 3o O poder público deve estimular e apoiar a adaptação e a produção de artigos científicos em formato acessível inclusive em Libras LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 Art 70 As instituições promotoras de congressos seminários ofici nas e demais eventos de natureza científicocultural devem oferecer à pessoa com deficiência no mínimo os recursos de tecnologia assistiva previstos no art 67 desta Lei Art 71 Os congressos os seminários as oficinas e os demais eventos de natureza científicocultural promovidos ou financiados pelo poder público devem garantir as condições de acessibilidade e os recursos de tecnologia assistiva Art 72 Os programas as linhas de pesquisa e os projetos a serem desenvolvidos com o apoio de agências de financiamento e de órgãos e entidades integrantes da administração pública que atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar temas voltados à tecnologia assistiva Art 73 Caberá ao poder público diretamente ou em parceria com or ganizações da sociedade civil promover a capacitação de tradutores e intérpretes da Libras de guias intérpretes e de profissionais habilitados em Braille audiodescrição estenotipia e legendagem O capítulo III da Lei 13146 de 2015 aborda a tecnologia assistiva estabelecendo a garantia de acesso da pessoa com deficiência a produtos recursos estratégias práticas processos métodos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia mobilidade pessoal e qualidade de vida mediante por exemplo o acesso a crédito especializado subsidiado para a aquisição individual desses recursos Finalmente o resumo da legislação aqui apresentado teve a intenção de informar o futuro professor e de destacar que atualmente são muitas as ações governamentais que buscam melhorar a educação e a vida social dos surdos Por isso já podemos imaginar em um futuro não muito distante um mundo em que a diferença linguística não seja mais considerada uma deficiência mas como particularidade que não diminui a pessoa surda A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 A EDUCAÇÃO DE SURDOS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DO BRASIL Um dos discursos educacionais atuais é o da inclusão e uma das discussões mais presen tes quando se fala de atitudes politicamente corretas são as que abordam a diversidade cultural e social de indivíduos e grupos Respeitar as diferenças se tornou mais do que um objetivo a ser alcançado passou a ser estratégia nas políticas públicas educa cionais brasileiras Se conhecer a Legislação acerca da edu cação de surdos no Brasil é fundamental para o professor orientar seus alunos e familiares conhecer as políticas públicas educacionais para o surdo brasileiro cumpre também esta função Além disso esse conheci mento é importante para que o professor possa reivindicar melhores condições de trabalho A primeira política pública para a educação dos surdos em nosso país pode ser considerada a Decisão Imperial de 26 de setembro de 1857 quando o governo de D Pedro II criou o Instituto Nacional de SurdosMudos no Rio de Janeiro atual Instituto Nacional de Educação do Surdo INES que adotava a língua de sinais Essa escola foi fundada por Ernest Huet professor surdo francês que che gou ao Brasil com o objetivo de aqui iniciar a educação dos surdos Porém seguindo a tendência determinada pelo Congresso de Milão 1880 em 1911 o INES estabeleceu o oralismo como método de educação dos surdos Atualmente a filosofia educacional adotada pelo INES é o bilinguismo Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 na qual em diferentes artigos são garantidos os direitos das pessoas com deficiência foram propos tas políticas para que a atuação dos diferentes órgãos governamentais pudesse estar em conformidade com os dispositivos constitucionais shutterstock LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DE 1994 Nesse documento aparecem pela primeira vez de forma explícita propostas de apoio à utilização da Língua Brasileira de Sinais Libras na educação de alunos surdos e incentivo à oficialização da Libras Lei nº 1017201 Plano Nacional de Educação O Plano Nacional de Educação estabelece vinte e sete objetivos e metas para a educação das pessoas com necessidades educativas especiais Sinteticamente essas metas tratam Das ações preventivas na área visual e auditiva até a generalização do atendimento aos alunos na educação infantil e no ensino fundamental Do atendimento extraordinário em classes e escolas especiais ao atendi mento preferencial na rede regular de ensino Da educação continuada dos professores que estão em exercício à forma ção em instituições de ensino superior O Plano Nacional de Educação de 2001 indica como meta ainda capacitar pes soas para dar atendimento aos educandos especiais e como meta nº 11 implantar em cinco anos e generalizar em dez o ensino da Língua Brasileira de Sinais para alunos surdos e sempre que possível para seus familiares e para o pessoal da unidade escola mediante um programa de formação de monitores em par cerias com organizações não governamentais PROGRAMA NACIONAL DE APOIO À EDUCAÇÃO DE SURDOS 2001 No cenário de reformas e propostas educacionais temos o Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos que foi o resultado de uma proposição da SEESP MEC e Secretarias de Estado da Educação e Secretarias Municipais de Educação das capitais visando à melhoria da educação de alunos surdos matriculados no A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 Ensino Fundamental Um de seus focos de trabalho foi a formação de professo res ouvintes para o uso da Libras O Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos buscava atender aos 50 mil estudantes surdos matriculados no Ensino Fundamental naquele momento e possuía três metas 1 Organizar cursos de capacitação para profissionais da educação subdi vidida em 3 etapas a primeira a ser realizada em Brasília consistia no curso de instrutores surdos a segunda a ser realizada nos estados con sistia no curso de língua de sinais para professores da rede pública e no curso de língua de sinais para novos instrutores e a terceira a ser reali zada no INES em curso de intérprete de línguas de sinais para professores da rede pública a curto prazo 2 Implantar o centro de apoio à capacitação dos profissionais e à educação de surdos CAP a ser cumprida em médio prazo 3 Modernizar as salas de recursos para atendimento dos surdos a médio prazo Como resultado material deste Programa foi produzido pelo MEC em conjunto com pesquisadores e com a FENEIS Federação Nacional de Escolas e Instituições de Surdos o material didático Libras em Contexto composto de livro do aluno livro do professor e fitas de vídeo Foi o primeiro material de características ofi ciais para o ensino de Libras do Brasil que em 2009 teve publicada sua 9ª edição POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA PNEE 2008 A Educação Especial modalidade escolar que atende preferencialmente na rede regular de ensino educandos com deficiência transtornos globais do desen volvimento e altas habilidades ou superdotação é explicitamente considerada atualmente no Brasil na perspectiva inclusiva e regida pela Política Nacional de Educação Especial PNEE de 2008 De acordo com a PNEE 2008 a atua ção da Educação Especial deve ser articulada com o ensino comum e se efetiva LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 mediante o atendimento às necessidades educacionais especiais dos educandos constituintes de seu público alvo com a oferta em contraturno do Atendimento Educacional Especializado AEE Na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva inclusiva de 2008 o MEC reconhece que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alter nativas para superálas e assim a educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na supe ração da lógica da exclusão A partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais inclu sivos a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alu nos tenham suas especificidades atendidas O documento é claro na orientação de que não sejam mais criadas escolas especiais e orienta que as já existentes transformemse em centros educacionais especializados para ofertar AEE As principais justificativas para a extinção das escolas especializadas apresentadas na PNEE são A Educação Especial se organizou tradicionalmente como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum evidencian do diferentes compreensões terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições especializadas escolas especiais e classes es peciais Essa organização fundamentada no conceito de normalidadeanor malidade determina formas de atendimento clínico terapêuticos for temente ancorados nos testes psicométricos que definem por meio de diagnósticos as práticas escolares para os alunos com deficiência BRASIL 2008 p 06 De acordo com a PNEE 2008 deve ser garantido direito de todos os alu nos pertencerem a uma mesma escola de estarem todos juntos aprendendo e participando sem nenhum tipo de discriminação e suas particularidades seriam atendidas mediante a oferta do AEE Assim o trabalho pedagógico com os alunos com surdez nas escolas comuns deve ser desenvolvido em um ambiente bilíngue ou seja em um espaço em que se utilize a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa Um período adicional de A Educação de Surdos e as Políticas Públicas do Brasil Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 horas diárias de estudo é indicado para a execução do Atendimento Educacional Especializado DÁMAZIO 20071 Nele destacamse três momentos didáti copedagógicos Momento do Atendimento Educacional Especializado em Libras Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras e Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa No Atendimento Educacional Especializado em Libras na escola comum todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares são explicados nessa língua por um professor sendo ele preferencialmente surdo A organiza ção didática desse espaço de ensino implica o uso de muitas imagens visuais e de todo tipo de referências que possam colaborar para o aprendizado O Atendimento Educacional Especializado em Libras oferece ao aluno com surdez segurança e motivação para aprender sendo portanto de extrema importância para a inclusão do aluno na classe comum Já no Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras na escola comum os alunos com surdez têm aulas de Libras favorecendo o conhe cimento e a aquisição principalmente de termos científicos Esse trabalho é realizado pelo professor e ou instrutor de Libras preferencialmente surdo de acordo com o estágio de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhe cimento que o aluno tem a respeito da Língua de Sinais O professor eou instrutor de Libras organiza o trabalho do Atendimento Educacional Especializado respeitando as especificidades dessa língua princi palmente o estudo dos termos científicos a serem introduzidos pelo conteúdo curricular Eles procuram os sinais em Libras investigando em livros e dicioná rios especializados internet ou mesmo entrevistando pessoas adultas com surdez O professor surdo no ensino de Libras oferece aos alunos com surdez melho res possibilidades do que o professor ouvinte porque o contato de crianças e jovens surdos com adultos com surdez favorece não apenas a aquisição dessa língua como também a construção de identidades surdas No Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa são trabalhadas as especificidades dessa língua para pessoas com surdez O ensino é desenvolvido por um professor preferencialmente formado LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 76 em Língua Portuguesa que conheça os pressupostos linguísticos teóricos que norteiam o trabalho e que sobretudo acredite nesta proposta estando disposto a realizar as mudanças para o ensino do Português aos alunos com surdez O que se pretende no Atendimento Educacional Especializado é desenvol ver a competência gramatical ou linguística bem como textual nas pessoas com surdez para que sejam capazes de gerar sequências linguísticas bem formadas Além disso o AEE deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua Portuguesa Para completar a descrição do modelo atual de inclusão dos surdos brasi leiros resta comentar a presença de Intérprete de Libras na sala de aula que é fundamental para a inserção das pessoas com surdez que são usuárias da Língua de Sinais O intérprete deve conhecer com profundidade cientificidade e criticidade sua profissão a área em que atua as implicações da surdez as pessoas com sur dez a Libras os diversos ambientes de sua atuação a fim de que de posse desses conhecimentos seja capaz de atuar de maneira adequada em cada uma das situ ações que envolvem a tradução a interpretação e a ética profissional O ideal é que o professor conheça Libras mesmo com a presença de intér pretes Não é viável que a aula seja ministrada em Libras mas deve existir comunicação mesmo que funcional entre o professor e o aluno Além disso o intérprete geralmente não domina todo conteúdo de todas as disciplinas e é preciso ter certeza de que o que está sendo repassado aos alunos é o que está de fato sendo explicado pelo professor Considerando a importância dos recursos tecnológicos para a inclusão social e educacional dos surdos e que o acesso a tais recursos é garantido pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Lei 13146 de 2015 que inclusive estabelece dispositivos para fomentar pesquisas nesta área Por isso destinamos a seguir um texto específico para analisar os avanços nesta área no que se refere aos surdos Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 TECNOLOGIAS DE ACESSIBILIDADE PARA A COMUNICAÇÃO DO SURDO1 As tecnologias atuais permitiram um enorme aumento da boa qualidade de comunicação entre surdos e entre ouvintes e surdos das quais o princi pal exemplo é o celular por permitir o envio de mensagens escritas dentre outras facilidades 1 Texto resumido do Capítulo 2 de mesmo título da dissertação de mestrado O uso social das tecnologias de comunicação pelo surdo limites e possibilidades para o desenvolvimento da linguagem de autoria de Marília Ignatius Nogueira Carneiro constante das referências Para conhecer mais alguns decretos vinculados à questão dos direitos das pessoas com deficiência pesquise por Decreto Nº 1862008 Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Decreto Nº 621507 Institui o Comitê Gestor de Políticas de Inclusão das Pessoas com Deficiência Decreto Nº 657108 Dispõe sobre o atendimento educacional especiali zado Decreto nº 329899 Regulamenta a Lei no 7853 de 24 de outubro de 1989 dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Porta dora de Deficiência Decreto nº 395201 Conselho Nacional de Combate à Discriminação Decreto nº 529604 Regulamenta as Leis n 10048 e 10098 com ênfase na Promoção de Acessibilidade Decreto nº 395601 Convenção da Guatemala Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência Fonte as autoras LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 78 O precursor do celular foi o PAGER ou BIP Este equipamento não foi criado pensando nos surdos mas por utilizar a escrita e possibilitar que o surdo tivesse acesso à mensagem pela via visual foi adotado por muitos integrantes da comu nidade surda gerando muita esperança Todavia além de ser cara sua utilização não era prática Como as mensagens escritas apenas podiam ser emitidas pelas telefonistas não havia possibilidade de troca efetiva de comunicação Os ouvin tes ligavam para uma central de comunicações do BIP os telefonistas recebiam os recados e enviavam as mensagens para os aparelhos dos surdos que não tinham como responder Infelizmente esses equipamentos tecnológicos foram falhos para a comunicação dos surdos embora servissem para que esses recebessem recados Beatriz e Marília tiveram um deste porque a mãe Clélia desejava man dar recados por exemplo quando saiam à noite Às vezes a mãe queria saber se estava tudo bem então mandava mensagens no Pager e elas telefonavam de um orelhão para casa Não era possível conversar mas apenas por a ligação a mãe sabia que estava tudo bem Era um código combinado entre a família Este exemplo ilustra bem as dificuldades de comunicação que os surdos vivenciaram ao longo dos tempos de maneira que consideramos que é muito mais fácil ser surdo no momento atual repleto de ferramentas tecnológicas Em 1998 surgiu o TDD Telecommunications Devices for the Deaf que foi anunciado como um grande avanço na comunicação dos surdos Entretanto esta tecnologia não foi muito utilizada por eles Primeiro porque era de difícil aquisi ção de maneira que apenas associações entidades governamentais e algumas não governamentais possuíam os aparelhos Além disso sua utilização não apresentava praticidade Para usufruir os serviços do TDD o surdo quando queria ligar para um ouvinte digitava o número e a mensagem que era recebida por um atendente e transmitida oralmente na ligação de telefone comum para o ouvinte O ouvinte respondia e esta mensagem era escrita pelo atendente e encaminhada para o surdo via TDD e assim o procedimento continuava O processo demorado de troca de mensagens e seu custo alto inviabilizou a utilização deste recurso em larga escala A partir do TDD outros recursos tecnológicos sustentados no Português escrito foram disponibilizados para a comunidade surda Muitos inclusive não necessitaram de nenhum tipo de adaptação e foram utilizados indistintamente por surdos e ouvintes Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 Um exemplo desses recursos é o Facebook Este aplicativo para redes sociais é o de maior acesso no mundo Com características individuais permite também a formação de grupos de usuários que possuem interesses em comum Atualmente os smartphones estão bastante acessíveis e os aplicativos de men sagens instantâneas vêm sendo aperfeiçoados fazendo parte do cotidiano das pessoas e facilitando ainda mais a vida social dos surdos como exemplo temos o ICQ o WhatsApp o Instangram e o Telegram Constantemente novos recursos tecnológicos que favorecem a comunica ção de pessoas surdas são apresentados à comunidade científica Um exemplo disso é a pulseira Lepee apresentada por alunos do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná O dispositivo consiste em um aparelho vibratório que se conecta a qualquer celular e pisca e vibra quando o Smartphone recebe notificação de mensagem por exemplo o alarme do carro ou uma campainha wireless Segundo o jornal Gazeta do Povo 2015 online2 O funcionamento de pulseira Lepee tem potencial para provocar uma minirre volução na relação das pessoas surdas com a tecnologia O Instagram é semelhante ao Facebook e é uma rede social online de compartilhamento de fotos e vídeos acessível apenas para smartphones e que não permite a criação de grupos Oferece duas opções público ou fechado Se público qualquer pessoa pode ter acesso ao que for disponibilizado na página do usuário Se fechado só as pessoas adicionadas podem ver suas postagens Os surdos costumam postar fotos e vídeos curtíssimos de no máximo dois minutos Apesar de ser possível postar vídeos em Libras a maioria dos surdos faz apenas postagem de fotos O Telegram é considerado um dos principais concorrentes do WhatsApp porque possui funções semelhantes como o envio e recebimento de conteúdos em texto vídeo áudio e imagem por meio de um pacote de dados ou de uma conexão WiFi Uma primeira vantagem deste aplicativo é o fato de não estar vinculado a nenhuma grande empresa da internet Como o Telegram utiliza a rede móvel para mandar e receber as mensagens ele é gratuito O Telegram apresenta ainda suporte para GIFs Graphics Interchange Format ou em português formato de intercâmbio de gráficos animados Possui dispo sitivos de busca para pesquisa de imagens animadas ou estáticas diretamente LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 80 no aplicativo e apresenta um sistema de citação de outros usuários durante uma conversa ideal para ser utilizada em um grupo Atualmente um grupo de surdos brasileiros2 utiliza o Telegram para uma pesquisa que tem por objetivo convencionar sinais em Libras para diferentes áreas do conhecimento como por exemplo a Matemática Os recursos descritos anteriormente são utilizados pelos surdos letrados entretanto temos também os surdos que são analfabe tos que não sabem ler e escrever mensagens ou mesmo os que possuem um conhecimento insuficiente do Português o que inviabiliza a comunicação com ouvin tes desacostumados com a redação dos surdos Assim além das ferramentas tecnológicas que permitem a exploração de vídeos em geral permitindo portanto a comunicação em língua de sinais algumas ferramen tas tecnológicas foram adaptadas ou mesmo criadas para os surdos São as que utilizam ou a Libras ou o SignWriting As que permitem a utilização da Libras são as preferidas pelos surdos pois por meio delas podem se valer de um poderoso recurso de comuni cação muito valorizado pela comunidade surda que são as expressões visuais A importância de poder se comunicar mediante imagens ou seja por meio de vídeos além de per mitir ao surdo se expressar em sua língua natural se adapta melhor ao desenvolvimento cognitivo e afetivo dos surdos pois como já abordamos na Unidade I atualmente surdez é entendida como uma experi ência visual Dessa forma a Libras é concebida pelas experiências visuais dos surdos os quais se sentem confortáveis ao utilizar ferramentas tecnológicas em que podem se expressar na sua língua Por exemplo os ouvintes leem e escrevem 2 O grupo de Lexicologia e terminologia em Libras desenvolve seus trabalhos por meio do Telegram Muitos surdos de diferentes estados brasileiros reúnemse e discutem para produzir um novo sinal Aproximadamente 38 pessoas surdas da área de linguística e fluentes em Libras O Telegram permite que os usuários se comuniquem sem sair de casa com a vantagem de que este aplicativo permite o envio de vídeos de mais ou menos 6 minutos de gravação que podem ser compartilhados com o grupo shutterstock Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 mas eles falam ao telefone e se sentem bem em ouvir as vozes de seus interlo cutores da mesma forma os surdos para se sentirem próximos da pessoa com quem se comunicam precisam vêla e observar suas expressões faciais Seria o equivalente para os ouvintes a ouvir a voz e pela entonação perceber as varia ções de humor de seus interlocutores As novas tecnologias em Libras são importantes para o uso social dos cida dãos surdos pois a facilidade de acesso às informações pode incentivar a busca pelo conhecimento científico e social pelos surdos Vários recursos tecnológicos com uso da Libras estão disponíveis para os surdos A seguir apresentamos os recursos tecnológicos com Libras que os sur dos mais utilizam TV com Intérpretes Seguramente esta foi a primeira ferramenta tecnológica a disponibilizar o acesso dos surdos à informação em sua língua natural no caso do Brasil a Libras Para isto alguns canais da TV ou determinados programas apresentam a tradução simultânea com o intérprete de Libras em destaque no canto da tela em um espaço denominado janela de interpretação a WebCam e chats com vídeo Não são ferramentas específicas para surdos São recursos dos diferentes aplicativos e redes sociais que permitem aos surdos visualizarem o diálogo sinalizado simultaneamente O software Skype Muito utilizado atualmente para conferências palestras e até mesmo realização de bancas de defesa de mestrado e doutorado em que os participantes da banca não podem estar presentes pois permite a comunicação simultânea com imagens e sons Para estabelecer contato é necessário possuir uma conta de email Na tela aparecem duas imagens uma pequena corresponde à primeira pessoa que vê sua própria imagem a imagem maior mostra a ima gem do interlocutor ou seja daquele com quem se está comunicando O Skype possibilita ainda a comunicação escrita na ausência de câmeras O programa é grátis e é acessível apenas para computadores e tablets Muitos surdos utilizam esta forma de comunicação A webcam do celular Permite a utilização de alguns aplicativos simples e efetivos como por exemplo o Imo Video Free Este programa de download gra tuito é um grande sucesso entre os usuários em geral por permitir chamadas de voz e de vídeo com alta qualidade se estiver conectado à internet 3G 4G ou LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 82 WiFi Também permite mensagens escritas bate papo em grupo e figuras para enriquecer as comunicações escritas O aplicativo permite ainda a formação de grupos para batepapo e compartilhamento de fotos e vídeos Entretanto é a possibilidade de se expressar em Libras pois a imagem é trans mitida simultaneamente que torna o IMO o aplicativo preferido dos surdos É a telefonia móvel para a comunicação entre usuários da Libras Dentre as ferramentas tecnológicas específicas para utilização pelos surdos destacamos o Viável Brasil O Viável é o nome comercial de uma tecnologia adap tada para os surdos semelhante ao aplicativo Skype Esta ferramenta necessita de um equipamento próprio que precisa estar ligado à internet Além do custo do aparelho e da internet há a necessidade de pagamento de uma taxa de serviços que se destina ao pagamento de intérpretes que permanecem em uma central É um telefone específico para clientes surdos Tem dois tipos um oferece tecnolo gia para videoconferência para dois ou três surdos conversarem com webcam O outro disponibiliza