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23 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 DOI httpdxdoiorg107784rbturv12i31416 O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Tourism as an instrument of forest protection in the Amazon a mul tivariate analysis El turismo como un instrumento de protección forestal en La Amazo nía un análisis multivariante Jefferson Lorencini Gazoni1 Iara Lucia Gomes Brasileiro2 Resumo Propósito do tema A crescente demanda internacional por bens primários tem gerado oportunidades excepcionais para a mineração e para o agronegócio na Amazônia Isto está promovendo em muitos casos a perda progressiva da cobertura do solo Muitas são as estratégias propostas para a contenção do desmatamento regional ente elas o turismo apontado como uma atividade econômica alternativa e mais sustentável para a região Objetivo A finalidade deste estudo foi estimar a importância relativa do turismo para o ritmo do desma tamento no bioma Amazônia no período 20152016 Metodologia e abordagem Foram utilizadas séries de corte para as 91 microrregiões geográficas do bioma nas quais foi aplicada a técnica de regressão linear múltipla associada à decomposição das covariâncias pela Medida de Pratt Resultados Os resultados sugerem que o des matamento é uma função da pecuária bovina da agricultura da extração de madeira dos assentamentos rurais das áreas protegidas e entre outros do turismo Identificouse uma correlação inversa entre o turismo e as taxas anuais de desmatamento do bioma Originalidade Os resultados deste estudo permitem propor o desen volvimento responsável do turismo como uma estratégia para a proteção da cobertura florestal da Amazônia Palavraschave Desenvolvimento regional Desmatamento Conservação Uso do solo Abstract Theme purpose the growing international demand for primary goods has generated exceptional op portunities for mining and agribusiness in the Amazon In many cases this is causing a progressive loss of land cover Many strategies are proposed to contain regional deforestation including tourism which is seen as a 1 Universidade de Brasília UnB Brasíli DF Brasil Realizou a revisão da literatura a organização do banco de dados a aplicação das técnicas econométricas a análise dos resultados e a redação do texto 2 Universidade de Brasília UnB Brasília DF Brasil Contribuiu na revisão da literatura na análise dos resultados e na redação do texto Artigo recebido em 06022018 Artigo aceito em 15052018 Artigo 24 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada more sustainable alternative economic activity for the region Objective the purpose of this study was to esti mate the relative importance of tourism to the deforestation rate rhythm in the Amazon biome in the period of 20152016 Methodology and approach a crossection were used for the 91 geographic microregions of the biome to which multiple linear regression associated to covariance decomposition was applied with Pratts Measure Results the results suggest that deforestation is due to livestock farming agriculture logging rural settlements protected areas and among others tourism The study identified an inverse correlation between tourism and annual deforestation rates in the biome Originality the results of this study allow the proposition of the responsible development of tourism as a strategy for the protection of the forest cover of the Amazon Keywords Regional development Deforestation Conservation Land use Resumen Propósito del tema La creciente demanda internacional por bienes primarios ha generado oportuni dades excepcionales para la mineración y para el agronegocio en la Amazonía Esto está promoviendo en mu chos casos la pérdida progresiva de la cobertura del suelo Muchas son las estrategias propuestas para a con tención de la deforestación regional entre ellas el turismo apuntado como una actividad económica alterna tiva y más sostenible para la región Objetivo la finalidad de este estudio fue estimar la importancia relativa del turismo para el ritmo de la deforestación en el bioma Amazónico en el período 20152016 Metodología y abor daje Fueron utilizadas series de corte para las 91 microrregiones geográficas do bioma en las cuales fueron aplicadas a técnica de regresión linear múltiple asociada a la descomposición de las covarianzas por la Medida de Pratt Resultados los resultados sugieren que la deforestación está en función de la pecuaria bovina de la agricultura de la extracción de madera de los asentamientos rurales de las áreas protegidas y entre otros del turismo Se identificó una correlación inversa entre el turismo y las tazas anuales de la deforestación del bioma Originalidad los resultados de este trabajo permiten proponer el desarrollo responsable del turismo como una estrategia para la protección de la cobertura forestal de la Amazonía Palabras clave Desarrollo regional Deforestación Conservación Uso del suelo 1 INTRODUÇÃO O acelerado crescimento econômico ocorrido a partir de meados do século XX pro moveu em grande parte dos países uma sig nificativa melhoria na qualidade de vida Com isso ampliaramse as pressões sobre os re cursos naturais para intensidades jamais pre senciadas Intergovernmental Panel on Cli mate Change 2014 Recentemente o cres cimento econômico de países altamente po pulosos como a China a Índia e a Rússia Araújo Costa 2010 muito ampliaram es sas demandas com tendências preocupan tes No Brasil país historicamente produtor de bens primários a crescente demanda tem gerado oportunidades excepcionais princi palmente para a minerosiderurgia e para o agronegócio Almeida Marin 2010 Em muitos casos no entanto com ações que causam o desmatamento progressivo do ter ritório como tem ocorrido na Amazônia O bioma Amazônia é uma das seis tipo logias de domínios da natureza no Brasil abrangendo uma área de 42 milhões de km2 493 do território nacional Instituto Brasi leiro de Geografia e Estatística 2005 A po pulação regional atingiu 188 milhões de ha bitantes em 2010 IBGE Censo Demográ fico 2010 96 da população brasileira Es timase que a região um conjunto de ecos sistemas diversos áreas de terra firme rios e áreas alagadas abrigue cerca de 30 das florestas tropicais restantes no planeta Food and Agriculture Organization of the United 25 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Nations 2016 que contém aproximada mente 125 de toda a biomassa existente Baccini Goetz Walker Laporte Sun Sulla Menashe Samanta 2012 e que protege cerca de um terço das espécies conhecidas World Wildlife Fund for Nature 2013 O desmatamento pode levar a uma re estruturação das dinâmicas da atmosfera na superfície tanto na própria região Spracklen GarciaCarreras 2015 como num todo Medvigy Walko Avissar 2011 Em nível regional ou local o desmatamento promove a redução das chuvas e da evapotranspira ção com consequente diminuição da umi dade do solo e da superfície Navarrete Tsai Mendes Faust Hollander Cassman Kura mae 2015 a redução e a contaminação dos recursos hídricos Lewis Brando Phillips Heijden Nepstad 2011 com danos à sa úde das populações Hahn Gangnon Barcel los Asner Patz 2014 além da perda da produtividade dos solos Lawrence Vande car 2015 e o significativo dano à biodiversi dade Barlow Lennox Ferreira Berenguer Lees Mac Nally Parry 2016 Registram se do mesmo modo problemas socioambi entais como a migração e o crescimento de sorganizado das cidades CavigliaHarris Sills Mullan 2013 e conflitos sociais se guidos muitas vezes de grande violência Solinge 2010 Apesar do reconhecimento da sua importância segundo o Instituto Na cional de Pesquisas Espaciais INPE até 2016 foram perdidos 6830 mil km2 de cobertura florestal 152 da sua área Restaram 262 milhões km2 de florestas 624 do território É nesse contexto que se aponta o tu rismo como uma atividade econômica alter nativa e sustentável para a Amazônia Oli veira Silva Matos Hara 2010 Peralta 2012 Doan 2013 Hoefle 2016 As alega ções são diversas A presença do turismo pode funcionar como um conjunto fiscaliza dor da qualidade do meio ambiente Liu Qu Huang Chen Yue Zhao Liang 2014 O tu rismo pode ajudar na gestão das áreas prote gidas por intermédio do incremento da re ceita da unidade como taxas de ingresso ou um percentual das atividades correlatas Chen Nakama Zhang 2017 Além disso tem peso políticoeconômico regional Ou seja quanto mais relevante para a economia regional menores serão as ocupações em outras áreas Lobo Moretti 2009 No am biente político a importância regional do tu rismo tende a ser inversamente correlacio nado ao apoio público a atividades degrada doras dos recursos turísticos enquanto sua correlação com as políticas ambientais é di retamente proporcional Por esses aspectos o presente estudo questiona a relação entre turismo e desma tamento na Amazônia Qual foi a contribui ção do turismo para o desmatamento regio nal Por consequência o objetivo deste tra balho é estimar a importância relativa do tu rismo para o ritmo do desmatamento no bi oma Amazônia no período 200152016 Para isto utilizouse da técnica de regressão linear múltipla por Mínimos Quadrados Ordinários Gujarati 2006 Pindik Rubinfeld 1997 as sociada à análise da medida de importância relativa de Pratt 1987 O trabalho foi desen volvido em cinco fases principais 1 revisão da bibliografia sobre o tema 2 construção de uma base de dados de uma série de corte por microrregiões geográficas do bioma 26 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Amazônia 3 definição do modelo economé trico para as taxas anuais de desmatamento em razão das forças políticoeconômicas in cluindo o turismo 4 estimativa da importân cia do turismo relativa às outras forças do desmatamento e 5 discussão dos resultados do modelo 2 TURISMO E DESMATAMENTO O espaço é um recurso disputado por diversos agentes econômicos Com o cresci mento populacional temse a implantação de infraestrutura suporte o crescimento ho rizontal das cidades a ampliação constante da área agropecuária entre outros fatores que ocupam parte do espaço e não rara mente se sobrepõem a áreas não antropiza das ou ainda detentoras de uma cobertura vegetal representativa e funcional Entre es sas atividades o turismo tem sua responsa bilidade A urbanização turística por segun das residências resorts ou outras facilidades gera ocupação direta de vastas porções terri toriais principalmente no caso do turismo de massa Além disso o uso de materiais de construção combinado com o consumo de alimentos e outros bens e serviços podem promover indiretamente danos à cobertura do solo Ao analisar cerca de 15 mil publicações a respeito das relações entre o turismo e o meio ambiente Buckley 2011 identificou que na maioria delas o turismo foi apontado como gerador de impactos nocivos e que em outros casos o turismo promoveu a conser vação Diversos são os estudos acerca do uso do turismo para a conservação Nyaupane Poudel 2011 Brandão Barbieri Reyes Ju nior 2015 Organizações também têm suge rido o desenvolvimento do turismo como uma estratégia para a sustentabilidede ambi ental United Nations Environment Pro gramme 2005 World Wildlife Fund for Na ture 2003 Instituto Chico Mendes de Con servação da Biodiversidade 2011 World Tourism Organization 2002 2013 embora sejam conhecidos seus potencias impactos nocivos principalmente aqueles causados pelo turismo de massa em nível local como o desmatamento Apesar de a literatura específica apre sentar uma vasta coleção de estudos sobre as relações entre o turismo e o meio ambiente as pesquisas voltadas ao entendimento das relações específicas com o desmatamento em si são raras Em geral as análises sugerem que se por um lado o turismo tem apresen tado impactos negativos sobre a cobertura do solo em algumas regiões Araujo Carva lho Silva 2005 Kuvan Akan 2005 Zhong Deng Xiang 2008 Almeyda Bro adbent Wyman Durham 2010 Fox Witz Blanc Soulié PenalverNavarro Dervieux 2012 por outro o turismo tem sido conside rado uma força importante na proteção e na regeneração de áreas florestais Gaughan Binford Southworth 2009 Suntikul Dorji 2015 BoavidaPortugal Rocha Fer reira 2016 Vijay Kushwaha Chaudhury Naik Gupta Kumar Wate 2016 Em geral o que muda é o contexto local e a forma de turismo praticada Ao investigar as mudanças nas pressões causadas pelo turismo sobre as florestas e so bre a vegetação alpina durante cinquenta anos na região do Monte Everest um dos 27 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 mais importantes destinos de montanhismo do mundo Stevens 2003 mostrou que o tu rismo melhorou as condições de vida da po pulação local Todavia impactos negativos foram identificados como os danos à floresta causados por incêndios provocados direta mente pelos visitantes ou pelo uso da ma deira para construção de facilidades turísti cas Segundo esse autor o contínuo uso do fogo não controlado tem contribuído para a redução do diâmetro médio dos troncos em algumas porções territoriais da floresta e perda da cobertura vegetal em outras Analisando o uso das florestas com o pro pósito de desenvolvimento da atividade turística na região de AntalyaBelek na Turquia Kuvan 2005 percebeu que a rápida transição para o tu rismo de massa ocorrida na região não foi acom panhada por políticas públicas ou projetos de proteção e sustentabilidade do desenvolvi mento resultando em problemas nas áreas flo restadas Em particular a fragmentação florestal e o desmatamento na região têm sido promovi dos pela implantação das infraestruturas e dos equipamentos necessários para a prática do tu rismo Nas áreas costeiras o pesquisador identi ficou que todas as novas facilidades se desenvol veram sobre antigas áreas florestais A Reserva da Biosfera Changbai Mountain na China recebe anualmente centena de milha res de turistas Mas apesar da sua grande impor tância econômica e ecológica tem sofrido com a fragmentação em sua área de amortecimento Ao estudar a relação do turismo com o desmata mento nessa região Zhao Li Wang e Xu 2011 concluíram que a explosão do turismo não aju dou na redução das pressões sobre a floresta ao contrário ampliou a fragmentação nas proximi dades da reserva Para compreender as relações entre o tu rismo e as mudanças no uso do solo na bacia do Rio Li China entre 1989 e 2010 Mao Meng e Wang 2014 utilizaram uma abordagem híbrida com modelagem multinível e regressão logística para analisar o potencial de degradação das for ças motrizes dessas transformações Os resulta dos mostraram que o desenvolvimento acele rado do turismo e a expansão urbana expuseram a área a grande risco de danos ou perda definitiva de sua cobertura vegetal Ameaças também in cluem a implantação de rodovias e a construção de mirantes Em síntese estudos localizados que apon tam o turismo como um fator promotor de des matamento possuem alguns aspectos que mere cem destaque A presença ou a ascensão