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Desenvolvimento Econômico

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v7 n 2 dez 2013 51 A mecânica da localização da atividade econômica Stanley Wagner Lins dos Santos1 André Maia Gomes Lages2 Introdução Os espaços destinados à atividade econômica desempenham papeis importantes no que tange as questões do desenvolvimento já que tais loca lidades estão sujeitas a forças semelhantes às da famosa lei da ação e reação proposta em física por Newton 1687 em que Toda ação provoca uma reação de igual intensidade mesma direção e em sentido contrário Segundo Fujita Krugman e Venables 2002 a economia convencional tem tradicionalmente deixado de lado ou dado pouca importância às questões relativas a localização da atividade econômica e desta forma pouca atenção têm sido dada ao papel desempenhado pelas forças de interação entre as unidades produtivas e as famílias Essa questão já foi e é motivo de algumas observações a alguns bancos de desenvolvimento que em seu papel de garantir uma distribuição mais equitativa de recursos e compensar as falhas de mercado não considera a localização de recursos mas apenas a perspectiva setorial 1 Mestre em Economia aplicada pela Universidade Federal de Alagoas UFAL professor do curso de Engenharia de produção da Facultade de Tecnologia de Alagoas FATUFAL Email stanleyipcs3 hotmailcom 2 Professor doutor da Feac e do curso de mestrado em Economia aplicada da UFAL Email andre lagesmsncom NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 51 200215 1514 52 Nexos Econômicos CMEUFBA Historicamente podese também evidenciar que mesmo de forma incipiente Perroux 1967 abordou as questões relevantes a respeito das forças que interagem na localização da atividade econômica em um plano denominado espaço econômico este sendo passível de vetores de atração e repulsa sendo cada centro ao mesmo tempo produto destas forças tendo seu próprio campo invadido pelo campo de forças de outros centros Considerada como centro a empresa liberta forças centrífugas e forças centripetas Atraí ao seu espaço vulgar homens e coisas concentrações materiais e de pessoas em torno da empresa ou afastaos dele afastando as atividades turísticas terrenos re servados para uma atividade ulterior etc Atrai os elementos económicos ofertas e procuras ao seu espaço de plano ou afastaos dele PERROUX1967 p 151 De certa forma mesmo que à margem do debate acadêmico essas questões vem sendo ao longo dos anos motivo de preocupação por parte de muitos produtores Mesmo que nem sempre acompanhada da cons ciência de uma visão mais técnica A distribuição espacial dos recursos e o estado das diversas técnicas produtivas vigentes na economia influenciam fortemente a localização das atividades econômicas Segundo Clemente e Higashi 2000 a teoria da localização se insere em um contexto dinâmico e não estático em virtude das diversas empresas existentes considerarem a mobilidade geográfica como questão relevante alterando a localização da sua própria matriz ou deslocando estrategicamente novas filiais no território geográfico Assim sendo o espaço econômico ultrapassa os limites e fronteiras geográficas a partir de sua influência sobre a alocação dos recursos pos suindo grande importância no cerne da questão fundamental do desen volvimento regional pois saber por que as empresas se localizam em determinada área é também responder por que determinadas localidades geográficas influenciam tanto estas escolhas e neste caso além do espaço geográfico está a noção de espaço econômico como um conjunto de forças que atraem ou repulsam determinadas atividades sejam elas de ordem financeira por exemplo a renda per capita sejam elas de ordem estrutural os investimentos no setor produtivo estradas e rodovias ou sejam elas de ordem geográfica ou natural distância a centros consumidores ou a fontes de materiasprimas NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 52 200215 1514 v7 n 2 dez 2013 53 Portanto o presente ensaio esta dividido em 5 partes a seção 2 onde será efetuada uma breve revisão a respeito das teorias locacionais deno tando uma certa atenção à influência dos custos de transporte sobre a teoria locacional a seção 3 discutirá o modelo proposto por Von Thünem de localização agrícola a seção 4 abordará o modelo de