intérprete em língua de sinais Para a utilização do sistema Viável o surdo que deseja ligar para um ouvinte pode digitar normalmente o número de telefone e o intérprete atua como mediador interpretando em voz para o ouvinte e sinalizando no vídeo para o surdo ver Também tem bate papo em linguagem escrita Outro recurso tecnológico atualmente disponível são os softwares de tradu ção simultânea de texto e voz da Língua Portuguesa para Libras disponíveis sob a denominação PRODEAF e HandTalk Ambos são aplicativos muito inovadores Os novos softwares ajudam bastante a comunicação entre ouvintes e surdos pois a pessoa fala ao celular e o programa traduz automaticamente em Libras mediante uma animação para os surdos Apesar do grande avanço estes aplica tivos ainda precisam ser refinados e enriquecidos pois não permitem a tradução da Libras nem para o Português oral nem para escrito mas permitem ao surdo responder por escrito Assim de um lado representa um grande avanço pois facilita a comunicação quando o surdo é o receptor ao traduzir o que o ouvinte diz ao surdo mas por outro lado ainda necessita que o surdo possua conheci mento do Português escrito para poder ser o emissor da mensagem O PRODEAF foi desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco por alunos do curso de ciência da computação O grupo envolvido fundou a empresa Tecnologias de Acessibilidade para a Comunicação do Surdo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 83 Proativa Soluções e negócios que conta com o apoio e parceria da Wayra Brasil Telefônica Microsoft Sebrae e CNPq O Hand talk foi apresentado em 2012 O aplicativo é parecido com o PRO DEAF Nele o Hugo personagem 3D torna a comunicação interativa e de fácil compreensão No que se refere à educação de surdos as ferramentas tecnológicas facilitam sua comunicação e aprendizagem Um exemplo são os livros didáticos traduzidos para a Libras que permitem aos surdos entenderem rapidamente os textos em Português com o auxílio da tradução para a Libras em um DVD que acompanha o livro Um problema dessas traduções é que para serem fiéis aos textos escritos os intérpretes acabam realizando mais o Português Sinalizado3 do que a Libras Em outros países em particular em alguns europeus já está disponível um recurso tecnológico por meio do qual na sala de aula por meio de um monitor de tele visão com um aplicativo semelhante ao PRODEAF a língua oral seja traduzida para a língua de sinais O professor fala sempre em um microfone específico e o software traduz para a língua de sinais mediante a animação de um intérprete Esse sistema é mais efetivo do que a interpretação tradicional pois a tradução é simultânea e evita conversas paralelas entre o surdo e o intérprete No Brasil ainda está sendo desenvolvido o projeto TLIBRAS buscando a implantação de recursos semelhantes 3 O português sinalizado corresponde a uma tentativa de tradução termo a termo de Libras para Português obedecendo à estrutura da língua portuguesa mas que não corresponde à sintaxe da Libras Possuindo inúmeras falhas quanto à estrutura e qualidade no ensino você acha que as escolas brasileiras são capazes de atender satisfatoriamente os requisitos de uma escola inclusiva para surdos LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 84 A imagem que segue demonstra o funcionamento desse recurso Figura 1 TLIBRAS Interprete de Libras na TV Fonte adaptada de Alcântara 2015 online3 Outro recurso educacional decorrente das ferramentas tecnológicas são os dicionários virtuais em Libras muito importantes para alunos surdos e para aprendizes ouvintes Como a Libras se sustenta no movimento os dicionários somente são possíveis em razão das tecnologias digitais Esses dicionários pode riam ser explorados pelas escolas bilíngues para o ensino da Língua Portuguesa escrita para crianças surdas da mesma maneira que os dicionários tradicionais são explorados para a construção do vocabulário de crianças ouvintes Assim da mesma forma que esses recursos favorecem o aprendizado da Libras para pessoas ouvintes os surdos também podem ver os sinais de Libras e apren der português escrito Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 85 Outros dicionários virtuais de Libras estão disponíveis como o Dicionário de Libras Este material é muito útil pois além da simples tradução de sinais para palavras escritas em português e viceversa apresenta também planejamento para aulas temáticas que auxiliam muito o professor de Libras para ouvintes Os dicionários virtuais já estão avançando e é possível encontrar dicioná rios temáticos por área de conhecimento como o dicionário virtual em Libras para termos filosóficos elaborado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais PUCMG finalizado em 2008 O material tem como objetivo auxiliar professores da graduação e do Ensino Médio A UTFPR de Londrina criou um dicionário virtual para termos científicos da área de Biologia 2017 online4 A PUCMG estuda atualmente a possibilidade de elaboração de dicionários para as disciplinas de Biologia e História CONSIDERAÇÕES FINAIS A adoção da língua de sinais constitui sem dúvida um avanço importante na medida em que se elimina um grande obstáculo à aprendizagem do surdo Mas não é suficiente para garantir o desenvolvimento das operações formais sem a defasagem encontrada em relação ao ouvinte Existem outros fatores que preci sam ser compreendidos no desenvolvimento cognitivo do surdo Os surdos adultos não se diferenciam significativamente em termos cog nitivos dos adultos ouvintes Isso significa que de alguma forma a defasagem cognitiva encontrada na idade escolar não permanece para sempre no desen volvimento do surdo Mas isso quer dizer também que a escola no geral não está colaborando para a mudança dessa situação LEGISLAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 86 A língua de sinais possibilita aos surdos uma comunicação mais efetiva com seus pares Isso é uma condição fundamental para o desenvolvimento cognitivo não porque a linguagem seja a única responsável pelo desenvolvimento cogni tivo do surdo mas porque permite a interação com o outro e principalmente a interação com seus iguais no sentido dos interesses comuns próprios de cada fase de desenvolvimento Qual o papel da escola nesse sentido Dar cada vez mais qualidade a essa interação sem impor à criança ideias prontas ou soluções baseadas na autori dade O professor deve ser antes de tudo aquele que coloca as perguntas certas organiza situações adequadas e não aquele que oferece as respostas certas Apesar de ser imprescindível que os surdos aprendam o mais cedo possí vel a língua de sinais a sua educação necessita ainda de um cuidado especial A escola não deve se limitar apenas a traduzir para a língua de sinais meto dologias estratégias e procedimentos da escola comum mas deve continuar a se preocupar em organizar atividades que proporcionem o salto qualitativo no pensamento dos surdos O que não se pode deixar de considerar é que o surdo não ficará livre das restrições impostas pela surdez apenas com a aceitação da sua peculiaridade linguística e cultural 87 O texto a seguir foi extraído da Revista Arqueiro n 13 publicada em novembro de 2006 pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos ENTREVISTA Professor Surdo e Alunos Universitários um surdo e um ouvinte João Lázaro professor Marcus Vinicius Freitas Pinheiro aluno surdo Rafael Lebra aluno ouvinte Vanessa Bartolo intérprete Com o Decreto nº 5626 de 22122005 a disciplina de Libras será obrigatória nos cur sos de licenciatura pedagogia fonoaudiologia e opcional nos demais Após um ano de vigência as instituições deverão ter em seus quadros um tradutor e intérprete de Libras para atuarem nos processos seletivos e nas salas de aula Do mesmo modo o Sistema Único de Saúde SUS e os órgãos públicos federais terão que reservar 5 de suas vagas para servidores e funcionários tradutores ou intérpretes de Libras Neste número da revista Arqueiro convidamos um professor surdo um aluno surdo universitário e um aluno ouvinte colega de classe do segundo para se manifestarem a respeito desse acontecimento que a partir dessa data reescreve a história da educação de surdos no país 1 Queremos primeiramente parabenizálos por esta grande conquista e saber que mudanças poderão vir a ocorrer com este Decreto Professor surdo São muitas as mudanças a começar pelas vantagens e benefícios que os indivíduos surdos receberão tendo uma aceitação maior por parte da sociedade da Língua de Sinais uma vez que a maioria dos surdos de nosso país se comunica por meio da Libras Além do mais creio que haverá maior acessibilidade para todos nós nos diversos serviços públicos oferecidos em nosso país 2 Pelo que rege o Decreto escolas e universidades terão que contratar intérpretes eou monitores para os alunos surdos A difusão da Libras é agora uma realidade a ser respeitada e mantida Como você vê a preparação e capacitação de pessoal para este fim Professor surdo Vejo que ainda não estamos preparados devidamente para colocar mos intérpretes nas instituições pois há controvérsias nas interpretações de alguns Acredito que com as universidades criando cursos de graduação e pósgraduação para esta área talvez futuramente tenhamos intérpretes fiéis ao que os surdos dizem 88 3 Sabemos que muitos universitários surdos contratam intérpretes para que te nham um maior entendimento do que lhes é transmitido nas universidades vis to que algumas delas ainda não contrataram esse tipo de profissional Agora isso deverá mudar O que mais será necessário para que se efetive uma mudança sig nificativa no que diz respeito ao acesso pleno das pessoas surdas à educação uni versitária Professor surdo Esta questão é constantemente discutida nos corredores universitá rios Como professor da Universidade Salgado de Oliveira UNIVERSO que contratava intérpretes houve problemas devido a alguns desses profissionais quererem escolher para quem interpretar e uns surdos brigarem com outros pelo intérprete que queriam Por causa desta discussão a instituição resolveu parar de contratar intérpretes deixan do a cargo de cada aluno a sua contratação por conta própria Também há outro proble ma muitos tentam ganhar um salário maior ou igual ao de um professor universitário o que grande parte das instituições de ensino não aceita Além do mais eles têm que compreender que não são contratados apenas para interpretar mas para ajudar no que for necessário e muitos não aceitam Aí surge o problema se o aluno falta o intérprete não faz nada se o aluno mata a aula o intérprete não faz nada se o aluno não tiver aula naquele dia o intérprete não vai ou comparece apenas para ficar sentado sem fazer nada Prefiro parar por aí já que os questionamentos são muitos Aluno surdo O professor em sala de aula precisa conhecer o universo do surdo pre parar aulas que integrem surdos e ouvintes Professores e alunos precisam entender e respeitar a cultura dos surdos 4 Como você encara a proposta de provimento das escolas com professores e ou instrutores de Libras tradutor e intérprete Libras Língua Portuguesa e profes sor regente de classe com conhecimento das singularidades linguísticas dos sur dos neste imenso território nacional Professor surdo É uma boa proposta desde que seja posta em prática respeitando as identidades de cada indivíduo e suas reais necessidades No entanto é preciso que os professores saibam que eles também precisam saber utilizar a Libras como forma de comunicação e expressão senão aquela relação professoraluno nunca existirá na sala de aula 5 Qual é a sua expectativa quanto ao cumprimento do Decreto Aluno surdo Infelizmente acho que vai demorar para que as pessoas cumpram o de creto mas tenho esperança de que isso possa acontecer logo 89 6 Como você vê a inclusão da Libras no currículo universitário e como é assistir a aulas com um intérprete de Libras na sala de aula Aluno ouvinte Vejo a inclusão de Libras como uma nova possibilidade de comunicação e avanço na consolidação da cidadania O Intérprete é um auxiliar de comunicação do professor com o aluno e até mesmo com outros alunos é claro que não atrapalha a aula pois o interesse de comunicação é de ambos 7 Você acredita que com a regulamentação da Libras e sua obrigatoriedade nos Cursos Normais e de Licenciatura as barreiras de comunicação serão eliminadas Professor surdo Isso dependerá da aceitação por parte de nossa sociedade Gostaria que este decreto fosse estendido também para os médicos otorrinolaringologistas pois muitos aconselham as famílias de surdos a não deixálos aprender a Língua de Sinais o que muitas famílias seguem à risca Mas creio que já será um grande passo para as comunidades surdas uma vez que pode ajudar a quebra de preconceitos e também a nossa aceitação e respeito por parte da sociedade brasileira Aluno surdo Depende de como serão as aulas Se a Libras for ensinada de modo super ficial dificilmente essas barreiras acabarão E também para que a barreira da comunica ção seja eliminada é preciso que todos saibam Libras não só alguns Fonte INES Instituto Nacional de Educação para Surdos 2006 online5 90 Depois de uma primeira leitura retome os textos e faça uma nova leitura para res ponder as seguintes questões 1 No que se refere à educação de surdos as ferramentas tecnológicas facilitam sua comunicação e aprendizagem Neste contexto analise as afirmações a se guir e assinale a alternativa correta I Um recurso educacional decorrente das ferramentas tecnológicas são os dicionários virtuais em Libras muito importantes para alunos surdos e para aprendizes ouvintes II Um recurso tecnológico atualmente disponível são os softwares de tradução simultânea de texto e voz da Língua Portuguesa para Libras III O Brasil já produz tecnologias para surdos como por exemplo a pulseira Lepee criada por alunos da Universidade Tecnológica Fe deral do Paraná IV Os recursos tecnológicos como o ICQ o WhatsApp o Instan gram e o Telegram podem ser utilizados por qualquer surdo que a eles tenha acesso a Somente I II e III são verdadeiras b Somente I II e IV são verdadeiras c Somente II III e IV são verdadeiras d Somente I III e IV são verdadeiras e Todas são verdadeiras 2 O que você entende por inclusão Por que este movimento está tão forte atual mente no que se refere às pessoas com deficiência 3 Que fatores além da Libras devem ser considerados na educação de surdos 4 Qual seria em sua opinião a maior dificuldade do trabalho docente com os surdos Explique 5 Como a pessoa surda é considerada no Decreto 5626 de 2005 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Você pode obter gratuitamente a Série Atualidades Pedagógicas Educação Especial Deficiência Auditiva publicada pelo MEC e composta de cinco volumes um dos quais destinado especificamente à aprendizagem da Libras acessando o link wwwinesgovbrineslivroslivrohtml Acesso em 20 jun 2016 Para saber mais sobre os surdos sua educação a proposta inclusiva e sobre educação e diversidade acesse wwweditoraararaazulcombr Acesso em 20 jun 2016 A política educacional de integraçãoinclusão um olhar do egresso surdo Paulo Cesar Machado Editora EdUFSC 2008 Sinopse O autor do livro atua há mais de duas décadas na área da Educação de Surdos em diferentes cursos e níveis de ensino Neste texto conforme consta da contracapa em apresentação de Vilmar Silva caminha com os surdos no labirinto da política de inclusãointegração e nos faz acreditar que é possível criar espaços inclusivos em que a normalização do surdo seja buscada mediante o debate a pesquisa a ação e o compromisso político histórico e social de todos os envolvidos REFERÊNCIAS BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil Brasília DF Senado Federal Centro Gráfico 1988 Decreto n 5626 Regulamenta a Lei no 10436 de 24 de abril de 2002 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras e o art 18 da Lei no 10098 de 19 de dezembro de 2000 Brasília Diário Oficial da União 22 dez 2005 Decreto nº 5296 de 22 de dezembro de 2005 Regulamen ta a Lei no 10436 de 24 de abril de 2002 que dispõe sobre a Língua Bra sileira de Sinais Libras e o art 18 da Lei no 10098 de 19 de dezem bro de 2000 Brasília 2005 Disponível em httpwwwplanaltogovbr ccivil03ato200420062005decretod5626htm Acesso em 23 jun 2017 Decreto n 6949 Promulga a Convenção Internacional sobre os Direi tos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo assinados em Nova York em 30 de março de 2007 Brasília Diário Oficial da União 25 ago 2009 Decreto nº 7611 de 17 de novembro de 2011 Dispõe sobre a educação es pecial o atendimento educacional especializado e dá outras providências Brasília 2011 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03ato201120142011 decretod7611htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº 7853 de 24 de outubro de 1989 Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência sua integração social sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência Corde institui a tutela juris dicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas disciplina a atuação do Ministério Público define crimes e dá outras providências Brasília 1989 Disponí vel em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisL7853htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Brasília 1996 Disponível em httpwwwplanaltogovbr ccivil03leisL9394htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº 10098 de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e crité rios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiên cia ou com mobilidade reduzida e dá outras providências Brasília 2000 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisL10098htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº 10172 de 9 de janeiro de 2001 Aprova o Plano Nacional de Edu cação e dá outras providências Brasília 2017 Disponível em httpwww planaltogovbrccivil03leisleis2001l10172htm Acesso em 23 jun 2017 Lei nº13146 de 6 de julho de 2015 Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Estatuto da Pessoa com Deficiência Brasília 2015 Dispo nível em httpwwwplanaltogovbrccivil03ato201520182015leil13146 htm Acesso em 23 jun 2017 REFERÊNCIAS 93 Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial Polí tica nacional de educação especial na perspectiva da educação in clusiva Brasília MEC 2008 Disponível em httpportalmecgov brarquivospdfpoliticaeducespecialpdf Acesso em 23 jun 2017 Portaria nº 1679 de 2 de dezembro de 1999 Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências para instruir os processos de autorização e de reconhecimento de cursos e de credenciamento de institui ções Brasília 1999 Disponível em httpportalmecgovbrsesuarquivospdf c11679pdf Acesso em 23 jun 2017 CARNEIRO M I N O uso social das tecnologias de comunicação pelo sur do limites e possibilidades para o desenvolvimento da linguagem Dissertação Mestrado em Educação Universidade Estadual de Maringá Pósgraduação em Educação 2016 SHIMAZAKI E M MORI N N R Fundamentos da educação especial In MORI N N R M CEREZUELA C Org Fundamentos da educação especial 1 ed Maringá EDUEM 2012 v 1 p 3141 Referências online 1Em httpportalmecgovbrseesparquivospdfaeedapdf Acesso em 20 jun 2016 2Em httpwwwgazetadopovocombrsaudealunosdautfprcriampulseirapa rasurdosac1f3w4qb5ffti2psrz9bpw0j Acesso em 20 jun 2016 3Em httptecnologiasnaeducacaoinclusivablogspotcombr Acesso em 20 jun 2016 4Em httpepeemcputfpredubrsite Acesso em 20 jun 2016 5Em httpwwwinesgovbruploadspublicacoesrevistaarqueiroarqueiro13 pdf Acesso em 20 jun 2016 GABARITO 1 Alternativa a apenas as afirmações I II e III estão corretas Os recursos ICQ WhatsApp Instangram e Telegram só podem ser utilizados por surdos letra dos que ainda não constituem a maioria As questões 2 3 e 4 tem como propósito proporcionar sua reflexão sobre os temas estudados Aproveite para discutir suas respostas com seus colegas nos espaços apropriados Entretanto algumas respostas são esperadas como 2 Inclusão se refere a proporcionar o acesso de QUALQUER estudante a tudo que a escola oferece Este movimento está tão forte em relação às pessoas com de ficiência em função da luta deste segmento da população para ter acesso a uma educação de qualidade que culmina no Brasil com a PNEE Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva de 2008 3 A cultura surda maior exploração de atividades visuais a própria exploração pedagógica da Libras etc 4 Aqui realmente é para você refletir e se colocar no lugar de um professor que tem um aluno surdo em sala de aula e imaginar o que seria mais difícil para você a comunicação Preparar atividades que explorem a percepção visual Aprender Libras Interagir com o intérprete Condicionar o tempo de aula ao tempo do aluno surdo Enfim são muitas as possibilidades Estabeleça a sua e explique porque você a considera a maior dificuldade no trabalho docente com surdos 5 O Decreto Federal nº 5626 de 2005 considera a pessoa surda como aquela que por ter perda auditiva compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais Libras UNIDADE III Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Objetivos de Aprendizagem Compreender a Libras em seus aspectos gerais Compreender a Libras em seus aspectos fonológicos Instrumentalizar os licenciandos para o estabelecimento de uma comunicação funcional com pessoas surdas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Paralelos entre Libras e a Língua Portuguesa Aspectos fonológicos da Libras Léxico de categorias semânticas I Tempo e Elementos da Natureza INTRODUÇÃO A Libras é uma língua com gramática própria e com condições de proporcionar não apenas a comunicação efetiva entre os surdos como também a expres são de sentimentos a composição de poesias a discussão filosófica enfim um idioma completo Porém principalmente devido às suas características icônicas é comum o pensamento de que as línguas de sinais são iguais em todo o mundo Também é comum aos ouvintes pressupor que as línguas de sinais sejam versões sinalizadas das línguas orais No entanto embora haja semelhanças ou aspectos comuns entre as diferentes línguas de sinais e entre as línguas de sinais e as orais os chamados universais linguísticos as línguas de sinais são autônomas possuindo peculiaridades que as distinguem umas das outras e das línguas orais Nesta unidade vamos estabelecer paralelos entre Libras e Língua Portuguesa e iniciar os estudos da Libras em seus aspectos linguísticos Assim após você ter sido apresentado ao mundo surdo na Unidade I e conhecer a realidade educa cional do surdo brasileiro na Unidade II nesta terceira unidade você vai iniciar sua caminhada no aprendizado desta fascinante língua Como os sinais exigem movimento para serem executados é importante que você observe atentamente as fotos pois quando temos duas ou mais fotos que não estão separadas por um espaço em branco significa que a primeira foto é como o sinal começa e a segunda indica com que configuração de mão ele ter mina As setas indicam a direção do movimento Procure estudar esta unidade acompanhada do seu vídeo pois cada um dos sinais é apresentado na mesma ordem em que aparecem no texto Repita atentamente cada sinal e procure comunicarse em Libras com seus colegas familiares etc Lembrese aqui como na aprendizagem de qualquer outra língua é fundamental praticar muito Bons estudos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 97 ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 98 PARALELOS ENTRE LIBRAS E LINGUA PORTUGUESA Não ouvir faz o surdo criar uma maneira própria de se comunicar mas não o impede de adquirir uma língua e nem de desenvolver sua capacidade de repre sentação Isso provavelmente envolve mecanismos mentais diferentes dos da pessoa ouvinte Todavia a comunicação com as mãos não teve início com os surdos e nem é exclusividade deles De fato a língua de sinais não começou com os surdos pois de acordo com Vygotsky os homens préhistóricos se comunicavam por meio de gestos e apenas quando começaram a utilizar ferramentas ocupando as mãos é que começaram a utilizar a comunicação oral Assim antes de utilizarem a palavra os seres humanos usavam as mãos para interagir demonstrando a naturalidade da comunicação por sinais Podemos então dizer que o processo inverso isto é a passagem da língua oral para a manual foi reinventado pelo homem sempre que necessário e não apenas no caso dos surdos shutterstock Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 99 Você sabia que existem varias linguagens manuais criadas em diversos momentos da história da humanidade para uso em contextos variados tendo em vista possibilitar a comunicação e a interação em situações em que a fala era inviável proibida ou impossível Mergulhadores por exemplo criaram um sistema de códigos gestuais para se comunicar debaixo d água onde a fala não é possível Consi derando os riscos de uma comunicação equivocada em circunstâncias perigosas fica evidente o quanto essa comunicação deve ser bem as similada durante os cursos de mergulho para garantir a segurança no meio líquido REILY 2004 p 113 No Brasil Lucinda Ferreira Brito iniciou em 1982 os estudos linguísticos sobre a Língua de Sinais dos índios UrubuKaapor da floresta amazônica brasileira e após um mês de convivência documentando em filme sua experiência consta tou que se tratava de uma legítima língua de sinais O interessante de se observar no caso dos UrubuKaapor é que os ouvintes da aldeia falam a língua de sinais e a língua oral enquanto que os surdos se restringem à língua de sinais Assim os ouvintes da aldeia se tornam bilíngues