Conservação e Reuso das Águas

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Conservação e Reuso das Águas: Reutilizar ou reciclar água, assim como utilizar águas residuais, não é uma ideia nova e tem sido praticada em todo o mundo por muitos anos. Há registros da sua prática na Grécia Antiga, incluindo a disposição de esgotos e sua utilização na irrigação. No entanto, o crescente aumento na demanda por água tornou a conservação e reuso das águas um tema atual e de grande importância.

Conservação e Reuso das Águas

Assim, nesse contexto, é crucial considerar o reuso de água como parte de uma atividade mais ampla, que é o uso racional ou eficiente da água. Isso inclui o controle de perdas e desperdícios, bem como a minimização da produção de efluentes e do consumo de água.

A natureza, por meio do ciclo hidrológico, tem reciclado e reutilizado a água há milhões de anos, demonstrando uma eficiência notável.

No entanto, cidades, áreas agrícolas e setores industriais vêm empregando, há décadas, uma forma indireta ou não planejada de reúso. Isso ocorre quando usuários a jusante captam águas que já foram utilizadas e devolvidas aos rios por usuários a montante. Milhões de pessoas em todo o mundo dependem desse reúso indireto para seu abastecimento de água. No entanto, o agravamento da poluição, principalmente pela ausência ou inadequação no tratamento de efluentes urbanos, já não torna essa prática tão eficiente em muitas regiões.

Dentro dessa perspectiva, os esgotos tratados desempenham um papel fundamental no planejamento e na gestão sustentável dos recursos hídricos, atuando como substitutos para o uso de águas destinadas a fins agrícolas e de irrigação, entre outros.

As tecnologias e práticas de Conservação e Reuso das Águas passaram por várias fases nos últimos duzentos anos

Na primeira fase

Uma abordagem conservacionista impulsionou o aproveitamento dos resíduos da sociedade como recursos a serem preservados e utilizados para manter a fertilidade dos solos. Em paralelo, uma abordagem mais pragmática visava principalmente a redução da poluição dos rios.

No final do século XIX, surgiu o conceito de tratamento de efluentes domésticos através da disposição nos solos, adotado na Grã-Bretanha, Alemanha e Estados Unidos. No entanto, o foco estava na diminuição da poluição dos rios, não na conservação de recursos ou no enriquecimento do solo.

Na segunda fase

Desde o final da primeira fase até o final dos anos noventa, as principais iniciativas direcionaram-se para a conservação e reuso de água em regiões áridas. Nesse período, houve uma significativa intensificação dos esforços para o reúso de água no desenvolvimento agrícola em áreas áridas, como na Califórnia e no Texas, nos Estados Unidos, além de países como África do Sul, Israel e Índia.

Em Israel, por exemplo, estabeleceu-se o reúso de águas residuais como uma política nacional já em 1955. O plano nacional de gestão de recursos hídricos incluía o reuso dos principais sistemas de tratamento de efluentes das cidades como parte do programa de desenvolvimento dos recursos hídricos limitados do país.

Já a terceira fase

Na terceira fase, atualmente em vigor, ela acabou superando a segunda e está centrada na urgência de reduzir a poluição dos rios e lagos. À medida que as normas ambientais se tornaram mais rigorosas, os planejadores chegaram à conclusão de que, dada a alta demanda por investimentos no tratamento de efluentes, torna-se mais vantajoso reutilizá-los em vez de descartá-los de volta nos rios.

No Brasil, as questões ambientais ligadas à indústria e ao rápido crescimento das áreas urbanas, especialmente nas regiões metropolitanas, nos alertam para possíveis cenários de escassez de água no futuro. Dessa maneira, ao liberar fontes de água de boa qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, o uso de esgotos contribui para a conservação dos recursos e adiciona uma dimensão econômica ao planejamento dos recursos hídricos.

O reuso reduz a demanda sobre os mananciais de água, pois substitui a água potável por uma de qualidade inferior. Essa prática, amplamente discutida e já adotada em alguns países, baseia-se no conceito de substituição de mananciais, possibilitando economia de grandes volumes de água potável pelo reuso, utilizando água de qualidade inferior (geralmente efluentes pós-tratados) para fins que não exigem potabilidade.

