Conheça a Varíola, a doença erradicada pela OMS exclusiva do humano que foi responsável por dezenas de surtos mortíferos. Continue a leitura para saber mais.
A Varíola foi uma doença grave e altamente contagiosa, causada pelo vírus de DNA Orthopoxvirus variolae. O vírus foi responsável por diversas pandemias que assolaram a humanidade, e sua taxa de letalidade era cerca de 30%.
Até o momento, a varíola é a primeira e única doença erradicada no planeta. Isto ocorreu em 1980, após o plano de erradicação desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A estratégia consistiu na vacinação antivariólica em massa de vírus atenuado, somadas com a constante vigilância sanitária para o tratamento dos infectados.
Embora a infecção natural foi erradicada, existe a preocupação de epidemias por bioterrorismo. A utilização do vírus como arma biológica se dá pelo vírus que está armazenado para pesquisas, bem como a possibilidade da sua criação de forma sintética.
Diferente da maioria das pandemias, a varíola não era uma zoonose, mas sim, exclusiva do humano. Isso significa que surgiu do homem, sem pular de animais para humanos pelo fenômeno do transbordamento zoonótico, como ocorreu com o SARS-CoV-2, Dengue e HIV, por exemplo.
Apresentação da Doença
Basicamente, a doença se manifesta por dois tipos de cepas:
- Variola major (varíola clássica): cepa mais virulenta e letal;
- Varíola minor (alastrim): cepa menos virulenta e letal;
A varíola é transmitida de uma pessoa para outra por inalação de gotículas respiratórias ou, de forma menos eficiente, por contato direto. Vestuários ou roupas de cama contaminados também podem transmitir a infecção.
Seu contágio era maior nos primeiros sete a 10 dias após o aparecimento da erupção cutânea e pústulas (bolhas cheias de pus) que causavam coceira e dor. O risco era reduzido quando as crostas se formam nas lesões de pele.
Não haviam tratamentos eficazes para a varíola, apenas um suporte para aliviar os sintomas. A sobrevida do paciente dependia da forma adquirida da varíola (major ou minor). Com o tempo, o surgimento de medicamentos antivirais melhoraram esse quadro.
Histórico de surtos e pandemias
A varíola surgiu há aproximadamente três mil anos na Índia e se disseminou para o seu continente, transpassando para o africano e europeu. Desde então, afligiu a humanidade com surtos mortíferos, no qual se destacam os de 430 a.C. e dos séculos XVIII e XX.
Ela está listada entre as cinco pandemias mais mortais da humanidade (confira as outras clicando aqui).
O primeiro caso mais detalhado provavelmente ocorreu na Grécia antiga, em 430 a.C. De acordo com Tucídides, foi dizimada um terço da população grega, em especial Atenas. Ao longo da história ocorreram outros casos famosos, na ordem cronológica: faraó Ramsés II, dinastia Han na China, rainha Maria II da Inglaterra e o rei Luís XV da França.
As grandes navegações levaram o vírus para as Américas. O primeiro surto de varíola no Brasil ocorreu em 1555, introduzida pro colonos franceses no Estado do Maranhão. Cinco anos mais tarde houve uma epidemia relacionada ao tráfico de escravos africanos, e, posteriormente, pelos portugueses em 1562-1563.
A doença chegou ao século XVIII com altos índices de mortalidade, que variavam de 20% a 60% na Europa. Aproximadamente 400 mil europeus morriam por ano de varíola, e um terço dos casos geravam cegueira. As maiores vítimas eram as crianças, que apresentava 80% de mortalidade em Londres e 98% em Berlim.
Já no século XX, estima-se que a doença causou a morte de aproximadamente 400 milhões. Mesmo com o descobrimento da vacina como prevenção da varíola em 1798, cerca de 15 milhões de casos ocorriam por ano ainda em 1967. Até que a OMS intensificou as medidas para erradicar a doença, conforme já foi falado no artigo.
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