enquanto os surdos se man têm monolíngues De acordo com Reily 2004 os indígenas do planalto americano também desenvolveram uma língua de sinais para estabelecer uma comunicação entre tribos distintas que não falavam a mesma língua e precisavam de uma forma convencional de comunicação Assim desenvolveram ao longo do tempo um conjunto de sinais bastante eficiente com o qual conseguiam realizar alianças e comércios Um sistema de sinais também foi desenvolvido no período medieval por mon ges nos mosteiros europeus que faziam o voto do silêncio sendo que mesmo atualmente algumas comunidades de monges utilizam gestos em suas ativida des cotidianas no mosteiro Veja como se concebia a função do silencio no período monástico segundo regras registradas por São Basílio Magno de que a palavra só poderia ser utilizada em caso de necessidade e estando as mãos ocupadas com algum trabalho o que permite inferir que a comunicação gestual por eles utilizada era bastante eficiente É bom para os noviços também a prática do silêncio Se dominam a língua darão simultaneamente boa prova de temperança Com o silên cio aprenderão junto dos que sabem usar da palavra com concisão e ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 100 firmeza como convém perguntar e responder a cada um Há um tom de voz uma palavra comedida um tempo oportuno uma propriedade no falar peculiares e adequados aos que praticam a piedade Não os aprende quem não tiver abandonado aquilo a que estiver acostumado O silêncio traz consigo o esquecimento da vida anterior em consequ ência da interrupção e proporciona lazer para o aprendizado do bem Assim a não ser por questão especial atinente ao bem da própria alma ou por inevitável necessidade de um trabalho em mãos ou por negócio urgente guardese o silêncio excetuada é claro a salmodia Basílio Magno apud REILY 2004 p 114 Assim conforme já mencionamos anteriormente a língua de sinais é um idioma completo Porém talvez principalmente devido às suas características icônicas uma representação da realidade por ícones e pela forte influência da língua oral tanto na estrutura gramatical quanto lexical são muitas as interpretações equivocadas sobre as línguas de sinais em geral e sobre a Libras em particular LIBRAS É LÍNGUA Foi este o título escolhido para a palestra apre sentada por uma linguista em um evento cujo público alvo era o es tudante do curso de letras Uma professora que trabalha na área da surdez mencionando o título fez o seguinte comentário De novo Achei que essa questão já estivesse resolvida GESSER 2009 p 9 Embora mais de cinquenta anos tenham passado desde que a língua de sinais é mundialmente reconhecida do ponto de vista linguístico como uma verdadeira língua no Brasil mesmo após a promulgação da Lei Federal 10436 de 24 de abril de 2002 ainda é necessário afirmar e reafirmar esta legitimidade Mas por que insistir tanto nesta questão de que a Libras é uma língua Afinal o que isso significa Língua e linguagem é a mesma coisa O surdo fala em Libras Por linguagem designamos o sistema abstrato articulado fenômeno univer sal independente da situação cultural que diferencia o ser humano das demais espécies Chamamos de língua o sistema abstrato articulado utilizado por um grupo ou uma comunidade específica por exemplo a Língua Portuguesa O modo particular e individualizado de exercitar a língua é o que denominamos de fala A fala é o exercício material da língua levado a cabo por este ou aquele indivíduo pertencente a uma comunidade linguística específica BASTOS CANDIOTTO 2007 p 15 Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 101 De acordo com Bastos e Candiotto 2007 p 15 a linguagem é a capacidade do ser humano de comunicarse com os semelhantes por meio de signos É ao mesmo tempo física psicológica e social e é realizada sempre dentro do âmbito de uma língua inseparável de um contexto cultural específico particular de uma comunidade linguística Considerando então só o que estabelecemos anteriormente é possível admi tir que a Libras é uma língua porque permite que uma comunidade linguística particular a comunidade surda exerça sua capacidade de comunicação e ainda mais se a fala é o modo de um elemento de uma comunidade linguística exer citar sua língua o surdo fala em Libras Mas não foram considerações simplistas como as que fizemos aqui que per mitiram afirmar em bases científicas que a Libras é uma língua sendo que este reconhecimento linguístico tem início com os estudos descritivos do linguista americano William Stokoe em 1960 Antes disso as línguas de sinais não eram vistas como uma língua verdadeira com gramática própria No Brasil conforme afirmamos anteriormente os primeiros estudos sobre a Libras foram realizados na década de 1980 por Lucinda FerreiraBrito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Tanya Mara Felipe da Universidade Federal de Pernambuco e da FENEIS Federação Nacional de Escolas e Instituições de Surdos entidade representativa máxima dos surdos brasileiros Para poderem chegar à conclusão de que as línguas de sinais constituem um idioma foram feitos muitos estudos Também para poder estabelecer uma compara ção entre a Libras e a Língua Portuguesa os linguistas realizaram diversos estudos Quadros e Karnopp 2004 p 15 definem linguística como o estudo científico das línguas naturais e humanas As línguas naturais podem ser enten didas como arbitrária eou como algo que nasce com o homem LIBRAS É LÍNGUA Reafirmamos isso muitas vezes nessa unidade Para mui tas pessoas que trabalham na área esta questão já deveria estar resolvida Para você existe consenso acerca desta afirmação adaptado de Audrei Gesser ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 102 A parte da linguística que faz a comparação entre duas ou mais línguas cha mase linguística contrastiva A linguística contrastiva é uma parte da linguística geral que estuda as similaridades coisas parecidas e diferenças estruturais entre a língua materna de um grupo de alunos e uma língua estrangeira Essa comparação é feita nos níveis de articulação da linguagem a saber fonológico semântico morfológico e sintático Fonológico estuda os fonemas que são a menor unidade distintiva da pala vra por exemplo na palavra fala a letra f representa o fonema fê se refere aos sons numa língua oral Semântico estuda o significado ou sentido das palavras e da sentença A semântica além de estudar as ironias e metáforas é a parte da linguística que estuda a natureza do significado in dividual das palavras e do agrupamento das palavras nas senten ças que pode apresentar variações regionais e sociais nos diferen tes dialetos de uma língua QUADROS KARNOPP 2004 p 163 Morfológico estudo da estrutura interna das palavras isto é como os elementos se combinam entre si para formar as palavras Sua unidade mínima é o mor fema que é a unidade mínima significativa Por exemplo estudei estudamos e estudante A identidade de significado das três formas é devido ao morfema estud que é igual nas três palavras A Morfologia área da Linguística estuda ainda as diversas formas que apresentam tais palavras quanto à categoria de número gênero tempo e pessoa e a origem das palavras apresentando se a seguinte questão Como as palavras são criadas QUADROS KARNOPP 2004 p 1620 Sintático estuda como as palavras são organizadas numa frase De acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 20 Sintaxe é a parte da linguística que estuda a estrutura interna das sentenças e a relação interna entre as suas partes Para as mesmas autoras o conhecimento linguístico dos seres humanos caracterizase pela existência de uma gramática que apresenta um conjunto finito de princípios regras que possibilitam a compreensão e produção de um número infinito de combinações em uma determinada língua QUA DROS KARNOPP 2004 p 21 Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 103 Ao se estabelecer comparações entre a Língua Portuguesa e a Libras percebem se uma série de diferenças das quais destacamos A língua de sinais é visualespacial e a Língua Portuguesa é oralauditiva A língua de sinais é baseada nas experiências visuais das comunidades sur das mediante as interações culturais surdas enquanto a Língua Portuguesa constituise baseada nos sons A língua de sinais apresenta uma sintaxe espacial incluindo os chamados classificadores A Língua Portuguesa usa uma sintaxe linear utilizando a descrição para captar o uso de classificadores A língua de sinais não tem marcação de gênero isto é não tem sinais dife rentes para feminino e masculino enquanto que na Língua Portuguesa o gênero é marcado a ponto de ser redundante por exemplo na frase A MULHER é professorA o feminino é utilizado diversas vezes o que não era necessário para se entender A língua de sinais atribui um valor gramatical às expressões faciais As expressões faciais não são essenciais na Língua Portuguesa apesar de poderem ser substituídas pela prosódia que significa a pronúncia cor reta das palavras com acentuação ou intensidade Coisas que são ditas na língua de sinais não são ditas usando o mesmo tipo de construção gramatical na Língua Portuguesa Assim às vezes uma grande frase em Língua Portuguesa é necessária para dizer poucas pala vras em Libras e viceversa A língua de sinais utiliza a estrutura tópicocomentário associada ao mecanismo gramatical da topicalização De acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 146 tal mecanismo está associado à mar cação nãomanual com a elevação das sobrancelhas isto é para destacar o tópico de que ou quem se fala do argumento o que se está falando se utiliza a expressão facial de elevação das sobrance lhas A estrutura tópicocomentário evidencia a função gramatical das componentes não manuais no caso da expressão facial Por exemplo na frase DE FUTEBOL JOÃO GOSTA que em Libras fica FUTEBOL JOÃO GOSTAR o sinal para João vem acompanhado da elevação das sobrancelhas ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 104 A língua de sinais utiliza a estrutura de foco que de acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 170 envolve construções duplas em que o ele mento duplicado ocupa a posição final isto é significa destacar a parte mais importante da conversa por meio de repetições sistemáticas Este processo não é comum na Língua Portuguesa ex eu ter dois cachorros dois A ênfase está na quantidade de cachorros portanto ela se repete A língua de sinais utiliza as referências anafóricas isto é sobre quem se está falando mostrando ou indicando pontos específicos no espaço o que exclui ambiguidades que são possíveis na Língua Portuguesa A lín gua de sinais usa apontamentos para indicar um referente e isso não cria ambiguidades como na Língua Portuguesa A escrita da língua de sinais denominada Signwriting não é alfabética Ao se observar as produções em línguas orais e de sinais no nosso caso particu lar entre a Língua Portuguesa e a Libras percebemse uma série de semelhanças das quais destacamos Arbitrariedade as línguas orais são maioritariamente arbitrárias não se depreende a palavra simplesmente pela sua representatividade mas é necessário conhecer o seu significado A iconicidade encontrase presente nas línguas de sinais mais do que nas orais mas a sua arbitrariedade con tinua a ser dominante Embora nas línguas de sinais alguns sinais sejam totalmente icônicos é impossível como nas línguas orais depreender o significado da grande maioria dos sinais apenas pela sua representação Comunidade as línguas orais têm uma comunidade que as adquirem como língua materna cujo desenvolvimento se faz através de uma comu nidade de origem passando pela família a escola e as associações Todas as línguas orais têm variações linguísticas Todas as línguas de sinais pos suem estas mesmas características Sistema linguístico as línguas orais são sistemas regidos por regras O mesmo acontece com as línguas de sinais Produtividade as línguas orais possuem as características da produ tividade e da recursividade sendo possível aos seus falantes nativos produzirem e compreenderem um número infinito de enunciados mesmo que estes nunca tenham sido produzidos antes Acontece o mesmo com Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 105 as línguas de sinais sendo encontradas a criatividade e produtividade nas produções por exemplo da Libras pelos seus sinalizadores nativos pare cendo não haver limite criativo Aspectos contrastivos as línguas orais possuem aspectos contrastivos isto é as unidades fonológicas do sistema de determinada língua estabele cemse por oposições contrastivas ou seja em pares de palavras em que a substituição de uma unidade fonológica uma letra por outra altera o significado da palavra por exemplo jarra e barra Acontece o mesmo nas línguas de sinais sendo que em vez de unidade fonológica muda um pequeno aspecto do sinal Evolução e renovação as línguas orais modificamse como no caso das palavras que caem em desuso outras que são adquiridas a fim de aumen tar o vocabulário e ainda no caso da mudança de significado das palavras O mesmo acontece nas línguas de sinais a fim de responder às necessi dades que a evolução sociocultural impõe Aquisição a aquisição de qualquer língua oral é natural desde que haja um ambiente propício desde nascença Na língua de sinais acontece da mesma forma não tendo o surdo que exercer esforço para aprender uma língua de sinais ou necessidade de qualquer preparação especial Funções da linguagem as línguas orais podem ser analisadas de acordo com as suas funções O mesmo acontece com as línguas de sinais As funções são a função referencial a emotiva a conotativa a fática a meta linguística e a poética Processamento embora usando modalidades de produção e percep ção as línguas orais e de sinais são processadas na mesma área cerebral Dupla articulação tanto as línguas orais possuem um número finito de unidades fonemas para as primeiras e quiremas para as segundas que não possuem significado quando consideradas isoladamente Por exemplo os sons f v c e a não possuem significado por si só mas quando combina dos por exemplo como vaca cava e faca adquirem sentidos diferentes No que se refere às especificidades das línguas de sinais em geral e da Libras em particular destacamos ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 106 Em função de suas características os sinais podem parecer movimentos aleatórios de mãos e corpo acompanhados por expressões faciais varia das ou seja seriam apenas gestos De acordo com Pereira et al 2001 p 18 esta descrição para sinais seria equivalente a descrever uma língua oral como ruídos feitos com a boca Além disso os gestos são traços das línguas orais isto é acompanham as línguas orais e favorecem a comu nicação Portanto os sinais não são gestos A língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as línguas orais dispondo de recursos expressivos suficientes para permitir aos seus usuá rios expressarse sobre qualquer assunto em qualquer situação domínio do conhecimento e esfera de atividade As línguas de sinais são línguas de modalidade visomotora ou espaço visual ou ainda visuoespacial pois a informação linguística é produzida pelas mãos e recebida pelos olhos A comunicação manual é algo inerente ao ser humano e já existia entre os hominídeos préhistóricos sendo portanto natural Dizemos que uma língua é artificial quando é construída por um grupo de indivíduos com um objetivo específico como o caso do Esperanto língua criada pelo russo Ludwik Zamenhof em 1887 com o objetivo de estabelecer uma comuni cação internacional fácil De maneira semelhante foi criado o Gestuno com a intenção de ser uma língua de sinais universal e que foi apresentado pela primeira vez em 1951 no Congresso Mundial da Federação Mundial dos Surdos mas que não conseguiu aceitação plena entre os surdos por ser inventada Portanto a língua de sinais não é artificial A língua de sinais não é icônica apesar de grande parte dos sinais serem icônicos isto é são parecidos com o que estão representando o que poderia significar que a língua de sinais não seria arbitrária e resultante de convenção como as línguas orais em que não existe uma relação de semelhança entre a palavra e o conceito que representa não podemos afirmar que a língua de sinais seja icônica pois apesar da relação direta quase transparente entre um sinal e o conceito que este representa as modificações por eles sofridas ao longo do tempo e na combinação com outros sinais resultam em perda de iconicidade se tornando portanto arbitrários A Libras é uma língua com gramática própria e com condições de Paralelos Entre Libras e Lingua Portuguesa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 proporcionar não apenas a comunicação efetiva entre os surdos como também a expressão de sentimentos a composição de poesias a discus são filosófica enfim um idoma completo não se tratando absolutamente de um conjunto de gestos mímica ou de Português sinalizado repro duzir utilizando sinais a Língua Portuguesa conservando suas regras gramaticais As línguas de sinais não são iguais em todo o mundo isto é existe dife rença entre as línguas de sinais utilizadas em países diferentes No caso do Brasil a língua brasileira de sinais é denominada Libras e é portanto brasileira não podendo ser considerada como uma língua estrangeira Dito de outra forma língua de sinais é universal mas existe uma dife rença importante entre as línguas de sinais e as orais Quando surdos de diferentes nacionalidades se encontram mesmo um não conhecendo a língua de sinais do outro acabam se comunicando com mais facilidade que os ouvintes As línguas de sinais por comprovação científica cumprem todas as fun ções de uma língua natural mesmo assim ainda sofrem preconceito e são desvalorizadas diante das línguas orais sendo consideradas como uma derivação da gestualidade espontânea como uma mescla de pantomima e sinais icônicos A língua de sinais não é subordinada à língua oral majoritária do país As línguas de sinais são completamente independentes das línguas orais dos países onde são produzidas Como exemplo as línguas de sinais do Brasil e dos Estados Unidos possuem uma raiz comum a língua de sinais francesa embora o Português e o Inglês não possuam as mesmas raízes sendo o primeiro um idioma de origem latina e o segundo anglosaxão A Libras é uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos brasileiros devendo portanto ser conhecida pelo menos em seus aspec tos fundamentais pelos professores A Libras é falada de boca fechada As pessoas ouvintes que não são fluen tes em Libras costumam misturar as duas línguas na comunicação com surdos e acabam por utilizar os sinais da língua de sinais mas com a estru tura da Língua Portuguesa Normalmente o surdo não compreende essa mistura de línguas pois a construção de sentido depende da estrutura e portanto da fidelidade à gramática da língua de sinais ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 Sempre que se comparam duas línguas aparece uma série de regularidades e a partir dessas regularidades foram estabelecidos alguns descritores para a busca de similaridades e diferenças entre as línguas São eles a Que existem alguns aspectos que estão presentes na base de todas as línguas naturais consideradas similaridades comportamentais que não precisam ser explicitados b Que se duas línguas têm muitas similaridades tipológicas estas poderão servir de base para as primeiras ideias sobre o significado das formas em língua estrangeira como por exemplo o Português e o Espanhol Se você conhece bem o Português possui um vasto vocabulário certamente você terá facilidades para compreender o Espanhol c Quanto às diferenças se elas acontecem sempre nas mesmas coisas por exemplo Inglês quase não tem masculino e feminino e Português quase sempre tem Saber no que as línguas são diferentes ajuda a entender me lhor a língua estrangeira Fonte as autoras Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 ASPECTOS FONOLÓGICOS DA LIBRAS No texto anterior estabelecemos semelhanças e diferenças entre línguas de sinais e línguas orais Neste capítulo destacamos mais uma e talvez a semelhança mais importante entre elas ambas seguem os mesmos princípios pelo fato de possuírem um léxico isto é um conjunto de símbolos convencionais e uma gramática ou seja um sistema de regras que rege o uso desses símbolos PEREIRA et al 2011 p 59 Foi o linguista americano Stokoe conforme vimos no texto anterior o primeiro estudioso a constatar na década de 1960 que a língua de sinais no caso a Língua de Sinais Americana LSA ou ASL American Sign Language preenchia todos os requisitos linguísticos de uma língua isto é possuía um léxico vocabulário uma sintaxe regras gramaticais e uma capacidade de gerar uma quantidade infinita de sinais e sentenças De acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 47 a primeira tarefa da fonologia para as línguas de sinais é determinar quais são as unidades mínimas que formam os sinais e a segunda tarefa ainda segundo as mesmas autoras é estabelecer quais são os padrões possíveis de combinação entre essas unida des e as variações possíveis ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 Um sinal não é holístico isto é não se constitui em um todo indivisível ao contrário ele é constituído pela combinação dos movimentos das mãos com um determinado formato e orientação das palmas em um determinado lugar que pode ser um ponto específico do corpo ou um espaço à frente do sujeito que sinaliza Dito de outra forma os sinais são constituídos por unidades mínimas também chamadas de parâmetros que se combinam mediante alguns padrões Em suas pesquisas Stokoe estabeleceu que cada sinal é composto por três parâmetros básicos a configuração das mãos CM o movimento das mãos M e o ponto de articulação PA ou Locação L que é o lugar do espaço onde as mãos se movem Parâmetro é um componente de um sinal uma unidade mínima que se for alterado altera o significado da palavra ou sinal Os parâmetros nas línguas de sinais correspondem aos fonemas nas línguas orais e em analogia Stokoe propôs inicialmente o termo quirema para tais parâmetros A partir da década de 1970 foram aprofundados os estudos fonológicos sobre a ASL dos quais resultou a descrição de um quarto parâmetro a orientação O e posteriormente mais um parâmetro foi acrescentado os componentes não manuais ou expressões não manuais ENM Esse contraste de dois itens lexicais com base em um único componen te recebe em linguística o nome de par mínimo Nas línguas orais por exemplo pata e rata se diferenciam significativamente pela altera ção de um único fonema a substituição do p por r No nível lexical temos em LIBRAS pares mínimos como os sinais grátis e amarelo que se opõem quanto à CM churrascaria e provocar diferenciados pelo M ter e Alemanha quanto à L GESSER 2009 p 15 Quadros e Karnopp 2004 apresentam alguns dos aspectos fonológicos da Língua Brasileira de Sinais e são As línguas de sinais são visuoespaciais ou espaçovisuais pois a infor mação linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos Os elementos mínimos constituintes da língua de sinais parâmetros são processados simultaneamente e não linearmente como ocorre na língua oral Os articuladores primários das línguas de sinais são as mãos que se movi mentam no espaço em frente ao corpo e articulam sinais em determinadas Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 locações nesse espaço Entretanto os movimentos do corpo e da face tam bém desempenham funções Um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos No caso de uma mão a articulação ocorre pela mão dominante Um mesmo sinal pode ser produzido pela mão esquerda ou direita Assim conforme vimos anteriormente unidades mínimas parâmetros podem ser produzidas simultaneamente e a variação de uma delas pode alterar o sig nificado do sinal Elas não têm significado isoladamente Um sinal pode ser constituído por mais de uma unidade mínima por exemplo o sinal de tele visão envolve simultaneamente configuração de mão ponto de articulação movimento e a orientação de mão TELEVISÃO A Libras tem sua estrutura gramatical organizada a partir de cinco parâmetros que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos a Configuração das mãosCM o Movimento M o Ponto de Articulação ou Locação PA ou L e a Orientação das mãos O e as Componentes não manuais ou Expressões não manuais CNM ou ENM que são as expressões faciais e corporais ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 Configuração de mão CM a configuração de mão é o ponto de partida da articulação do sinal São as formas que as mãos assumem na produção dos sinais que podem ser as do alfabeto digital ou outras Uma mesma configuração de mão possibilita a produção de vários sinais por exemplo a configuração mão em L está presente nos sinais de televisão trabalho papel educação entre outros FerreiraBrito 1995 propõe 46 configurações de mão Atualmente o dicionário digital de Língua Brasileira de Sinais organizado pela Acessibilidade Brasil disponível em wwwacessobrasilorgbr Acesso em 20 jun 2016 apre senta 73 configurações conforme quadro a seguir Apresentamos a seguir 38 configurações de mão sendo 28 que compõem o Alfabeto Digital e 10 que se referem aos algarismos Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y Z ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 A Libras não se resume a escrever as palavras utilizando o alfabeto digital A escrita datilológica que é como é denominada esse tipo de escrita só é utili zada para nomes próprios ou para palavras