Ar condicionado: Ciclo vicioso

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O ar condicionado era visto como um luxo, acredita nisso? Ou uma necessidade restrita aos climas desérticos. No entanto, devido às alterações climáticas, temos vistos que as temperaturas médias estão aumentado (e muito, estamos em uma segunda onda de calor no período de 45 dias, e nem chegamos no verão). Como resultado, agora, será o ar condicionado uma necessidade essencial? (SIMMMMM).

ar condicionado
O paradoxo do Ar condicionado, a questão do egoísmo, “friozinho” para mim, quente para fora!

No Brasil, o uso de ar condicionado tem aumentado, especialmente em áreas urbanas e regiões mais quentes. O aumento da urbanização e a melhoria das condições econômicas podem contribuir para esse aumento, já que mais pessoas têm acesso a esses aparelhos. O uso extensivo de ar condicionado, no entanto, também pode ter impactos ambientais significativos.

Assim como nos Estados Unidos e Europa, o uso generalizado de ar condicionado contribui o aumento das emissões de gases de efeito estufa e assim com as mudanças climáticas. Além disso, esses sistemas consomem quantidades substanciais de eletricidade, superando outros eletrodomésticos residenciais em consumo, e contribuem proporcionalmente para as emissões. Dessa forma, a solução aparentemente simples de aumentar o resfriamento em ambientes domésticos pode agravar os problemas ambientais.

O Brasil tem enfrentado desafios ambientais significativos, incluindo o desmatamento da Amazônia e mudanças climáticas. A conscientização sobre a importância da sustentabilidade e a busca por alternativas mais ecológicas podem influenciar as práticas de consumo de energia no país.

Vamos entender o problema do ar condicionado

O impacto ambiental do ar condicionado não se limita apenas ao consumo excessivo de energia nos lares. Nos veículos, a utilização do ar condicionado resulta em uma queima adicional de combustível, intensificando a emissão de gases de efeito estufa. Com a crescente demanda por sistemas de resfreiamento, não apenas no Brasil mas no mundo inteiro, estima-se que, em três décadas, a energia destinada ao resfriamento irá superar a energia utilizada para o aquecimento nos países que precisam (aquelas fora da zona tropical.

Mas o que é esse ciclo vicioso?

O ar condicionado contribui diretamente para o aumento do calor na atmosfera. Semelhante a um frigorífico, ele extrai calor do interior de edifícios ou veículos, transferindo-o para o ambiente externo, o que, por sua vez, eleva as temperaturas urbanas em até 2ºC durante a noite. Esse fenômeno cria um ciclo, levando as pessoas a intensificarem ainda mais o uso do ar condicionado.

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O próprio fundamento do funcionamento o mostra como aumenta a temperatura atmosférica! Imagina o que acontece em grandes centros urbanos?

No entanto, há mais um componente agravante. Os sistemas de ar condicionado fazem uso de potentes gases com efeito estufa, conhecidos como hidrofluorocarbonetos (HFC), cuja capacidade de retenção de calor é milhares de vezes superior à do dióxido de carbono. Esses gases, liberados principalmente por veículos, contribuíram para um aumento de mais da metade nas emissões globais de HFC entre 2007 e 2012, agravando ainda mais o ônus das mudanças climáticas.

À medida que o clima se aquece, a demanda por resfriamento se intensifica, criando assim um círculo vicioso preocupante. O desafio reside em encontrar soluções sustentáveis para o conforto térmico, equilibrando-o com a necessidade premente de mitigar os impactos ambientais adversos.

Coletivamente, essa tendência terá um impacto significativo no consumo global de energia. A procura por ar condicionado deve triplicar até 2050, demandando capacidade elétrica adicional equivalente à capacidade combinada dos Estados Unidos, União Europeia e Japão. A Agência Internacional de Energia Briânica, alertou uma possível “crise fria”, destacando os desafios que esse aumento na demanda pode impor às redes elétricas.

O condicionador e ventiladores aumentaram o consumo elétrico

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Sistema de condesadores de ar condicionado sistema HVAC, mesmo sendo um pouco melhor que os individuais, imagina quantos prédios tem e o quanto isso altera o micro-clima local.

Atualmente, os sistemas de ar condicionado e ventiladores já representam aproximadamente 10% do consumo total de eletricidade no Brasil. Entretanto, no Brasil, esses dispositivos apresentam desafios específicos para as redes elétricas, que não são muito boas.