do tu rismo de massa nas áreas florestadas gera uma grande pressão que as políticas públicas têm difi culdade em conter ou redirecionar Outro as pecto importante é a característica pontual dos impactos Em geral observamse impactos dire tos localizados principalmente na implantação de infraestruturas suporte e equipamentos tu rísticos como residências secundárias e outros meios de hospedagem Por outro lado afirmase que o turismo pode promover a prevenção do desmatamento ou permite a recuperação de áreas degradadas Oosterzee 2000 Stronza Pegas 2008 Em um estudo sobre as forças condutoras das mudanças no uso e na cobertura do solo na região de selva em dois municípios do sul do Mé xico Corona Galicia PalacioPrieto Bürgi e Hers perger 2016 utilizaram imagens de satélite e fo tografias aéreas para produzir uma base de da dos georreferenciada para os anos de 1985 1995 e 2006 Um conjunto de técnicas estatísticas foi empregado para identificar as causas diretas e in diretas do desmatamento Os resultados mostra ram que a atividade agropecuária é a mais signi ficativa delas sendo responsável por aproxima damente 85 do desmatamento regional Entre tanto os autores identificaram que o incremento 28 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada das oportunidades de trabalho vinculadas ao se tor turístico tem implicado na redução ou no abandono das atividades agropecuárias favore cendo a regeneração das florestas Em outro estudo robusto Hoang Va nacker Van Rompaey Vu e Nguyen 2014 analisaram as mudanças na cobertura do solo no Distrito de Sa Pa na China O turismo internacional iniciouse em 1993 com a aber tura política alterando profundamente o co tidiano da população residente Utilizando imagens de alta resolução por satélite de três diferentes períodos e uma análise de covari âncias os autores investigaram as mudanças na cobertura do solo entre 1993 e 2014 O es tudo mostrou que entre 1993 e 2006 houve aumento do desmatamento causado pelo avanço da área agropecuária Mas entre 2006 e 2014 ocorreu o contrário Os resulta dos mostraram que o desmatamento é muito menor em áreas que possuem alto grau de envolvimento com as atividades turísticas Isso ocorreu segundo os autores porque com a diversificação das atividades econômi cas os proprietários rurais tornaramse me nos dependentes da produção agropecuária Concluíram assim que novos padrões de produção podem gerar redução da pressão sobre as florestas regionais Efeitos imprevistos podem afetar significa tivamente a eficiência de políticas públicas de conservação Robalino Pfaff e Villalobos 2015 identificaram que isto tem sido verificado na cri ação de áreas protegidas na Costa Rica e no con sequente aumento do desmatamento nas áreas florestadas adjacentes Nas áreas mais próximas de amortecimento até 10 km este impacto tem sido mínimo Entretanto a pesquisa mostrou que existe grande significância estatística entre o des matamento e as áreas próximas às rodovias que não contam com o turismo e estão longe da en trada dos parques A conlcusão do trabalho foi que o aumento do custo de transporte e o desen volvimento do turismo em suas áreas de influên cia podem reduzir as taxas de desmatamento na Costa Rica Os resultados apresentados na literatura não são conclusivos a respeito da polaridade da relação entre turismo e desmatamento Em nível local o turismo principalmente de massa vem promovendo o desmatamento de áreas naturais mas por outro lado a alternativa econômica do turismo em relação a outras atividades econômi cas mais nocivas tem mostrado resultados signi ficativos principalmente do ponto de vista ma croeconômico 3 AMAZÔNIA AMBIENTE ECONOMIA E DESMATAMENTO REGIONAL Esta seção apresenta uma revisão so bre os principais aspectos relacionados à Amazônia sua economia incluindo o tu rismo e o desmatamento Inicialmente des taca as principais características físicas e so cioeconômicas regionais Em seguida realiza uma revisão da bibliografia sobre as causas do desmatamento Por ultimo apresenta o turismo e sua situação na área de estudo Es ses aspectos são fundamentais para a inves tigação do problema e para a análise dos re sultados desta pesquisa A Amazônia Continental se estende por nove países da América do Sul Brasil Peru Bolívia Colômbia Equador Venezuela Guiana Suriname e Guiana Francesa associada principal mente às bacias hidrográficas dos rios Amazo nasSolimões e Tocantins e parte da bacia do rio Orenoco Por critérios políticoadministrativos a área da Amazônia SulAmericana é de 65 mi lhões km2 Albagli 2001 A superfície amazônica 29 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 é em grande parte coberta por florestas densas e abertas mas também abriga uma diversidade de outros ecossistemas como florestas de igapó várzeas florestas estacionais campos alagados savanas e campinaranas Brasil 2009 As flores tas cobrem 36 milhões de km2 mais de 85 da superfície desse bioma no Brasil 69 da área flo restada nacional Instituto Brasileiro de Geogra fia e Estatística 2005 Políticoadministrativa mente no Brasil o bioma Amazônia está contido nos estados do Acre Amazonas Rondônia Ro raima Amapá Pará e parte dos estados do Mato Grosso Tocantins e Maranhão A economia sempre esteve voltada a pro ver produtos primários para a demanda domés tica e internacional em boa parte atrelada aos grandes programas de desenvolvimento empre endidos pelo Governo Federal a partir da década de 1960 O Produto Interno Bruto PIB regional chegou a R 42069 bilhões em 2014 IBGE Con tas Nacionais 2014 Atividade tradicional desde a chegada dos europeus no século XVI a agrope cuária tornouse nos últimos anos a principal atividade socioeconômica da Amazônia e a res ponsável por grande parte das transformações ocorridas no uso do solo e na cobertura vegetal regional A área colhida em 2016 foi de 1623 mil km2 uma média de 18 mil km2 por microrregião geográfica IBGE Pesquisa da Produção Agrí cola 2016 Apesar dessa presença agrícola sem dúvida a principal atividade em relação à área uti lizada é a pecuária bovina de corte Atualmente a região conta com um rebanho bovino de apro ximadamente 78 milhões de cabeças IBGE Pes quisa Pecuária Municipal 2016 Além da agropecuária o extrativismo vegetal é outra atividade econômica impor tante para a região Em 2016 foram produzi dos 1054 milhões de m3 de madeira em tora IBGE Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2016 Aliada à produção de ma deira em tora está a produção de carvão que muitas vezes agrega valor a madeira ampli ando o lucro dos exploradores Apesar de a atividade madeireira ser uma importante fonte de renda e empregos na Amazônia seu crescimento preocupa pois se supõe que a área de exploração madeireira pode ser tão extensa quanto a que é desmatada anual mente na Amazônia incluindo em áreas pro tegidas Nepstad Verssimo Alencar Nobre Lima Lefebvre Cochrane 1999 Uhl Vi eira 1989 o que promove outros danos di retos e indiretos dessa atividade aos ecossis temas O avanço dessa fronteira agropecuá ria tem sido contido principalmente pelas áreas protegidas que cobrem grande parte da região Gazoni Mota 2010a Áreas protegidas são espaços territori ais sob algum regime especial de proteção Na Amazônia são muitos os tipos de áreas protegidas Áreas de Preservação Perma nente Reservas Legal Terras Indígenas Ter ras Quilombolas áreas militares e entre ou tras as Unidades de Conservação da Natu reza Segundo o Cadastro Nacional de Unida des de Conservação do Ministério do Meio Ambiente a Amazônia contava até julho de 2017 com 334 Unidades de Conservação que totalizam uma cobertura de 1166 mil km2 2789 da sua superfície territorial São 85 unidades de proteção integral com 4302 mil km2 249 unidades de uso sustentável com 7360 mil km2 Além disso as Terras Indíge nas cobrem uma área de 7318 mil km2 ou seja 141 do território regional O resultado do somatório das forças econômicas sociais físicas e políticas no ter ritório amazônico tem transformado signifi cativamente a região Becker 2004 Um dos 30 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada resultados mais acompanhados dessas trans formações é a contínua perda da sua cober tura florestal por meio do desmatamento provocado geralmente pelo corte raso es tágio extremo do desmatamento em que o padrão observado representa a retirada completa da vegetação original ou por quei madas e incêndios Food and Agriculture Or ganization of the United Nations 2016 O comportamento das taxas anuais de desmatamento na Amazônia seguiu nos últi mos vinte anos um padrão cíclico com má ximas em 2002 21393 km2 2003 25247 km2 e 2004 27772 km2 e mínimas em 2012 4571 km2 2013 5891 km2 e 2014 5012 km2 De acordo com o Instituto Naci onal de Pesquisas Espaciais INPE em 2016 o desmatamento atingiu 7 647 km2 Muitas são as causas apontadas para o desmata mento presentes na literatura nacional e in ternacional Entretanto devido a diversos fa tores como a baixa qualidade dos dados so bre o desmatamento principalmente até o fi nal da década de 1990 a grande maioria dos estudos realizados até então carece de pro fundidade Além disso o desmatamento não segue um único padrão preestabelecido mas múltiplos processos dependendo do tempo e do espaço Assim permaneceram muitas controvérsias sobre alguns fatores determi nísticos do desmatamento regional e sobre a contribuição de cada fator para a destruição florestal O Quadro 1 arrola os fatores interveni entes no desmatamento regional segundo di versos autores Os principais aspectos expli cativos do desmatamento já identificados na Amazônia são 1 os populacionais densi dade demográfica população urbana e rural migração e crescimento das áreas urbanas 2 a agropecuária produção agrícola cul tivo de soja rebanho bovino e pastagens e ti tularidade da terra 3 as políticas de acesso densidade de rodovias implantação e pavi mentação de estradas distância das rodo vias 4 o mercado preços dos produtos agrí colas preço da terra e custo de transporte 5 o extrativismo vegetal madeira em tora car vão vegetal e extrativismo não madeireiro 6 as políticas ambientais áreas protegidas e fiscalização ambiental 7 o ambiente biofí sico estoque florestal fertilidade do solo pluviosidade e efeito El Niño3 8 a mineração distância dos centros de produção mineral 9 os assentamentos rurais número de famí lias assentadas e tamanho dos lotes 10 ou tros aspectos crédito rural projetos públi cos de desenvolvimento e grilagem das ter ras públicas Quadro 1 Aspectos explicativos do desmatamento segundo diferentes autores 3 Fenômeno caracterizado por alterações significativas de curta duração na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico Sul com pro fundos efeitos no clima no Brasil 31 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Área de estudo Período Aspectos explicativos Fontes Amazônia Até 1985 População área plantada rebanho bovino produção de madeira densidade rodoviária distância da capital estadual Reis Margulis 1991 Amazônia Central Até 2000 Distância a rodovias área de pastagens reba nho bovino titularidade da terra e renda Walker Perz Caldas Silva 2002 Amazônia 19701996 Pecuária agricultura madeira mineração e titularidade da terra Andersen Granger Reis Weinhold Wunder 2002 Amazônia 19751985 Preços dos produtos agrícolas preço da terra crédito rural implantação de estradas renda dos estabelecimentos rurais Young 1998 Amazônia 19681987 Implantação de rodovias rodovias pavimentadas Pfaff 1999 Amazônia 19781988 Crescimento das áreas de pastagens crescimento da área agrícola exploração de madeira áreas de mineração crescimento das áreas urba nas Skole Chomentowski Salas Nobre 1994 Amazônia 19851995 Produção agrícola Obs A inovação tecnológica na agricultura gera menores desmatamentos Cattaneo 2005 Rondônia 19802000 Assentamentos rurais o tamanho dos lotes o tempo de ocupação a infraestrutura as reser vas florestais de uso comum Batistella Moran 2005 Amazônia 19972000 Área de Reservas Extrativistas área de Parques Nacionais Área de Terras Indígenas Nepstad Schwartzman Bamberger Santilli Ray Schlesinger Rolla 2006 Amazônia 20002001 Densidade populacional rodovias severidade da estação de seca Laurance Albernaz Schroth Fearnside Bergen Venticin que Costa 2002 Uruará PA Até 2005 Distância da rodovia Transamazônica número de homens nos estabelecimentos rurais fertili dade do solo crédito Caldas Walker Arima Perz Aldrich Simmons 2007 Amazônia 19962006 Distância das rodovias áreas protegidas efeito El Niño Adeney Christensen Pimm 2009 Amazônia Oriental 20072008 Agropecuária madeira carvão extrati vismo vegetal não madeireiro distância do es critório regional do IBAMA mais próximo e áreas protegidas Gazoni Mota 2010b Pará 20062010 Assentamentos rurais incertezas fundiárias infraestrutura tamanho dos lotes madeira Calandino Wehrmann Koblitz 2012 Amazônia 20032008 Pecuária agricultura madeira assenta mentos rurais áreas protegidas fiscalização ambiental Gazoni 2014 Amazônia 19992011 Preços agrícolas crédito rural custo de transporte fiscalização Ferreira Coelho 2015 Amazônia arco 20082012 Pecuária lavoura permanente lavoura tem porária Produto Interno Bruto população educação Delazeri 2016 Amazônia UCs 20152016 Densidade florestal Estação Ecológica Pará visitação pública manejada Gazoni 2018 correlação positiva correlação negativa 32 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada A redução significativa do ritmo do des matamento da Amazônia é imperativa Se por um lado as pressões aumentam sobre os governos provenientes de diversos agentes sociais locais nacionais e internacionais por outro há uma forte resistência por parte dos grupos beneficiados pela atual situação de contínua destruição Neste contexto são muitas as propostas e estratégias que têm sido utilizadas com maior ou menor grau de sucesso Entre elas a criação de áreas prote gidas de diversos tipos o aumento na inten sidade e frequência da fiscalização ambien tal implantação de novas legislações e o de senvolvimento do turismo Apesar de o tu rismo estar presente em parte das políticas de conservação é inegável seu potencial de geração de impactos nocivos aos ecossiste mas eou às sociedades principalmente em nível local Por isso é preciso ter cuidado na interpretação dos resultados das pesquisas e principalmente na elaboração de políticas de conservação ou de desenvolvimento A Tabela 1 destaca os equipamentos e serviços turísticos que estavam cadastrados no Ministério do Turismo MTur em 31 de dezembro de 2014 nos nove estados que en volvem a Amazônia O estado com a maior oferta de hospedagem é o Mato Grosso com 216 mil leitos cadastrados ou seja 243 do total A segunda maior oferta de leitos en contrase no estado do Amazonas São 202 mil leitos 227 da oferta regional O Pará detém outra parcela importante da oferta com 154 mil leitos 173 Além desses o Maranhão oferta 135 mil leitos 