que ainda não possuem um sinal ou que não pode ser facilmente representada por um classificador icônico Outro Acesse e veja o material que preparamos especialmente para você Acesse e veja o material que preparamos especialmente para você Fonte as autoras Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 aspecto a se destacar é que a escrita datilológica não é a escrita de sinais isto é se utiliza a escrita datilológica na fala em conversas A datilologia é uma forma de comunicação em Libras fundamentada essencialmente no alfabeto datiloló gico e é diferente da soletração A soletração é feita em Libras letra por letra da mesma forma que na Língua Portuguesa por exemplo soletrando com a mão o nome Maria escrita ou fala Maria soletração M A R I A É aconselhável soletrar devagar formando as palavras com nitidez Entre as pala vras soletradas é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado A datilologia difere da soletração porque não reproduz todas as letras da palavra mas dito de maneira simplificada soletra um resumo da palavra para agilizar a comunicação Por exemplo PAI fica em datilologia PI sem o A observe os exemplos a seguir Soletração PAI Datilologia PI Soletração VAI Datilologia VI Nesse exemplo o que distingue a datilologia da palavra VAI VI da soletração da palavra VI é o contexto em que ocorre a conversação ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 Os nomes podem ser transmitidos por datilologia quando o surdo está alfabetizado mas a comunidade surda prefere a prática de atribuir um sinal que identifica cada pessoa Esse sinal adjetiva características físi cas da pessoa Por isso dois meninos chamados Jonatas por exemplo podem ter sinais diferentes um do outro porque um tem uma covinha no queixo e o outro tem o cabelo encaracolado Também pode aconte cer de dois alunos de nomes diferentes terem o sinal parecido REILY 2004 p 132 Ressaltamos que o alfabeto digital é um recurso utilizado pelos surdos sinaliza dores para soletrar manualmente as palavras soletração e datilologia Assim apesar de possuir uma importante função na interação entre sinalizadores o alfabeto digital não é uma língua e sim apenas um código para a representação manual das letras alfabéticas Detalhe importante a soletração só é possível entre interlocutores alfabetizados É nesse sentido que as crianças surdas ainda em processo de alfabeti zação da escrita oral poderão ter também dificuldade com essa habi lidade Mais uma prova para desconstruir a crença de que a língua de sinais pudesse ser o alfabeto manualdatilologia afinal para ser com preendido e realizado o abecedário precisa ser ensinado formalmente GESSER 2009 p 33 O alfabeto digital da Libras não é o mesmo que é utilizado pelos surdoscegos que precisam pegar na mão do interlocutor para nela produzir o sinal Uma observação como a Libras não admite flexão de gênero na transcrição dos sinais utilizamos o símbolo isto é o símbolo está sendo utilizado para representar sinais que diferentemente do Português não possuem marca para gênero masculinofeminino Assim o sinal traduzido por fei pode tanto ser usado para feio ou feia Observe as fotos Para compor um sinal a expressão facial é importante por exemplo para o sinal feio a expressão do rosto deve indicar isso Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 FEI Ponto de Articulação PA ou Localização L O ponto de articulação é a segunda principal unidade mínima É o lugar do corpo ou do espaço em que é realizado o sinal Os sinais podem ser produzidos envolvendo quatro pontos de articulação tronco cabeça mão e espaço neutro Muitos sinais envolvem um movimento indo de um ponto de articulação para outro Mesmo assim considerase que cada sinal tem apenas um ponto de articulação mesmo que ocorra um movi mento de direção Se dois sinais possuem a mesma configuração de mão e mesmo movimento mas pontos de articulação diferentes eles são diferentes como por exemplo os sinais para amar ouvir aprender e laranja diferem entre si apenas pelo ponto de articulação Ex LARANJA e APRENDER LARANJA Mesmo movimento e Configuração da Mão mas outro Ponto de Articulação Observe ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 APRENDER Mesma CM M com pouca diferença e PA é diferente CACHORR e CULPA Observe CAHORR CULPA MOVIMENTO M De acordo com Nogueira Carneiro e Nogueira 2010 p 104 movimento é uma importante unidade mínima Além de participar ativamente na produ ção do sinal ele dá graça beleza e dinamismo a essa língua Para que haja movimento é preciso haver objeto e espaço Nas línguas de sinais as mãos do enunciador representam o objeto enquanto o espaço em que o movimento se realiza o espaço de enunciação é a área em torno do corpo do enunciador O movimento é definido como um parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções desde o movimento interno da mão os movimentos dos pulsos e os movimentos direcionais no espaço QUADROS KAR NOPP 2004 p 54 Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 As pessoas ouvintes ao usarem a língua de sinais o fazem normalmente de maneira mais estática Isso ocorre porque o movimento embora seja uma parte integrante da língua é realizado com mais propriedade pelos surdos que são visu ais mais fluentes em relação aos ouvintes e conhecem a língua profundamente Sabese que associar à produção do sinal aspectos como o movimento e as expressões nãomanuais não é algo simples para os ouvintes Essa habilidade exige muita competência e fluência na língua além de uma boa coordenação motora domínio do movimento e orientação no espaço Ainda segundo Nogueira Carneiro Nogueira 2010 p 105 para os ouvin tes que são usuários de língua oralauditiva o domínio dessas habilidades é algo bem complexo Os sur dos por serem seres visuais adquirem essas habilidades com muito mais naturalidade e facilidade do que os ouvintes Cabe destacar então que para que haja movimento é preciso haver espaço Portanto o movimento é indissociável do espaço entretanto um sinal tam bém pode ser realizado sem movimento exemplos Ajoelhar Em pé Pensar As variações do movimento servem para diferenciar itens lexicais como por exemplo nome e verbo para indicar a direcionalidade do verbo por exemplo o verbo olhar e olhar para e para indicar variação em relação ao tempo dos verbos como por exemplo olhe para olhe fixo observe olhe por um longo tempo olhe várias vezes Os movimentos se diferenciam pela direcionalidade tipo maneira e frequ ência Vamos abordar aqui apenas a direcionalidade e o tipo Quanto à direcionalidade um movimento pode ser a Unidirecional movimento em uma única direção no espaço durante a realização de um sinal Ex PROIBID MANDAR ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 120 PROIBIR MANDAR b Bidirecional movimento realizado por uma ou ambas as mãos em duas direções diferentes Ex JULGAMENTO GRANDE DISCUTIR TRA BALHAR BRINCAR DISCUTIR GRANDE JULGAMENTO Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 BRINCAR TRABALHAR c Multidirecional movimentos que exploram várias direções no espaço durante a realização de um sinal Ex INCOMODAR PESQUISAR INCOMODAR PESQUISAR Você pode perceber esses movimentos com mais clareza consultando os vídeos TIPOS DE MOVIMENTOS FerreiraBrito 1995 identificou seis tipos diferentes de movimento a saber de contorno ou forma geométrica interação contato torcedura dobramento e interno das mãos Vamos abordar aqui apenas o tipo que se refere ao contorno ou forma geométrica que é a forma do movimento no espaço Nessa categoria de contorno ou forma geométrica os movimentos podem ser ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 122 a movimento retilíneo VER MANDAR DEVER b movimento helicoidal Alt Importante Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 c movimento circular BRINCAR BICICLETA NADAR d movimento semicircular Saúde Surd Coragem ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 124 e movimento sinuoso NAVIO f movimento angular DIFÍCIL Observe esses movimentos nos seus vídeos Orientação das mãos é a direção para a qual a palma da mão aponta na pro dução do sinal É possível identificar seis tipos de orientações da palma da mão na Língua Brasileira de Sinais para cima para baixo para o corpo para frente para a direita ou para a esquerda Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 125 Também pode ocorrer a mudança de orientação durante a execução de um sinal Exemplo MONTANHA BAIXA MONTANHA BAIXA COMPONENTES OU EXPRESSÕES NÃO MANUAIS CNM OU ENM Além desses parâmetros a Libras conta com uma série de componentes não manuais como a expressão facial ou o movimento do corpo que muitas vezes podem definir ou diferenciar significados entre sinais As expressões nãomanu ais envolvem movimento da face dos olhos da cabeça e do tronco A expressão facial e a corporal podem traduzir alegria tristeza raiva amor encantamento etc dando mais sentido à Libras e em alguns casos determinando o significado de um sinal Essa unidade mínima é também muito importante linguisticamente pois marca as sentenças interrogativas Ex o dedo indicador com a configuração de mão da letra G do alfabeto digital G sobre a boca com a expressão facial calma e serena significa silên cio o mesmo sinal usado com um movimento mais rápido e com a expressão de zanga significa uma severa ordem Cale a boca ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 126 SILÊNCIO CALE A BOCA Em outros casos utilizamos a expressão facial e corporal para negar afirmar duvidar questionar etc Duas expressões podem ocorrer ao mesmo tempo como por exemplo as marcas de interrogação e negação que podem envolver franzir de sobrancelhas e projeção da cabeça por exemplo As componentes nãomanuais possuem duas funções nas línguas de sinais marcação de construções sintáticas marcam sentenças interrogativas simnão interrogativas QU que quem qual quando e diferenciação de itens lexicais No caso de diferenciação de itens lexicais o sinal convencional é modificado sendo realizado na face disfarçadamente Exemplos ROUBO ATOSEXUAL ATO SEXUAL LADRÃO Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 127 As expressões faciais são muito importantes na realização dos classificadores pois intensificam seu significado Por exemplo Bochechas infladas e olhos bem abertos para coisas grandes ou grossas Olhos semifechados com o franzir da testa ombros levantados e inclina ção da cabeça para frente para coisas estreitas ou finas Expressão facial normal para tamanhos médios Observe a seguir as diferentes emoções de expressões faciais IRONIA ALEGRIA ESPANTO BRAVA RAIVA CUMPLICIDADE QUE COISA HEIN PENA TRISTEZA ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 128 CANSADO ENFADO TÉDIO SUSTO As expressões faciais também são utilizadas para indicar advérbios de intensi dade e tamanho INTENSIDADE DINHEIRO RICO MILIONÁRIO MULTIMILIONÁRIO Aspectos Fonológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 129 TAMANHO Até o momento você estudou as unidades mínimas de um sinal e viu que apesar de cada uma dessas unidades mínimas ou parâmetros a saber configuração de mãos ponto de articulação movimento orientação das mãos e componen tes não manuais não possuírem significado isoladamente quando se compõem passam a constituir sentido Entretanto essa composição não é livre Ela deve seguir regras dentre as quais se encontram aquelas que restringem ou limitam a formação de sinais ou seja a combinação das unidades mínimas Algumas dessas restrições são impostas pelo sistema perceptual visual e outras pelo sis tema articulatório fisiologia das mãos QUADROS KARNOPP 2004 p 78 Considerando que os sinais que utilizam apenas uma das mãos podem ser produzidos indistintamente pela mão direita ou esquerda as condições de restri ção se referem aos sinais produzidos por ambas as mãos Para sinais produzidos com as duas mãos temos duas possibilidades a as duas mãos são ativas e b uma mão é ativa mão dominante e a outra serve como locação Assim as con dições de restrição se referem a essas possibilidades de produção de sinais com as duas mãos e são de acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 79 a Condição de simetria caso as duas mãos se movam na produção de um sinal então determinadas restrições aparecem a saber a CM deve ser a mesma para as duas mãos a locação de ser a mesma ou simétrica e o movimento deve ser simultâneo ou alternado b Condição de dominância se as mãos apresentam distintas CM então a mão ativa produz o movimento e a mão passiva serve de apoio apre sentando um conjunto restrito de CM não marcadas As restrições na formação de sinais derivadas do sistema de percepção visual e da capacidade de produção manual restringem a complexidade dos sinais para que eles sejam mais facilmente produzidos e percebidos O resultado disso é uma maior previsibilidade na formação de sinais e um sistema com complexidade controlada Destacamos que a condição de simetria se refere tanto à percepção visual pois as duas mãos sendo ativas seria muito difícil a percepção dos movimentos se eles não fossem simétricos quanto ao sistema articulatório visto ser extremamente difícil a produção simultânea de sinais distintos para cada uma das mãos Com ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 130 o estudo das restrições na formação de sinais encerramos esta parte relacionada à fonologia das línguas de sinais em geral e da Libras em particular Em nossa próxima unidade abordaremos os aspectos morfológicos da Libras LÉXICO DE CATEGORIAS SEMÂNTICAS I TEMPO E ELEMENTOS DA NATUREZA A partir desta terceira Unidade iniciamos a construção do seu vocabulário léxico em Libras Para isso apresentamos os sinais reunidos por temas catego rias semânticas Assim começamos com a categoria Tempo na qual reunimos o calendário as horas as estações do ano clima fenômenos climáticos astros e elementos da natureza Procure estudar esses sinais em conjunto com os vídeos para observar o movimento CALENDARIO SEGUNDAFEIRA TERÇAFEIRA QUARTAFEIRA Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 131 QUINTAFEIRA SEXTAFEIRA SÁBADO DOMINGO TODO DIA FAZ TEMPO DIA ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 132 SEMANA DUAS SEMANAS TRÊS SEMANAS QUATRO SEMANAS UM DIA DOIS DIAS Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 133 TRÊS DIAS QUATRO DIAS QUANTOS DIAS UM DIA QUEM SABE UM DIA ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 134 MÊS ANO DATA JANEIRO FEVEREIRO FEVEREIRO M Ç O ABRIL OU Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 135 M I O JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO OU ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 136 DEZEMBRO MÊS DIA ANO DURAÇÃO ANO QUE VEM ANO PASSADO AMANHÃ HOJE Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 137 ONTEM MANHÃ TARDE NOITE HORAS RELÓGIO HORAS DURAÇÃO ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 138 ANTES ANTECIPAR ATRASO DEPOIS DEMORA Acesse e veja o material que preparamos especial mente para você Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 139 ESTAÇÕES DO ANO ESTADOS DO TEMPO TEMPO PRIMAVERA VERÃO OUTONO ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 140 FRIO INVERNO OU FRIO INVERNO FENÔMENOS METEREOLÓGICOS ASTROS NATUREZA CHUVA ARCOIRIS CHUVOSO RELÂMPAGO TROVÃO OU Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 NUVEM NUBLADO VENTO FURACÃO TERREMOTO ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 142 ASTROS LUA SOL ESTRELA Léxico De Categorias Semânticas I Tempo e Elementos da Natureza Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 ELEMENTOS DA NATUREZA ÁRVORE FLOR FLORESTA CACHOEIRA JARDIM GRAMA ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 144 TERRA PLANETA TERRA PEDRA MONTANHA LAGO Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 RIO CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa unidade talvez seja a que contém maior número de informações desconhe cidas por você dentre as quais destacamos A língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as línguas orais dispondo de recursos expressivos suficientes para permitir aos seus usuá rios expressarse sobre qualquer assunto em qualquer situação domínio do conhecimento e esfera de atividade A Libras é uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos devendo portanto ser conhecida pelo menos em seus aspectos funda mentais pelos professores A Libras é uma língua com gramática própria e com condições de propor cionar não apenas a comunicação efetiva entre os surdos como também a expressão de sentimentos a composição de poesias a discussão filosó fica enfim um idoma completo ASPECTOS GERAIS E FONOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 146 As línguas de sinais por comprovação científica cumprem todas as fun ções de uma língua natural mesmo assim ainda sofrem preconceito e são desvalorizadas diante das línguas orais sendo consideradas como uma derivação da gestualidade espontânea como uma mescla de panto mima e sinais icônicos A língua de sinais não é subordinada à língua oral majoritária do país As línguas de sinais são completamente independentes das línguas orais dos países em que são produzidas Na sua casa com a ajuda de um espelho treine a expressão facial e cor poral isso ajuda muito em Libras Também abordamos nesta Unidade III a organização fonológica dos sinais des tacando as unidades mínimas e também as restrições na formação de sinais além de estabelecer uma comparação entre as línguas de sinais e as línguas orais Falamos muito aqui em língua natural razão pela qual recomendamos o estudo atento do texto que trouxemos como Leitura Complementar que aborda essa questão Outra novidade dessa nossa terceira unidade é o início da construção de seu vocabulário em Libras com a apresentação da categoria semântica Tempo e Elementos da Natureza 147 Apresentamos a seguir um fragmento do Capítulo 2 do livro Tenho um aluno surdo e agora que apresentamos como material complementar O capítulo 2 cujo título é Li bras apresentando a língua e suas características é de autoria de Kathryn Marie Pa checo Harrison Essa parte selecionada estabelece com clareza o significado de língua natural além de caracterizar a modalidade visuoespacial O ESTATUTO DA LIBRAS ENQUANTO LÍNGUA NATURAL Kathryn Marie Pacheco Harrison Ao ler o subtítulo acima podese perguntar o que significa a palavra natural Seria legí timo pensar que é uma língua que surge espontaneamente quando a pessoa nasce com uma perda auditiva mas seria uma ideia errônea Na verdade o termo natural designa a característica das línguas orais e sinalizadas utilizadas pelos seres humanos em suas diversas interações sociais e se diferencia do que se chama de linguagem formal isto é linguagens construídas pelo ser humano como as linguagens de programação de computador ou a linguagem matemática Outro fator que explicita a característica natural das línguas de sinais é a sua organização cerebral Estudos desenvolvidos no Laboratório de Neurociências Cognitivas da Univer sidade da Califórnia com surdos com lesões cerebrais estabeleceram que o hemisfério esquerdo subserve as funções linguísticas para língua de sinais apesar de que a ASL utiliza distinções espaciais e ser processada visualmente domínio para os quais os hemisférios direitos de pessoas ouvintes têm sido encontrados como dominantes EMMOREY BELLUGI KLIMA 1993 p 19 Em outras palavras significa que embora as línguas de sinais sejam produzidas princi palmente por movimentos das mãos no espaço o que em pessoas que ouvem e falam é percebido pelo hemisfério direito do cérebro esses movimentos são percebidos pelo hemisfério esquerdo das pessoas surdas que usam língua de sinais justamente porque são entendidos como língua e não como gesticulação ou movimento corporal aleatório 148 Para que esses e outros estudiosos das línguas de sinais pudessem chegar a essas con clusões houve um primeiro estudo o estudo linguístico fundador realizado pelo lin guista americano William Stokoe em 1960 A partir de sua observação de surdos sina lizando na universidade em que lecionava ele curioso resolveu estudála Seria uma língua Para obter a resposta a essa pergunta aplicou os rigorosos métodos de pesquisa da linguística estrutural Os resultados de seus estudos demonstraram evidências de que ao contrário do que se pensava até então a língua e sinais dos surdos têm estrutura e função semelhante às demais línguas Para descrever uma língua antiga produzida em uma modalidade tão diferente das lín guas faladas e nunca antes estudada criou alguns termos próprios para definir os ele mentos constituintes da ASL como Sinal a menor unidade da língua de sinais com significado Gesto movimento comunicativo não analisável linguisticamente Quirema do grego kiros mãos conjunto de posições configurações ou movimen tos que tenham a mesma função na linguagem o ponto de estrutura da língua de sinais análogo ao fonema nas línguas orais Alocação qualquer um do conjunto de configurações movimentos ou posições isto é quirema que sinaliza identicamente na língua Além disso propôs a decomposição dos sinais da ASL em três parâmetros formacionais configuração de mão CM locação da mão L e movimento da mão M O trabalho de Stokoe teve grande repercussão nos meios linguísticos ao redor do mundo e nos movimentos de surdos que a partir de então tinham em mãos uma evidência científica de que sua comunicação sinalizada apresentava o estatuto de língua semelhante ao das línguas orais e portanto merecedora de respeito A MODALIDADE VISUOESPACIAL Quando falamos um complexo sistema de órgãos e funções entra em ação basicamen te lábios língua dentes nariz para articular as palavras a laringe para produzir a voz e os pulmões que produzem o ar que passa pela laringe e depois pela boca e finalmen te as palavras se deslocam pelo ar para chegar aos nossos ouvidos onde as escutamos e compreendemos Além disso os sons da fala os fonemas são produzidos um depois do outro pois é impossível anatomicamente produzir dois sons ao mesmo tempo Por essa razão dizemos que a fala é produzida sequencialmente no tempo 149 As línguas de sinais por outro lado são produzidas por movimentos das mãos do corpo e expressões faciais em um espaço à frente do corpo chamado de espaço de sinaliza ção A pessoa recebe a sinalização pela visão razão pela qual as línguas de sinais são chamadas de visuoespaciais ou espaçovisuais Dependendo do tipo de enunciado pro duzido dos sinais utilizados do que se deseja expressar se pode obter uma sinalização em que vários sinais podem ser feitos simultaneamente pois no caso dos movimentos envolvidos não há impedimento anatômico Em outros momentos os sinais são produ zidos um após o outro sequencialmente Os estudos linguísticos demonstram além do mais que as línguas de sinais e aí está inserida a Libras possuem as mesmas características e qualidades de qualquer outra língua ou seja 1 Versatilidade e flexibilidade são qualidades que as línguas possuem de poder expres sar qualquer sentimento emoção fazer indagações fazer referência ao passado presen te ou futuro ou até mesmo à fatos e coisas que não existem 2 Arbitrariedade é a característica segundo a qual a forma da palavra seja falada escri ta ou sinalizada não tem relação direta com seu significado Se ouvirmos uma palavra em língua estrangeira o som dela não nos ajudará a saber seu significado Da mesma maneira ver um sinal não ajudará a conhecer o que significa a não ser que conheçamos a língua 3 Criatividadeprodutividade são possibilidades que as línguas possuem de produzir infinitos enunciados a partir de um número finito de fonemas ou quiremas 4 Dupla articulação é a característica das línguas de possuir um número finito de unida des fonema ou quirema que isoladamente não têm significado Apenas se forem com binadas a outros fonemasquiremas adquirem significado Por exemplo os sons o p t a isolados não têm significado mas ao serem combinados como em pato ou topa ou opta ganham diferentes sentidos Podese compreender então que há duas camadas nas palavras uma de unidades menores e outra de unidades maiores Fonte Harrison 2013 150 1 Estude o alfabeto manual Faça cada configuração de mãos de frente ao espelho Lembrese o sinal deve ser feito virado para o seu interlocutor e não para você Assim olhando no espelho você deve enxergar o sinal tal como se apresenta no texto Soletre cada uma das seguintes palavras CASA PAULO ÁRVORE CARRO LIQUIDIFICADOR SÃO PAULO MARIA ANA MARIA COMPORTAMENTO 2 Em sua opinião existem mais semelhanças ou diferenças entre a Libras e a Língua Portuguesa Justifique 3 Considerando que as restrições para a formação de sinais podem ser exempli ficadas em sinais produzidos pelas duas mãos analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta I Condição de simetria estabelece que se ambas as mãos são ativas a CM deve ser a mesma para as duas II As restrições diminuem a complexidade dos sinais facilitando sua produção e percepção III Se apenas uma das mãos é ativa a mão não dominante serve de apoio para a mão dominante IV No caso de ambas as mãos serem ativas o ponto de articulação deve ser o mes mo ou simétrico a Somente I II e III são verdadeiras b Somente I II e IV são verdadeiras c Somente II III e IV são verdadeiras d Somente I III e IV são verdadeiras e Todas são verdadeiras 151 4 A comunicação pelas mãos teve início apenas com os surdos ou seja foram os surdos os primeiros seres humanos a se comunicar usando gestos Esta informação pode ser considerada verdadeira Justifique sua resposta baseandose nos conheci mentos adquiridos ao longo desta unidade 