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Texto de pré-visualização
Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil II VIGISAN Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil 2022 APOIO E PARCERIA DO II VIGISAN EXECUÇÃO REALIZAÇÃO Coordenador Vicecoordenadora Coordenação executiva Apoio de secretaria Renato S Maluf Sandra Maria Chaves dos Santos Renato S Maluf Sandra Maria Chaves dos Santos Ana Maria Segall Côrrea Daniela Sanches Frozi Elaine Martins Pasquim Nilson Maciel de Paula Renato Carvalheira Silvia Zimmermann Veruska Prado Alexandre Weiss Ana Carolina Gaspar Edição Revisão editorial Claudia Cavalcanti Identidade visual Rodrigo Masuda Projeto gráfico editorial Nina Mattos Diagramação Nina Mattos e Rodrigo Masuda Foto da capa Sara GehrenAção da Cidadania Ana Maria Segall Corrêa Rosana SallesCosta Elaine Martins Pasquim Anne Walleser Kepple FORMULAÇÃO REALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO Rede PENSSAN Mauro Eduardo Del Grossi Juliana de Bem Lignani Maria Angélica Tavares de Medeiros Sandra Maria Chaves dos Santos Silvia Aparecida Zimmermann Nilson Maciel de Paula Veruska Prado AlexandreWeiss Renato S Maluf GT Monitoramento Relatoria GT Editorial Willian Habermann Manu Justo Mohara Valle Glauce Arzua Maitê Gauto Renato Carvalheira do Nascimento GT Digital Carol Gutierrez Erika Azevedo Marcel Verrumo Débora Borges Diego Cotta Raphael Bandeira GT Imprensa Ana Carolina Morett Matheus Vieira Aline Ribemboim Jorge Cordeiro Vanessa Andrade Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil 22110918 CDD361050981 II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID19 no Brasil livro eletrônico II VIGISAN relatório finalRede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar PENSSAN São Paulo SP Fundação Friedrich Ebert Rede PENSSAN 2022 Análise 1 PDF ISBN 9786587504506 1 COVID19 Pandemia 2 COVID19 Pandemia Aspectos econômicos 3 Fome Brasil 4 Política alimentar 5 Políticas públicas 6 Políticas sociais 7 Segurança alimentar Brasil I Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar PENSSAN II Série Índices para catálogo sistemático 1 Segurança alimentar e nutricional Bemestar social 361050981 Eliete Marques da Silva Bibliotecária CRB89380 Apresentação A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional Rede PENSSAN apresenta à sociedade brasileira os resultados do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN cumprindo com o compromisso de contribuir para o conhecimento e o debate cientificamente fundamentado da realidade social do país no que se refere à Segurança Alimentar SA da população A relevância dessa contribuição é ainda maior em face da ausência de pesquisas oficiais com a frequência requerida para o monitoramento desta que é condição central de uma vida digna e saudável Foto Sara GehrenAção da Cidadania O atual contexto em que uma crise sanitária se sobrepôs à crise econômica e política que lhe é anterior impõe a necessidade de monitoramento frequente da condição alimentar e nutricional da população brasileira Tal necessidade ficou comprovada pela amplitude e velocidade com que se agravaram no início de 2022 as várias manifestações de Insegurança Alimentar IA no Brasil notadamente a IA grave que significa conviver com a fome quando comparadas com os resultados do I VIGISAN divulgados em abril de 2021 Evidenciar os diferentes níveis com que se verificou esse agravamento entre os vários segmentos sociais recortados por gênero raçacor escolaridade e local de moradia é ao mesmo tempo complementar as informações necessárias para uma melhor compreensão e atuação em uma sociedade com elevadas desigualdades sociais como a brasileira Devemos assinalar aqui lacunas que ainda permanecem pela ausência de informações sobre povos indígenas e outras comunidades e populações tradicionais Esperamos que os resultados do Inquérito ora apresentados com a gravidade que eles revelam contribuam para reafirmar a necessidade urgente da adoção de políticas públicas integradas e participativas capazes de enfrentar as múltiplas dimensões envolvidas bem como sirvam de fator gerador de indignação e mobilização da sociedade brasileira diante de tamanha mazela Coordenação Executiva Rede PENSSAN 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Em 29 anos de luta contra a fome a Ação da Cidadania se vê diante de um dos piores momentos dos números da fome desde sua fundação Não podemos mais tolerar