Weber resumindo de forma clara e objetiva suas principais implicações enquanto que a seção 5 iniciará com uma abordagem econométrica tratando os dados das séries temporais de monocloreto de vinila MVC e dicloroetano EDC gentilmente fornecidos pela Braskem SA para modelagem econométrica a respeito de suas relações intrínsecas com a localização industrial dentro da abstração proposta As teorias da localização da atividade econômica Por localização da atividade econômica entendese que corresponda a realização objetiva dos fluxos produtivos em determinada localidade Tais fluxos produtivos representam empreendimentos que ao se fixar em determinado espaço geográfico ou no entorno deste exerce grande influência sobre a economia local seja como vetor de desenvolvimento ou como vetor de bem estar para a sociedade devido ao acesso a bens e mercadorias que antes estariam condicionados a grandes deslocamentos ou a custos adicionais referente a tarifas de transporte por exemplo Não obstante a necessidade de se explicar as concentrações popula cionais e da atividade econômica é comumente delineada em um campo teórico conhecido como geografia econômica Fujita Krugman e Venables 2002 definiram que as concentrações da atividade econômica que se forman e sobrevivem devido a alguma forma de economia de aglomeração na qual tal concentração espacial em si cria um ambiente favorável a ativida de econômica sustentam uma concentração destas atividades ainda maior ou continuada Tal aspecto reforça a ideia lançada no escopo desse artigo as forças exercidas pela localização de determinada atividade econômica em meio a um espaço geográfico lançam sobre esse uma força de reação capaz de mobilizar novos arranjos produtivos interdependentes que se reforçam NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 53 200215 1514 54 Nexos Econômicos CMEUFBA mutuamente em sua rede de influências transpondo muitas vezes os limites geográficos regionais Desta forma nessa presente seção se fará breve alusão ao campo teó rico que de forma crível iniciou os primeiros passos nesta árdua trilha de desmistificar os aspectos inerentes à localização da atividade econômica sendo assim esta teoria subdividese em dois grupos principais segundo Haddad e colaboradores 1989 as teorias que consideram os mercados consumidores puntiformes e as teorias que consideram os consumidores dispersos em areas de mercado de diversos tamanhos No primeiro grupo citado no parágrafo anterior estão as contribuições seminais de Alfred Weber e Johann Heirich Von Thünem Já na corrente adepta ao segundo grupo também conhecida por considerar áreas de mercado em seus pressupostos estão August Lösh Harold Hotelling Tord Palander Frank A Fetter C D Hyson W P Hyson e Edgar M Hoover Ainda considerando o artigo cujo titulo é As teorias da localização e a organização espacial da economia HADDAD et al 1989 as outras con tribuições que vieram posteriormente neste campo teórico correspondem a Walter Isard Leon N Moses e David H Smith Além de delimitar um campo bastante vasto da teoria da localização da atividade econômica mesmo que de forma incipiente este artigo visa fornecer um modelo que possa contribuir de algum modo para o enten dimento do por que determinada atividade se localiza em determinada região Dessa forma dada a proximidade com o campo teórico ortodoxo do modelo a ser proposto irá se considerar para efeito da continuidade dos tópicos posteriores as contribuições de Alfred Weber e Von Thünem Ao passo que as teorias da localização presentes no primeiro grupo as que consideram mercados puntiformes têm como fator relevante a análise geral da influência dos custos de transporte sobre a decisão locacional tornase imprescindível analisar a metodologia por trás dos aspectos ine rentes aos custos de transporte Estes constam basicamente em uma ampla gama de modelos locacionais a partir das tarifas constantes e das tarifas não proporcionais implicitamente tais modelos remetem as seguintes con dições de causalidade a maior distância corresponde a um maior custo e b a localização através da orientação pelo transporte visa minimizar tais custos em detrimento da demanda para o produto final Portanto por tarifas constantes ou proporcionais entendemse aquelas que elevam seu valor em magnitudes correspondentes a elevação das distâncias