152 o Acre 63 mil leitos 71 o Tocantins 59 mil leitos 66 Rondônia atende 41 mil leitos 46 Roraima apresenta 12 mil leitos 13 e o Amapá conta com 859 leitos ape nas 09 da oferta regional cadastrada Bra sil 2015 A oferta de hospedagem é o prin cipal indicador da distribuição espacial da de manda turística regional É claro que estes números são apenas indicadores já que o nú mero de equipamentos em funcionamento é bem maior que o número de empresas ca dastradas Tabela 1 Equipamentos e serviços turísticos na Amazônia cadastrados no MTur Oferta Unidade da Federação AC AP AM PA RO RR TO MA MT Hotéis e similares N 86 13 224 161 48 16 122 144 295 UHs mil 23 05 98 73 18 05 27 64 104 leitos mil 63 09 202 154 41 12 59 135 216 Agências 71 70 235 254 133 40 57 203 285 Restaurantes bares e similares 111 2 25 83 13 23 42 13 197 Transportadoras turísticas 8 2 55 53 19 4 28 45 206 Locadoras de veículos 10 4 5 6 3 2 1 7 33 Organizadoras de eventos 10 14 40 51 5 20 10 35 34 Fonte Brasil 2015 33 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Região de dimensões continentais a Amazônia apresenta um conjunto de recur sos naturais e culturais com grande potencial de aproveitamento turístico Entretanto uma parte desses recursos está sendo amea çada devido à expansão de outras atividades econômicas como a agropecuária e a extra ção de madeira sem o adequado manejo o que tem causado a perda da cobertura do solo entre outros impactos negativos como a poluição dos cursos dágua e do ar Dessa forma apesar do processo de desenvolvi mento do turismo na Amazônia estar em seus estágios iniciais sua capacidade como alternativa econômica para a região exige uma investigação das suas relações com o fe nômeno do desmatamento na Amazônia 4 METODOLOGIA Metodologicamente para estimar a importância relativa do turismo para o des matamento regional utilizouse da técnica de regressão múltipla por Mínimos Quadra dos Ordinários MQO combinada com a de composição das covariâncias por meio da Medida de Pratt 1987 A base de dados foi construída com informações obtidas de ór gãos oficiais do governo brasileiro As informações sobre os desmatamen tos na Amazônia foram obtidas pelo Pro grama de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia PRODES do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE A partir de 2003 o INPE adotou o processo de interpretação assistida por computador denominado Pro grama PRODES Digital para distinguilo do processo anterior com evidentes melhorias na qualidade dos dados a partir de então Além dos desmatamentos por microrregião geográfica de 2003 a 2016 foram acessados da base de dados do INPE o desmatamento acumulado e a área florestada em 2016 A base de dados do Instituto Brasileiro de Geo grafia e Estatística IBGE abastece grande parte das variáveis utilizadas nesta pesquisa A Pesquisa da Pecuária Municipal PPM for neceu dados do rebanho bovino Da Pesquisa da Produção Agrícola PPA foi utilizada a área colhida nas lavouras permanentes e temporárias Da Pesquisa do Extrativismo Ve getal e da Silvicultura obtevese a quanti dade produzida de madeira em tora Da base de dados do Ministério do Meio Ambiente MMA foram obtidas as malhas digitais das Unidades de Conservação de proteção inte gral e de uso sustentável federais e estadu ais das Terras Indígenas e da malha rodovi ária Do Ministério do Desenvolvimento Agrário MDA obtevese o número de famí lias residentes em assentamentos por muni cípio A base de dados do Instituto de Pes quisa Econômica Aplicada IPEA forneceu in formações sobre a distância da capital esta dual e o custo de transporte à cidade de São Paulo aspectos fundamentais para a com preensão da distribuição espacial das taxas de desmatamento regional Por fim do Mi nistério do Turismo MTur obtevese o nú mero de leitos em meios de hospedagem va riável que foi utilizada como indicador da de manda turística nesta pesquisa A regressão múltipla é uma técnica de análise multivariada de dados que permite descrever por intermédio de um modelo ma temático as relações entre duas ou mais va riáveis explicativas e determinado fenômeno Woodridge 2010 O termo regressão foi in 34 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada troduzido na literatura específica por Francis Galton 1886 Seu principal objetivo é en contrar relações para possibilitar a estimação dos valores da variável dependente em fun ção do comportamento de duas ou mais va riáveis explicativas O seu modelo genérico para p variáveis explicativas é representado pela equação 1 𝑦𝑖 𝑏0 𝑏𝑗𝑥𝑗𝑖 𝑝 𝑗1 𝜇𝑖 𝑗 1 𝑝 1 Nela y é a variável dependente xj são as variáveis explicativas ou independentes b são os parâmetros da regressão sendo b0 o coeficiente linear e bj os coeficientes angula res e 𝜇𝑖 o resíduo da regressão ou seja a di ferença entre as observações reais e os valo res estimados pelo modelo para cada obser vação da amostra Para isso são utilizadas técnicas diversas como o Método dos Míni mos Quadrados Ordinários O MQO impõe que dadas n observações de y e xj as estima tivas dos parâmetros 𝑏0 e 𝑏j são escolhidas da forma que a soma dos quadrados dos resí duos 𝑆𝑄𝑅 𝑦𝑖 𝑦𝑖2 𝑛 𝑖1 adquira o me nor valor possível Diferente da regressão simples na re gressão com múltiplas variáveis explicativas com frequência não se pode medir imedia tamente o efeito individual de cada uma des sas variáveis sobre o comportamento da va riável explicada mas apenas abordar seu efeito conjunto Esse problema é comumen te relacionado à presença de multicolineari dade Gujarati 2006 Por isso diversas téc nicas têm sido utilizadas para a mensuração do peso de cada variável entretanto a grande maioria apresenta deficiências Green Carroll e Desarbo 1978 Uma me dida de importância relativa amplamente aceita é a proposta por Pratt 1987 A Me dida de Pratt 𝛿 é destacada pela equação 𝛿𝑥𝑗𝑥𝑘 𝛽𝑗 𝜌𝑗 𝛽𝑘 𝜌𝑘 𝑗 𝑒 𝑘 1 𝑝 Nela 𝛿𝑥𝑗𝑥𝑘 é a importância de xj em relação à xk 𝜌𝑗 e 𝜌𝑘 são as respectivas correlações de xj e xk com a variável explicada Recentemente Thomas Zhu e Decady 2007 afirmaram que a fórmula de Pratt é a única que satisfaz a de manda natural para a medida incluindo sua invariância a transformações lineares A vari ância dos estimadores de importância rela tiva 𝑉𝛿𝑗 pode ser calculada por meio da equação 2 𝑉𝛿𝑗 𝛿𝑗 2 𝑡𝑗 2 1𝑅2 𝑅2 𝛽𝑗 2 𝑅2 2𝛿𝑗2𝛿𝑗 2 𝑁𝑝1 𝛽𝑗 2 𝑅2 𝛿𝑗 2 𝑁 2 Os intervalos de 95 de confiança fo ram estimados para a Medida de Influência Relativa de Pratt 𝛿𝑗 de cada variável explica tiva xj que é dada para os limites superiores e inferiores por 𝛿𝑗 𝑣 𝛿𝑗 𝑍𝛼 2𝑉𝛿𝑗 1 2 j 1p onde 𝑍𝛼2 é o valor do ponto superior com percentual de 𝛼2 na distribuição nor mal Por meio de simulações N os au tores mostraram que as estimativas realiza das por esses procedimentos são muito pre cisas para amostras superiores a 250 unida des e precisas para amostras acima de cem unidades Todavia devese considerar que esse é um estudo estatístico seus resultados representam as probabilidades estimadas e 2 1 35 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 não a realidade em si 5 O TURISMO E A PROTEÇÃO FLORESTAL NA AMAZÔNIA Esta seção apresenta e discute a esti mativa das importâncias relativas dos fatores políticoeconômicos do desmatamento no bioma Amazônia em 20152016 Contudo outros aspectos básicos das suas interrela ções com variáveis explicativas não direta mente causais e consequentemente excluí das do modelo devem ser observados para contribuir com a análise dos resultados Os aspectos físicos são a base sobre a qual se desenvolvem as políticas e as ativida des econômicas e consequentemente o desmatamento regional Além das variáveis que foram inseridas no modelo final podese verificar outros aspectos espacialmente cor relacionados ao desmatamento mas desne cessários aos objetivos desta pesquisa a pre cipitação média anual a área dos corpos dágua a área florestada Além dessas a localização dos mercados aos quais se des tinam os produtos da agroindústria amazô nica parece ser fundamental principal mente a distância das sedes municipais das respectivas capitais estaduais e o custo de transporte da microrregião à cidade de São Paulo Os acessos especialmente os rodo viários são imprescindíveis para o uso do solo e da sua cobertura em qualquer espaço geográfico Dois aspectos mostraramse rele vantes para o desmatamento a densidade rodoviária federal e estadual e a distância à rodovia pavimentada mais próxima Tanto a implantação como a pavimentação de estra das parece ser determinante para o aumento nas taxas de desmatamento anuais Os efei tos dessas variáveis foram extraídos do mo delo econométrico O modelo definitivo utilizou as taxas es paciais para reduzir a multicolinearidade en tre os fatores Além disso as variáveis foram escalonadas de 0 a 1 para eliminar os efeitos das diferenças entre as escalas de medida Para medir a qualidade do ajustamento da regressão as medidas mais comumente utili zadas na regressão múltipla e aqui utilizadas foram o coeficiente de determinação R2 ajustado que mede a proporção da variância da variável dependente que é explicada pela reta de regressão pelo erropadrão da esti mativa e pelo teste FANOVA que testa o efeito conjunto das variáveis independentes sobre a variável dependente Além disso as significâncias estatísticas das variáveis foram medidas pelos seus errospadrão e seus tes tes t que destacam a probabilidade de seus coeficientes serem estatisticamente nulos Para o pressuposto de ausência de co linearidade perfeita foram utilizados princi palmente os testes Tolerância TOL0963 Fator de Inflação do Valor VIF1038 e o Ín dice de Condição CI3854 A presença de heteroscedasticidade dos resíduos foi regei tada por meio do Teste de BreuschPagan p valor0254 Finalmente a normalidade na distribuição dos resíduos não pode ser des cartada de acordo com os resultados do Teste de KolmogorovSmirnov Z0823 Sig0423 Por esses aspectos os estimado res aqui apresentados podem ser considera dos os melhores estimadores não tendencio sos Best Unbiased Estimators BUE Os re sultados da regressão múltipla por Mínimos Quadrados Ordinários das taxas de desmata 36 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada mento em função de aspectos político econômicos para o período 20152016 são apresentados pela Tabela 2 Tabela 2 Resultados para o modelo de regressão por MQO Modelo Coef não pa dronizado Coefpa dronizado t Sig Intervalo de confiança de 95 para β Diagnóstico de colinearidade b ep β INF SUP TOL VIF Constante 6860 28447 0000 7340 6380 Pecuária 0302 0039 0318 7718 0000 0224 0380 0990 1010 Agricultura 0159 0026 0251 6059 0000 0107 0211 0976 1025 Ext Madeira 0151 0026 0237 5705 0000 0098 0204 0970 1031 Assentamentos 0246 0036 0283 6822 0000 0174 0318 0974 1027 Áreas Protegidas 0304 0041 0309 7468 0000 0385 0223 0981 1020 Turismo 0271 0047 0242 5830 0000 0364 0179 0971 1030 Maranhão 1011 0109 0387 9262 0000 0794 1229 0963 1038 Pará 0654 0098 0275 6686 0000 0459 0848 0992 1008 Variável dependente desmatamento Variável transformada pelo logaritmo natural Aparecem os coeficientes lineares b e seus errospadrão ep o coeficiente padro nizado β o teste tstudart o intervalo de confiança para os coeficientes lineares e o diagnóstico de colinearidade que apresenta o valor de tolerância TOL e o valor do fator de inflação VIF A sumarização do modelo desenvolvido com auxílio do software Statis tical Package for Social Sciences SPSS apre sentou um coeficiente de determinação R2 ajustado de 0849 Ou seja as variáveis inse ridas no modelo são capazes de explicar 849 do comportamento do desmata mento Para os casos individuais as micror regiões geográficas o erro padrão desta esti mativa é de 0358 A matriz ANOVA destacou os resultados do teste F de Fisher 66971 para oito graus de liberdade Os resultados dos testes estatísticos evidenciaram a boa qualidade do ajustamento o que se refletiu nos estreitos intervalos de confiança Para a estimação do modelo algumas taxas espaciais foram transformadas pelo lo garitmo natural Isto se deu devido a essas variáveis terem apresentado forte assimetria à direita Com o procedimento as séries ad quiriram comportamento normal aten dendo à pressuposição da análise multivari ada Os resultados mostram que o desmata mento ocorrido no período 20152016 nas microrregiões do bioma Amazônia é expli cado entre outras possibilidades por oito variáveis 1 o número de cabeças de bovi nos 2 a área colhida em lavouras temporá rias e permanentes 3 a quantidade produ zida de madeira em tora 4 o número de fa mílias existentes nos assentamentos rurais 5 a extensão das áreas protegidas 6 o nú mero de leitos em meios de hospedagem 7 a localização no estado do Pará e no estado do Maranhão O ritmo do desmatamento au menta na medida em que aumentam a pecu 37 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 ária bovina a agricultura a extração de ma deira e os assentamentos rurais Por outro lado os resultados sugerem que o ritmo do desmatamento diminui quando aumenta a extensão territorial das áreas protegidas Unidades de Conservação e Terras Indíge nas e quando aumenta a atividade turística não havendo aqui distinção quanto a forma de turismo exercida Evidentemente é im portante uma gestão eficiente quanto aos as pectos socioambientais do turismo princi palmente em nível local Além disso os resul tados sugerem que se a microrregião estiver localizada nos estados do Pará ou do Mara nhão o ritmo do desmatamento tende a ser muito maior Esses resultados reforçam as conclu sões de Reis e Margulis 1991 e de Gazoni 2014 sobre a pecuária bovina de Cattaneo 2005 e de Young 1998 em relação à agri cultura de Skole et al 1994 e de Gazoni e Mota 2010b sobre a extração de madeira e de Batistella e Moran 2005 e de Caldas et al 2007 acerca dos assentamentos rurais As áreas protegidas corroboram com aos resul tados de Adeney Christensen e Pimm 2009 e de Nepstad et al 2006 Além disso a im portante presença das variáveis dicotômicas para os Estados do Maranhão e do Pará não é novidade Muitas foram as ocorrências nos últimos anos relativas à gestão ambiental nesses estados Luíse 2011 Linhares Jr 2014 Já o turismo não foi localizado em ne nhum estudo robusto para a Amazônia Su gerese que esta variável deva ser incluída para auxiliar a explicação do desmatamento regional nos futuros estudos para este fim Os coeficientes lineares b permitem a estimativa das elasticidades entre o desma tamento e as variáveis explicativas do mo delo A elasticidade E apresenta a estima tiva de quanto uma mudança percentual na variável independente representa em termos de variação percentual na variável depen dente Em geral as elasticidades encontradas são baixas A elasticidade da pecuária 0302 em relação ao desmatamento sugere que um aumento de 10 no rebanho bovino da Ama zônia representa um aumento de 302 nas taxas anuais de desmatamento A elastici dade da agricultura 0159 evidencia que um