que 33 milhões de pessoas não tenham o que comer em um país com tanta diversidade como o Brasil É um retrocesso total Nossa instituição nasceu com a comoção de Betinho ao se deparar com esse mesmo número de brasileiros em Insegurança Alimentar grave Hoje estamos aqui revivendo a mesma tragédia Apenas 2 anos após o Brasil sair do Mapa da Fome da ONU em 2014 a Ação da Cidadania já percebia por meio de sua rede nacional de comitês que a fome voltava com força Já em 2017 retomamos a campanha Natal Sem Fome e com ela voltamos a atuar focados no combate à fome Desde então foram quase 20 milhões de brasileiros ajudados pelas nossas campanhas Retomamos com força nossa atuação de advocacy para que as políticas públicas muitas inspiradas pela luta de Betinho nosso fundador não fossem destruídas Com o apagão de dados do Governo Federal entendemos a importância de apoiar a geração de informação sobre a Segurança Alimentar para que a sociedade tenha a real dimensão do problema e possa atuar de forma efetiva no sentido de acabarmos de uma vez por todas com a fome no Brasil A pesquisa da Rede PENSSAN é de suma importância para essa luta uma luta de 29 anos da Ação da Cidadania que durará enquanto houver fome 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Há mais de 20 anos a ActionAid potencializa ações de enfrentamento à fome e de superação da pobreza no Brasil Nessa trajetória testemunhamos resultados de políticas públicas e ações da sociedade civil que levaram o país a sair do Mapa da Fome da ONU em 2014 Mas nos últimos anos vimos também substanciais retrocessos e passamos a alertar para a tragédia anunciada que se aprofundou com os impactos da Covid19 que a Rede PENSSAN traduziu em dados e análises essenciais em seu primeiro Inquérito Um ano depois o quadro de apagão de dados oficiais e de negligência das autoridades permanece mas o contexto de fome e Insegurança Alimentar nos seus diversos aspectos chega a níveis ainda mais estarrecedores O crescimento da pobreza somado à inflação dos preços dos alimentos e ao desmonte de políticas efetivas só vem acentuar as desigualdades e levar à miséria grupos sociais e regiões historicamente mais afetados Por trás da fome temos o flagelo sobre as crianças as mulheres e a população negra acrescido a isso o negacionismo frente ao problema climático que tanto prejudica a produção agrícola e tem relação direta com a Insegurança Hídrica Portanto este novo estudo cumpre o papel de suprir a urgência por um raiox da atual situação alimentar de brasileiras e brasileiros em prol de um qualificado debate sobre a saída da situação trágica em que vivemos O Brasil especialmente parte significativa de sua população não precisava estar passando por isso Ninguém pode ficar indiferente 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A FES Brasil atua no Brasil há mais de 30 anos pelo fortalecimento da democracia e da justiça social A fome no Brasil é uma injustiça muito cruel e sabemos que atinge de forma mais grave setores historicamente marginalizados da sociedade O olhar sobre este problema não pode ser meramente conjuntural pois não está dissociado das desigualdades estruturais da sociedade e no mundo Em um país de alta produção agrária e com um histórico de políticas de combate à fome e das desigualdades a crueldade da situação atual parece ainda maior O II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil realizado pela Rede PENSSAN nos apresenta a triste realidade da fome no Brasil e é um instrumento essencial pois nos mostra a gravidade dos retrocessos causados pela superposição das múltiplas crises que vivenciamos atualmente É alarmante que a situação da fome no Brasil tenha chegado a patamares tão elevados Estudos como este são essenciais para a conscientização da sociedade sobre a urgência desse problema e para promoção de um debate baseado em evidências elementos essenciais para o desenvolvimento e a retomada de políticas que levem à eliminação da fome e das desigualdades 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Iniciativa pioneira o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil lançado pela Rede PENSSAN em 2021 nos ofereceu um retrato preciso e abrangente da situação alarmante de Insegurança Alimentar e fome no país em 2020 Ao observar os impactos da pandemia e da situação política e econômica do país na população o Inquérito gerou grande repercussão no debate público Os resultados deste