percorridas com a curva de custos de transporte podendo então ser representada por uma simples função homogênea de grau 1 NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 54 200215 1514 CTCTrx 1 onde CT corresponde ao custo total de transporte réa tarifa por quil6metro percorrido e x a distancia a ser percorrida Observase a adCcT também que ao derivarmos CT com relacao a x obtemos r x Ja as tarifas nao proporcionais as que decrescem com aumento da distancia nao denotando uma relacao linear com a mesma apresentam um formato curvilineo no qual as tangentes a curva de custos de transporte que igualam as respectivas tarifas diminuem gradativamente ao longo de determinado percurso Figura 1 Custos de transporte com tarifas constantes e tarifas nado proporcionais CT Ct E oS n S n a ol g Xx Fonte Haddad e colaboradores 1989 Ainda levando em conta a orientacao pelo transporte os custos deter minantes em estruturas industriais sao os inerentes as tarifas nado propor cionais porém tambem se faz necessario voltar a atencao para outros tipos de custos os decorrentes das manobras de carregamento transbordo e recepcao das materias primas e dos produtos Tais custos tem sua natureza abstrata fixa e sao Comumente conhecidos como custos terminais v7n 2 dez 2013 55 56 Nexos Econômicos CMEUFBA O modelo de Von Thünem Embora o modelo a ser abordado na presente seção não se refira prioritariamente à localização industrial e sim à localização agrícola entender a dinâmica por trás do mesmo será de primordial importância para a reflexão sobre a modelagem proposta no presente artigo E ainda conforme ressaltou Clemente e Higashi 2000 pelo fato de ter sido ponto de partida para vários autores da localização industrial bem como por encontrar ainda varias aplicações especialmente em economia urbana este modelo merece ser examinado mesmo que resumidamente Von Thünem em seu modelo do uso da terra pressupôs a existência de uma cidade isolada abastecida por fazendeiros da zona rural que a circundava supondo também existir diferentes tipos de rendimentos para as plantações sejam eles por hectare plantado ou por custos de transporte Ele visualizou também a possibilidade de diferentes intensidades de cultivo Vêse também que de acordo com Fujita Krugman e Venables 2002 Von Thünen fez duas perguntas antes de desenvolver o modelo e que podem parecer muito diferentes a como as terras que ficam em torno das cidades deveriam ser alocadas para minimizar os custos combinados de produzir e transportar determinado suprimento de alimentos para a cidade Como a terra realmente seria alocada se houvesse uma concorrência não plane jada entre colonos e proprietarios de terras com cada individuo agindo de acordo com seu próprio interesse As respostas para as questões levantadas no parágrafo anterior tiveram seu desenvolvimento a partir do pressuposto que as terras possuem uma superfície uniforme e mesma fertilidade a mão de obra apresenta as mesmas qualificações e custos e a produção possui como finalidade abastecer um mercado central único Vale ressaltar que é importante notar que as regiões agricolas neste caso para efeito de simplificação do modelo apresentam o fenômeno da isotropia são estas tidas como homo gêneas apresentando as mesmas propriedades independente da direção CLEMENTE HIGACHI 2000 Sendo assim podese resumir o entendimento sobre as principais características do modelo analisando o ensaio gráfico a seguir extraído de Fujita Krugman e Venables 2002 em que a parte superior da Figura 2 mostra as curvas de aluguel proposto no equilíbrio o aluguel que os colonos estariam dispostos a pagar em qualquer distância determinada da cidade para três plantações A linha grossa o envelope das curvas de alugueis propostas define o gradiente do aluguel Observase também que NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 56 200215 1514 v7 n 2 dez 2013 57 ao longo de cada seguimento os produtores estariam dispostos a pagar mais por determinada área de cultivo que outros obtendose assim aneis concêntricos de cultivo Figura 2 Curvas de aluguel proposto e uso da terra Fonte Fujita Krugman e Venables 2002 Por fim nesta seção podese inferir sobre a observação gráfica que o que diferem as culturas que se localizam nos anéis mais próximos das que se localizam mais afastadas das cidades é a possibilidade