5 Cada parâmetro da Libras de maneira isolada não possui significado Apenas quando se compõem é que passam a constituir sentido Entretanto essa composi ção não é livre Nesse contexto analise as afirmações a seguir e assinale a alter nativa correta I Os sinais que utilizam apenas uma das mãos podem ser produzidos indistinta mente pela mão direita ou esquerda II As condições de restrição se referem aos sinais produzidos por ambas as mãos e temos duas possibilidades III Quando as duas mãos se movem na produção de um sinal então as condições de composição dependem de a CM ser a mesma para ambas as mãos ou não IV A condição de simetria se refere tanto à percepção visual quanto ao sistema articulatório a Somente I II e III são verdadeiras b Somente I II e IV são verdadeiras c Somente II III e IV são verdadeiras d Somente I III e IV são verdadeiras e Todas são verdadeiras MATERIAL COMPLEMENTAR Tenho um aluno surdo e agora Introdução à Libras e educação de Surdos Cristina Broglia Feitosa de Lacerda e Lara Ferreira dos Santos Org Editora EdUFSCAR 2013 Sinopse ganhador do Prêmio Jabuti na categoria Educação este livro reúne texto de autores diversos que atuam na área da surdez com a intenção de possibilitar uma visão ampla a respeito da surdez da Libras e da educação de surdos Conforme as organizadoras destacam na contracapa o objetivo que as orientaram na produção deste livro foi oferecer um conhecimento inicial acerca da educação de surdos e da Libras bem como dar subsídios para a atuação do professor da educação básica junto a alunos surdos Leitura fascinante fácil e quase que obrigatória aos futuros professores Você encontra muitas informações acerca da Libras referências bibliográficas links importantes pesquisas atuais e entre outros diversos conteúdos disponíveis em wwwdicionariolibrascom br e aprendolibrasblogspotcom Acesso em 20 jun 2016 REFERÊNCIAS BASTOS C L CANDIOTTO K Filosofia da Linguagem São Paulo Vozes 2007 FERREIRABRITO L Por uma gramática de Línguas de Sinais Rio de Janeiro Tem po Brasileiro 1995 GESSER A Libras Que língua é essa crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 2009 p 9 HARRISON K M P Libras apresentando a língua e suas características In LACERDA C B F de L SANTOS L F dos S Org Tenho um aluno surdo e agora Introdu ção à Libras e educação de Surdos São Carlos SP EduUFSCAR 2013 LACERDA C B F de SANTOS L F dos Org Tenho um aluno surdo e agora Introdução à Libras e educação de surdos São Carlos SP EdUFSCAR 2013 NOGUEIRA C M I CARNEIRO M I N NOGUEIRA B I Surdez Libras e educação de surdos introdução à língua brasileira de sinais Maringá EDUEM 2010 PEREIRA M C C CHOI D VIEIRA M I GASPAR P NAKASATO R Libras conheci mento além dos sinais São Paulo Pearsons Prentice Hall 2011 QUADROS R M KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Porto Alegre Artmed 2004 REILY L Escola Inclusiva linguagem e mediação 4 ed Campinas SP Papirus 2004 Referências online 1 Em httpwwwacessobrasilorgbr Acesso em 27 jun 2017 Verificar site estava fora do ar 153 GABARITO 1 Atividade prática Espero que tenha conseguido fazer se teve dificuldade é só treinar um pouco mais 2 Questão subjetiva em que ambas as possibilidades são verdadeiras No texto destacamos DEZ semelhanças entre as línguas de sinais e as línguas orais e DEZ particularidades das línguas de sinais de maneira que a resposta depende do que você considerou mais marcante as semelhanças ou as diferenças 3 Alternativa e todas estão corretas 4 A comunicação com as mãos não começou com os surdos pois de acordo com Vygotsky os homens préhistóricos se comunicavam por meio de gestos e apenas quando começaram a utilizar ferramentas ocupando as mãos é que começaram a utilizar a comunicação oral 5 Alternativa e todas estão corretas UNIDADE IV Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Objetivos de Aprendizagem Compreender a Libras em seus aspectos morfológicos Apresentar os classificadores Instrumentalizar os licenciandos para o estabelecimento de uma comunicação funcional com pessoas surdas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Aspectos Morfológicos da Libras Classificadores Léxico de categorias semânticas II INTRODUÇÃO Atualmente são muitas as pesquisas sobre a Libras e sobre como os surdos adqui rem a língua de sinais como L1 primeira língua língua natural e a Língua Portuguesa como L2 segunda língua língua estrangeira Existem estudos tam bém sobre o ensino de uma segunda língua de sinais ASL Língua Americana de Sinais por exemplo como LE Língua Estrangeira para surdos mas ainda são poucos os estudos sobre como os ouvintes aprendem Libras como L2 O que se faz de maneira geral é adaptar os métodos de ensino para línguas estrangeiras mas isso não é suficiente porque no caso do ensino de LE as duas línguas são auditivoorais isto é utilizam as mesmas informações sensoriais e no caso da Libras como L2 que é visomotora isso não acontece dificultando o processo No ensino de Libras para futuros professores outra dificuldade que podemos observar levando em conta os estudos sobre o ensino de LE é que a aprendi zagem de outra língua acontece quando a pessoa quer aprender quando a nova língua faça sentido para ela que ela sinta prazer em usar essa língua Como a Libras foi introduzida nos currículos pelo Decreto 56262005 nem sempre os futuros professores entendem porque eles devem aprender uma língua estranha falada por um grupo de pessoas que talvez ele nunca conheça Na ausência de uma metodologia específica para o ensino da Libras como L2 para ouvintes procuramos adaptar metodologias utilizadas no ensino de uma LE Essa metodologia é mais eficiente na modalidade presencial mas podemos obter bons resultados a distância Para isso você precisa ficar atento e observar se as suas configurações de mão estão corretas e não procure uma explicação lógica para o sinal porque nem sempre ela existe em função da arbitrariedade da língua Finalizamos a terceira unidade apresentando as restrições para a formação de sinais e nesta nossa quarta unidade o foco está nas regras para a formação de sinais Tratamos ainda dos classificadores e da construção do seu vocabulário Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS De acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 86 por Morfologia entendemos o estudo da estrutura interna das palavras ou dos sinais assim como das regras que determinam a formação de palavras ou sinais Como vimos na uni dade anterior os fonemas nas línguas orais e os parâmetros nas de sinais não possuem significado isoladamente O morfema é a unidade mínima do significado Ainda considerando o que estudamos na Unidade III as línguas de sinais satis fazem todos os requisitos linguísticos de uma língua isto é possuem um léxico vocabulário uma sintaxe regras gramaticais e uma capacidade de gerar uma quantidade infinita de sinais e sentenças As regras que determinam essa geração de sinais é o que estudaremos nesta Unidade IV enquanto que as regras grama ticais para a formação de sentenças e discursos serão estudadas na Unidade V Uma forma simples de criação de sinais é o empréstimo lexical Empréstimos lexicais não são sinais nativos da Libras e sim inspirados em outras línguas Destacamos aqui três tipos de Empréstimos Lexicais Empréstimos Lexicais de soletração manual completa ou de parte das pala vras em Língua Portuguesa como os sinais para BAR MÇO JN JUNHO JL JULHO Empréstimos lexicais de inicialização utilização de uma CM que corres ponde no alfabeto manual à primeira letra da palavra equivalente em Língua Portuguesa Apesar da Libras ser indepen dente da Língua Portuguesa alguns sinais são originários das iniciais da representação escrita de seus signifi cados demonstrando que da mesma forma que nas línguas orais em que uma língua influencia a criação de novas palavras exemplo deletar a Libras é influenciada pela Língua Portuguesa Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 F FERRO FLOR FUTURO P PRESIDENTE PROFESSOR PEDAGOGIA Empréstimos de itens lexicais de outras línguas de sinais isto é sinais de outras línguas de sinais que foram agregadas ao léxico da Libras como o sinal para laranja que utiliza a CM em O O referente à Orange que é um pos sível empréstimo da Língua de Sinais Americana ASL ou da Língua de Sinais Francesa LSF ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 160 Da mesma forma que nas línguas orais em que uma palavra é polissêmica isto é admite diferentes significados existem sinais em Libras que também admitem diferentes significados O contexto em que são usados que estabelece as diferen ças Exemplos SÁBADO LARANJA ALARANJADO Observando a figura a baixo para você qual a importância da língua de si nais e do bilinguismo para os surdos Quais as conclusões você consegue tirar sobre Figura 1 A evolução do Surdo Fonte Adaptado de ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE SURDOS2017 online1 Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 161 Um aspecto importante que reafirmamos aqui apesar de já termos tratado desse tema na Unidade III é que sinais não são gestos Os gestos são considerados tra ços paralinguísticos ou extralinguísticos das línguas orais isto é movimento ou expressão que ou complementa a palavra falada como no caso da linguagem corporal os gestos que um professor utiliza para deixar mais claro o que deseja explicar para seu aluno ou mesmo permite que se tenha uma mínima comuni cação contextualizada e quase sempre referente a coisas concretas como a que ocorre entre pessoas que não falam a mesma língua Os processos ou recursos para a formação de sinais em Libras são deriva ção composição e incorporação Na derivação um novo sinal é obtido pelo enriquecimento do radical raiz com vários movimentos e contornos no espaço A maneira mais comum de cria ção de novos sinais em Libras é realizar mudanças no movimento para derivar verbos de substantivos e viceversa O movimento dos substantivos repete e encurta o movimento dos verbos Uma das principais funções da morfologia é a mudança de classe isto é a utilização da ideia de uma palavra em outra classe gramatical Forma se um novo sinal para se utilizar o significado de um sinal já existente num contexto que requer uma classe gramatical diferente Um tipo de processo bastante comum na língua de sinais brasileira é aquele que deriva nomes de verbos ou viceversa O português pode formar no mes de verbos pela adição de um sufixo por exemplo programar pro gramador ou pela mudança de acento fabrica fábrica QUADROS KARNOPPP 2004 p 96 Pereira et al 2011 p 70 apresentam como exemplo para este fato os sinais para sentar e cadeira que são constituídos pela mesma CM mesmo PA e mesma orientação de mãos O movimento no entanto é diferente mais longo em sen tar e mais curto e repetido em cadeira Outros exemplos são voar e aeroporto ouvir e ouvinte etc ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 162 CADEIRA SENTAR AVIÃO VOAR AEROPORTO Outra forma bastante usual para a criação de novos sinais em Libras é a compo sição em que como o próprio nome indica dois ou mais sinais se combinam para criar um novo sinal Este é um processo comum na língua de sinais brasi leira O sinal conforme já foi explicitado na Unidade III é utilizado porque a marcação de gênero em Libras não acontece naturalmente e sim mediante a composição de sinais e o sinal indica exatamente a composição dos sinais Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 163 Exemplos Da composição de sinais para estabelecimento de gênero MASCULINO Benção PAI FEMININO Benção MÃE Outros exemplos Dermatologia MédicPele Oftalmologia MédicOlho Cardiologia MédicCoração Escola CasaEstudar ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 164 Vendedor de roupa TrabalhaVenderRoupa Carteiro BicicletaCartaEntrega Zebra CavaloListrado Mecânic para automóvel trabalhaConsertaCarro Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 165 AÇOUGUE CASACARNE IGREJA CASACRUZ A criação de novos sinais em Libras também é possível pela incorporação na raiz de um argumento um numeral ou de uma negação Devido às características visuais e espaciais da Libras é comum a incorpo ração de argumentos como por exemplo o sinal de escovar se modifica e se adapta de acordo com o objeto que está sendo escovado Isto é o que significa incorporação de argumento ESCOVAR CABELO ESCOVAR DENTES De acordo com Quadros e Karnopp 2004 quando a configuração de mão muda para expressar a quantidade e o ponto de articulação o movimento e a ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 166 orientação das mãos continuam os mesmos temos uma incorporação de nume ral Por exemplo temos uma mudança na configuração de mãos para indicar uma duas três semanas SEMANA DUAS SEMANAS TRÊS SEMANAS A incorporação de negação se dá pela mudança na direção do movimento do sinal quase sempre para fora e com a palma das mãos também virada para fora QUER NÃO QUER A incorporação de negação também pode se efetivar pela assimilação do movi mento de negação oscilação como acontece em ter e não ter por exemplo TER NÃO TER Ainda podemos ter além da incorporação da negação nos sinais a negação que incorpora somente a expressão facial sem alteração de nenhum dos demais Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 167 parâmetros Entretanto qualquer que seja a forma de negação utilizada a expres são facial é importante como sobrancelhas levemente franzidas Negação sem alterar nenhum parâmetro com o rosto balançando ou o dedo significando não por exemplo conhecer e não conhecer pensar e não pen sar casar e não casar OU E FLEXÕES NOMINAL E VERBAL São oito os processos de flexão descritos pelos linguistas que estudaram a Língua de Sinais Americana a ASL entretanto vamos considerar neste estudo refe rente à Libras apenas as flexões de pessoa dêixis de número a de gênero e a de aspecto temporal descritas a seguir considerando Quadros e Karnopp 2004 e Pereira et al 2011 Flexão de pessoa dêixis flexão que muda as referências pessoais no verbo Flexão de número flexão que indica o singular o dual o trial e o múltiplo Flexão de gênero quando necessária é marcada pelo sinal de masculino ou feminino antecedendo o substantivo conforme vimos quando estudamos a composição de sinais Flexão de aspecto temporal indica distinções de tempo tais como regu larmente continuamente incessantemente repetidamente etc A flexão de pessoa se refere a dêixis que é uma palavra grega que significa apontar ou indicar Descreve uma forma particular de estabelecer nomi nais no espaço QUADROS KARNOPP 2004 p 112 que denominamos de apontação e é utilizada entre outras funções para estabelecer os pronomes ou referentes conforme segue ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 168 Pronomes pessoais VOCÊ EU ELE NÓS TODOS VOCÊS ELESELAS Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 169 Pronomes demonstrativos EST AQUI olhar para o lugar apontado perto da 1ª pessoa ESS AÍ olhar para o lugar apontado perto da 2ª pessoa AQUEL LÁ olhar para o lugar distante apontado De acordo com Quadros e Karnopp 2004 a apontação pode ser explícita envolvendo referentes presentes e não presentes Para os re ferentes presentes a apontação é feita à frente do sinalizador di recionada para a posição real do referente Quando os referentes não estão presentes são estabelecidos pontos arbitrários no espaço respeitandose por exemplo no caso de localizações específicas as posições topográficas Assim por exemplo para se indicar um ponto no espaço que represente o estado do Amazonas será apontado um ponto no alto em ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 170 referência ao Norte do Brasil enquanto que para o Rio Grande do Sul o ponto estaria abaixo Além da apontação a direção do olhar e a posição do corpo tam bém servem para estabelecer referentes por exemplo no sinal de entregar para alguém o olhar acompanha o movimento da mão ativa De acordo com Pereira et al 2011 p87 a flexão de plural nos substantivos é obtida na maioria das vezes pela repetição dos sinais pela sinalização anterior ou posterior ao sinal do substantivo de sinais referentes às quantidades ou pelo movimento semicircular que deve abranger as pessoas ou os objetos envolvidos Dual a mão ficará com o formato de dois Trial a mão assume o formato de três Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 171 Quatrial o formato será de quatro A flexão de número quando se refere a pessoas é feita utilizandose a aponta ção porém a quantidade fica explícita pela quantidade de dedos configuração de mãos Singular EU apontar para o peito do enunciador a pessoa que fala Dual NÓS 2 Trial NÓS 3 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 172 Quatrial NÓS 4 Plural NÓS GRUPO NÓS TOD Segunda pessoa A lógica aqui é a mesma do caso da primeira pessoa para o dual trial etc Singular VOCÊ apontar para o interlocutor a pessoa com quem se fala Dual VOCÊ 2 Trial VOCÊ 3 Quatrial VOCÊ 4 Plural VOCÊ GRUPO VOCÊ TOD Terceira pessoa mesmo forma das anteriores Singular EL apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencional Dual EL 2 Trial EL 3 Quatrial EL 4 Plural EL GRUPO EL TOD Aspectos Morfológicos da Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 173 Quando se quer falar de uma terceira pessoa presente mas desejase ser discreto por educação não se aponta para essa pessoa diretamente Ou se faz um sinal com os olhos e um leve movimento de cabeça em direção à pessoa mencionada ou apontase para a palma da mão voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida A flexão de aspecto temporal nos verbos está relacionada com as formas e a duração dos movimentos A Libras assim como outras línguas orais e de sinais modula o movimento dos sinais para distinguir entre os aspectos pontual con tinuativo ou durativo e iterativo que são diferenciados segundo FerreiraBrito 1995 por meio de alterações do movimento eou da configuração da mão O aspecto pontual se caracteriza por se referir a uma ação ou evento que aconteceu e terminou em algum momento bem definido no passado Por exem plo em português quando dizemos que Ele falou com você ontem sabemos que a ação de falar aconteceu no passado no momento ontem Em Libras tam bém é parecido Ele falar você ontem O aspecto durativo ou continuativo se refere a uma ação que continua que não para no tempo Por exemplo Ele fala sem parar na aula A Libras não usa o mesmo sinal que usou para a frase Ele falar você ontem A Libras tem um sinal diferente para falar sem parar Então é um sinal para falar e um para falar sem parar Mas são sinais parecidos o que muda é a intensidade e as expressões faciais e corporais Falar sem parar é derivado de falar pela adjunção da mão esquerda e o alongamento dos movimentos O aspecto iterativo é quando a ação ou evento acontece muitas vezes Por exemplo Marcelo viajar Curitiba ontem é aspecto pontual e o sinal é o de via jar Para dizer que Marcelo viajar muitas vezes o sinal é modificado em alguns parâmetros A Libras usa também modulações de olhar e expressões faciais e corporais para transmitir a intensidade do verbo apresentado e sua significação no con texto Então o verbo olhar por exemplo pode ser representado rapidamente para dizer que a pessoa apenas avistou ou longamente significando que a pes soa olhou com atenção ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 174 Os principais desafios para o ensino de libras como L2 para ouvintes em particular para futuros professores são 1 Falta de motivação para a aprendizagem 2 Autocensura quanto ao uso do corpo 3 Falta de uma metodologia específica fundamentada em pesquisas 4 Dificuldade do aluno de organizar a própria aprendizagem como fazer anotações e estudar em casa Com relação às duas primeiras dessas dificuldades entendemos que o fato do professor de Libras ser surdo de imediato o aluno vai ver uma realidade que era desconhecida para ele Com discussões sobre a cultura e a comuni dade surda é possível despertar a curiosidade por uma língua exótica e a conscientização em relação aos direitos e possibilidades de aprendizagem dos surdos criando a motivação e favorecendo a compreensão de que o próprio corpo é um importante elemento para a comunicação conscien tizando o educando da importância de suas expressões faciais e corporais para a Libras e minimizando a autocensura quanto ao uso do corpo Fonte as autoras Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 175 CLASSIFICADORES CLASSIFICADORES C L Para as línguas de sinais a descrição a reprodução da forma do movimento e da relação espacial do que se quer enunciar são fundamentais pois torna mais claros e compreensíveis seu significado Essa é a principal função dos classifi cadores em Libras Assim o classificador é um poderoso auxiliar da língua de sinais para deter minar as especificidades e dar vida a uma ideia ou a um conceito ou signos visuais Isto significa que o Classificador representa forma e tamanho dos refe rentes assim como características dos movimentos dos seres em um evento tendo pois a função de descrever o referente A nomeação Classificadores CLs para esses auxiliares importantíssi mos para as línguas de sinais foi atribuída pela comunidade de linguistas para comparar com as funções da língua falada ou oral e suas estruturas gramaticais Um classificador Cl é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma língua Nas línguas orais os classificadores são morfemas gramaticais que são afixados juntados aos morfemas lexicais palavras substantivos adje tivos e verbos para especificar aquilo a que a palavra se refere como a classe a que pertence o gênero a forma tamanho etc Na língua portuguesa as classificações podem se manifestar de várias formas como uma desinência para classificar os substantivos e adjetivos em masculino e feminino indicar tamanho número ou ainda ou que se coloca no verbo para estabelecer concordância como por exemplo a letra a que é afixada à palavra professor para indicar o gênero feminino professorA Outros exemplos são os ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 176 sufixos inho ão que se referem ao tamanho etc Para os pesquisadores surdos essa estrutura gramatical da Libras ainda está à procura de uma definição ade quada para nomeála de acordo com as perspectivas visuoespaciais Na Libras os classificadores são formas representadas por configurações de mão que podem vir junto de verbos de movimento e de localização para classi ficar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo Os classificadores permitem tornar mais compreensível o significado do que se quer enunciar e desempenham uma função descritiva podendo detalhar som tamanho textura paladar tato cheiro formas em geral de objetos inani mados e seres animados etc Os classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a sua forma ou o tamanho do objeto a ser referido Como os classificadores obe decem a regras de construção e são representados sempre por configurações de mãos específicas associadas a expressões faciais corporais e à localização isto é aos parâmetros da Libras apesar de serem icônicos não podem ser conside rados como mímica Exemplos árvore forte carro telefone borboleta mesa revolver sorriso triste pensar beijo vestir ÁRVORE FORTE CARRO Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 177 TELEFONE BORBOLETA MESA REVÓLVER PENSAR BEIJO VESTIR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 178 Esses sinais são muito parecidos com as coisas que estão representando mas não é mímica porque usa configuração de mãos movimento orientação ponto de articulação e expressões nãomanuais O fato da Libras utilizar classificadores icônicos e mesmo de possuir um grau elevado de sinais icônicos não significa dizer que a libras é mímica pois a ico nicidade é utilizada de forma convencional e sistemática FERREIRA BRITO 1995 p 108 Além disso nas línguas orais também estão presentes palavras com carac terísticas icônicas Podemos verificála no clássico exemplo das onomatopeias como pinguepongue tiquetaque zumzum cujas formas representam de acordo com cada língua o significado GESSER 2009 p 24 Em uma interpretação ou aula existem algumas palavras que não possuem um sinal próprio e é aí que são usados sinais icônicos ou que possuem seme lhança com o que estão descrevendo No contexto escolar os classificadores são importantes em todas as disciplinas principalmente na Física ou na Matemática Sabemos que para essas matérias muito dos conteúdos não têm sinais corres pondentes aos termos utilizados mas a explicação pode ser compreendida se usarmos os classificadores corretamente A expressão facial e a corporal são muito importantes para os classificadores Dito de outra forma classificador é uma representação da Libras que mos tra claramente detalhes específicos permitindo a descrição de pessoas animais e objetos bem como sua movimentação ou localização Os classificadores são muito importantes pois ajudam construir a estrutura sintática da Libras No geral ainda existem poucos estudos exclusivamente sobre os classificado res na Libras especialmente no que se refere a explicálos de um ponto de vista funcional tipológico Para alguns estudiosos que se baseiam principalmente em estudos feitos na ASL American Sign Langage os classificadores podem ser Classificador Descritivo referese ao tamanho forma e textura É usado para descrever aparência de um objeto Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 Classificador que especifica o tamanho e a forma de uma parte do corpo referese ao tamanho forma e textura de uma parte do corpo de