aumento de 10 na área de lavouras implica em um crescimento de apenas 159 nas ta xas de desmatamento A madeira 0151 também apresenta baixa elasticidade ou seja um incremento de 10 na produção de madeira representa um aumento de 151 na área desmatada Os assentamentos 0246 apresentam uma elasticidade um pouco maior Um acréscimo de 10 no nú mero de famílias assentadas implica na am pliação de 246 nas taxas de desmata mento Se por um lado essas baixas elastici dades permitem pequenas flutuações nas produções com baixos danos por outro po líticas públicas de restrição dessas atividades também deverão apresentar baixa eficiência A agropecuária é uma atividade muito he terogênea na Amazônia formada pela criação bovina principalmente para corte mas também leiteira e por lavouras permanentes e temporá rias diversas voltadas tanto para o mercado in ternacional como para o nacional regional e lo cal exercida por agricultores familiares subsis tência ou empresarial ou não em pequenos ou 38 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada grandes empreendimentos Um dos maiores pro blemas relacionados à atividade é a sua mobili dade para a ocupação de áreas antes florestadas especialmente junto às frentes pioneiras Margu lis 2003 Além da da agropecuária a exploração e o processamento de madeira é atualmente uma das principais atividades econômicas da Amazô nia Apesar de sua baixa elasticidade estimase que a área impactada pela atividade extrativista madeireira é muito maior que a área desmatada propriamente Isso ocorre por dois fatores pri meiro porque é mais difícil identificar os desma tamentos ilegais com intervenções esparsas se gundo porque a extração das maiores espécies implica em constante necessidade de migração dessas atividades para áreas cada vez mais inter nas do bioma Isto causa uma redução na disse minação de sementes das grandes árvores pro movendo uma queda substancial da capacidade de regeneração florestal A maior elasticidade é encontrada na relação com as áreas protegidas Um au mento de 10 na área das Unidades de Con servação eou das Terras Indígenas repre senta uma redução de 848 nas taxas anuais de desmatamento na Amazônia Ou seja um incremento de 134 mil Km2 em área prote gida implica uma redução de 651 km2 por ano de desmatamento Devese ter cautela na interpretação dos resultados pois estes valores representam probabilidades médias No caso das Unidades de Conservação por exemplo existem diferentes graus de prote ção dependendo da classe e da categoria de manejo Além disso há grande diferença na capacidade de gestão dessas áreas Gazoni Mota 2010b Algumas possuem diversas in fraestruturas instaladas como guaritas por taria sede administrativa cercamento vigi lância trilhas sinalizadas centro de visitan tes entre outras além de equipamentos como computadores e veículos automóveis e barcos Outras só existem efetivamente no papel sendo sua proteção garantida apenas pela legislação e pela fiscalização ocasional Apesar do turismo na Amazônia ainda se encontrar nos estágios iniciais de desen volvimento sua elasticidade 0271 em re lação ao desmatamento não é insignificante Os resultados destacam que um crescimento de 10 na atividade turística regional sugere uma redução de 271 na área anualmente desmatada na região Entretanto devese atentar que esses valores representam uma média regional Nos casos individuais é ne cessário considerar os intervalos de confi ança para os estimadores lineares na previ são Apesar dos resultados do modelo multi variado reforçarem as hipóteses desta pes quisa a técnica não é capaz de mostrar a im portância de cada fator individualmente para o desmatamento no período 20152016 Isto ocorre devido à presença apesar de redu zida da multicolinearidade Assim optouse por realizar a repartição das covariâncias dos vetores explicativos por meio da aplicação da medida de importância relativa Pratt 1987 A Tabela 3 apresenta os resultados das esti mativas da importância de cada fator para o desmatamento no período 39 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Tabela 3 Importância do turismo para a proteção florestal regional Intervalo de confiança de 95 para δ β ρ E δ Vδ INF SUP Di Di Pecuária 0318 0335 0302 0106 0120 0061 0151 14912 195 Agricultura 0251 0308 0159 0077 0075 0042 0113 10476 137 Ext Madeira 0237 0267 0151 0063 0067 0030 0097 7494 98 Assentamentos 0283 0271 0246 0077 0095 0037 0117 8565 112 Áreas Protegidas 0309 0337 0848 0104 0113 0061 0148 13612 178 Turismo 0242 0183 0271 0039 0070 0010 0056 2829 37 Maranhão1 0387 0355 0145 0137 0177 0083 0192 14299 187 Pará1 0275 0262 0054 0072 0090 0033 0111 9176 120 Outros2 11471 151 Coeficiente padronizado β correlação ρ elasticidade E importância relativa δ variância V e des matamento promovidoevitado no período Di 1 Variável dicotômica 2 Estimado pela participação do termo constante b0 As maiores importâncias relativas δ são da localização no Maranhão 0137 da pecuária 0106 e das áreas protegidas 0104 por outro lado os aspectos significa tivos mas menos importantes neste período são a extração de madeira 0063 e o turismo 0039 Esses resultados permitem estimar a participação percentual de cada variável ex plicativa no comportamento da variável ex plicada Os resultados destacam que de agosto de 2015 a julho de 2016 a pecuária bovina foi responsável por 195 do desma tamento no bioma Amazônia Isto representa a perda de uma área florestal de 14912 km2 A agricultura em forte expansão no período contribuiu com 137 do desmatamento ou seja 10476 km2 A madeira foi responsável pela supressão de 7494 km2 de área flores tal 98 do desmatamento ocorrido Os as sentamentos rurais são outro importante ve tor de desmatamento na Amazônia No perí odo analisado eles foram responsáveis por 112 de todo o desmatamento regional fo ram mais 8565 km2 perdidos Além desses aspectos políticoeconômicos a localização espacial nos estados do Pará e do Maranhão apresenta grande importância para a previ são das taxas de desmatamento Estimase que 187 de todo o desmatamento regional esteja relacionado com algum aspecto ine rente ao estado do Maranhão Isto significa 14299 km2 desmatados em 20152016 As sim como no Maranhão o estado do Pará apresenta características que o indicam res ponsável por 120 do desmatamento anual ou seja 9176 km2 destruídos Outros fatores explicativos não incluídos no modelo repre sentam 151 do desmatamento regional uma área de 11471 km2 Apesar de muitas serem as forças pro motoras do desmatamento regional outros aspectos políticoeconômicos apresentamse como forças protetoras da cobertura do solo repelindo parte das pressões advindas dos 40 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada vetores explicativos reduzindo seu impacto Este estudo identificou duas variáveis inver samente correlacionadas ao desmatamento regional as áreas protegidas e o turismo A criação de áreas protegidas é com certeza a principal estratégia de proteção ambiental na Amazônia Utilizada com vigor na região do arco do desflorestamento tem dificultado o avanço da fronteira agropecuária para áreas mais internas do bioma As principais corre lações das áreas protegidas são com a extra ção de madeira e com a pecuária bovina o que sugere uma atuação mais eficaz na pro teção contra a pressão exercida por esses im portantes agentes do desmatamento Não foram encontradas correlações entre as áreas protegidas com a agricultura e com os assentamentos rurais e pela agricultura Isso ocorreu talvez por sua heterogeneidade ca racterística na Amazônia O turismo apesar de ter correlação sig nificante com as taxas de desmatamento anual após a extração de outros fatores a ele correlacionados no espaço mostrouse com uma pequena influência relativa no desmata mento apesar de significativa Os resultados sugerem que se não existisse turismo na Amazônia as taxas de desmatamento no pe ríodo 20152016 teriam sido 37 maiores ou seja o turismo foi responsável por evitar o desmatamento de 2829 km2 de florestas somente neste período São muitas as formas pelas quais o turismo pode influenciar o ritmo do desmatamento regional Conside rando suas correlações no espaço a proteção gerada pelo turismo pode apresentar maior eficiência frente às pressões causadas pela pecuária e pela agricultura De outra forma sua baixa correlação com a extração de ma deira sugere que diferente das áreas prote gidas o turismo tem pouca influência sobre as pressões geradas pela exploração da ma deira Os modos pelos quais o turismo influ ência inversamente as taxas de desmata mento em nível regional devem ser objeto de futuras investigações Todavia podemse su gerir algumas hipóteses sobre esse aspecto Primeiro em nível macroeconômico a inser ção do turismo na economia regional reduz a dependência de outras atividades econômi cas muitas vezes monopolísticas em deter minadas subregiões do bioma Além de re duzir a pressão sobre as florestas por meio da substituição das atividades produtivas com maiores capacidades degradadoras o cresci mento do peso do turismo na economia gera maior concorrência na alocação dos recursos financeiros sejam públicos ou privados To dos esses aspectos promovem a redução do impacto efetivo na cobertura florestal Se gundo o turismo também promove uma maior valorização da qualidade dos recursos naturais Ao mesmo tempo problemas ambi entais tornamse cada vez mais visíveis e in desejados por visitantes empresários e resi dentes exigindo uma atuação mais rigorosa do poder público incluindo a intensificação da fiscalização Terceiro além de ampliar sua importância econômica o turismo pode fi nanciar a conservação das áreas protegidas reforçando sua eficiência As taxas de in gresso e outros gastos realizados pelos visi tantes nesses espaços aliadas aos recebimen tos pelo uso do espaço pela iniciativa privada hotéis restaurantes etc e por outras taxas cobradas de agências e operadoras podem ser direcionadas para o manejo de áreas prio 41 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 ritárias para a conservação Por último o tu rismo promove o envolvimento das popula ções do entorno com a atividade e conse quentemente com a conservação Contudo é preciso ter cuidado com os impactos do turismo em nível local que po dem ser graves Não é sempre que o turismo é uma alternativa Em muitos casos não há a conjunção dos fatores necessários para a ge ração de uma demanda efetiva e relativa mente estável o que torna seu desenvolvi mento inviável economicamente Em outros as áreas próximas de grandes concentrações populacionais com facilidade de acesso e com recursos de alta atratividade podem não ser opção principalmente se não houver confiança nos órgãos gestores do turismo e do meio ambiente que atuam em nível local e regional pois nesses espaços pode ocorrer crescimento descontrolado da demanda tu rística 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O turismo na Amazônia encontrase nos primeiros estágios do processo de desen volvimento Apesar disso seu desenvolvi mento vem sendo apontado como uma es tratégia para a sustentabilidade da Amazô nia inclusive para redução do desmata mento regional Neste sentido este trabalho analisou a importância relativa do turismo para a redução do ritmo do desmatamento regional Para isso foram aplicadas as técni cas de regressão múltipla combinadas com a Medida de Pratt Não é novidade que técni cas de regressão múltipla são bastante ade quadas ao estudo do desmatamento que possui vários fatores explicativos Neste es tudo não foi diferente apenas foi preciso aplicar a repartição das covariâncias pela Me dida de Pratt para obter um estimador livre das influências da multicolinearidade Os resultados sugeriram que o ritmo do desmatamento regional é função de diversos fatores explicativos a pecuária bovina cabe ças a agricultura área das lavouras perma nentes e temporárias a extração de madeira tora o tamanho dos assentamentos rurais famílias a extensão das áreas protegidas Unidades de Conservação e Terras Indíge nas a localização nos estados do Pará e do Maranhão e o desenvolvimento do turismo leitos Os resultados destacaram ainda que se não existisse turismo na Amazônia o incremento do desmatamento ocorrido em 20152016 teria sido maior o que sugere a possibilidade de utilização do turismo como uma estratégia de conservação regional Devese atentar entretanto que este é o pri meiro trabalho em nível macrorregional que estuda as relações entre o turismo e o des matamento na Amazônia Portanto estudos complementares devem ser realizados para a confirmação e ampliação da compreensão acerca dessas relações Como a taxa de tu rismo utilizada neste estudo foi uma variável em nível estadual e não microrregional su gerese a busca de dados em menor dimen são microrregional para aproximar os esti madores Além disso como foi utilizada uma série de corte diversas variáveis exógenas não puderam ser utilizadas tais como o câmbio o efeito dos anos eleitorais das ta xas de juros dos preços dos produtos agríco las entre outros Por isso sugerese estrutu 42 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada rar dados em painel para melhorar a repre sentatividade dos estimadores Por fim podese sugerir que o turismo é uma boa estratégia de conservação regio nal em longo prazo Entretanto como seus impactos socioambientais locais podem ser indesejáveis e muitas vezes graves é impe rativo que as políticas de desenvolvimento do turismo incorporem as preocupações com essas externalidades já que na Amazônia a sustentabilidade se tornou a própria finali dade do desenvolvimento em si REFERÊNCIAS Adeney J M Christensen Jr N L Pimm S L 2009 Reserves protect against deforestation fires in the Amazon PLos One 44 50145026 Albagli S 2001 Amazônia fronteira geopolítica da biodiversidade Parcerias Estratégicas 126 6 11 Almeida A W D Marin R A 2010 Campa nhas de desterritorialização na Amazônia o agrone gócio e a reestruturação do mercado de terras In Bolle W de Castro E Eds Amazônia região universal e teatro do mundo São Paulo Globo p 141159 Almeyda A Broadbent E Wyman M S Du rham W H 2010 Ecotourism impacts in the Ni coya Peninsula Costa Rica International Journal of Tourism Research 126 803819 Andersen L E Granger C W Reis E J Weinhold D Wunder S 2002 The dynamics of 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florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Pará Desenvolvimento e Meio Ambiente 26 161 170 Caldas M Walker R Arima E Perz S Aldrich S Simmons C 2007 Theorizing land cover and land use change the peasant economy of Amazo nian deforestation Annals of the Association of American Geographers 971 86110 Cattaneo A 2005 Interregional innovation in Brazilian agriculture and deforestation in the Ama zon income and environment in the balance Envi ronment and Development Economics 10 485511 CavigliaHarris J L Sills E O