de auferição de maior lucro bruto fator este que condiciona estas culturas a serem mais nobres que as demais À medida que as áreas mais afastadas são ocupadas os custos de transporte sofrem uma elevação o que representa uma diminuição do lucro líquido tornando vantajosa a substituição de culturas mais nobres por culturas menos nobres NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 57 200215 1514 58 Nexos Econômicos CMEUFBA O modelo de Weber A teoria proposta por Alfred Weber 1969 tem como finalidade res ponder onde se localizará determinada atividade industrial e para tal ele propôs a existência de uma superfície geográfica plana e homogênea em que existiam tarifas de transportes constantes em todas as direções Além de que considerou a existência de alguns centros consumidores e um número limitado de matériasprimas Outro aspecto que merece atenção é que segundo Haddad e colaboradores 1989 A teoria weberiana de localização visa responder onde se localizará uma dada atividade industrial ao contrário da teoria da localização agrícola de Von Thünem que procura responder quais as atividades que deverão se localizar em um dado sítio Assumindo que alguns fatores influenciam a decisão locacional para a indústria tais como os custos de transporte custos de mão de obra e custos de aglomeração e desaglomeração Weber definiu alguns pressupostos como hipóteses validativas de seu modelo a fontes de matériasprimas como sendo locais conhecidos e em número limitado b mercados con sumidores como locais conhecidos e em número limitado e c mercados consumidores sendo pontos do espaço onde existem concentração de consumidores Por conseguinte tomando a análise sobre este modelo desenvolvida didaticamente por Souza 2009 a empresa busca minimizar custos sejam eles salariais ou de transporte de matériasprimas e de produtos acabados E segundo o mesmo autor existem na analise weberiana cinco situações possíveis a custos saláriais constantes a localização ótima é a que minimiza os custos de transporte b custos salariais variáveis e custos de transporte sem diferenças relevantes de um local para o outro a empresa escolherá o local de menor custo salarial c variáveis os custos salarias e os de transporte o somatório de to dos os custos indicará a localização de menor custo d variáveis os custos com a mão de obra e os custos de transporte com a incidência de economias de aglomeração a localização ótima se dará no mercado consumidor relevante NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 58 200215 1514 v7 n 2 dez 2013 59 e localização livre as indústrias se instalam em qualquer lugar por utilizarem matérias primas e trabalhadores disponíveis em todas as partes ao mesmo custo e qualificação Assim sendo o entendimento da dinâmica do modelo locacional de Weber pode darse através de algumas simplificações que não compro metem o desenvolvimento deste trabalho mais precisamente a analise da próxima seção deste artigo Assumindo a existência de duas fontes de matérias primas M1 e M2 o mercado de consumidores dado por C e utilizandose o ferramental proposto na teoria weberiana o triângulo locacional e as mesmas tarifas de transporte para as matérias primas e para o produto final a localização ótima será influenciada pelos centros consumidores e pelo volume de carga a ser transportada conforme a Figura 3 seguinte Figura 3 Triângulo locacional Fonte Haddad e colaboradores 1989 Desta forma cada ponto C M1 e M2 exerce uma força em sua direção proporcional ao peso por unidade do produto final a ser transportado para o local de produção e do local de produção para o mercado e neste caso a localização ótima minimiza os custos de transporte no ponto P em que é mínimo o total Tkm transportado Portanto ao passo que se fez uma revisão das teorias da localização da atividade econômica que podem agregar algum valor para o presente ensaio no próximo tópico será proposto um modelo para localização da NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 59 200215 1514 60 Nexos Econômicos CMEUFBA atividade econômica a partir da utilização de séries temporais de produção de monocloreto de vinila e consumo de matériaprima dicloroetano da Braskem SA empresa constituinte do polo químico do distrito de Marechal Deodoro munícipio de alagoas evidenciando a característica principal desta