Tipos de Reuso

A reutilização de água pode ocorrer de forma direta ou indireta, planejada ou não:

Reuso indireto não planejado da água: isso acontece quando a água, utilizada em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e posteriormente reutilizada a jusante, de maneira não intencional e não controlada. Antes de ser utilizada por um novo usuário, essa água está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico, como diluição e autodepuração.

Reuso indireto planejado da água: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são descarregados de forma planejada nos corpos d’água para serem utilizados a jusante, de maneira controlada, em algum uso benéfico. Esse tipo de reuso pressupõe o controle sobre as novas descargas de efluentes, garantindo que o efluente tratado esteja sujeito apenas a misturas com outros efluentes que atendam ao requisito de qualidade do reuso.

Reuso direto planejado das águas: Neste tipo de reuso, as indústrias ou sistemas de irrigação direcionam os efluentes tratados diretamente do ponto de descarga até o local de reutilização, sem que os mesmos sejam descarregados no meio ambiente.

Aplicações da Água Reciclada

  • Irrigação paisagística: parques, campos de golfe, gramados residenciais.
  • Irrigação agrícola: plantações de forrageiras, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais.
  • Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, processamento.
  • Recarga de aqüíferos: controle de intrusão marinha.
  • Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, descarga de vasos sanitários, lavagem de veículos.
  • Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em pântanos, terras alagadas.
  • Outros usos: aqüicultura, controle de poeira, dessedentação de animais.

Aproveitamento de Águas de Chuva

Conservação e Reuso das Águas

As águas de chuva são encaradas pela legislação brasileira como esgoto, pois carreiam impurezas dos telhados e pisos para os corpos d’água. No entanto, após o início da chuva, as primeiras águas carregam menos poluentes, adquirindo características de água destilada após algum tempo. Esse tipo de água pode passar por filtração e cloração para uso humano, especialmente em áreas rurais, chácaras e indústrias.

Conservação e Reuso das Águas

O Semiárido Nordestino, por exemplo, possui projetos que visam a construção de cisternas para captação de água de chuva para consumo humano.

A adoção de práticas de Conservação e Reuso das Águas traz uma série de benefícios significativos:

Ambientais:

  • Diminuição do despejo de efluentes industriais nos corpos d’água, contribuindo para a melhoria da qualidade das águas nas regiões industrializadas de São Paulo.
  • Redução da demanda por águas superficiais e subterrâneas, promovendo um equilíbrio ecológico.
  • Aumento da disponibilidade de água para usos prioritários, como abastecimento público e hospitalar.

Econômicos:

  • Conformidade ambiental com os padrões estabelecidos, facilitando a entrada dos produtos brasileiros nos mercados internacionais.
  • Mudanças nos padrões de produção e consumo, resultando em redução de custos e aumento da competitividade do setor.
  • Possibilidade de receber incentivos e reduções na cobrança pelo uso da água.

Benefícios Sociais:

  • Expansão das oportunidades de negócios para empresas de serviços e equipamentos, beneficiando toda a cadeia produtiva.
  • Criação de empregos diretos e indiretos.
  • Melhoria da reputação do setor produtivo, com reconhecimento das empresas como socialmente responsáveis.

Por fim…

Em meio aos esforços para conservar recursos preciosos, como a água, uma das maiores barreiras é a falta de capacitação tanto dos gestores responsáveis quanto dos usuários finais. Estudos revelam que até mesmo ações simples, como distribuição de panfletos e realização de palestras, podem resultar em uma redução significativa no consumo de água em edifícios.

Contudo, é importante compreender que programas de conservação baseados puramente em incentivos financeiros podem não ser eficazes. Isso porque não levam em conta as necessidades individuais dos usuários, como segurança e conforto. Portanto, investir na capacitação dos gestores é crucial para liderar e implementar medidas de conservação de forma eficaz.

Além disso, conscientizar os usuários finais, ou seja, os próprios funcionários, é essencial para promover um uso racional da água. Isso envolve não apenas ensiná-los a utilizar os equipamentos de forma eficiente, mas também capacitá-los a realizar a manutenção adequada e colocar em prática as ações propostas no programa de conservação. Assim, cada um contribui para um futuro mais sustentável.

Referências:

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