Mullan K 2013 Migration and mobility on the Amazon fron tier Population and Environment 343 338369 Chen B Nakama Y Zhang Y 2017 Traditional village forest landscapes tourists attitudes and preferences for conservation Tourism Manage ment 59 652662 Corona R Galicia L PalacioPrieto J L Bürgi M Hersperger A 2016 Local deforestation pat terns and driving forces in a tropical dry forest in two municipalities of southern Oaxaca 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23 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 DOI httpdxdoiorg107784rbturv12i31416 O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Tourism as an instrument of forest protection in the Amazon a mul tivariate analysis El turismo como un instrumento de protección forestal en La Amazo nía un análisis multivariante Jefferson Lorencini Gazoni1 Iara Lucia Gomes Brasileiro2 Resumo Propósito do tema A crescente demanda internacional por bens primários tem gerado oportunidades excepcionais para a mineração e para o agronegócio na Amazônia Isto está promovendo em muitos casos a perda progressiva da cobertura do solo Muitas são as estratégias propostas para a contenção do desmatamento regional ente elas o turismo apontado como uma atividade econômica alternativa e mais sustentável para a região Objetivo A finalidade deste estudo foi estimar a importância relativa do turismo para o ritmo do desma tamento no bioma Amazônia no período 20152016 Metodologia e abordagem Foram utilizadas séries de corte para as 91 microrregiões geográficas do bioma nas quais foi aplicada a técnica de regressão linear múltipla associada à decomposição das covariâncias pela Medida de Pratt Resultados Os resultados sugerem que o des matamento é uma função da pecuária bovina da agricultura da extração de madeira dos assentamentos rurais das áreas protegidas e entre outros do turismo Identificouse uma correlação inversa entre o turismo e as taxas anuais de desmatamento do bioma Originalidade Os resultados deste estudo permitem propor o desen volvimento responsável do turismo como uma estratégia para a proteção da cobertura florestal da Amazônia Palavraschave Desenvolvimento regional Desmatamento Conservação Uso do solo Abstract Theme purpose the growing international demand for primary goods has generated exceptional op portunities for mining and agribusiness in the Amazon In many cases this is causing a progressive loss of land cover Many strategies are proposed to contain regional deforestation including tourism which is seen as a 1 Universidade de Brasília UnB Brasíli DF Brasil Realizou a revisão da literatura a organização do banco de dados a aplicação das técnicas econométricas a análise dos resultados e a redação do texto 2 Universidade de Brasília UnB Brasília DF Brasil Contribuiu na revisão da literatura na análise dos resultados e na redação do texto Artigo recebido em 06022018 Artigo aceito em 15052018 Artigo 24 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada more sustainable alternative economic activity for the region Objective the purpose of this study was to esti mate the relative importance of tourism to the deforestation rate rhythm in the Amazon biome in the period of 20152016 Methodology and approach a crossection were used for the 91 geographic microregions of the biome to which multiple linear regression associated to covariance decomposition was applied with Pratts Measure Results the results suggest that deforestation is due to livestock farming agriculture logging rural settlements protected areas and among others tourism The study identified an inverse correlation between tourism and annual deforestation rates in the biome Originality the results of this study allow the proposition of the responsible development of tourism as a strategy for the protection of the forest cover of the Amazon Keywords Regional development Deforestation Conservation Land use Resumen Propósito del tema La creciente demanda internacional por bienes primarios ha generado oportuni dades excepcionales para la mineración y para el agronegocio en la Amazonía Esto está promoviendo en mu chos casos la pérdida progresiva de la cobertura del suelo Muchas son las estrategias propuestas para a con tención de la deforestación regional entre ellas el turismo apuntado como una actividad económica alterna tiva y más sostenible para la región Objetivo la finalidad de este estudio fue estimar la importancia relativa del turismo para el ritmo de la deforestación en el bioma Amazónico en el período 20152016 Metodología y abor daje Fueron utilizadas series de corte para las 91 microrregiones geográficas do bioma en las cuales fueron aplicadas a técnica de regresión linear múltiple asociada a la descomposición de las covarianzas por la Medida de Pratt Resultados los resultados sugieren que la deforestación está en función de la pecuaria bovina de la agricultura de la extracción de madera de los asentamientos rurales de las áreas protegidas y entre otros del turismo Se identificó una correlación inversa entre el turismo y las tazas anuales de la deforestación del bioma Originalidad los resultados de este trabajo permiten proponer el desarrollo responsable del turismo como una estrategia para la protección de la cobertura forestal de la Amazonía Palabras clave Desarrollo regional Deforestación Conservación Uso del suelo 1 INTRODUÇÃO O acelerado crescimento econômico ocorrido a partir de meados do século XX pro moveu em grande parte dos países uma sig nificativa melhoria na qualidade de vida Com isso ampliaramse as pressões sobre os re cursos naturais para intensidades jamais pre senciadas Intergovernmental Panel on Cli mate Change 2014 Recentemente o cres cimento econômico de países altamente po pulosos como a China a Índia e a Rússia Araújo Costa 2010 muito ampliaram es sas demandas com tendências preocupan tes No Brasil país historicamente produtor de bens primários a crescente demanda tem gerado oportunidades excepcionais princi palmente para a minerosiderurgia e para o agronegócio Almeida Marin 2010 Em muitos casos no entanto com ações que causam o desmatamento progressivo do ter ritório como tem ocorrido na Amazônia O bioma Amazônia é uma das seis tipo logias de domínios da natureza no Brasil abrangendo uma área de 42 milhões de km2 493 do território nacional Instituto Brasi leiro de Geografia e Estatística 2005 A po pulação regional atingiu 188 milhões de ha bitantes em 2010 IBGE Censo Demográ fico 2010 96 da população brasileira Es timase que a região um conjunto de ecos sistemas diversos áreas de terra firme rios e áreas alagadas abrigue cerca de 30 das florestas tropicais restantes no planeta Food and Agriculture Organization of the United 25 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Nations 2016 que contém aproximada mente 125 de toda a biomassa existente Baccini Goetz Walker Laporte Sun Sulla Menashe Samanta 2012 e que protege cerca de um terço das espécies conhecidas World Wildlife Fund for Nature 2013 O desmatamento pode levar a uma re estruturação das dinâmicas da atmosfera na superfície tanto na própria região Spracklen GarciaCarreras 2015 como num todo Medvigy Walko Avissar 2011 Em nível regional ou local o desmatamento promove a redução das chuvas e da evapotranspira ção com consequente diminuição da umi dade do solo e da superfície Navarrete Tsai Mendes Faust Hollander Cassman Kura mae 2015 a redução e a contaminação dos recursos hídricos Lewis Brando Phillips Heijden Nepstad 2011 com danos à sa úde das populações Hahn Gangnon Barcel los Asner Patz 2014 além da perda da produtividade dos solos Lawrence Vande car 2015 e o significativo dano à biodiversi dade Barlow Lennox Ferreira Berenguer Lees Mac Nally Parry 2016 Registram se do mesmo modo problemas socioambi entais como a migração e o crescimento de sorganizado das cidades CavigliaHarris Sills Mullan 2013 e conflitos sociais se guidos muitas vezes de grande violência Solinge 2010 Apesar do reconhecimento da sua importância segundo o Instituto Na cional de Pesquisas Espaciais INPE até 2016 foram perdidos 6830 mil km2 de cobertura florestal 152 da sua área Restaram 262 milhões km2 de florestas 624 do território É nesse contexto que se aponta o tu rismo como uma atividade econômica alter nativa e sustentável para a Amazônia Oli veira Silva Matos Hara 2010 Peralta 2012 Doan 2013 Hoefle 2016 As alega ções são diversas A presença do turismo pode funcionar como um conjunto fiscaliza dor da qualidade do meio ambiente Liu Qu Huang Chen Yue Zhao Liang 2014 O tu rismo pode ajudar na gestão das áreas prote gidas por intermédio do incremento da re ceita da unidade como taxas de ingresso ou um percentual das atividades correlatas Chen Nakama Zhang 2017 Além disso tem peso políticoeconômico regional Ou seja quanto mais relevante para a economia regional menores serão as ocupações em outras áreas Lobo Moretti 2009 No am biente político a importância regional do tu rismo tende a ser inversamente correlacio nado ao apoio público a atividades degrada doras dos recursos turísticos enquanto sua correlação com as políticas ambientais é di retamente proporcional Por esses aspectos o presente estudo questiona a relação entre turismo e desma tamento na Amazônia Qual foi a contribui ção do turismo para o desmatamento regio nal Por consequência o objetivo deste tra balho é estimar a importância relativa do tu rismo para o ritmo do desmatamento no bi oma Amazônia no período 200152016 Para isto utilizouse da técnica de regressão linear múltipla por Mínimos Quadrados Ordinários Gujarati 2006 Pindik Rubinfeld 1997 as sociada à análise da medida de importância relativa de Pratt 1987 O trabalho foi desen volvido em cinco fases principais 1 revisão da bibliografia sobre o tema 2 construção de uma base de dados de uma série de corte por microrregiões geográficas do bioma 26 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Amazônia 3 definição do modelo economé trico para as taxas anuais de desmatamento em razão das forças políticoeconômicas in cluindo o turismo 4 estimativa da importân cia do turismo relativa às outras forças do desmatamento e 5 discussão dos resultados do modelo 2 TURISMO E DESMATAMENTO O espaço é um recurso disputado por diversos agentes econômicos Com o cresci mento populacional temse a implantação de infraestrutura suporte o crescimento ho rizontal das cidades a ampliação constante da área agropecuária entre outros fatores que ocupam parte do espaço e não rara mente se sobrepõem a áreas não antropiza das ou ainda detentoras de uma cobertura vegetal representativa e funcional Entre es sas atividades o turismo tem sua responsa bilidade A urbanização turística por segun das residências resorts ou outras facilidades gera ocupação direta de vastas porções terri toriais principalmente no caso do turismo de massa Além disso o uso de materiais de construção combinado com o consumo de alimentos e outros bens e serviços podem promover indiretamente danos à cobertura do solo Ao analisar cerca de 15 mil publicações a respeito das relações entre o turismo e o meio ambiente Buckley 2011 identificou que na maioria delas o turismo foi apontado como gerador de impactos nocivos e que em outros casos o turismo promoveu a conser vação Diversos são os estudos acerca do uso do turismo para a conservação Nyaupane Poudel 2011 Brandão Barbieri Reyes Ju nior 2015 Organizações também têm suge rido o desenvolvimento do turismo como uma estratégia para a sustentabilidede ambi ental United Nations Environment Pro gramme 2005 World Wildlife Fund for Na ture 2003 Instituto Chico Mendes de Con servação da Biodiversidade 2011 World Tourism Organization 2002 2013 embora sejam conhecidos seus potencias impactos nocivos principalmente aqueles causados pelo turismo de massa em nível local como o desmatamento Apesar de a literatura específica apre sentar uma vasta coleção de estudos sobre as relações entre o turismo e o meio ambiente as pesquisas voltadas ao entendimento das relações específicas com o desmatamento em si são raras Em geral as análises sugerem que se por um lado o turismo tem apresen tado impactos negativos sobre a cobertura do solo em algumas regiões Araujo Carva lho Silva 2005 Kuvan Akan 2005 Zhong Deng Xiang 2008 Almeyda Bro adbent Wyman Durham 2010 Fox Witz Blanc Soulié PenalverNavarro Dervieux 2012 por outro o turismo tem sido conside rado uma força importante na proteção e na regeneração de áreas florestais Gaughan Binford Southworth 2009 Suntikul Dorji 2015 BoavidaPortugal Rocha Fer reira 2016 Vijay Kushwaha Chaudhury Naik Gupta Kumar Wate 2016 Em geral o que muda é o contexto local e a forma de turismo praticada Ao investigar as mudanças nas pressões causadas pelo turismo sobre as florestas e so bre a vegetação alpina durante cinquenta anos na região do Monte Everest um dos 27 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 mais importantes destinos de montanhismo do mundo Stevens 2003 mostrou que o tu rismo melhorou as condições de vida da po pulação local Todavia impactos negativos foram identificados como os danos à floresta causados por incêndios provocados direta mente pelos visitantes ou pelo uso da ma deira para construção de facilidades turísti cas Segundo esse autor o contínuo uso do fogo não controlado tem contribuído para a redução do diâmetro médio dos troncos em algumas porções territoriais da floresta e perda da cobertura vegetal em outras Analisando o uso das florestas com o pro pósito de desenvolvimento da atividade turística na região de AntalyaBelek na Turquia Kuvan 2005 percebeu que a rápida transição para o tu rismo de massa ocorrida na região não foi acom panhada por políticas públicas ou projetos de proteção e sustentabilidade do desenvolvi mento resultando em problemas nas áreas flo restadas Em particular a fragmentação florestal e o desmatamento na região têm sido promovi dos pela implantação das infraestruturas e dos equipamentos necessários para a prática do tu rismo Nas áreas costeiras o pesquisador identi ficou que todas as novas facilidades se desenvol veram sobre antigas áreas florestais A Reserva da Biosfera Changbai Mountain na China recebe anualmente centena de milha res de turistas Mas apesar da sua grande impor tância econômica e ecológica tem sofrido com a fragmentação em sua área de amortecimento Ao estudar a relação do turismo com o desmata mento nessa região Zhao Li Wang e Xu 2011 concluíram que a explosão do turismo não aju dou na redução das pressões sobre a floresta ao contrário ampliou a fragmentação nas proximi dades da reserva Para compreender as relações entre o tu rismo e as mudanças no uso do solo na bacia do Rio Li China entre 1989 e 2010 Mao Meng e Wang 2014 utilizaram uma abordagem híbrida com modelagem multinível e regressão logística para analisar o potencial de degradação das for ças motrizes dessas