atividade produtiva que é a localização para a fonte de matéria prima que além de considerar o aspecto das tecnologias de transporte deve também considerar os impactos relativos à abundância de mão de obra qualificada O modelo proposto e aplicação Embora possa parecer um tanto trivial a análise seguinte constante no presente tópico visa abstrair da utilização de um modelo bastante visitado em economia e que teve grande aplicação nas teorias do crescimento econômico principalmente Solow 1956 e Swan 1956 Tratase da uti lização da função CobbDouglas mais precisamente aplicada ao cenário da localização da planta produtiva de monocloreto de vinila da Braskem SA e da localização de outra planta complementar a esta a fábrica de dicloroetano também pertencente a Braskem SA Por conseguinte pretendese verificar o porquê da localização da unidade produtiva de MVC nas proximidades da unidade produtiva de dicloroetano qual grau de correlação existe entre estas unidades que as fazem ser complementares entre si e que influência gradativamente há em seus processos produtivos Sendo assim por se tratar da utilização de dados produtivos como proxys para a localização das respectivas fábricas no modelo proposto será adotada a hipótese simplificadora de que as quantidades discretas representando a realização aleatória dos fluxos produtivos irão quantificar a unidade produtiva efetivamente instalada o que pressupõe que aumentos nas quantidades produtivas resultam de incrementos de capital físico mais precisamente instalação de novas fábricas ou incrementos na produção da fábrica anterior consubstânciando um motor do desenvolvimento para a localidade Então parece coerente iniciar a modelagem a partir da análise dos dados tomando o que em economia tornouse bastante difundido nas análises de séries temporais Assim iniciar visualizando os padrões esto cásticos presentes nos dados disponíveis trará alguma utilidade para os fins propostos o que tornará a análise posterior do modelo mais consistente com seus respectivos parâmetros estimados NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 60 200215 1514 v7 n 2 dez 2013 61 A análise do gráfico seguinte para os dados de produção de dicloroe tano EDC denotado por QE e monocloreto de vinila MVC denotado por QM fornecidos gentilmente pela Braskem SA para o período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006 totalizando 60 observações fornecerá material suficiente para a digressão a que se deseja chegar nesse ensaio Figura 4 Série MVC X EDC Fonte Elaborado pelos autores com o software Eviews utilizando dados gentilmente cedidos pela Braskem SA Observase claramente uma tendencia estócastica nos dados em questão instigando a suspeitar que tais dados tratem de um passeio alea tório o que obriga efetuar uma análise mais apurada dos mecanismos geradores das séries temporais em estudo Antes de iniciar porém esta etapa podese tirar algumas conclusões a respeito do gráfico em questão e uma delas é o ponto chave da presente análise Verificase que mesmo nos pontos cujo efeito inlier é demasiado existente ou seja os pontos de vale da presente linha de tendência vêse que ambas as curvas possuem comportamento extremamente semelhante o que leva a imaginar que a realização objetiva dos fluxos desta produção é extremamente influenciada pela realização dos fluxos produtivos da cadeia do dicloroetano A partir de agora a presente análise tomará um rumo um tanto formal utilizarseá o correlograma e os teste de DickeyFuller aumentado para NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 61 200215 1514 62 Nexos Econômicos CMEUFBA verificar os padrões das séries estudadas para posterior modelagem por mínimos quadrados ordinários Vale ressaltar que o conceito de passeio aleatório que difere de processos estacionários ocorre quando ou a média ou a variância ou a autocovariância dos dados em questaõ não são dadas constantes ou seja tomando uma função descrita por Yt β1 β2t ρYt1 ut Observase que se β1 β1t 0 e se ρ 1 em valor absoluto então a série temporal de Yt será estacionária em sentido amplo ao passo que tomandose a suposição que o valor inicial de Y Y 0 é zero ρ 1 e ut um termo de erro de ruído branco denotado por ut IIND 0 σ² distri buído de modo idêntico e independente como uma distribuição normal com média zero e variância