Cada nova unidade de ar condicionado adquirida no país contribuirá para as emissões, seja devido ao dióxido de carbono proveniente da matriz elétrica (a menos que seja proveniente de fontes limpas, o que não é acessível) ou devido ao vazamento de refrigerantes em unidades individuais. No entanto, à medida que o Brasil enfrenta o aumento das temperaturas, a crescente demanda por ar condicionado em regiões mais quentes estabelece um ciclo vicioso.

Mas todos tem acesso ?

O acesso ao ar condicionado, nesse contexto, intensifica as injustiças associadas às mudanças climáticas. Pessoas de baixa renda, que emitem menos carbono, são simultaneamente as mais vulneráveis aos impactos do aquecimento.

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Uma vista normal! Quem passa por uma rua dessas sabe o calor que faz!

Enquanto os mais abastados têm a capacidade de buscar conforto por meio da aquisição desses sistemas, as soluções para esse dilema, como edifícios mais eficientes e unidades de ar condicionado mais sustentáveis, ainda estão distantes da perfeição.

A atual corrida ao ar condicionado no Brasil destaca de maneira visível a urgência da adaptação às mudanças climáticas, e a redução das emissões neste momento pode contribuir para atenuar a futura dependência de ar condicionado.

Ar Condicionado e o Ozônio

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Sim, fica mais “fresquinho” no meu AP… mas e o resto?

Os aparelhos de ar condicionado aquecem diretamente para as alterações climáticas, liberando gases com efeito de estufa que destroem a camada de ozônio. Embora o Protocolo de Montreal tenha proibido o uso de CFCs, os aparelhos de ar condicionado ainda utilizam refrigerantes hidrofluorocarbonetos (HFC). Esses refrigerantes podem vazar até 10% a cada ano. E se não descartarmos as unidades antigas, os refrigerantes poderão ser totalmente liberados na atmosfera.

O refrigerante mais comum usado em aparelhos de ar condicionado é o HFC conhecido como R-410A, um gás de efeito estufa mais de 2.000 vezes mais potente que o dióxido de carbono. Eliminar os HFCs da mesma forma que eliminamos os CFCs há uma geração poderia evitar até 0,5ºC de aquecimento no próximo século. O que nos faria alcançar um terço dos objetivos do Acordo Climático de Paris (1,5ºC).

Ar Condicionado e Energia

Os aparelhos de ar condicionado são extremamente consumidores de energia, consumindo de 3.000 a 5.000 watts de eletricidade a cada hora de funcionamento. O impacto climático da utilização de tanta eletricidade dependerá da fonte de energia, mas é uma parte significativa do total de um agregado familiar, especialmente em climas quentes. Para a maioria dos americanos, o uso doméstico de energia é a segunda maior fonte de emissões de gases de efeito estufa (depois dos transportes).

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Ar condicionado aumenta o consumo energético e por consequência a conta de energia.

O controle de temperatura representa mais da metade do consumo de energia doméstica, e os condicionadores de ar respondem especificamente por 23% do consumo de eletricidade em todos os edifícios americanos. Durante uma onda de calor em França em 2019, cada grau acima das temperaturas sazonais normais correlacionou-se com um consumo adicional de eletricidade equivalente ao fornecimento de energia em mais uma cidade de Bordéus, um município com cerca de um quarto de milhão de habitantes.

Isto não só resulta em emissões de gases com efeito de estufa significativamente mais elevados e em impactos climáticos associados, mas também sobrecarrega a infraestrutura energética e pode resultar em cortes de energia, como o de Portland em 2021, como residente do Rio de Janeiro, posso afirmar que há quedas de rede com muita frequência, o que pode causar danos materias (queima de equipamentos elétricos como geladeiras, modens, televisões, dentre outros) e riscos de incêndios (curtos circuitos)

Embora os cortes de energia reduzam temporariamente como emissões, numa onda de calor, eles também aumentam o risco de mortes relacionadas ao calor. Uma investigação do sociólogo Eric Klineberg sobre a onda de calor de Chicago em 1995 revelou que as pessoas que morrem durante as ondas de calor estão entre as pessoas mais vulneráveis da sociedade, vítimas da injustiça ambiental que levaram à manutenção desigual das infra-estruturas nos bairros de baixos rendimentos e de minorias.

Referências:

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