transformações Os resulta dos mostraram que o desenvolvimento acele rado do turismo e a expansão urbana expuseram a área a grande risco de danos ou perda definitiva de sua cobertura vegetal Ameaças também in cluem a implantação de rodovias e a construção de mirantes Em síntese estudos localizados que apon tam o turismo como um fator promotor de des matamento possuem alguns aspectos que mere cem destaque A presença ou a ascensão do tu rismo de massa nas áreas florestadas gera uma grande pressão que as políticas públicas têm difi culdade em conter ou redirecionar Outro as pecto importante é a característica pontual dos impactos Em geral observamse impactos dire tos localizados principalmente na implantação de infraestruturas suporte e equipamentos tu rísticos como residências secundárias e outros meios de hospedagem Por outro lado afirmase que o turismo pode promover a prevenção do desmatamento ou permite a recuperação de áreas degradadas Oosterzee 2000 Stronza Pegas 2008 Em um estudo sobre as forças condutoras das mudanças no uso e na cobertura do solo na região de selva em dois municípios do sul do Mé xico Corona Galicia PalacioPrieto Bürgi e Hers perger 2016 utilizaram imagens de satélite e fo tografias aéreas para produzir uma base de da dos georreferenciada para os anos de 1985 1995 e 2006 Um conjunto de técnicas estatísticas foi empregado para identificar as causas diretas e in diretas do desmatamento Os resultados mostra ram que a atividade agropecuária é a mais signi ficativa delas sendo responsável por aproxima damente 85 do desmatamento regional Entre tanto os autores identificaram que o incremento 28 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada das oportunidades de trabalho vinculadas ao se tor turístico tem implicado na redução ou no abandono das atividades agropecuárias favore cendo a regeneração das florestas Em outro estudo robusto Hoang Va nacker Van Rompaey Vu e Nguyen 2014 analisaram as mudanças na cobertura do solo no Distrito de Sa Pa na China O turismo internacional iniciouse em 1993 com a aber tura política alterando profundamente o co tidiano da população residente Utilizando imagens de alta resolução por satélite de três diferentes períodos e uma análise de covari âncias os autores investigaram as mudanças na cobertura do solo entre 1993 e 2014 O es tudo mostrou que entre 1993 e 2006 houve aumento do desmatamento causado pelo avanço da área agropecuária Mas entre 2006 e 2014 ocorreu o contrário Os resulta dos mostraram que o desmatamento é muito menor em áreas que possuem alto grau de envolvimento com as atividades turísticas Isso ocorreu segundo os autores porque com a diversificação das atividades econômi cas os proprietários rurais tornaramse me nos dependentes da produção agropecuária Concluíram assim que novos padrões de produção podem gerar redução da pressão sobre as florestas regionais Efeitos imprevistos podem afetar significa tivamente a eficiência de políticas públicas de conservação Robalino Pfaff e Villalobos 2015 identificaram que isto tem sido verificado na cri ação de áreas protegidas na Costa Rica e no con sequente aumento do desmatamento nas áreas florestadas adjacentes Nas áreas mais próximas de amortecimento até 10 km este impacto tem sido mínimo Entretanto a pesquisa mostrou que existe grande significância estatística entre o des matamento e as áreas próximas às rodovias que não contam com o turismo e estão longe da en trada dos parques A conlcusão do trabalho foi que o aumento do custo de transporte e o desen volvimento do turismo em suas áreas de influên cia podem reduzir as taxas de desmatamento na Costa Rica Os resultados apresentados na literatura não são conclusivos a respeito da polaridade da relação entre turismo e desmatamento Em nível local o turismo principalmente de massa vem promovendo o desmatamento de áreas naturais mas por outro lado a alternativa econômica do turismo em relação a outras atividades econômi cas mais nocivas tem mostrado resultados signi ficativos principalmente do ponto de vista ma croeconômico 3 AMAZÔNIA AMBIENTE ECONOMIA E DESMATAMENTO REGIONAL Esta seção apresenta uma revisão so bre os principais aspectos relacionados à Amazônia sua economia incluindo o tu rismo e o desmatamento Inicialmente des taca as principais características físicas e so cioeconômicas regionais Em seguida realiza uma revisão da bibliografia sobre as causas do desmatamento Por ultimo apresenta o turismo e sua situação na área de estudo Es ses aspectos são fundamentais para a inves tigação do problema e para a análise dos re sultados desta pesquisa A Amazônia Continental se estende por nove países da América do Sul Brasil Peru Bolívia Colômbia Equador Venezuela Guiana Suriname e Guiana Francesa associada principal mente às bacias hidrográficas dos rios Amazo nasSolimões e Tocantins e parte da bacia do rio Orenoco Por critérios políticoadministrativos a área da Amazônia SulAmericana é de 65 mi lhões km2 Albagli 2001 A superfície amazônica 29 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 é em grande parte coberta por florestas densas e abertas mas também abriga uma diversidade de outros ecossistemas como florestas de igapó várzeas florestas estacionais campos alagados savanas e campinaranas Brasil 2009 As flores tas cobrem 36 milhões de km2 mais de 85 da superfície desse bioma no Brasil 69 da área flo restada nacional Instituto Brasileiro de Geogra fia e Estatística 2005 Políticoadministrativa mente no Brasil o bioma Amazônia está contido nos estados do Acre Amazonas Rondônia Ro raima Amapá Pará e parte dos estados do Mato Grosso Tocantins e Maranhão A economia sempre esteve voltada a pro ver produtos primários para a demanda domés tica e internacional em boa parte atrelada aos grandes programas de desenvolvimento empre endidos pelo Governo Federal a partir da década de 1960 O Produto Interno Bruto PIB regional chegou a R 42069 bilhões em 2014 IBGE Con tas Nacionais 2014 Atividade tradicional desde a chegada dos europeus no século XVI a agrope cuária tornouse nos últimos anos a principal atividade socioeconômica da Amazônia e a res ponsável por grande parte das transformações ocorridas no uso do solo e na cobertura vegetal regional A área colhida em 2016 foi de 1623 mil km2 uma média de 18 mil km2 por microrregião geográfica IBGE Pesquisa da Produção Agrí cola 2016 Apesar dessa presença agrícola sem dúvida a principal atividade em relação à área uti lizada é a pecuária bovina de corte Atualmente a região conta com um rebanho bovino de apro ximadamente 78 milhões de cabeças IBGE Pes quisa Pecuária Municipal 2016 Além da agropecuária o extrativismo vegetal é outra atividade econômica impor tante para a região Em 2016 foram produzi dos 1054 milhões de m3 de madeira em tora IBGE Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2016 Aliada à produção de ma deira em tora está a produção de carvão que muitas vezes agrega valor a madeira ampli ando o lucro dos exploradores Apesar de a atividade madeireira ser uma importante fonte de renda e empregos na Amazônia seu crescimento preocupa pois se supõe que a área de exploração madeireira pode ser tão extensa quanto a que é desmatada anual mente na Amazônia incluindo em áreas pro tegidas Nepstad Verssimo Alencar Nobre Lima Lefebvre Cochrane 1999 Uhl Vi eira 1989 o que promove outros danos di retos e indiretos dessa atividade aos ecossis temas O avanço dessa fronteira agropecuá ria tem sido contido principalmente pelas áreas protegidas que cobrem grande parte da região Gazoni Mota 2010a Áreas protegidas são espaços territori ais sob algum regime especial de proteção Na Amazônia são muitos os tipos de áreas protegidas Áreas de Preservação Perma nente Reservas Legal Terras Indígenas Ter ras Quilombolas áreas militares e entre ou tras as Unidades de Conservação da Natu reza Segundo o Cadastro Nacional de Unida des de Conservação do Ministério do Meio Ambiente a Amazônia contava até julho de 2017 com 334 Unidades de Conservação que totalizam uma cobertura de 1166 mil km2 2789 da sua superfície territorial São 85 unidades de proteção integral com 4302 mil km2 249 unidades de uso sustentável com 7360 mil km2 Além disso as Terras Indíge nas cobrem uma área de 7318 mil km2 ou seja 141 do território regional O resultado do somatório das forças econômicas sociais físicas e políticas no ter ritório amazônico tem transformado signifi cativamente a região Becker 2004 Um dos 30 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada resultados mais acompanhados dessas trans formações é a contínua perda da sua cober tura florestal por meio do desmatamento provocado geralmente pelo corte raso es tágio extremo do desmatamento em que o padrão observado representa a retirada completa da vegetação original ou por quei madas e incêndios Food and Agriculture Or ganization of the United Nations 2016 O comportamento das taxas anuais de desmatamento na Amazônia seguiu nos últi mos vinte anos um padrão cíclico com má ximas em 2002 21393 km2 2003 25247 km2 e 2004 27772 km2 e mínimas em 2012 4571 km2 2013 5891 km2 e 2014 5012 km2 De acordo com o Instituto Naci onal de Pesquisas Espaciais INPE em 2016 o desmatamento atingiu 7 647 km2 Muitas são as causas apontadas para o desmata mento presentes na literatura nacional e in ternacional Entretanto devido a diversos fa tores como a baixa qualidade dos dados so bre o desmatamento principalmente até o fi nal da década de 1990 a grande maioria dos estudos realizados até então carece de pro fundidade Além disso o desmatamento não segue um único padrão preestabelecido mas múltiplos processos dependendo do tempo e do espaço Assim permaneceram muitas controvérsias sobre alguns fatores determi nísticos do desmatamento regional e sobre a contribuição de cada fator para a destruição florestal O Quadro 1 arrola os fatores interveni entes no desmatamento regional segundo di versos autores Os principais aspectos expli cativos do desmatamento já identificados na Amazônia são 1 os populacionais densi dade demográfica população urbana e rural migração e crescimento das áreas urbanas 2 a agropecuária produção agrícola cul tivo de soja rebanho bovino e pastagens e ti tularidade da terra 3 as políticas de acesso densidade de rodovias implantação e pavi mentação de estradas distância das rodo vias 4 o mercado preços dos produtos agrí colas preço da terra e custo de transporte 5 o extrativismo vegetal madeira em tora car vão vegetal e extrativismo não madeireiro 6 as políticas ambientais áreas protegidas e fiscalização ambiental 7 o ambiente biofí sico estoque florestal fertilidade do solo pluviosidade e efeito El Niño3 8 a mineração distância dos centros de produção mineral 9 os assentamentos rurais número de famí lias assentadas e tamanho dos lotes 10 ou tros aspectos crédito rural projetos públi cos de desenvolvimento e grilagem das ter ras públicas Quadro 1 Aspectos explicativos do desmatamento segundo diferentes autores 3 Fenômeno caracterizado por alterações significativas de curta duração na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico Sul com pro fundos efeitos no clima no Brasil 31 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Área de estudo Período Aspectos explicativos Fontes Amazônia Até 1985 População área plantada rebanho bovino produção de madeira densidade rodoviária distância da capital estadual Reis Margulis 1991 Amazônia Central Até 2000 Distância a rodovias área de pastagens reba nho bovino titularidade da terra e renda Walker Perz Caldas Silva 2002 Amazônia 19701996 Pecuária agricultura madeira mineração e titularidade da terra Andersen Granger Reis Weinhold Wunder 2002 Amazônia 19751985 Preços dos produtos agrícolas preço da terra crédito rural implantação de estradas renda dos estabelecimentos rurais Young 1998 Amazônia 19681987 Implantação de rodovias rodovias pavimentadas Pfaff 1999 Amazônia 19781988 Crescimento das áreas de pastagens crescimento da área agrícola exploração de madeira áreas de mineração crescimento das áreas urba nas Skole Chomentowski Salas Nobre 1994 Amazônia 19851995 Produção agrícola Obs A inovação tecnológica na agricultura gera menores desmatamentos Cattaneo 2005 Rondônia 19802000 Assentamentos rurais o tamanho dos lotes o tempo de ocupação a infraestrutura as reser vas florestais de uso comum Batistella Moran 2005 Amazônia 19972000 Área de Reservas Extrativistas área de Parques Nacionais Área de Terras Indígenas Nepstad Schwartzman Bamberger Santilli Ray Schlesinger Rolla 2006 Amazônia 20002001 Densidade populacional rodovias severidade da estação de seca Laurance Albernaz Schroth Fearnside Bergen Venticin que Costa 2002 Uruará PA Até 2005 Distância da rodovia Transamazônica número de homens nos estabelecimentos rurais fertili dade do solo crédito Caldas Walker Arima Perz Aldrich Simmons 2007 Amazônia 19962006 Distância das rodovias áreas protegidas efeito El Niño Adeney Christensen Pimm 2009 Amazônia Oriental 20072008 Agropecuária madeira carvão extrati vismo vegetal não madeireiro distância do es critório regional do IBAMA mais próximo e áreas protegidas Gazoni Mota 2010b Pará 20062010 Assentamentos rurais incertezas fundiárias infraestrutura tamanho dos lotes madeira Calandino Wehrmann Koblitz 2012 Amazônia 20032008 Pecuária agricultura madeira assenta mentos rurais áreas protegidas fiscalização ambiental Gazoni 2014 Amazônia 19992011 Preços agrícolas crédito rural custo de transporte fiscalização Ferreira Coelho 2015 Amazônia arco 20082012 Pecuária lavoura permanente lavoura tem porária Produto Interno Bruto população educação Delazeri 2016 Amazônia UCs 20152016 Densidade florestal Estação Ecológica Pará visitação pública manejada Gazoni 2018 correlação positiva correlação negativa 32 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada A redução significativa do ritmo do des matamento da Amazônia é imperativa Se por um lado as pressões aumentam sobre os governos provenientes de diversos agentes sociais locais nacionais e internacionais por outro há uma forte resistência por parte dos grupos beneficiados pela atual situação de contínua destruição Neste contexto são muitas as propostas e estratégias que têm sido utilizadas com maior ou menor grau de sucesso Entre elas a criação de áreas prote gidas de diversos tipos o aumento na inten sidade e frequência da fiscalização ambien tal implantação de novas legislações e o de senvolvimento do turismo Apesar de o tu rismo estar presente em parte das políticas de conservação é inegável seu potencial de geração de impactos nocivos aos ecossiste mas eou às sociedades principalmente em nível local Por isso é preciso ter cuidado na interpretação dos resultados das pesquisas e principalmente na elaboração de políticas de conservação ou de desenvolvimento A Tabela 1 destaca os equipamentos e serviços turísticos que estavam cadastrados no Ministério