constante unitária seguese que EYt 0 e varYt 11 Φ² atendendo aos pressupostos de estacionariedade fraca com média variância e autocovariância constantes em diferentes defasagens Porém se β1 β2t 0 e ρ 1 o modelo em questão será um processo estocástico ARn pois será preciso diferenciar N vezes o modelo para tornálo estacionário a mesma concepção pode ser adotada se β2t 0 ρ 1 A modelagem em questão é conhecida como modelo de passeio aleatório com tendência estocástica Desta forma analisando a função correlograma dos valores em nível das séries em estudo demonstrada na Tabela 1 a seguir podese concluir que ao longo de aproximadamente 6 defasagens a função de autocorre lação parcial pode parecer estatisticamente diferente de zero em ambos os casos dando indícios de que podem se tratar de séries temporais cons tituintes de passeios aleatórios NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 62 200215 1514 v7 n 2 dez 2013 63 Tabela 1 Correlograma em nível para as séries temporais de QM e QE Fonte Elaborado pelos autores A contraprova a respeito da análise das propriedades constituintes da amostra selecionada pode ser dada através do teste de DickeyFuller que considera um processo de raiz unitária para verificar se determinada série apresenta ou não o fenômeno do passeio aleatório Vale também ressaltar que no caso da seguinte analise resguardando possíveis existências de autocorrelação serial nos resíduos estará se fazendo uso do teste de Dickey Fuller em sua versão aumentada o que nada mais é do que considerar um mecanismo para correção deste viés de correlação dos resíduos do modelo NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 63 200215 1514 64 Nexos Econômicos CMEUFBA a partir da utilização dos valores defasados da variável dependente Yt Portanto seguese que ΔYt β1 β2t δYt1 αi ΔYti ut onde ut é um termo de erro de ruído branco puro e ΔYt1 Yt1 Yt2 e ΔYt2 Yt2Yt3 etc correspondem ao número de termos de erro defasados a serem incluídos no modelo e é definido empiricamente podendo recorrer aos critérios de informação de Akaike AIC e Schwartz BIC sendo uma boa prática utilizar dados suficientes para que o termo de distúrbio não apresente correlação serial tomando certo cuidado pois uma limitação do teste é que muitas defasagens reduzem o poder do mesmo Outra observação importante é que no teste ADF continua a se testar se δ 0 seguindo a mesma distribuição assintótica que a estatística DF de modo que podem ser utilizados os mesmos valores críticos Na Tabela 2 observase que aos níveis de 1 5 e 10 o valor da estatística calculada é inferior em valor absoluto ou menos negativo que os valores das estatísticas tabeladas nos casos de QM e QE o que denota claramente que o mecanismo gerador das séries em questão se trata de passeios aleatórios Desta forma tornase necessário remover esta tendência aleatória para posterior modelagem não apresentar parâmetros viesados Para isso o que comumente se faz é tirar as primeiras diferenças das séries de tempo estudadas o que poderá ser visto no teste ADF DickeyFuller aumentado da Tabela 3 Verificase então na Tabela 3 que ao tirar as primeiras diferenças das séries temporais de QE e QM obtêmse processos estacionários ou seja mecanismos em que a média a variância e a autocovariância são constantes ao longo de todas as defasagens podendo os dados portanto serem modelado nos fins propostos dentro deste capítulo O modelo a partir de agora a ser desenvolvido tomará como pressu posto simplificador que cada fluxo produtivo QM e QE corresponderá ao capital efetivamente destinado à produção assim incrementos em QE em detrimento a QM constituem na presente análise incrementos de capital produtivo o que de certa forma equivale dizer que aumentos na quan tidade ofertada de insumo dicloroetano atraem aumentos na quantidade produzida de monocloreto de vinila e dada a característica intrínseca desta indústria a localização de capital produtivo de QM próximo ao capital produtivo de QE Sendo assim a função produtiva abaixo toma a forma QM fQE βLλIt β NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 64 200215 1514 v7 n 2 dez 2013 65 Observase então que incrementos na tecnologia dos transportes de matériasprimas da indústria química correspondendo a It β afastam a localização das unidades geradoras de derivados petroquímicos