um ani mal ou pessoa Classificador de Parte do Corpo retrata uma parte específica do corpo em uma posição determinada ou fazendo uma ação Classificador de Localização retrata um objeto em um determinado lugar em meio a outros objetos Classificador Instrumental mostra como é usado algum objeto Classificador do Corpo a parte superior do corpo do sinalizador se torna o classificador que exprime o verbo da frase especialmente os braços Classificador Semântico retrata um objeto em um lugar específico Classificador do Plural ele indica o movimento ou a posição de um número de objetos pessoas ou animais Classificador de Elemento retrata o movimento de elementos ou coisas que não são sólidas como ar água fumaça chuva fogo etc Classificador de nome utiliza as configurações das mãos do alfabeto manual ou dos números mas é parte de uma descrição De maneira geral os classificadores podem ser predicativos descritivos ou de características sintáticas e semânticas 1 Predicativos quando representam mais de uma palavra ou sinal quando representam verbos que ocupam parte do predicado em uma frase Estes verbos são chamados verbos de movimento ou de localização indicando o objeto que se move ou é localizado Exemplos A frase em lingua portuguesa O carro bateu no poste pode ser representada por um classificador predicativo significando em Libras Carro bater poste Aqui temos o verbo em movimento ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 180 Da mesma forma a frase Os pratos estão empilhados corresponde o classi ficador predicativo em Libras Pratos Empilhados e o verbo em localização PRATOS EMPILHADOS O COPO FOI GUARDADO NO ARMARIO Alguns autores chamam alguns classificadores predicativos de descritivos locati vos para indicar uma ação que determina um objeto em relação a outro objeto animado ou inanimado Por exemplo carro bateu no poste moto correndo na pista árvore sendo cortada 2 Classificadores descritivos as descrições visuais podem ser captadas de acordo com as imagens dos objetos animados ou inanimados Observamse aspectos tais como som tamanho textura paladar tato cheiro olhar sen timentos ou formas visuais bem como a localização e a ação incorporada ao classificador Veja os exemplos a seguir Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 JANELA BANDEJA MESA COPO VASO GROSSO SAPATOS SALTOS BOI AVIÃO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 182 JARRA GOTAS DE ÁGUA CANO FINO BOTÕES MOEDA COBRA MORDIDA DE COBRA Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 CACHORRO MORDIDA DE CACHORRO OPEROU O CORAÇÃO OPEROU OS OLHOS Alguns autores consideram que os classificadores descritivos podem ser subdi vididos em 21 Classificadores instrumentais furadeira escova de cabelo escova de dentes ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 184 FURADEIRA ESCOVA CABELO ESCOVA DENTES 22 Classificadores especificadores os classificadores especificadores como o próprio nome indica especificam eventos logomarcas e elementos como por exemplo fumaça telefone tocando bomba atômica Volkswagen Chevrolet FUMAÇA TELEFONE TOCANDO Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 BOMBA ATÔMICA VOLKSWAGEN CHEVROLET 23 Classificadores de plural livros casas carros árvores pessoas FLORESTA MUITAS ÁRVORES MULTIDÃO ANDANDO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 186 MUITAS CASAS 24 Classificadores de corpo andar de pessoas andar do elefante andar do gato etc podem também indicar características como cabelão leão bravo PESSOA PESSOA ANDANDO SOZINHA ANDAR cruzar com outra pessoa DUAS PESSOAS AN DANDO JUNTAS Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 ELEFANTE ELEFANTE ANDANDO GATO GATO ANDANDO 25 Classificadores de semântica quando quer especificar como uma ação foi realizada por exemplo dormir mal DORMIR DORMIR MAL 26 Classificadores de sintaxe esses classificadores podem incorporar algum tipo de ação por exemplo verbo escovar e devemos saber a qual objeto será aplicado à ação sapato dente cabelo tapete comer beijar voar etc ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 188 ESCOVAR SAPATO ESCOVAR DENTES ESCOVAR CABELO COMER PRATO EXECUTIVO COMER MACARRÃO Classificadores Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 189 COMER MAÇÃ COMER COXA DE FRANGO BEIJAR NO PESCOÇO BEIJAR NA BOCHECHA BEIJAR NA BOCA BEIJAR NA MÃO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 190 VOAR PÁSSARO VOAR AVIÃO LÉXICO DE CATEGORIAS SEMÂTICAS II Continuamos aqui com a construção do seu vocabulário em Libras Ressaltamos a importância de você estudar esta parte acompanhando os vídeos para que os movimentos fiquem evidentes Depois procure repetir os movimentos defronte a um espelho enfatizando suas expressões faciais IDENTIFICAÇAO PESSOAL Os principais sinais utilizados na identificação pessoal são eu você nome para o nome da pessoa em Língua Portuguesa e sinal para o sinal correspondente à pessoa em Libras Esse sinal não é a tradução do nome para a Libras é um novo nome e geralmente se relaciona à alguma característica física ou profissional da pessoa ou ainda à inicial do seu nome Observe as frases a seguir prestando muita atenção na expressão interrogativa Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 191 VOCÊ NOME Expressão interrogativa QUAL É O SEU NOME VOCÊ IDADE Expressão interrogativa QUAL É A SUA IDADE VOCÊ SINAL Expressão interrogativa QUAL É O SEU SINAL ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 192 SAUDAÇÕES COTIDIANAS OI SAUDADES TCHAU TUDO BEM BOM DIA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 193 BOA TARDE BOA NOITE ABRAÇOS BEIJOS BEM VINDO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 194 CONHECERGOSTAR PRAZER POR FAVOR LICENÇA OBRIGADA DE NADA FAMÍLIA Apresentamos a seguir os componentes de uma família e possíveis relações entre eles Lembrese de que em Libras não temos gênero masculino ou feminino Assim por exemplo em português sabemos que é tia tiA é mulher e tiO é homem Como fazemos em Libras Utilizamos dois sinais um para a palavra e o outro para indicar o gênero Por exemplo para TIO temos Ti homem para Mamãe Mulher benção genitor Como se forma uma família Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 195 FAMÍILIA HOMEM MASCULINO MULHER FEMININO PAQUERA CONHECER CONVERSA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 196 NAMORO NOIVADO CASAR FAZER AMOR GRÁVIDA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 197 NASCERBEBÊ BEBÊ CRIANÇA FILHO FILHA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 198 PAI MÃE PADRASTO MADRASTA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 199 IRMÃO IRMÃ MEIOIRMÃO CUNHADO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 200 CUNHADA SOGRO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 201 SOGRA TIO TIA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 202 SOBRINHO SOBRINHA NETO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 203 NETA PRIMO PRIMA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 204 VOVÔ VOVÓ BISAVÔ BISAVÓ Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 205 FILHO ADOTIVO FILHA ADOTIVA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 206 AMANTE CASAL SEPARADO SEPARAÇÃO VIÚV SOLTEIR AMIG Acesse e veja o material que preparamos especial mente para você Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 207 LAR ESPAÇO FÍSICO MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS OBJETOS VESTIMENTAS CORES ESPAÇO FÍSICO LAVANDERIA BANHEIRO COZINHA SALA DE TELEVISÃO QUARTO DE CASAL ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 208 QUARTO DE SOLTEIRO CHURRASQUEIRA ESCRITÓRIO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 209 MÓVEIS PIA DO BANHEIRO PRATELEIRA BERÇO CAMA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 210 ARMÁRIO GUARDAROUPA ESTANTERACK SOFÁ Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 211 CADEIRA MESA ELETRODOMÉSTICOS APARELHO DE SOM IMPRESSORA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 212 FAX COMPUTADOR CELULAR TELEFONE DVD TELEVISÃO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 213 ABAJUR LÂMPADA LUZ CHUVEIRO ASPIRADOR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 214 BATEDEIRA LIQUIDIFICADOR MÁQUINA DE LAVAR ROUPA FREEZER GELADEIRA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 215 FOGÃO ELETRODOMÉSTICOELETRICIDADE OBJETOS OBJETO COISAS ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 216 COLHER GARFO FACA PANELA BANDEJA BANDEJA XÍCARACAFÉ PRATO COPO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 217 ASSADEIRA JORNAL ESPELHO FLOR FOTO PORTARETRATO QUADRO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 218 VESTIMENTAS VESTIDO GRAVATABORBOLETA GRAVATA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 219 TERNO TÊNIS SAPATO SALTO CHINELO SAPATO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 220 BÍQUÍNI SUNGA SUTIÃ CALCINHA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 221 CUECA MAIÔ MACACÃO SAIA BERMUDA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 222 ROUPA SOCIAL MEIA CALÇA JEANS CACHECOL BONÉ CHAPÉU Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 223 POLO LUVA JAQUETA CASACO LÃ COTTON ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 224 CAMISA CINTO CAMISETA MANGA COMPRIDA MANGA TRÊS QUARTOS MANGA CURTA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 225 CORES CORES AMARELO AZUL BEGE BRANCO CINZA MARROM ROXO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 226 ALARANJADA PRETO VERDE OU VERDE VERMELHO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 227 ALIMENTOS E BEBIDAS COMIDACOMER LANCHES HOTDOG CACHORRÃO MISTO QUENTE ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 228 XSALADA XFRANGO ALMÔNDEGA AZEITONA ROXA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 229 AZEITONA VERDE OVO CARNE CARNE DE FRANGO CARNE DE PORCO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 230 CARNE DE PEIXE CHURRASCO QUEIJO RALADO MOLHO DE TOMATE Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 231 MACARRÃO PIPOCA SOPA PIZZA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 232 PASTEL VINAGRE ÓLEOAZEITE PRESUNTO QUEIJO PÃO MANTEIGA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 233 BISCOITOSBOLACHAS SALGADO FRITAR ASSAR COZINHAR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 234 DOCES DOCEAÇUCAR PIRULITO PUDIMGELATINA CHICLETE OVO DE PÁSCOA CHOCOLATE Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 235 CHOCOLATE BOMBOM BALA PICOLÉ SORVETE ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 236 BOLO ANIVERSÁRIO BOLO DE ANIVERSARIO MEL CEREAIS FARINHA DE TRIGO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 237 AMENDOIM ERVILHA MILHO SOJA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 238 FEIJÃO ARROZ FEIJOADA LEGUMESVERDURAS PEPINO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 239 PIMENTÃO VERDE PIMENTÃO VERMELHO PIMENTÃO AMARELO PIMENTA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 240 ALHO OU ALHO ABÓBORA BATATADOCE BATATA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 241 CENOURA TOMATE CEBOLA COUVEFLOR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 242 COUVE REPOLHO MANDIOCA ALFACE Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 243 FRUTAS CAQUI PÊRA JABUTICABA CANADEAÇUCAR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 244 MARACUJÁ GOIABA MELÃO MAMÃO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 245 UVA ABACATE LIMÃO CAJU TANGERINA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 246 MORANGO MELANCIA MANGA LARANJA COCO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 247 BANANA ABACAXI PINHÃO BEBER COPO BEBER GARRAFA CACHAÇAPINGA ÁLCOOL ÁGUA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 248 GELO BATIDA VINHO CHAMPANHE UÍSQUE CERVEJA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 249 IOGURTE COCACOLA GUARANÁ LATA GARRAFA REFRIGERANTE ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 250 SUCO LEITE CAFÉ CHÁ Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 251 ANIMAIS DOMÉSTICOS E SILVESTRES AVES INSETOS ANIMAIS MARINHOS E PEIXES BOI VACA BODE PORCO ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 252 CARNEIROOVELHA CARACOL RATO BURRO CAVALO COELHO GATO CACHORRO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 253 COBRA JACARÉ CANGURU HIPOPÓTAMO RINOCERONTE CAMELO BÚFALO ANTA MACACO GORILA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 254 GIRAFA ELEFANTE ZEBRA LOBO VEADO URSO Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 255 PUMA TIGRE ONÇAPINTADA SAPO TARTARUGA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 256 LEÃO MOSQUITO FORMIGA ARANHA ABELHA BORBOLETA BARATA PÁSSAROS Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 257 AVESTRUZ POMBA PICAPAU BEIJAFLOR ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 258 TUCANO PAVÃO PAPAGAIO CORUJA PERU GALINHA Léxico de Categorias Semâticas Ii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 259 PATO PINGUIM SIRI CARANGUEJO CAMARÃO OSTRA ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 260 FOCA GOLFINHO TUBARÃO PEIXE Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 261 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade apresentamos as principais regras morfológicas da Libras isto é mostramos a estrutura interna dos sinais Esperamos que na medida em que nos aprofundamos mais na teoria os aspectos linguísticos da Libras vão se tor nando mais evidentes e qualquer dúvida que você ainda pudesse ter a respeito da Libras ser efetivamente uma língua esteja ficando cada vez mais elucidada Nesta quarta unidade a construção de seu vocabulário foi bastante ampliada Trabalhamos aqui no que se refere ao léxico praticamente apenas com substan tivos Estamos fazendo mais ou menos como quando uma criança adquire sua língua natural primeiro ela aprende palavras isoladas particularmente os subs tantivos para depois aprender as ações verbos e a construir frases Dentre os substantivos as crianças aprendem primeiro a designar os elementos da famí lia os móveis de sua casa os alimentos e os animais Todavia precisa ficar claro para você que neste curso estamos apenas fazendo uma introdução ao ensino da Libras Você está adquirindo conhecimento para uma comunicação funcional em libras que pode auxiliar em seu fazer pedagógico Ninguém se torna fluente em outra língua com apenas algumas horas de estudo São necessários anos Só pra você ter uma ideia do que estamos falando nos Estados Unidos existe uma escola que atende surdos desde a Educação Infantil até pósgraduação em nível de doutorado chamada Gallaudet Lá todos os professores e funcionários são obrigados a conhecer a ASL Língua Americana de Sinais e apesar de já terem noções básicas dessa língua quando iniciam seu trabalho na Gallaudet os servidores ainda têm seis anos para ser tornarem fluentes Se neste prazo eles não conseguirem então são demitidos Veja bem são seis anos Portanto se você pretende conhecer um pouco de Libras pratique o máximo que você puder o que estamos lhe apresentando e procure manter contato com a comunidade surda da sua cidade 262 Apresentamos a seguir uma adaptação de um fragmento do capítulo 4 intitulado Ensi no da língua brasileira de sinais do livro Libras conhecimento além dos sinais METODOLOGIAS DE ENSINO DA LIBRAS Para tratar de metodologias de ensino da Libras parece interessante conhecer antes um pouco sobre as metodologias geralmente usadas no ensino de línguas estrangeiras MartinsCestaro 1999 apresenta uma retrospectiva das metodologias comumente em pregadas no ensino do francês como língua estrangeira Nela fica evidente que até a década de 1980 davase ênfase ao código da língua A aprendizagem da língua estrangeira era vista como uma atividade intelectual em que o aprendiz deveria aprender e memorizar as regras e os exemplos com o propósito de dominar a morfologia e a sintaxe Os alunos recebiam e elaboravam listas exaustivas de vocabulário As atividades propostas consistiam em exercícios de aplicação das regras de gramática Submetiamse os alunos ao ensino gradual de estruturas frasais por meio de exercícios estruturais Os alunos repetiam as estruturas apresentadas na sala de aula buscando à memorização e ao uso O professor controlava e dirigia o comportamento linguístico dos alunos Com base nos princípios da teoria comportamentalista a aquisição de uma língua era considerada um processo mecânico de formação de hábitos Ao aluno não era permitido errar Nos últimos anos observamse tentativas de mudança na concepção de língua no ensi no de línguas estrangeiras O foco no ensino passa a ser o uso da língua o que deu origem ao método comunicati vo cujo objetivo é ensinar o aluno a se comunicar MARTINSCESTARO 1999 Saber se comunicar significa como lembra Martinez 2009 ser capaz de produzir enunciados linguísticos de acordo com a intenção de comunicação pedir permissão por exemplo e conforme a situação de comunicação status escala social do interlocutor etc Os exercícios formais e repetitivos deram lugar na metodologia comunicativa aos exercí cios de comunicação real ou simulada mais interativos As atividades gramaticais estão a serviço da comunicação Nesse sentido a tarefa do professor não é corrigir o aluno buscando à adequação mor fossintática mas inserilo em atividades discursivas nas quais ele seja exposto à língua e não a vocábulos isolados O professor deixa de ocupar o papel principal no processo ensinoaprendizagem de detentor do conhecimento para assumir o papel de orientador facilitador organiza dor das atividades de classe 263 Passando para as metodologias de ensino das línguas de sinais os primeiros cursos para ensino da língua de sinais americana consistiam na apresentação de um vocabulário básico de sinais sendo a orientação relativa aos traços não manuais a de usar muita expressão facial como relatam Wilcox e Wilcox 2005 Com relação ao ensino da Libras a ênfase no vocabulário ainda é bastante comum Os aprendizes são expostos à listas de sinais esses sinais são depois combinados em ora ções propostas pelo professor as quais seguem uma ordem de complexidade crescente das mais simples para as mais complexas O objetivo é que os aprendizes memorizem as estruturas trabalhadas e as usem Como foi referido essa forma de ensino predominou até recentemente também nas aulas de línguas estrangeiras Mais recentemente observamse propostas de ensino da Libras que enfatizam o uso da língua de sinais em diálogos O objetivo é que os aprendizes aprendam a se comunicar Ao usar a Libras os aprendizes terão a oportunidade não só de entender e produzir os sinais mas também de combinálos em estruturas frasais e em pequenos relatos Wilcox e Wilcox lembram que enquanto ambientes naturais aceleram a aquisição de habilidades comunicativas os ambientes formais permitem o aprendizado de regras explícitas que o aluno pode aplicar adequadamente em situações específicas Eles des tacam que a visibilidade é essencial nas aulas de língua de sinais daí a necessidade de atenção para o arranjo das cadeiras As cadeiras em semicírculo possibilitam aos alunos visualizar e interagir com os colegas e todos com o professor Se como sugere o Decreto n 5626 os professores forem Surdos os alunos terão a opor tunidade de ter contato com pessoas Surdas podendo assim familiarizarse com aspec tos culturais das comunidades de Surdos Wilcox e Wilcox referem que as aulas do curso básico da língua de sinais Americana não oferecem espaço adequado para questões que os ouvintes frequentemente têm em relação à comunidade Surda Essas questões segundo Wilcox e Wilcox precisam ser le vantadas e respondidas provavelmente na língua nativa dos alunos Assim os autores sugerem que sejam oferecidas aulas nas quais os alunos estejam livres para fazer per guntas em sua língua oral Nesses cursos os alunos poderão discutir suas dúvidas sobre a surdez e as pessoas Surdas assim como sobre a língua de sinais Cabe ressaltar que um curso básico da Libras deve possibilitar aos alunos não apenas o aprendizado da Libras mas também um panorama que contemple o percurso histórico das línguas de sinais na educação de Surdos aspectos culturais das comunidades Sur das e aspectos linguísticos da Libras Outros aspectos poderiam ser incluídos depen dendo da carga horária destinada à disciplina Fonte Pereira et al 2011 264 1 Na sua casa com a ajuda de um espelho treine a expressão facial e corporal isso ajuda muito em Libras 2 Estude cada conjunto de palavras apresentado Família Lar Alimentos e Animais Reproduza cada sinal ou frase sempre em frente a um espelho Lembrese o sinal deve ser feito virado para o seu interlocutor e não para você Assim olhando no espelho você deve enxergar o sinal ou a frase tal como se apresenta no texto 3 Ensine os sinais para os membros de uma família e para seus familiares 4 Ensine as cores para pelo menos duas pessoas da sua família amigos ou colegas de trabalho 5 Em sua opinião qual conjunto de sinais aprendidos nesta seção que são mais icônicos Por quê 6 Descreva usando sinais algumas receitas de alimentos por exemplo para um bolo para uma feijoada etc 7 Escreva com suas próprias palavras o que você entendeu acerca dos classificado res 8 Reproduza para alguns amigos os sinais de cinco animais e de cinco frutas que você mais gosta 9 Tente criar alguns classificadores Imagine a situação como realmente acontece ria e faça sinais icônicos Mostre para alguém e veja se a pessoa consegue entender o que você está tentando comunicar Compare suas criações com os classificadores adequados GATO MORDEU X CACHORRO MORDEU COMI COXA DE FRANGO X COMI MACARRÃO MATEI REVÓLVER X MATEI FACA OPEREI OLHO X OPEREI JOELHO BEIJO NA MÃO X BEIJO NA BOCHECHA O LEÃO CORRE X ELEFANTE CORRE CARRO BATEU NO POSTE OSSO OMBRO FRATUROU EU VI O AVIÃO Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Libras conhecimento além dos sinais Maria Cristina da Cunha Pereira Daniel Choi Maria Inês Vieira Priscilla Gaspar Ricardo Nakasato Editora Pearson Sinopse o livro apresenta a Libras em seus aspectos gerais e linguísticos mas seguindo a concepção socioantropológica da surdez aborda de maneira clara porém sucinta a história da educação dos surdos sua cultura e sua comunidade destacando a importância da língua de sinais para a constituição das identidades surdas Repleto de ilustrações e com texto claro e dinâmico é especialmente indicado para alunos ouvintes que estão em busca de um conhecimento geral do mundo surdo e da Libras Você pode obter gratuitamente a Série Atualidades Pedagógicas Educação Especial Deficiência Auditiva publicada pelo MEC e composta de cinco volumes um dos quais destinado especificamente à aprendizagem da Libras disponível em wwwinesgovbrineslivroslivro html Acesso em 20 jun 2016 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS FERREIRABRITO L Por uma gramática de Línguas de Sinais Rio de Janeiro Tem po Brasileiro 1995 GESSER A Libras Que língua é essa crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 20092009 p 9 MARTINEZ P Didática de línguas estrangeiras São Paulo Parábola 2009 MARTINSCESTARO S O ensino da língua estrangeira história e metodologia Vide tuR USP v6 p 45561999 PEREIRA M C C CHOI D VIEIRA M I GASPAR P NAKASATO R Libras conheci mento além dos sinais São Paulo Pearsons Prentice Hall 2011 QUADROS R M de KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísti cos Porto Alegre Artmed 2004 WILCOXS WILCOX PP Aprendendo a ver o ensino da ASL como segunda língua Rio de Janeiro Arara Azul 2005 Referências online 1 Em httpwwwapsurdosorgpt Acesso em 20 jun 2016 266 REFERÊNCIAS 267 GABARITO As atividades de autoestudo propostas nessa unidade são práticas ou pessoais ra zão pela qual não apresentamos gabarito pronto Todavia não deixe de fazêlas pois ajudarão a compreender melhor a Libras UNIDADE V Professora Dra Clélia Maria Ignatius Nogueira Professora Me Marília Ignatius Nogueira Carneiro Professora Esp Beatriz Ignatius Nogueira Soares ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Objetivos de Aprendizagem Compreender a Libras em seus aspectos sintáticos Estudar o comportamento dos verbos Instrumentalizar os licenciandos para o estabelecimento de uma comunicação funcional com pessoas surdas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O espaço gramatical Verbos em Libras Léxico de Categorias Semânticas III INTRODUÇÃO Até o momento você já foi apresentado ao mundo do surdo na Unidade I conhe ceu na Unidade III a legislação e as políticas públicas brasileiras que orientam a educação dos surdos e começou a estudar Libras a partir da Unidade III que aborda os aspectos gerais e fonológicos desta língua enquanto que a Unidade IV tratou dos aspectos morfológicos Esta Unidade V a última de nosso livro apresenta os aspectos sintáticos da Libras ou seja vamos estudar sua estrutura gramatical Na Unidade III você viu que a língua de sinais não é universal e ainda mais que a Libras não é a tradução da Língua Portuguesa em sinais repetindo a estru tura gramatical Isto seria como já foi anteriormente explicitado Português Sinalizado De acordo com Góes e Campos 2013 p 65 o Português Sinalizado foi difundido na década de 1970 pela Comunicação Total também conhecida por bimodalismo com o objetivo de utilizar os sinais como ferramentas para o aprendizado da língua majoritária e recurso para o desenvolvimento da leitura e da escrita Desta forma não se considerava a estrutura gramatical própria da Libras que repetimos não é uma adaptação da gramática da Língua Portuguesa A língua de sinais brasileira é organizada