do Turismo MTur em 31 de dezembro de 2014 nos nove estados que en volvem a Amazônia O estado com a maior oferta de hospedagem é o Mato Grosso com 216 mil leitos cadastrados ou seja 243 do total A segunda maior oferta de leitos en contrase no estado do Amazonas São 202 mil leitos 227 da oferta regional O Pará detém outra parcela importante da oferta com 154 mil leitos 173 Além desses o Maranhão oferta 135 mil leitos 152 o Acre 63 mil leitos 71 o Tocantins 59 mil leitos 66 Rondônia atende 41 mil leitos 46 Roraima apresenta 12 mil leitos 13 e o Amapá conta com 859 leitos ape nas 09 da oferta regional cadastrada Bra sil 2015 A oferta de hospedagem é o prin cipal indicador da distribuição espacial da de manda turística regional É claro que estes números são apenas indicadores já que o nú mero de equipamentos em funcionamento é bem maior que o número de empresas ca dastradas Tabela 1 Equipamentos e serviços turísticos na Amazônia cadastrados no MTur Oferta Unidade da Federação AC AP AM PA RO RR TO MA MT Hotéis e similares N 86 13 224 161 48 16 122 144 295 UHs mil 23 05 98 73 18 05 27 64 104 leitos mil 63 09 202 154 41 12 59 135 216 Agências 71 70 235 254 133 40 57 203 285 Restaurantes bares e similares 111 2 25 83 13 23 42 13 197 Transportadoras turísticas 8 2 55 53 19 4 28 45 206 Locadoras de veículos 10 4 5 6 3 2 1 7 33 Organizadoras de eventos 10 14 40 51 5 20 10 35 34 Fonte Brasil 2015 33 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Região de dimensões continentais a Amazônia apresenta um conjunto de recur sos naturais e culturais com grande potencial de aproveitamento turístico Entretanto uma parte desses recursos está sendo amea çada devido à expansão de outras atividades econômicas como a agropecuária e a extra ção de madeira sem o adequado manejo o que tem causado a perda da cobertura do solo entre outros impactos negativos como a poluição dos cursos dágua e do ar Dessa forma apesar do processo de desenvolvi mento do turismo na Amazônia estar em seus estágios iniciais sua capacidade como alternativa econômica para a região exige uma investigação das suas relações com o fe nômeno do desmatamento na Amazônia 4 METODOLOGIA Metodologicamente para estimar a importância relativa do turismo para o des matamento regional utilizouse da técnica de regressão múltipla por Mínimos Quadra dos Ordinários MQO combinada com a de composição das covariâncias por meio da Medida de Pratt 1987 A base de dados foi construída com informações obtidas de ór gãos oficiais do governo brasileiro As informações sobre os desmatamen tos na Amazônia foram obtidas pelo Pro grama de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia PRODES do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE A partir de 2003 o INPE adotou o processo de interpretação assistida por computador denominado Pro grama PRODES Digital para distinguilo do processo anterior com evidentes melhorias na qualidade dos dados a partir de então Além dos desmatamentos por microrregião geográfica de 2003 a 2016 foram acessados da base de dados do INPE o desmatamento acumulado e a área florestada em 2016 A base de dados do Instituto Brasileiro de Geo grafia e Estatística IBGE abastece grande parte das variáveis utilizadas nesta pesquisa A Pesquisa da Pecuária Municipal PPM for neceu dados do rebanho bovino Da Pesquisa da Produção Agrícola PPA foi utilizada a área colhida nas lavouras permanentes e temporárias Da Pesquisa do Extrativismo Ve getal e da Silvicultura obtevese a quanti dade produzida de madeira em tora Da base de dados do Ministério do Meio Ambiente MMA foram obtidas as malhas digitais das Unidades de Conservação de proteção inte gral e de uso sustentável federais e estadu ais das Terras Indígenas e da malha rodovi ária Do Ministério do Desenvolvimento Agrário MDA obtevese o número de famí lias residentes em assentamentos por muni cípio A base de dados do Instituto de Pes quisa Econômica Aplicada IPEA forneceu in formações sobre a distância da capital esta dual e o custo de transporte à cidade de São Paulo aspectos fundamentais para a com preensão da distribuição espacial das taxas de desmatamento regional Por fim do Mi nistério do Turismo MTur obtevese o nú mero de leitos em meios de hospedagem va riável que foi utilizada como indicador da de manda turística nesta pesquisa A regressão múltipla é uma técnica de análise multivariada de dados que permite descrever por intermédio de um modelo ma temático as relações entre duas ou mais va riáveis explicativas e determinado fenômeno Woodridge 2010 O termo regressão foi in 34 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada troduzido na literatura específica por Francis Galton 1886 Seu principal objetivo é en contrar relações para possibilitar a estimação dos valores da variável dependente em fun ção do comportamento de duas ou mais va riáveis explicativas O seu modelo genérico para p variáveis explicativas é representado pela equação 1 𝑦𝑖 𝑏0 𝑏𝑗𝑥𝑗𝑖 𝑝 𝑗1 𝜇𝑖 𝑗 1 𝑝 1 Nela y é a variável dependente xj são as variáveis explicativas ou independentes b são os parâmetros da regressão sendo b0 o coeficiente linear e bj os coeficientes angula res e 𝜇𝑖 o resíduo da regressão ou seja a di ferença entre as observações reais e os valo res estimados pelo modelo para cada obser vação da amostra Para isso são utilizadas técnicas diversas como o Método dos Míni mos Quadrados Ordinários O MQO impõe que dadas n observações de y e xj as estima tivas dos parâmetros 𝑏0 e 𝑏j são escolhidas da forma que a soma dos quadrados dos resí duos 𝑆𝑄𝑅 𝑦𝑖 𝑦𝑖2 𝑛 𝑖1 adquira o me nor valor possível Diferente da regressão simples na re gressão com múltiplas variáveis explicativas com frequência não se pode medir imedia tamente o efeito individual de cada uma des sas variáveis sobre o comportamento da va riável explicada mas apenas abordar seu efeito conjunto Esse problema é comumen te relacionado à presença de multicolineari dade Gujarati 2006 Por isso diversas téc nicas têm sido utilizadas para a mensuração do peso de cada variável entretanto a grande maioria apresenta deficiências Green Carroll e Desarbo 1978 Uma me dida de importância relativa amplamente aceita é a proposta por Pratt 1987 A Me dida de Pratt 𝛿 é destacada pela equação 𝛿𝑥𝑗𝑥𝑘 𝛽𝑗 𝜌𝑗 𝛽𝑘 𝜌𝑘 𝑗 𝑒 𝑘 1 𝑝 Nela 𝛿𝑥𝑗𝑥𝑘 é a importância de xj em relação à xk 𝜌𝑗 e 𝜌𝑘 são as respectivas correlações de xj e xk com a variável explicada Recentemente Thomas Zhu e Decady 2007 afirmaram que a fórmula de Pratt é a única que satisfaz a de manda natural para a medida incluindo sua invariância a transformações lineares A vari ância dos estimadores de importância rela tiva 𝑉𝛿𝑗 pode ser calculada por meio da equação 2 𝑉𝛿𝑗 𝛿𝑗 2 𝑡𝑗 2 1𝑅2 𝑅2 𝛽𝑗 2 𝑅2 2𝛿𝑗2𝛿𝑗 2 𝑁𝑝1 𝛽𝑗 2 𝑅2 𝛿𝑗 2 𝑁 2 Os intervalos de 95 de confiança fo ram estimados para a Medida de Influência Relativa de Pratt 𝛿𝑗 de cada variável explica tiva xj que é dada para os limites superiores e inferiores por 𝛿𝑗 𝑣 𝛿𝑗 𝑍𝛼 2𝑉𝛿𝑗 1 2 j 1p onde 𝑍𝛼2 é o valor do ponto superior com percentual de 𝛼2 na distribuição nor mal Por meio de simulações N os au tores mostraram que as estimativas realiza das por esses procedimentos são muito pre cisas para amostras superiores a 250 unida des e precisas para amostras acima de cem unidades Todavia devese considerar que esse é um estudo estatístico seus resultados representam as probabilidades estimadas e 2 1 35 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 não a realidade em si 5 O TURISMO E A PROTEÇÃO FLORESTAL NA AMAZÔNIA Esta seção apresenta e discute a esti mativa das importâncias relativas dos fatores políticoeconômicos do desmatamento no bioma Amazônia em 20152016 Contudo outros aspectos básicos das suas interrela ções com variáveis explicativas não direta mente causais e consequentemente excluí das do modelo devem ser observados para contribuir com a análise dos resultados Os aspectos físicos são a base sobre a qual se desenvolvem as políticas e as ativida des econômicas e consequentemente o desmatamento regional Além das variáveis que foram inseridas no modelo final podese verificar outros aspectos espacialmente cor relacionados ao desmatamento mas desne cessários aos objetivos desta pesquisa a pre cipitação média anual a área dos corpos dágua a área florestada Além dessas a localização dos mercados aos quais se des tinam os produtos da agroindústria amazô nica parece ser fundamental principal mente a distância das sedes municipais das respectivas capitais estaduais e o custo de transporte da microrregião à cidade de São Paulo Os acessos especialmente os rodo viários são imprescindíveis para o uso do solo e da sua cobertura em qualquer espaço geográfico Dois aspectos mostraramse rele vantes para o desmatamento a densidade rodoviária federal e estadual e a distância à rodovia pavimentada mais próxima Tanto a implantação como a pavimentação de estra das parece ser determinante para o aumento nas taxas de desmatamento anuais Os efei tos dessas variáveis foram extraídos do mo delo econométrico O modelo definitivo utilizou as taxas es paciais para reduzir a multicolinearidade en tre os fatores Além disso as variáveis foram escalonadas de 0 a 1 para eliminar os efeitos das diferenças entre as escalas de medida Para medir a qualidade do ajustamento da regressão as medidas mais comumente utili zadas na regressão múltipla e aqui utilizadas foram o coeficiente de determinação R2 ajustado que mede a proporção da variância da variável dependente que é explicada pela reta de regressão pelo erropadrão da esti mativa e pelo teste FANOVA que testa o efeito conjunto das variáveis independentes sobre a variável dependente Além disso as significâncias estatísticas das variáveis foram medidas pelos seus errospadrão e seus tes tes t que destacam a probabilidade de seus coeficientes serem estatisticamente nulos Para o pressuposto de ausência de co linearidade perfeita foram utilizados princi palmente os testes Tolerância TOL0963 Fator de Inflação do Valor VIF1038 e o Ín dice de Condição CI3854 A presença de heteroscedasticidade dos resíduos foi regei tada por meio do Teste de BreuschPagan p valor0254 Finalmente a normalidade na distribuição dos resíduos não pode ser des cartada de acordo com os resultados do Teste de KolmogorovSmirnov Z0823 Sig0423 Por esses aspectos os estimado res aqui apresentados podem ser considera dos os melhores estimadores não tendencio sos Best Unbiased Estimators BUE Os re sultados da regressão múltipla por Mínimos Quadrados Ordinários das taxas de desmata 36 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada mento em função de aspectos político econômicos para o período 20152016 são apresentados pela Tabela 2 Tabela 2 Resultados para o modelo de regressão por MQO Modelo Coef não pa dronizado Coefpa dronizado t Sig Intervalo de confiança de 95 para β Diagnóstico de colinearidade b ep β INF SUP TOL VIF Constante 6860 28447 0000 7340 6380 Pecuária 0302 0039 0318 7718 0000 0224 0380 0990 1010 Agricultura 0159 0026 0251 6059 0000 0107 0211 0976 1025 Ext Madeira 0151 0026 0237 5705 0000 0098 0204 0970 1031 Assentamentos 0246 0036 0283 6822 0000 0174 0318 0974 1027 Áreas Protegidas 0304 0041 0309 7468 0000 0385 0223 0981 1020 Turismo 0271 0047 0242 5830 0000 0364 0179 0971 1030 Maranhão 1011 0109 0387 9262 0000 0794 1229 0963 1038 Pará 0654 0098 0275 6686 0000 0459 0848 0992 1008 Variável dependente desmatamento Variável transformada pelo logaritmo natural Aparecem os coeficientes lineares b e seus errospadrão ep o coeficiente padro nizado β o teste tstudart o intervalo de confiança para os coeficientes lineares e o diagnóstico de colinearidade que apresenta o valor de tolerância TOL e o valor do fator de inflação VIF A sumarização do modelo desenvolvido com auxílio do software Statis tical Package for Social Sciences SPSS apre sentou um coeficiente de determinação R2 ajustado de 0849 Ou seja as variáveis inse ridas no modelo são capazes de explicar 849 do comportamento do desmata mento Para os casos individuais as micror regiões geográficas o erro padrão desta esti mativa é de 0358 A matriz ANOVA destacou os resultados do teste F de Fisher 66971 para oito graus de liberdade Os resultados dos testes estatísticos evidenciaram a boa qualidade do ajustamento o que se refletiu nos estreitos intervalos de confiança Para a estimação do modelo algumas taxas espaciais foram transformadas pelo lo garitmo natural Isto se deu devido a essas variáveis terem apresentado forte assimetria à direita Com o procedimento as séries ad quiriram comportamento normal aten dendo à pressuposição da análise multivari ada Os resultados mostram que o desmata mento ocorrido no período 20152016 nas microrregiões do bioma Amazônia é expli cado entre outras possibilidades por oito variáveis 1 o número de cabeças de bovi nos 2 a área colhida em lavouras temporá rias e permanentes 3 a quantidade produ zida de madeira em tora 4 o número de fa mílias existentes nos assentamentos rurais 5 a extensão das áreas protegidas 6 o nú mero de leitos em meios de hospedagem 7 a localização no estado do Pará e no estado do Maranhão O ritmo do desmatamento au menta na medida em que aumentam a pecu 37 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 ária bovina a agricultura a extração de ma deira e os assentamentos rurais Por outro lado os resultados sugerem que o ritmo do desmatamento diminui quando aumenta a extensão territorial das áreas protegidas Unidades de Conservação e Terras Indíge nas e quando aumenta a atividade turística não havendo aqui distinção quanto a forma de turismo exercida Evidentemente é im portante uma gestão eficiente quanto aos as pectos socioambientais do turismo princi palmente em nível local Além disso os resul tados sugerem que se a microrregião estiver localizada nos estados do Pará ou do Mara nhão o ritmo do desmatamento tende a ser muito maior Esses resultados reforçam as conclu sões de Reis e Margulis 1991 e de Gazoni 2014 sobre a pecuária bovina de Cattaneo 2005 e de Young 1998 em relação à agri cultura de Skole et al 1994 e de Gazoni e Mota 2010b sobre a extração de madeira e de Batistella e Moran 2005 e de Caldas et al 2007 acerca dos assentamentos rurais As áreas protegidas corroboram com aos resul tados de Adeney Christensen e Pimm 2009 e de Nepstad et al 2006 Além disso a im portante presença das variáveis dicotômicas para os Estados do Maranhão e do Pará não é novidade Muitas foram as ocorrências nos últimos anos relativas à gestão ambiental nesses estados Luíse 2011 Linhares Jr 2014 Já o turismo não foi localizado em ne nhum estudo robusto para a Amazônia Su gerese que esta variável deva ser incluída para auxiliar a explicação do desmatamento regional nos futuros estudos para este fim Os coeficientes lineares b permitem a estimativa das elasticidades entre o desma tamento e as variáveis explicativas do mo delo A elasticidade E apresenta