destas pelo simples fato de rompimento da causalidade oriunda da necessidade de se instalar no entorno das fontes de matériaprima em virtude da não existência de tecnologia adequada ao transporte químico sem incorrer em riscos a população e ao meio ambiente e incrementos na oferta de mão de obra qualificada para produção nestas firmas Lλ atraem a localização das mesmas para localidade onde este fator é abundante Linearizando a função para fins de modelagem obtêmse que InQM InQE β InLλ It β Aplicando algumas propriedades logarítmicas vêse que InQM βInQE λInL βIt Tabela 2 Teste DickeyFuller para QM e QE t Statist ic Prob t Statist ic Prob Augmented DickeyFuller test statistic 0192 558 0738 6 Augmented DickeyFuller test statistic 0157 454 0728 1 Test critical values 1 level 5 level 10 level 2605 442 1946 549 1613 181 1 level 5 level 10 level 2605 442 1946 549 1611 381 Variable Coeffi cient Std Error t Statisti c Prob Variable Coeffi cient Std Error t Statisti c Prob QM1 DQM1 00042 04 0611 651 002183 2 010723 6 01925 58 5703 807 08480 00000 QE1 DQE1 00033 21 01077 43 002109 2 010774 3 01574 54 5616 991 08755 00000 Rsquared Adjusted R squared SE of regression Sum squared resid Log likelihood 0368980 0357711 2744634 422E08 5404902 Mean dependent var SD dependent var Akaike info criterion Schwarz criterion Durbin Watson stat 1268966 3424675 1870656 1877761 2319281 Rsquared Adjusted R squared SE of regression Sum squared resid Log likelihood 0361878 0350483 2196754 270E08 5275755 Mean dependent var SD dependent var Akaike info criterion Schwarz criterion Durbin Watson stat 9672414 2725751 1826122 1833227 2336862 Fonte Elaborado pelos autores NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 65 200215 1514 66 Nexos Econômicos CMEUFBA Tabela 3 Teste DickeyFuller em primeira diferença para QM e QE t Statist ic Prob t Statist ic Prob Augmented DickeyFuller test statistic 8879 456 0000 0 Augmented DickeyFuller test statistic 4948 967 0000 0 Test critical values 1 level 5 level 10 level 2606 163 1946 654 1613 122 Test critical values 1 level 5 level 10 level 2612 033 1947 520 1612 650 Variable Coeffi cient Std Error t Statisti c Prob Variable Coeffi cient Std Error t Statisti c Prob DQE1 DQE12 2053 151 02810 73 023122 5 012948 0 8879 456 21707 79 00000 00343 DQM1 DQM12 6205 688 42614 47 125393 6 118398 4 4948 967 35992 44 00000 00009 Rsquared Adjusted R squared SE of regression Sum squared resid Log likelihood 0817434 0814114 2121377 248E08 5164713 Mean dependent var SD dependent var Akaike info criterion Schwarz criterion Durbin Watson stat 2561404 4920335 1819198 1826366 2073256 Rsquared Adjusted R squared SE of regression Sum squared resid Log likelihood 0862839 0836076 2336658 224E08 4538095 Mean dependent var SD dependent var Akaike info criterion Schwarz criterion Durbin Watson stat 289200 5771310 1851238 1885654 2041399 Fonte Elaborado pelos autores Considerando por hipótese que a oferta de mão de obra disponível para a indústria química é perfeita e homogênea ao longo de todo o espaço econômico e que a tecnologia do transporte é perfeitamente homogênea e constante então os fluxos de Itβ e Lλ se anulam por pressuposto desta forma a análise podese concentrar nas relações existentes entre QM e QE Utilizando o software Eviews 5 pôdese verificar a modelagem de QM como função de QE para o conjunto de dados observados 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 026 019 1047𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 002 R² 097 Ao atribuir valores de quantidades produzidas de MVC para QM e quantidades produzidas de EDC para QE com o intuito de que estas variá veis representassem proxys das respectivas capacidades instaladas destas duas fábricas ou seja mais precisamente o capital produtivo Ousouse modelar após analisar a conjuntura dos dados em questão e verificar que os mesmos representam alguma relação de causalidade e pôdese ver ao NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 66 200215 1514 v7 n 2 dez 2013 67 inferir por hipótese inexistência de tecnologia de transportes e de mão de obra perfeitamente homogênea em todas as localidades que esta função passa a ser puramente uma relação entre QM e QE definindo que quanto maior a disponibilidade de QE maior força de atração é exercida forçando assim QM a se instalar em suas