espacialmente de uma forma bem complexa e apresenta possibilidades de estabelecimento de estruturas gramati cais no espaço de diferentes formas É importante lembrar que a Libras não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa porque sua sintaxe é diferenciada independente da língua oral A ordem dos sinais na construção de um enunciado obedece regras pró prias que refletem a forma de o surdo processar suas ideias com base em sua percepção visualespacial da realidade ou seja a sintaxe da Libras é espacial Nesta quinta unidade você vai conhecer de maneira geral a sintaxe espa cial da Libras Também vai estudar sobre o comportamento dos verbos além de continuar construindo seu vocabulário Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 271 ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 272 O ESPAÇO GRAMATICAL O uso do espaço e a simultaneidade usar mais de um fonema ou morfema ao mesmo tempo são muito importantes para a Libras pois tornam o discurso compreensível Falamos em espaço gramatical ou sintaxe espacial porque as relações gra maticais são especificadas pela manipulação dos sinais no espaço As relações ocorrem dentro de um espaço definido na frente do corpo em uma área limi tada pelo topo da cabeça e que se estende até os quadris sendo que o final de uma sentença na Libras é indicado por uma pausa A Libras utiliza mecanismos espaciais que fazem com que a informação gra matical se apresente simultaneamente com o sinal Esses mecanismos envolvem dois aspectos a incorporação que você estudou na Unidade IV e é conside rada um mecanismo produtivo na Libras e usada por exemplo para expressar localização número pessoa e o uso de sinais nãomanuais como movimen tos do corpo e expressões faciais As expressões faciais e corporais e outros mecanismos espaciais usados junto com os sinais são fundamentais nas línguas de sinais pois determinam relações sintáticas e semânticaspragmáticas Há várias maneiras de estabelecer os pontos no espaço a mais comum é a apontação explícita envolvendo referentes presentes apontação feita à frente do sinalizado direcionada para a posição real do referente e nãopresentes apon tamse pontos arbitrários no espaço Todos os referentes estabelecidos no espaço ficam à disposição do discurso para serem referidos novamente Além da apontação a direção do olhar e a posição do corpo também servem para estabelecer referentes por exemplo no sinal de entregar para alguém o olhar acompanha o movimento da mão ativa Qualquer referência usada em uma conversa ou discurso precisa de uma localização no espaço de sinalização que é o espaço na frente do sinalizador Este local pode ser de acordo com Quadros e Karnopp 2004 p 127128 indi cado por vários mecanismos espaciais a Fazer o sinal em um local particular se a forma do sinal permitir por exemplo o sinal casa pode acompanhar o local que o sinalizador quer indicar O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 273 b Direcionar a cabeça e os olhos e talvez o corpo em direção a uma localização particular simultaneamente com o sinal de um substantivo com a apontação para o substantivo c Usar a apontação ostensiva antes do sinal de um referente específico por exemplo apontar para o ponto A associando esta apontação com o sinal CASA assim o ponto A passa a referir CASA d Usar um pronome demonstrativo a apontação ostensiva numa loca lização particular quando a referência for óbvia por exemplo mostrar a casa e sinalizar apenas NOVA AQUI ALI LÁ ESTE e Usar um classificador que representa aquele referente em uma locali zação particular como por exemplo na frase os carros se cruzaram f Usar um verbo direcional com concordância incorporando os referentes previamente introduzidos no espaço Veremos esse tema em detalhes um pouco mais adiante porém de maneira geral segundo Quadros e Karnopp 2004 p 130 esses verbos concordam com o sujeito eou com o objeto indireto direto da frase Além disso há uma relação entre os pontos estabelecidos ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 274 no espaço e os argumentos que estão incorporados ao verbo Como exemplo citamos o verbo dar DAR EU D VOCÊ DAR VOCÊ D PARA MIM No que se refere ao uso do sistema pronominal os sinalizadores estabelecem os referentes associados a localização no espaço sendo que tais referentes podem estar fisicamente presentes ou não Depois de serem introduzidos no espaço os pontos específicos podem ser referidos posteriormente no discurso Quando os referentes estão presentes os pontos no espaço são estabelecidos baseados na posição real ocupada pelo referente Por exemplo o sinalizador aponta para si indicando a primeira pessoa aponta para o interlocutor indicando a segunda pessoa e para os outros indicando a terceira pessoa Quando os referentes estão ausentes da situação de enunciação são estabeleci dos pontos abstratos no espaço QUADROS KARNOPP 2004 p 130 O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 275 Como a informação linguística é recebida pelos olhos os sinais são construídos de acordo com as possibilidades perceptuais do sistema visual humano Logo as relações espaciais nas línguas de sinais são muito complexas Usuários de sinais da comunidade surda são ótimos contadores de his tória A expressividade da face e dos movimentos corporais aliada às configurações de mão cria a dinâmica do relato que o ouvinte produz com a cadência da voz Quem domina a Libras é capaz de materializar a imagem do pensamento diante dos olhos do seu interlocutor Dife rentemente do ouvinte que usa a modulação da voz e a gramática as modalidades para produzir sentidos em sinais são visuais espaciais e rítmicas REILY 2004 p 132 Com relação à sintaxe o uso do espaço tem papel importante pois dentro do espaço sinalizado a área em que os sinais são feitos os sinais podem ser movi dos de uma localização para outra indicando diferenças no sujeito e no objeto Isto significa que é possível estabelecer localizações no espaço para dois personagens Por exemplo mover a mão relacionada a um destes personagens para o outro indicando algo ou seja uma relação de receptor e transmissor da mensagem ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 276 A ideia de representar graficamente as línguas de sinais teve origem num sistema para escrever passos de dança criado pela coreógrafa americana Valerie Sutton que acabou despertando em 1974 o interesse de pesqui sadores da Língua de Sinais dinamarquesa que estavam procurando uma forma de escrever os sinais Embora não tenha sido o primeiro sistema de escrita para línguas gestuais o SignWriting foi o primeiro que conseguiu representar adequadamente as expressões faciais e as nuances de postu ra do sinalizador O SignWriting pode registrar qualquer língua de sinais do mundo sem passar pela tradução da língua falada Cada língua de sinais vai adaptálo a sua própria ortografia Além disso o SignWriting possui um alfa beto que pode ser comparado com o alfabeto usado para escrever qualquer língua verbal que seja expressa no alfabeto romano Existe um aplicativo denominado EditSW gratuito para esta escrita Exemplo Fonte Nogueira Carneiro e Nogueira 2012 O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 277 SISTEMA PRONOMINAL Alguns aspectos do sistema pronominal da Libras como os pronomes pessoais por exemplo foram apresentados anteriormente quando estudamos a morfo logia desta língua particularmente no que se refere à incorporação de número Entretanto optamos por reapresentálos neste momento como forma de dar unidade ao estudo dos pronomes a Pronomes pessoais a Libras possui um sistema pronominal para repre sentar as seguintes pessoas do discurso VOCÊ EU ELEELA NÓS TODOS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 278 VOCÊS ELESELAS No singular o sinal para todas as pessoas é o mesmo o que difere é a orientação da mão No plural o formato do numeral dois três qua tro até nove apontando para pessoas ou lugares a quem se fez refe rência é interpretado como nós vocês ou eles dois três quatro até nove PEREIRA et al 2011 p 80 Primeira pessoa Singular EU apontar para o peito do enunciador a pessoa que fala Dual NÓS 2 O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 279 Trial NÓS 3 Quatrial NÓS 4 Plural NÓS GRUPO NÓS TODS Segunda pessoa A lógica aqui é a mesma do caso da primeira pessoa para o dual trial etc Singular VOCÊ apontar para o interlocutor a pessoa com quem se fala Dual VOCÊS 2 Trial VOCÊS 3 Quatrial VOCÊS 4 Plural VOCÊS GRUPO VOCÊS TODS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 280 Terceira pessoa Mesma forma das anteriores Singular EL apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar convencional Dual ELS 2 Trial ELS 3 Quatrial ELS 4 Plural ELS GRUPO ELS TODS Quando se quer falar de uma terceira pessoa presente mas desejase ser discreto por educação não se aponta para essa pessoa diretamente ou se faz um sinal com os olhos e um leve movimento de cabeça em direção à pessoa mencionada ou apontase para a palma da mão voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida a Pronomes demonstrativos na Libras os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar tem o mesmo sinal sendo diferenciados no contexto Configuração de mão G ESTAQUI olhar para o lugar apontado perto da 1ª pessoa O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 281 ESSAÍ olhar para o lugar apontado perto da 2ª pessoa AQUELLÁ olhar para o lugar distante apontado Tipos de referentes Referentes presentes Ex EU VOCÊ EL etc Referentes ausentes com localizações reais Ex MARINGÁ PREFEITURA EUROPA etc Referentes ausentes sem localização b Pronomes possessivos também não possuem marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não à coisa possuída como acon tece em Português Exemplos EU ME batendo no peito do emissor ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 282 VOCÊ TE movimento em direção à pessoa referida ELE ELA SE movimento em direção à pessoa referida Observação para os possessivos no dual trial quadrial e plural grupo são usa dos os pronomes pessoais correspondentes NOSSONOSSA SEUSSUAS DELESDELAS O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 283 c Pronomes indefinidos NINGUÉMNADA 1 mãos abertas esfregandose uma na outra é usado para pessoas e coisas ALGUM ALGUÉM QUALQUER Pronomes interrogativos os pronomes interrogativos QUE QUEM ONDE etc se caracterizam essencialmente pela expressão facial interrogativa feita simul taneamente ao pronome ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 284 O QUÊ QUAL POR QUÊ COMO O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 285 QUE QUEM Usados no início da frase QUEM QUAL PESSOA DE QUEM Usados no final da frase QUANDO a pergunta com quando está relacionada a um advérbio de tempo hoje amanhã ontem ou a um dia de semana específico Exemplos EL VIAJAR RIO QUANDOPASSADO interrogação EL VIAJAR RIO QUANDOFUTURO interrogação EU CONVIDAR VOCÊ VIR MINH ESCOLA VOCÊ PODER DIA interrogação QUANDO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 286 QUEHORAS QUANTASHORAS Para se referir às horas aponta se para o pulso e relacionase o numeral para a quantidade desejada Exemplos CURSO COMEÇAR QUEHORAS AQUI interrogação Resposta CURSO COMEÇAR HORAS DUAS Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade sinalizase um círculo ao redor do rosto seguido da expressão facial adequada Ex VIAJAR RIODEJANEIRO QUANTASHORAS interrogação POR QUE PORQUE Como não há diferença entre ambos o contexto é que sugere por meio das expressões faciais e corporais quando estão sendo usados em frases interroga tivas ou explicativas ONDE EM QUE LUGAR ONDE O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 287 MAS OU TALVEZ SE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 288 ORDEM DOS SINAIS EM UMA FRASE Quadros e Karnopp 2004 p1 333 estabelecem que a ordem das palavras é um conceito básico relacionado com a estrutura da frase de uma língua O fato de que as línguas podem variar suas ordenações das palavras apresenta um papel significante nas análises linguísticas e acrescentam que existem seis combinações possíveis de sujeito S objeto O e verbo V sendo que algumas são mais frequentes do que outras Veja os exemplos 1 Os alunos usam uniformes SVO 2 Os alunos uniformes usam SOV 3 Uniformes os alunos usam OSV 4 Uniformes usam os alunos OVS 5 Usam uniformes os alunos VOS 6 Usam os alunos uniformes VSO Todas essas construções estão corretas entretanto a ordem SVO da frase 1 é a mais comum seguida da ordem SOB 2 e VSO 6 embora esta última esteja presente mais na forma culta da língua De acordo ainda com Quadros e Karnopp 2004 p 135 a Libras apre senta certa flexibilidade na ordem das palavras não sendo portanto trivial o estabelecimento de uma ordem básica para as frases Com relação à ordem da frase na Língua Brasileira de Sinais de acordo com Quadros e Karnopp 2004 a construção SVO sujeito verbo objeto é a mais comum embora sejam encontradas também construções do tipo SOV e OSV Entretanto nossa experiência pessoal nos permite afirmar que entre os sujeitos surdos não letrados a ordem OSV em frases como CARRO VOCÊ TER é muito utilizada O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 289 Outra observação importante em relação à ordem das frases é que os advér bios temporais e de frequência não podem interromper uma relação entre o verbo e o objeto Os advérbios temporais podem estar antes ou depois da ora ção por exemplo João comprar carro amanhã ou Amanhã João comprar carro Os advérbios de frequência podem estar antes ou depois do complemento por exemplo Eu bebo leite algumas vezes ou Eu algumas vezes bebo leite TIPOS DE FRASES As frases em Libras a exemplo da Língua Portuguesa podem ser afirmativas exclamativas interrogativas e negativas Como não existe entonação ou modu lação em Libras que é o que especifica as diferenças entre frases afirmativas exclamativas imperativas e interrogativas na Língua Portuguesa a modulação do som são as expressões faciais e corporais que estabelecem os diferentes tipos de frases em Libras Assim as expressões faciais são essenciais para determinar o tipo de frase isto é se a frase é afirmativa a expressão facial é neutra Para frases exclamati vas as sobrancelhas devem ficar levantadas e acompanha um ligeiro movimento da cabeça inclinandoa para cima e para baixo AFIRMATIVA expressão facial é Neutra ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 290 EXCLAMATIVA sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça inclinandose para cima e para baixo INTERROGATIVA sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça inclinandose para cima eou Frase interrogativa a cabeça que se movimenta para cima As estruturas inter rogativas são constituídas a partir das seguintes propriedades Os elementos interrogativos o que quem como onde etc podem ser movidos para o final da sentença ou serem mantidos na posição original Exemplo João gosta de quem ou Quem gosta de Maria O que com a boca como U com a cabeça movimenta cima também O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 291 NEGATIVA ela pode ocorrer por meio de duas maneiras alterando o parâme tro movimento por exemplo ter e não ter e incorporando a expressão facial ao sinal sem alterar nenhum parâmetro mas em qualquer tipo de negativa a expressão facial é importante como sobrancelhas levemente franzidas Negação sem alterar nenhum parâmetro com o rosto balançando ou o dedo significando não por exemplo conhecer e não conhecer pensar e não pen sar casar e não casar eou Alterando parâmetros o sinal já tem a negação como por exemplo ter e não ter gostar e não gostar querer e não querer Não precisamos falar NÃO VER por que o sinal é diferente Observe VER ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 292 VER NÃO VER QUER NÃO QUER SABER NÃO SABER O Espaço Gramatical Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 293 PODE NÃO PODE TER NÃO TER IMPERATIVA a ordem é dada pelo sinal convencional acompanhado de expressão séria ou zangada Saia Cala a boca Vá embora As expressões faciais são essenciais também para pronomes pessoais demons trativos e advérbios de lugar mas são mais importantes ainda para os pronomes interrogativos que se caracterizam essencialmente pela expressão facial inter rogativa feita simultaneamente ao pronome Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade por exemplo sinalizase um círculo ao redor do rosto seguido da expressão facial adequada Ex VIAJAR RIODEJANEIRO QUANTASHORAS interrogação ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 294 No caso dos pronomes POR QUEPORQUE como não há diferença entre ambos o contexto é que sugere por meio das expressões faciais e corporais quando estão sendo usados em frases interrogativas ou explicativas As expressões faciais e corporais são também responsáveis pela modulação de intensidade e advérbios de modo muitas vezes acompanhadas da repetição exagerada do sinal O advérbio muito pode ser expresso por meio das expressões faciais inflar as bochechas e corporal pelo sinal de muito ou por uma modi ficação no movimento do sinal Enfim esses são alguns exemplos das modulações de sinais pelas expres sões faciais na Libras A partir da análise desses parâmetros podemos perceber que as lín guas orais e as línguas de sinais são similares em seu nível estrutural os seja são formadas a partir de unidades simples que combinadas formam unidades mais complexas Diferem quanto à forma como as combinações das unidades são construídas Enquanto as línguas de sinais de uma maneira geral mas não exclusiva incorporam as uni dades simultaneamente as línguas orais tendem a organizálas sequen cialmentelinearmente GESSER 2009 p 19 Os sinais são classificados em categorias gramaticais entre outras como substan tivos advérbios adjetivos verbos pronomes com as três últimas apresentando particularidades em relação ao uso do espaço de sinalização Os adjetivos não recebem marcação de gênero nem de número mas podem variar em intensidade com a utilização de componentes não manuais como no exemplo a seguir para rico muito rico milionário em que o sinal é o mesmo e o que muda são as expressões faciais RICO RIQUÍSSIMO MILIONÁRIO Verbos em Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 295 Os adjetivos são em sua maioria descritivos e por expressarem características do objeto em geral reproduzem a qualidade descrita desenhandoa no ar ou mostrandoa no objeto ou no corpo do emissor Assim para dizer que alguém está vestindo uma camisa listrada o emissor desenhará listras no próprio corpo PEREIRA et al p 78 Acesse e veja o material que preparamos especialmen te para você VERBOS EM LIBRAS Os verbos na Libras dividemse praticamente em três classes verbos simples verbos com concordância ou direcionais e verbos espaciais Os verbos simples utilizam apenas o espaço para a elaboração do sinal ou seja o ponto de articulação e movimento Os verbos simples não se flexionam em pessoa e número e não aceitam afi xos locativos por exemplo os verbos conhecer amar aprender CONHECER AMAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 296 Os verbos com concordância flexionamse em pessoa número e aspecto mas não incorporam afixos locativos por exemplo os verbos responder perguntar e dar DAR EU D VOCÊ DAR VOCÊ D PARA MIM RESPONDER EU RESPOND Verbos em Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 297 RESPONDER VOCÊ RESPOND PARA MIM Os verbos espaciais são os que têm afixos locativos por exemplo colocar ir e che gar e utilizam o espaço para isso Isso significa que ao sinal do verbo é acrescentado por exemplo o que foi colocado ou para onde se vai Exemplos viajar ir e chegar IR Quadros e Karnopp 2004 p 205 acrescentam ainda os verbos manuais como aqueles que envolvem uma configuração de mão em que se representa estar segurando um objeto na mão Esses verbos sempre finalizam a frase Primeiro situase sobre o que se está falando e em seguida definese que tipo de verbo manual será usado como nas construções tópicocomentário Exemplo eu pintei no caderno com o lápis ficaria assim em Libras Caderno pintar lápis Pintar com lápis é um verbo manual Flexão de número é realizada normalmente pela repetição do movimento exemplo João entregar livro para alguém para duas pessoas para três para todos A flexão de aspecto está relacionada com as formas movimento e veloci dade por exemplo cuidar incessantemente cuidar de forma ininterrupta cuidar ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 298 de maneira habitual Têmse várias dimensões descritas sobre a forma direção eu entregar você uso do espaço velocidadediariamente A Libras usa também modulações de olhar e expressões faciaiscorporais para transmitir a intensidade do verbo apresentado e sua significação no contexto O verbo olhar por exem plo pode ser representado rapidamente para dizer que a pessoa apenas avistou ou longamente significando que a pessoa olhou com atenção A marcação dos tempos verbais em Libras se resume a presente passado e futuro podendo ser enfatizados caso seja presente os sinais de agora ou já e em seguida o sinal do verbo que se deseja enunciar caso seja passado utiliza se os sinais de ontem ou muito tempo atrás seguido do sinal do verbo e caso seja futuro sinalizase amanhã ou um futuro mais distante seguido do sinal do verbo A ordem pode ser invertida em qualquer dos casos sinalizandose pri meiro o verbo e depois o advérbio de tempo FUTURO AMANHÃ PRESENTE Verbos em Libras Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 299 HOJEAGORA FAZ TEMPO ONTEM JÁ PASSADO Existe também em Libras o gerúndio que é sempre um sinal composto do sinal do verbo acrescido do sinal para presente ou vivo para indicar que a ação está acontecendo naquele momento Também temos as modulações de grau e de intensidade por meio das expressões faciais que podem ser consideradas gramaticais Essas marcações são chamadas de marcações nãomanuais A sinalização é sempre acompanhada pela posição da cabeça por movimentos da cabeça pela postura do corpo e principalmente pela expressão facial ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 300 Muitos sinais apresentam como traço diferenciador a expressão facial e a cor poral em sua configuração como por exemplo os sinais de ALEGRE e de TRISTE Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO e ATO SEXUAL A expressão facial e corporal pode indicar alegria tristeza raiva amor encan tamento entre outros sentimentos dando mais sentido à Libras e até mesmo determinando o significado de um sinal Por exemplo o dedo indicador em G sobre a boca com a expressão facial calma e serena significa silêncio O mesmo sinal usado com o movimento mais rápido e com a expressão zangada significa uma ordem severa Cale a boca Outro exemplo a mão aberta com o movi mento lento e a expressão serena significa calma o mesmo sinal com movimento brusco e com expressão séria significa para LÉXICO DE CATEGORIAS SEMÂNTICAS III 1 Corpo Humano Higiene Corporal Saúde Deficiências Emoções e Religiões A maioria dos sinais referentes ao corpo humano são icônicos e classificadores portanto são de fácil compreensão CORPO HUMANO VEIA ARTÉRIA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 301 SANGUE CÉREBRO OSSO FÍGADO BEXIGA PULMÃO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 302 CORAÇÃO RIM INTESTINO DELGADO ÂNUS ESTÔMAGO ESÔFAGO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 303 LARINGE EREÇÃO PÊNIS ESPERMATOZÓIDE PELOS TESTÍCULOS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 304 GRÁVIDA ÚTERO OVÁRIOS VAGINA SEIO TROMPAS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 305 MEMBROS SUPERIORES OMBRO BRAÇO COTOVELO MÃO PULSO DORSO UNHA DEDO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 306 MEMBROS INFERIORES PÉ PERNA QUADRIL COXA NÁDEGAS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 307 PESCOÇO CABEÇA QUEIXO BOCHECHA ORELHA LÍNGUA DENTE NARIZ BOCA SOBRANCELHA CABELO OLHO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 308 HIGIENE HIGIENE ESCOVA DE DENTES PASTA ESCOVA DE CABELO TOALHA DESODORANTE SABONETE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 309 SHAMPOO PERFUME OU PERFUME BELEZA RÍMEL BATOM PÓ DE ARROZ ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 310 SAÚDE SAÚDE DOENTE DOENÇA VACINA REMÉDIO DOR DEPRESSÃO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 311 RAIOX ENJOO FRATURA DOR DE BARRIGA POMADA DOR DE CABEÇA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 312 CÂNCER AIDS CÓLICA VÔMITO TOSSE GRIPE FEBRE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 313 DEFICIÊNCIAPESSOA COM DEFICIÊNCIA DEFICIENTE CEGUEIRACEG CEG DOWN MENTAL CADEIRA DE RODAS AUTISTA APAE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 314 SURDEZSURD SENTIMENTOS E EMOÇÕES EMOÇÃO SENTIRSENTIMENTO MATURIDADEMADUR TEIMOSIATEIMOS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 315 SORTESORTUD COITAD SORRIDENTE REBELDIA REBELDE QUIET PREGUIÇAPREGUIÇOS SONOLENT FAMINTO FOME ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 316 SEDENTSEDE MULHERENGO CARINHOCARINHOS LIMPEZALIMP INOCÊNCIAINOCENTE LIBERDADEINDEPENDENTELIVRE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 317 HUMILDADEHUMILDE JUSTOHONESTIDADEHONEST FOFOCA EDUCAD FOFOCA FOFOQUEIR CHAT METIDESNOBE CONFUSÃOCONFUS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 318 EGOÍSTA CHORAR ENGRAÇADPIADA BOB CRIANÇA CORAGEM VERDADE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 319 CALMAACALMAR BARULHO BRUTO CALM IDIOTA VINGANÇAVINGATIV FINGIR FINGIMENTOFINGID RESPONSABILIDADE RESPONSÁVEL ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 320 FALS TRAIÇÃO PIOR SURPRESASURPRES MELHOR SUSTOASSUSTAD CONFIANÇACONFIAR SÓ SOZINH APENAS SOLIDÃO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 321 DESPREZAR DEIXA PRA LÁ DESPREZAD PAZ PROBLEMA PREOCUPAÇÃOPREO CUPAD ANSIEDADE PACIÊNCIA ARREPENDIMENTO MEDO GUERRA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 322 CURIOSIDADE INTERESSANTE CONFIAR ACREDITAR CULPA TIMID TIMIDVERGONHA BRAV RAIVA ZANGADBRAV CIÚMES Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 323 DÓPENA INVEJA MÁGOA TRISTETRISTEZA NERVOS ORGULHOS VAIDOS GRATIDÃO MIMAD ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 324 AMADO FELIZ DESEJO VONTADE PRAZER ORGULHO ALEGRE EXCITANTE IRA MUITA RAIVA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 325 RELIGIÃO RELIGIÃO DEUS ORAR ORAÇÃO REZAR PROFETA FÉ RESSURREIÇÃO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 326 PECADO DIABO ALTAR ALMA JESUS BÍBLIA PALAVRA DE DEUS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 327 JUDEUS HEBREUS BATISTA LUTERANA MACUMBA ADVENTISTA TESTEMUNHA DE JEOVÁ PROTESTANTECRENTE PASTOR BATISMO CRENTE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 328 ATEU BISPO FREIRA ESPIRITO SANTO CATÓLIC ÍDOLOS ANJO SANT Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 329 BUDA PAPA PADRE MARIA BATISMO CATÓLICA COMUNGAR CRUZ ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 330 IGREJA ADJETIVOS E ADVÉRBIOS USADOS NO COTIDIANO VAZI CHEI SATISFEIT Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 331 APERTAD PEQUEN GRANDE PRES DEIXAR OU LIBERDADE QUENTE GELAD FRI POBRE RIC ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 332 VELH NOV NOV JOVEM ADOLESCENTE POUCO MUITO PERTINHO PERTÍSSIMO PERTO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 333 MUITO LONGE LONGE DEMAIS LONGE SEC MOLHAD SUJO LIMPO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 334 PESAD LEVE PRIMEIR ULTIM DIFERENTE IGUAL OU IGUAL SORTE AZAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 335 MAGR GORD FRAC FORTE OU FORTE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 336 MOLE DUR DEPRESSA RAPID DEVAGAR FÁCIL FÁCIL DIFÍCIL INTELIGENTE Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 337 COMPRID CURT CLAR ESCUR ERRAD CERT ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 338 BARAT CAR BOM BOA FEI BONIT INIMIG Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 339 MACI ÁSPER BAIX ALT OU ALT EDUCAÇÃO ESCOLA NÍVEIS DE ENSINO ESPAÇO FÍSICO DISCIPLINAS MATERIAL ECOLAR ESCOLA ALUN ESTUDAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 340 FACULDADE UNIVERSIDADE DOUTORADO MESTRADO PÓSGRADUAÇÃO 1º GRAU 2º GRAU 3º GRAU OU 1º GRAU 2º GRAU 3º GRAU Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 341 ANOSÉRIE 1ºANO 2º ANO 3º ANO 4ºANO 5º ANO 6º ANO 7ºANO 8º ANO 9º ANO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 342 APROVAÇÃO REPROVAÇÃO REUNIÃO CERTIFICADO FORMATURA CURSO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 343 NOTA VESTIBULAR REDAÇÃO PROVA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 344 ESPAÇO FÍSICO COMPUTAÇÃO LABORATÓRIO SALA DE AULA BIBLIOTECA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 345 DISCIPLINAS DISCIPLINA ESTUDOS RELIGIOSOS FILOSOFIA ESPANHOL ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 346 INGLÊS FRANCÊS QUÍMICA EDUCAÇÃO ARTÍSTICA EDUCAÇÃO FÍSICA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 347 HISTÓRIA OU HISTÓRIA SOCIOLOGIA GEOGRAFIA OU GEOGRAFIA BIOLOGIA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 348 CIÊNCIAS PORTUGUÊS MATEMÁTICA MULTIPLICAÇÃO DIVISÃO SUBTRAÇÃO ADIÇÃO DESCONTO SOMA CALCULAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 349 MATERIAL ESCOLAR UNIFORME MOCHILA APONTADOR TESOURA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 350 COLA LÁPIS LÁPIS DE COR RÉGUA LIVRO REVISTA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 351 CADERNO CANETA BORRACHA Acesse e veja o material que preparamos especial mente para você ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 352 ATIVIDADES HUMANAS ESPORTE E PROFISSÕES ESPORTE CAMPO SALÃO CAMPO FUTEBOL CAMPEONATOS CORRER NATAÇÃO BASQUETE VÔLEI Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 353 PROFISSÕES FARMACÊUTIC ENFERMEIR BANCÁRI ENGENHEIR JORNALIST FOTÓGRAF ATORATRIZ MONITOR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 354 INSTRUTOR DE LIBRAS DENTISTA INFORMÁTICA AEROMOÇA MOTORISTA JUIZ ADVOGAD Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 355 CANTORCANTORA CHEFE CONTABILIDADE ADMINISTRAÇÃO MÉDIC INTÉRPRETE ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 356 ENCANADOR MECÂNIC EMPREGAD DOMÉSTIC Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 357 PINTOR DE PAREDES COMPRADOR VENDEDOR AÇOUGUEIR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 358 CARTEIR PADEIRO GARÇOMGARÇONETE PEDREIR FAXINEIR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 359 SECRETÁRI BOMBEIRO POLICIAL DIRETORIA FONOAUDIÓLOG ASSISTENTE SOCIAL PSICOLOGIA PROFESSOR TRABALHO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 360 MEIOS DE TRANSPORTES ATIVIDADES E LOCAIS PÚBLICOS MEIOS DE TRANSPORTES FOGUETE TRATOR ÔNIBUS ARTICULADO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 361 CARROÇA ÔNIBUS TÁXI METRÔ HELICÓPTERO TREM ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 362 BARCO NAVIO CAMINHÃO BICICLETA AVIÃO MOTO CARRO CINEMA TEATRO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 363 PRÉDIO OU PRÉDIO ACADEMIA ASSOCIAÇÃO FENEIS DEE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL SEED SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 364 BAR ZOOLÓGICO PARQUE DE EXPOSIÇÃO CEMITÉRIO SHOPPING LOJA EMPRESA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 365 FÁBRICA CIRCO FEIRA GOVERNO PREFEITURA AEROPORTO PADARIA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 366 SORVETERIA LANCHONETE BANCO RESTAURANTE BIBLIOTECA RODOVIÁRIA CORREIO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 367 HOSPITAL ENFERMARIA FÓRUM AÇOUGUE IGREJA FARMÁCIA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 368 SUPERMERCADO HOTEL CADEIA BANCOS E ECONOMIA ITAÚ SANTANDER Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 369 SICREDI BANCO REAL BRADESCO BANCO DO BRASIL CAIXA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 370 LUCRO PORCENTAGEM JUROS BANCO COMPRAR PAGAR ALUGAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 371 PARCELAR PARCELA SALÁRIO APOSENTADO APOSENTAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 372 RECEBER CÉDULAS CARTÃO MAGNÉTICO CHEQUE CENTAVOS REAL DÓLAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 373 DINHEIRO ECONOMIA LOCALIZAÇÃO PONTOS CARDEAIS ESTADOS BRASILEIROS E SUAS CAPITAIS PONTOS CARDEAIS OESTE LESTE NORTE SUL ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 374 ESTADOS BRASILEIROS E CAPITAIS BRASIL BRASÍLIA ESTADO CAPITAL CIDADE REGIÃO NORTE RORAIMA RONDONIA MANAUS AMAZONAS Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 375 ACRE AMAPÁ PARÁ REGIÃO NORDESTE PIAUÍ PARAÍBA MARANHÃO RIO GRANDE DO NORTE SERGIPE ARACAJU FORTALEZA CEARÁ ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 376 ALAGOAS PERNAMBUCO RECIFE SALVADORBAHIA REGIÃO SUL FLORIANOPÓLIS SC PORTO ALEGRE RIO GRANDE DO SUL Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 377 CURITIBA PARANÁ REGIÃO SUDESTE RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 378 SÃO PAULO SÃO PAULO MINAS GERAIS BELO HORIZONTE ESPIRITO SANTO VITÓRIA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 379 REGIÃO CENTROOESTE MATO GROSSO DO SUL MATO GROSSO GOIÂNIA GOIÁS ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 380 MUNDO CONTINENTES PAÍSES E CAPITAIS CONTINENTES ÁSIA EUROPA AMÉRICA AMÉRICA CENTRAL AMÉRICA DO SUL AMÉRICA DO NORTE AUSTRÁLIAOCEANIA ÁFRICA PAÍSNAÇÃO Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 381 ALGUNS PAÍSES SULAMERICANOS VENEZUELA URUGUAI PERU PARAGUAI COLÔMBIA CHILE BOLÍVIA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 382 ARGENTINA AMÉRICA DO NORTE MÉXICO ESTADOS UNIDOS CANADÁ Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 383 ALGUNS PAÍSES EUROPEUS SUIÇA ITÁLIA PORTUGAL SUÉCIA INGLATERRA RÚSSIA FRANÇA NORUEGA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 384 HOLANDA ESPANHA ESPANHA DINAMARCA ESCÓCIA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 385 ALEMANHA ÁFRICA EGITO ISRAEL ÁSIA CHINA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 386 JAPÃO ARÁBIA ÍNDIA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 387 PRINCIPAIS VERBOS USADOS NO COTIDIANO ABRIR JANELA FECHAR JANELA APRENDER ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 388 ACHAR ANTECIPAR ATRASAR ANDARAPROVEITAR ANDAR ANIMAL AJUDAR AJUDAR AGRADECER Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 389 APAGAR ACENDER AJOELHAR ACORDAR ENCONTRAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 390 ABRIR CONSERVA ABRIR PORTA FECHAR PORTA ACUSAR ACONTECER OU ACONTECEU ADMIRAR AFASTAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 391 ACOMPANHAR APROVEITAR AGUENTAR ACREDITAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 392 ACONSELHAR ACEITAR ACOSTUMAR ABANDONAR DESISTIR COMPRAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 393 CONVERSAR COMER CHUTAR CHEIRAR RESPIRAR CHEGAR CANTAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 394 CAIR BRINCAR BRIGAR BATER BRIGAR DISCUSSÃO BEIJAR BOCHECHA BEIJAR BOCA Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 395 BEBER ÁGUA BEBER PINGA BEBER BEBIDA APRESENTAR CONVI DAR MOSTRAR APRESEN TAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 396 COMEMORAR FESTA PARABENIZAR ENTENDER COMEÇAR COMEÇAR PRENDER CADEIA CANSAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 397 CONFUNDIR COMBINAR ROUPAS COMBINAR MARCAR CURAR SUMIR CUIDADO CUIDAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 398 PROTEGER CANTAR CORRER DAR DAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 399 DANÇAR IR PRECISAR AGRUPAR FALAR FALAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 400 FUNDAR PLANTAR INVENTAR TER IDEIAS COSTURAR MÁQUINA COSTURAR BORDAR COZINHAR PINTAR QUADRO PAPEL Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 401 COPIAR DESCULPAR DESCANSAR FICAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 402 ERRAR CONTINUAR ENSINAR VIGIAR PEDIRPOR FAVOR DECORAR DISTRAIR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 403 DIMINUIRDECRESCER DESENVOLVERCRESCER DUVIDAR DORMIR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 404 DORMIR DÍVIDA DEVER DE TER DÍVIDA DEVER PRECISAR SEGUIR GUIA DISCUTIR PULAR SENTAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 405 FICAR EM PÉ LEVANTAR ESTAR FAZER DESCONFIAR FALTAR ESTAR AUSENTE PESSOA ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 406 FALTAR FALTAR ALGUMA COISA EXPLICAR TENTAR EXPERIMENTAR EVITAR ESTUDAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 407 ESPIAR TRAIR VIVER ESQUECER ESPERAR ESCONDER ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 408 ESCREVER MANDAR RESPONDER PESQUISAR PERGUNTAR PRECISAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 409 PENSAR PENDURAR POR FAVOR PEDIR LICENÇA PEDIR PEDIR PAQUERAR PASSEAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 410 OU PARAR PARAR NÃO OUVIR OUVIR OPINAR VER OLHAR OBEDECER Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 411 NASCER NADAR NAMORAR BUSCAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 412 TRAZER LEVAR MORRER MORAR ESMOLAR MATAR FACA CONVIDARAPRESENTAR ASSAR LIMPAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 413 LER LÁBIOS LER CASAR INTERROMPER INFLUENCIAR MENTIR GRITAR SONHAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 414 GOSTAR NÃO GOSTAR GASTAR CONSEGUIR FOTOGRAFAR Léxico de Categorias Semânticas Iii Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 415 RECEBER FUGIR INTEGRAR ASPECTOS SINTÁTICOS DA LIBRAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 416 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta quinta unidade você estudou a sintaxe dos verbos e a modulação de sinais além do léxico relacionado à educação e outros temas que talvez não seja parte integrante de sua conversação cotidiana mas que são essenciais para uma comu nicação funcional eficiente em sala de aula A Língua Brasileira de Sinais é uma língua que tem ganhado espaço na socie dade em função da contínua luta dos movimentos surdos em prol de seus direitos Uma luta que vem desde muito tempo mas que se concretiza no Brasil parti cularmente depois da criação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos FENEIDA em 1986 entidade que já no ano seguinte em 1987 adotando o modelo das suas congêneres em outros países muda seu nome para Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos FENEIS Esta instituição foi criada com o objetivo de preencher a lacuna no contexto político social cultural e educacional que se apresentava e se apresenta ainda aqui no Brasil no campo da política dos Surdos Capitaneada pela FENEIS há muitos anos o povo surdo luta contra os padrões de cidadão impostos pela sociedade majoritária É uma luta de muitos anos pelo reconhecimento de que o povo surdo é um povo com cultura e língua própria possuidor de especificidades linguísticas sociais e culturais Atualmente o povo surdo conquistou o direito de usar sua língua que possi bilita não só a comunicação mas também sua efetiva participação na sociedade Mas para que esta mudança se efetive é necessário que cada vez mais pes soas conheçam e utilizem a Libras Faça a sua parte Considerando tudo o que você estudou nas cinco unidades de nosso livro texto quais são em sua opinião as principais justificativas para a inserção da Libras como componente curricular obrigatória em seu curso 417 Neste livro texto frisamos o tempo todo que a Libras é uma língua capaz de cumprir to das as funções de uma língua oral inclusive a de produções literárias Por isso apresen tamos como leitura complementar um fragmento adaptado de uma apostila destinada aos alunos do Curso de Licenciatura LetrasLibras sobre Literatura Surda e autoria da professora Lodenir Karnopp LITERATURA SURDA Enquanto a Libras não era reconhecida ou enquanto era proibida de ser usada nas esco las também não existiam publicações ou o reconhecimento de uma cultura surda ou de uma literatura surda O ensino priorizava o aprendizado da fala e da língua portuguesa Nas escolas não havia espaço nem aceitação para as produções literárias em sinais No entanto acreditamos que entre os surdos circulavam histórias sinalizadas piadas po emas histórias de vida mas em espaços que ficavam longe do controle daqueles que desprestigiavam a língua de sinais Em geral naqueles contextos escolares ou clínicos nos quais não se tolera a língua de sinais eou a cultura surda há um completo desco nhecimento dos processos e dos produtos que determinados grupos de surdos geram em relação ao teatro ao humor à poesia visual enfim à literatura produzida em língua de sinais A Língua de Sinais Brasileira é uma língua visualgestual e recentemente seus usuários têm utilizado a escrita dessa língua em seu cotidiano A escrita dos sinais SignWriting é a forma de registro das línguas de sinais mas raras são as obras literárias produzidas que utilizam essa escrita Além disso também são poucas as escolas que incluem a escrita dos sinais em seus currículos As publicações na escrita dos sinais Sign Writing têm sido uma inovação na tradição de contar e recontar histórias e por outro lado divulgam e imprimem materiais na Libras No entanto um dos problemas é a abrangência do público leitor nessa língua Libras já que poucos são usuários desse sistema mesmo nas comunidades de surdos Além da importância dos registros na Libras encontramos uma vasta e diversificada li teratura presente em associações de surdos em escolas em pontos de encontro da co munidade surda Algumas dessas histórias são contadas e resgatadas por surdos idosos eou por surdos contadores de histórias Uma pequena parcela dessas produções cultu rais tem sido registradas em fitas de vídeo na Libras ou então traduzidas para a língua portuguesa As narrativas os poemas as piadas e os mitos que são produzidos servem como evidências da identidade e da cultura surda As produções culturais de pessoas surdas envolvem em geral o uso de uma língua de si nais o pertencimento a uma comunidade surda e o contato com pessoas ouvintes sen do que esse contato linguístico e cultural pode proporcionar uma experiência bilíngue a essa comunidade Neste sentido além da escrita da língua de sinais a escrita da língua portuguesa também faz parte do mundo surdo indispensável aos surdos brasileiros 418 para a escolarização a defesa dos seus interesses e cidadania Podese pensar que a es crita pode contribuir para a destruição da riqueza em sinais mas a escrita por si só não é necessariamente um fator contrário já que se pode pensar na escrita como a busca por tradução das raízes culturais associada a outras formas de arte como teatro e vídeo Além do registro das produções culturais de pessoas surdas através da escrita em língua de sinais sign writing e de traduções para a escrita da língua portuguesa outras formas de documentação como filmagens são fundamentais para o registro de formas literá rias que vão se perdendo ou se transformando Para uma comunidade de surdos manter o leque de possibilidades artísticas e expressões da língua de sinais os registros visuais são indispensáveis a criação de bibliotecas visuais e podem contribuir para uma escri ta posterior através da escrita dos sinais eou através de traduções apropriadas para o português Contar histórias é um hábito tão antigo quanto a civilização Contar histórias é um ato que pertence a todas as comunidades comunidades indígenas comunidades de sur dos entre outras Contar histórias piadas episódios em línguas de sinais pelos próprios surdos é um hábito que acompanha a história das comunidades surdas Cabe então coletar as narrativas que surgem nessas comunidades para que não desapareçam com o tempo Surdos reúnemse frequentemente para contar histórias e entre as preferidas estão as histórias de vida as piadas e aquelas que incluem elementos da cultura surda com per sonagens surdos com tramas que em geral envolvem as diferenças entre o mundo surdo e o ouvinte 419 A comunidade surda é diferente de outras comunidades linguísticas em muitos aspec tos já que eles não estão geograficamente em uma mesma localidade mas estão espa lhados em várias partes do mundo Pessoas surdas não trabalham em um mesmo local Em alguns centros urbanos eles encontram seus pares surdos somente duas ou três vezes por semana e passam a maior parte de seu tempo em um mundo ouvinte Esse fato produz um padrão de comunidade em que o tempo que os surdos permanecem juntos é fragmentado por outro lado são extremamente próximos uns dos outros Essa característica social faz com que pessoas surdas mantenham suas vidas na comunidade surda participando da associação de surdos realizando atividades conjuntas estudan do em uma mesma escola empreendendo lutas e reivindicações conjuntas Essas considerações são importantes para entendermos a produção literária em sinais Pessoas surdas convivendo com ouvintes em seu ambiente de trabalho ou com a famí lia se apropriam de meios visuais para entender o mundo e se relacionar com as pessoas ouvintes Essa experiência visual além do uso da língua de sinais implica dividir a comu nicação e isto também caracteriza a cultura surda Para escaparem da ridicularização da língua de sinais e de seus bens culturais de ações intolerantes e até proibitivas os surdos se organizam em comunidades buscando o for talecimento da língua de sinais da identidade e da cultura surda Nessa perspectiva a literatura surda adquire também o papel de difusão da cultura surda dando visibilidade às expressões linguísticas e artísticas advindas da experiência visual Fonte adaptado de Karnopp 2008 online1 420 1 Repetiremos aqui algumas das atividades anteriores na sua casa com a ajuda de um espelho treine a expressão facial e corporal isso ajuda muito em Libras 2 Estude cada conjunto de palavras apresentado Pessoa Adjetivos e Advérbios Educação Atividades Humanas Meios de Transportes Atividades e Locais Públicos Localização pontos cardeais estados brasileiros e suas capitais Mundo continen tes países e capitais e Verbos Reproduza cada sinal ou frase sempre em frente a um espelho Lembrese o sinal deve ser feito virado para o seu interlocutor e não para você Assim olhando no espelho você deve enxergar o sinal ou a frase tal como se apresenta no texto 3 Ensine os sinais para os membros de sua família para seus familiares 4 Ensine as profissões para pelo menos duas pessoas da sua família amigos ou co legas de trabalho 5 Ensine os sinais dos estados e as capitais brasileiras a seus familiares amigos e colegas de trabalho 6 Em sua opinião qual conjunto de sinais aprendidos nesta seção que são mais icônicos 7 Escreva com suas próprias palavras o que você entendeu acerca dos verbos Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Se você quiser conhecer ainda mais sobre os surdos sua educação sua cultura e sua língua além de todos os endereços que já disponibilizamos acesse o site disponível em wwwlibraselegal combr Acesso em 20 jun 2016 Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Ronice Müller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp Editora Artmed 2004 Sinopse este livro foi a principal referência para a produção deste texto no que se refere aos aspectos linguísticos da Libras Suas autoras linguistas e fluentes em Libras descrevem e analisam a Libras em seus aspectos fonológicos morfológicos e sintáticos proporcionando uma fonte importante para aprendizagem compreensão análise e uso desta língua Com uma redação clara e repleto de exemplos o livro ainda é ricamente ilustrado com fotos realizadas com rigoroso cuidado técnico com a intenção de dar ao leitor uma ideia dos movimentos envolvidos no sinal REFERÊNCIAS GESSER A Libras Que língua é essa crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 2009 GÓES A M CAMPOS M de L I L Aspectos da gramática da Libras In LACERDA C SANTOS L F Org Tenho um aluno surdo e agora Introdução à Libras e educa ção de surdos São Carlos EdUFSCar 2013 NOGUEIRA C M Ignatius CARNEIRO M I N NOGUEIRA B I Surdez Libras e Edu cação de Surdos Uma introdução à Língua Brasileira de Sinais Maringá EDUEM 2012 PEREIRA M C C CHOI D VIEIRA M I GASPAR P NAKASATO R Libras conheci mento além dos sinais São Paulo Pearsons Prentice Hall 2011 QUADROS R M KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Porto Alegre Artmed 2004 REILY L Escola Inclusiva Linguagem e mediação 4 ed Campinas SP Papirus 2004 Referências online 1 Em httpwwwlibrasufscbrcolecaoLetrasLibraseixoFormacaoEspecifica literatu raVisualassets369LiteraturaSurdaTextoBasepdf Acesso em 25 jun 2016 REFERÊNCIAS 423 GABARITO Questões 1 2 3 4 5 As questões 1 2 3 4 e 5 foram pensadas com o intuito de fazer você praticar a Li bras Por isso é importante que as faça Lembrese Libras necessita de muita prática portanto procure alguém para conversar Desta forma as cinco primeiras questões são destinadas a favorecer a sua prática Questão 6 para essa questão a resposta pode ser subjetiva embora a resposta esperada seja o conjunto de sinais que se referem ao corpo humano Questão 7 para essa questão você deve tratar dos verbos simples com concordân cia e os espaciais além dos verbos manuais É importante você abordar também a marcação dos tempos verbais CONCLUSÃO Prezadoa alunoa Finalizamos a nossa disciplina Muito haveria ainda para ser es tudado acerca da Libras dos surdos e da sua educação todavia para isso existem cursos específicos como a Licenciatura em LetrasLibras com quatro anos de dura ção ou a Graduação em Educação Especial área da surdez também com quatro anos de duração Nosso objetivo nas duas primeiras unidades deste livro foi introduzir você no mun do surdo o que foi feito na primeira Unidade e apresentar a legislação e as políticas públicas brasileiras para a educação de surdos bem como a importância dos recur sos tecnológicos para a inclusão social e educacional dos surdos A partir da terceira unidade o objetivo principal foi instrumentalizar o futuro pro fessor para uma comunicação funcional em Libras de maneira a facilitar sua atuação profissional bem como favorecer a aprendizagem dos educandos surdos inclusos Desta forma as três últimas unidades de nosso texto abordam os aspectos gerais e linguísticos da Libras além da construção de vocabulário mediante categorias se mânticas Em função da complexidade da Libras certamente não será apenas com esta dis ciplina que você estará apto a ser um sinalizador Afinal este não é um curso de Especialização em Libras é apenas uma disciplina em um curso de graduação para que você conheça ao menos um pouco sobre quão ela é importante Enfim esperamos ter convencido você de como a língua de sinais é imprescindível para o desenvolvimento cognitivo e social do surdo sendo importantíssimo que a criança aprenda a língua de sinais bem cedo para que seu desempenho escolar seja equivalente ao de crianças ouvintes Afinal atualmente o povo surdo conquistou o direito de usar sua língua o que pos sibilita não só a comunicação mas também sua efetiva participação na sociedade Entretanto muito ainda necessita ser feito para que essa mudança se efetive Faça a sua parte As autoras CONCLUSÃO