a estima tiva de quanto uma mudança percentual na variável independente representa em termos de variação percentual na variável depen dente Em geral as elasticidades encontradas são baixas A elasticidade da pecuária 0302 em relação ao desmatamento sugere que um aumento de 10 no rebanho bovino da Ama zônia representa um aumento de 302 nas taxas anuais de desmatamento A elastici dade da agricultura 0159 evidencia que um aumento de 10 na área de lavouras implica em um crescimento de apenas 159 nas ta xas de desmatamento A madeira 0151 também apresenta baixa elasticidade ou seja um incremento de 10 na produção de madeira representa um aumento de 151 na área desmatada Os assentamentos 0246 apresentam uma elasticidade um pouco maior Um acréscimo de 10 no nú mero de famílias assentadas implica na am pliação de 246 nas taxas de desmata mento Se por um lado essas baixas elastici dades permitem pequenas flutuações nas produções com baixos danos por outro po líticas públicas de restrição dessas atividades também deverão apresentar baixa eficiência A agropecuária é uma atividade muito he terogênea na Amazônia formada pela criação bovina principalmente para corte mas também leiteira e por lavouras permanentes e temporá rias diversas voltadas tanto para o mercado in ternacional como para o nacional regional e lo cal exercida por agricultores familiares subsis tência ou empresarial ou não em pequenos ou 38 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada grandes empreendimentos Um dos maiores pro blemas relacionados à atividade é a sua mobili dade para a ocupação de áreas antes florestadas especialmente junto às frentes pioneiras Margu lis 2003 Além da da agropecuária a exploração e o processamento de madeira é atualmente uma das principais atividades econômicas da Amazô nia Apesar de sua baixa elasticidade estimase que a área impactada pela atividade extrativista madeireira é muito maior que a área desmatada propriamente Isso ocorre por dois fatores pri meiro porque é mais difícil identificar os desma tamentos ilegais com intervenções esparsas se gundo porque a extração das maiores espécies implica em constante necessidade de migração dessas atividades para áreas cada vez mais inter nas do bioma Isto causa uma redução na disse minação de sementes das grandes árvores pro movendo uma queda substancial da capacidade de regeneração florestal A maior elasticidade é encontrada na relação com as áreas protegidas Um au mento de 10 na área das Unidades de Con servação eou das Terras Indígenas repre senta uma redução de 848 nas taxas anuais de desmatamento na Amazônia Ou seja um incremento de 134 mil Km2 em área prote gida implica uma redução de 651 km2 por ano de desmatamento Devese ter cautela na interpretação dos resultados pois estes valores representam probabilidades médias No caso das Unidades de Conservação por exemplo existem diferentes graus de prote ção dependendo da classe e da categoria de manejo Além disso há grande diferença na capacidade de gestão dessas áreas Gazoni Mota 2010b Algumas possuem diversas in fraestruturas instaladas como guaritas por taria sede administrativa cercamento vigi lância trilhas sinalizadas centro de visitan tes entre outras além de equipamentos como computadores e veículos automóveis e barcos Outras só existem efetivamente no papel sendo sua proteção garantida apenas pela legislação e pela fiscalização ocasional Apesar do turismo na Amazônia ainda se encontrar nos estágios iniciais de desen volvimento sua elasticidade 0271 em re lação ao desmatamento não é insignificante Os resultados destacam que um crescimento de 10 na atividade turística regional sugere uma redução de 271 na área anualmente desmatada na região Entretanto devese atentar que esses valores representam uma média regional Nos casos individuais é ne cessário considerar os intervalos de confi ança para os estimadores lineares na previ são Apesar dos resultados do modelo multi variado reforçarem as hipóteses desta pes quisa a técnica não é capaz de mostrar a im portância de cada fator individualmente para o desmatamento no período 20152016 Isto ocorre devido à presença apesar de redu zida da multicolinearidade Assim optouse por realizar a repartição das covariâncias dos vetores explicativos por meio da aplicação da medida de importância relativa Pratt 1987 A Tabela 3 apresenta os resultados das esti mativas da importância de cada fator para o desmatamento no período 39 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Tabela 3 Importância do turismo para a proteção florestal regional Intervalo de confiança de 95 para δ β ρ E δ Vδ INF SUP Di Di Pecuária 0318 0335 0302 0106 0120 0061 0151 14912 195 Agricultura 0251 0308 0159 0077 0075 0042 0113 10476 137 Ext Madeira 0237 0267 0151 0063 0067 0030 0097 7494 98 Assentamentos 0283 0271 0246 0077 0095 0037 0117 8565 112 Áreas Protegidas 0309 0337 0848 0104 0113 0061 0148 13612 178 Turismo 0242 0183 0271 0039 0070 0010 0056 2829 37 Maranhão1 0387 0355 0145 0137 0177 0083 0192 14299 187 Pará1 0275 0262 0054 0072 0090 0033 0111 9176 120 Outros2 11471 151 Coeficiente padronizado β correlação ρ elasticidade E importância relativa δ variância V e des matamento promovidoevitado no período Di 1 Variável dicotômica 2 Estimado pela participação do termo constante b0 As maiores importâncias relativas δ são da localização no Maranhão 0137 da pecuária 0106 e das áreas protegidas 0104 por outro lado os aspectos significa tivos mas menos importantes neste período são a extração de madeira 0063 e o turismo 0039 Esses resultados permitem estimar a participação percentual de cada variável ex plicativa no comportamento da variável ex plicada Os resultados destacam que de agosto de 2015 a julho de 2016 a pecuária bovina foi responsável por 195 do desma tamento no bioma Amazônia Isto representa a perda de uma área florestal de 14912 km2 A agricultura em forte expansão no período contribuiu com 137 do desmatamento ou seja 10476 km2 A madeira foi responsável pela supressão de 7494 km2 de área flores tal 98 do desmatamento ocorrido Os as sentamentos rurais são outro importante ve tor de desmatamento na Amazônia No perí odo analisado eles foram responsáveis por 112 de todo o desmatamento regional fo ram mais 8565 km2 perdidos Além desses aspectos políticoeconômicos a localização espacial nos estados do Pará e do Maranhão apresenta grande importância para a previ são das taxas de desmatamento Estimase que 187 de todo o desmatamento regional esteja relacionado com algum aspecto ine rente ao estado do Maranhão Isto significa 14299 km2 desmatados em 20152016 As sim como no Maranhão o estado do Pará apresenta características que o indicam res ponsável por 120 do desmatamento anual ou seja 9176 km2 destruídos Outros fatores explicativos não incluídos no modelo repre sentam 151 do desmatamento regional uma área de 11471 km2 Apesar de muitas serem as forças pro motoras do desmatamento regional outros aspectos políticoeconômicos apresentamse como forças protetoras da cobertura do solo repelindo parte das pressões advindas dos 40 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada vetores explicativos reduzindo seu impacto Este estudo identificou duas variáveis inver samente correlacionadas ao desmatamento regional as áreas protegidas e o turismo A criação de áreas protegidas é com certeza a principal estratégia de proteção ambiental na Amazônia Utilizada com vigor na região do arco do desflorestamento tem dificultado o avanço da fronteira agropecuária para áreas mais internas do bioma As principais corre lações das áreas protegidas são com a extra ção de madeira e com a pecuária bovina o que sugere uma atuação mais eficaz na pro teção contra a pressão exercida por esses im portantes agentes do desmatamento Não foram encontradas correlações entre as áreas protegidas com a agricultura e com os assentamentos rurais e pela agricultura Isso ocorreu talvez por sua heterogeneidade ca racterística na Amazônia O turismo apesar de ter correlação sig nificante com as taxas de desmatamento anual após a extração de outros fatores a ele correlacionados no espaço mostrouse com uma pequena influência relativa no desmata mento apesar de significativa Os resultados sugerem que se não existisse turismo na Amazônia as taxas de desmatamento no pe ríodo 20152016 teriam sido 37 maiores ou seja o turismo foi responsável por evitar o desmatamento de 2829 km2 de florestas somente neste período São muitas as formas pelas quais o turismo pode influenciar o ritmo do desmatamento regional Conside rando suas correlações no espaço a proteção gerada pelo turismo pode apresentar maior eficiência frente às pressões causadas pela pecuária e pela agricultura De outra forma sua baixa correlação com a extração de ma deira sugere que diferente das áreas prote gidas o turismo tem pouca influência sobre as pressões geradas pela exploração da ma deira Os modos pelos quais o turismo influ ência inversamente as taxas de desmata mento em nível regional devem ser objeto de futuras investigações Todavia podemse su gerir algumas hipóteses sobre esse aspecto Primeiro em nível macroeconômico a inser ção do turismo na economia regional reduz a dependência de outras atividades econômi cas muitas vezes monopolísticas em deter minadas subregiões do bioma Além de re duzir a pressão sobre as florestas por meio da substituição das atividades produtivas com maiores capacidades degradadoras o cresci mento do peso do turismo na economia gera maior concorrência na alocação dos recursos financeiros sejam públicos ou privados To dos esses aspectos promovem a redução do impacto efetivo na cobertura florestal Se gundo o turismo também promove uma maior valorização da qualidade dos recursos naturais Ao mesmo tempo problemas ambi entais tornamse cada vez mais visíveis e in desejados por visitantes empresários e resi dentes exigindo uma atuação mais rigorosa do poder público incluindo a intensificação da fiscalização Terceiro além de ampliar sua importância econômica o turismo pode fi nanciar a conservação das áreas protegidas reforçando sua eficiência As taxas de in gresso e outros gastos realizados pelos visi tantes nesses espaços aliadas aos recebimen tos pelo uso do espaço pela iniciativa privada hotéis restaurantes etc e por outras taxas cobradas de agências e operadoras podem ser direcionadas para o manejo de áreas prio 41 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 ritárias para a conservação Por último o tu rismo promove o envolvimento das popula ções do entorno com a atividade e conse quentemente com a conservação Contudo é preciso ter cuidado com os impactos do turismo em nível local que po dem ser graves Não é sempre que o turismo é uma alternativa Em muitos casos não há a conjunção dos fatores necessários para a ge ração de uma demanda efetiva e relativa mente estável o que torna seu desenvolvi mento inviável economicamente Em outros as áreas próximas de grandes concentrações populacionais com facilidade de acesso e com recursos de alta atratividade podem não ser opção principalmente se não houver confiança nos órgãos gestores do turismo e do meio ambiente que atuam em nível local e regional pois nesses espaços pode ocorrer crescimento descontrolado da demanda tu rística 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O turismo na Amazônia encontrase nos primeiros estágios do processo de desen volvimento Apesar disso seu desenvolvi mento vem sendo apontado como uma es tratégia para a sustentabilidade da Amazô nia inclusive para redução do desmata mento regional Neste sentido este trabalho analisou a importância relativa do turismo para a redução do ritmo do desmatamento regional Para isso foram aplicadas as técni cas de regressão múltipla combinadas com a Medida de Pratt Não é novidade que técni cas de regressão múltipla são bastante ade quadas ao estudo do desmatamento que possui vários fatores explicativos Neste es tudo não foi diferente apenas foi preciso aplicar a repartição das covariâncias pela Me dida de Pratt para obter um estimador livre das influências da multicolinearidade Os resultados sugeriram que o ritmo do desmatamento regional é função de diversos fatores explicativos a pecuária bovina cabe ças a agricultura área das lavouras perma nentes e temporárias a extração de madeira tora o tamanho dos assentamentos rurais famílias a extensão das áreas protegidas Unidades de Conservação e Terras Indíge nas a localização nos estados do Pará e do Maranhão e o desenvolvimento do turismo leitos Os resultados destacaram ainda que se não existisse turismo na Amazônia o incremento do desmatamento ocorrido em 20152016 teria sido maior o que sugere a possibilidade de utilização do turismo como uma estratégia de conservação regional Devese atentar entretanto que este é o pri meiro trabalho em nível macrorregional que estuda as relações entre o turismo e o des matamento na Amazônia Portanto estudos complementares devem ser realizados para a confirmação e ampliação da compreensão acerca dessas relações Como a taxa de tu rismo utilizada neste estudo foi uma variável em nível estadual e não microrregional su gerese a busca de dados em menor dimen são microrregional para aproximar os esti madores Além disso como foi utilizada uma série de corte diversas variáveis exógenas não puderam ser utilizadas tais como o câmbio o efeito dos anos eleitorais das ta xas de juros dos preços dos produtos agríco las entre outros Por isso sugerese estrutu 42 Rev Bras Pesq Tur São Paulo 123 pp 2346 setdez 2018 Gazoni J L Brasileiro I L G O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia uma análise multivariada rar dados em painel para melhorar a repre sentatividade dos estimadores Por fim podese sugerir que o turismo é uma boa estratégia de conservação regio nal em longo prazo Entretanto como seus impactos socioambientais locais podem ser indesejáveis e muitas vezes graves é impe rativo que as políticas de desenvolvimento do turismo incorporem as preocupações com essas externalidades já que na Amazônia a sustentabilidade se tornou a própria finali dade do desenvolvimento em si REFERÊNCIAS Adeney J M Christensen Jr N L Pimm S L 2009 Reserves protect against deforestation fires in the Amazon PLos One 44 50145026 Albagli S 2001 Amazônia fronteira geopolítica da biodiversidade Parcerias Estratégicas 126 6 11 Almeida A W D Marin R A 2010 Campa nhas de desterritorialização na Amazônia o agrone gócio e a reestruturação do mercado de terras In Bolle W de Castro E Eds Amazônia região universal e teatro do mundo São Paulo Globo p 141159 Almeyda A Broadbent E Wyman M S Du rham W H 2010 Ecotourism impacts in the Ni coya Peninsula Costa Rica International Journal of Tourism Research 126 803819 Andersen L E Granger C W Reis E J Weinhold D Wunder S 2002 The dynamics of 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