redondezas o que de fato é comprovado em virtude do grau de relação de significância estatística Assim verificase que a estatística t para β apresenta valor em módulo igual a 51 aceitando a hipótese de que QE força QM a se instalar em suas proximidades e como se suspeitou o parâmetro de intercepto C apresenta estatística t de 138 o que em outras palavras quer dizer que estatisticamente podese rejeitar C como fator influenciador da localização de QM isto é no intercepto C QE iguala a zero e neste caso não há razão para QM se instalar na localidade podendo migrar para outras regiões abundantes em QE e por conseguinte os dados representam como já frisado um bom ajustamento ao modelo o que é evidenciado por R² em torno de 097 Conclusão Os determinantes da instalação de dado processo produtivo ou de seu grau de correlação com as variáveis econômicas no mundo real são fáceis de abstrair porém ao inferiremse dados aleatórios com o intuito de obter respostas sobre até que ponto uma variável pode ser influenciada por outra levando em consideração simplificações algébricas podemse obter de certa forma resultados catastróficos Contudo ao se achar o conjunto proxy correto de informações para o modelo ou se chegar o mais próximo possível deste a potencialidade das observações acerca do que foi desenvolvido vem e muito contribuir para inferências futuras e deste modo aproximam cada vez mais o pes quisador dos resultados satisfatórios das respostas coerentes e da maior aplicabilidade prática Portanto embora o modelo proposto possa representar apenas uma semente plantada neste horizonte de fertilidade conhecido como teoria locacional e podendo o mesmo ser um tanto incipiente acreditase que se cumpriu o papel a que foi posto desenvolveuse uma modelagem teórica capaz de fazer emergir algumas reflexões e dentre as quais o grau de correlação entre as variáveis de capital produtivo das firmas como forças de atração locacional e o grau de dispersão provocado por aumentos na tecnologia dos transportes ou o grau de coesão provocado por determi nada concentração de conhecimento humano em determinada localidade NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 67 200215 1514 68 Nexos Econômicos CMEUFBA As inferências discriminadas podem ser evidenciadas quando posto em aplicabilidade o modelo em que se verificou que QM é influenciado por QE ao se por em prática a análise de regressão simples com apenas duas variáveis se houvessem sido utilizadas também variáveis proxys ade quadas para Lλ e It β as conclusões a que se teriam chegado contribuiriam ainda mais com as hipóteses nulas e alternativas do modelo existência de forças locacionais ou de dispersão econômica para a indústria química e petroquímica Referências ANDRADE J S Apontamentos de Econometria Aplicada Lisboa Ed Texto 2001 CUNHA M S Raiz Unitária e Cointegração teorias e aplicações Sl sn 2006 FUJITA M KRUGMAN P VENABLES A J Economia Espacial urbanização prosperidade econômica e desenvolvimento humano no mundo São Paulo Futura 2002 GUJARATI D Econometria Básica 4 ed Campus Rio de janeiro 2006 HADDAD P R et al Economia Regional teoria e métodos de análise Fortaleza BNB 1989 CLEMENTE A HIGACHI H Y Economia e Desenvolvimento Regional São Paulo Atlas 2000 LUCAS R E On The Mechanics of Economics Development Journal of Monetary Economics v 22 n 1 p 342 July 1988 NEWTON I Philosophiae naturalis principia mathematica Londres Imprimatur 1687 PERROUX F A Economia do Século XX Lisboa Liv Morais 1967 PINDICKY R S RUBINFELD D L Econometria modelos e previsões 4 ed Rio de janeiro Campus 2004 QUANTITATIVE MICRO SOFTWARE Eviews Users Guide Irvine Califórnia QMS 1998 371p SOARES I G CASTELAR I Econometria Aplicada com Uso do Eviews Fortaleza UfcCaen 2003 NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 68 200215 1514 v7 n 2 dez 2013 69 SOLOW R M A Contribuition To The Theory of Economic Growth Quartely Journal of Economics Cambridge v 70 n 1 p 6594 Feb 1956 SOUZA N Desenvolvimento Regional São Paulo Atlas 2009 SWAN T W Economic Growth and Capital Acumulation Economic Record v 32 n 2 p 3461 Nov 1956 WEBER A Theory of the location of industries Chicago Chicago UP 1969 NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 69 200215 1514 NEXOSECONOMICOSV7N22013Mioloindb 70 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