II Inquérito mostram um cenário ainda mais recrudescido para as pessoas que passam fome no Brasil Por esta razão a publicação reforça a importância de pesquisas atualizadas e confiáveis que informem políticas e programas de combate à fome Em 2022 ano de eleições esta iniciativa também deve servir como ferramenta para que as agendas das candidaturas favoreçam a criação e o avanço de políticas públicas nacionais com esse sentido orientadas por uma alimentação saudável a partir da construção de sistemas alimentares justos e sustentáveis área prioritária de atuação do Ibirapitanga Em tempos de franca crise socioambiental a fome deve ser enfrentada com base em sua multifatorialidade com abordagem nas transformações dos sistemas alimentares para a redução de impactos sobre as mudanças climáticas para o cuidado com a saúde das pessoas para uma economia sustentável e finalmente pela construção de relações sociais justas e equitativas 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil O II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil realizado com muita competência pela Rede PENSSAN nos apresenta a triste realidade da fome no país Ao mesmo tempo ele nos remete à necessidade de pensar em alternativas que interrompam esse ciclo de vulnerabilidades que de tempos em tempos ficam ao relento e nos convoca a agir em prol de uma efetiva e permanente melhoria da saúde e da qualidade de vida de cada pessoa fazendo valer os preceitos da cidadania da diversidade da igualdade e da solidariedade valores que nos sustentam e nos dão sentido Para o Sesc a comunhão desses ideais fortalece as ações socioeducativas realizadas no Estado de São Paulo em especial pelo programa Mesa Brasil cujo objetivo é combater a fome minimizar as desigualdades sociais e evitar o desperdício de alimentos tecendo uma firme rede de colaboradores A partir de agora os resultados do presente Inquérito servirão de guia para muitas de nossas ações e serão divulgados com a firmeza e a seriedade que o tema requer Betinho dizia que quem tem fome tem pressa Apressemonos coletivamente para estancar a fome 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Durante mais de uma década o Brasil foi admirado por suas políticas voltadas à Segurança Alimentar e Nutricional O conjunto de políticas e programas somados ao funcionamento do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Consea espaço de concertação entre sociedade civil órgãos governamentais e outros setores foi fundamental para tirar o país do Mapa da Fome das Nações Unidas em 2014 Para a Oxfam Brasil o sucesso dessas políticas sempre foi uma referência a ser compartilhada com outros países Desde o primeiro dia de funcionamento o atual governo trabalhou pelo fim de programas e políticas sociais reconhecidos internacionalmente e que tinham resultados concretos no combate à fome O fim do Consea no dia 1º de janeiro de 2019 não deixou dúvidas sobre isso Com a pandemia da Covid19 foram escancaradas as desigualdades brasileiras e a existência de um governo sem liderança e compromisso para estabelecer as políticas públicas e prioridades necessárias O II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil elaborado pela Rede PENSSAN põe luz sobre o drama pelo qual passa o país Para a Oxfam Brasil esse é um trabalho de grande importância para a nossa sociedade Não podemos normalizar a fome Temos que nos indignar O dia em que nós como sociedade perdermos a capacidade de nos indignar com o fato de que existem pessoas pegando ossos em caminhão perderemos nossa humanidade e a capacidade de construir um país justo e solidário Sumário 4 Apresentação 13 Lista de tabelas figuras e quadros 16 Lista de siglas e abreviaturas 17 Resumo 19 Introdução 23 Objetivos 24 Métodos 25 Tipo de estudo e população incluída 26 Tamanho e distribuição da amostra 28 Fatores de ponderação da amostra 29 Instrumento de coleta de informações 29 Processamento da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA 31 Processamento da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH 32 Análise de dados 33 Procedimentos éticos 34 Resultados 35 Descrição geral da população 35 Situação de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar 41 Efeitos da pandemia sobre os agricultores familiaresprodutores rurais e relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 44 Indicadores sociodemográficos e suas relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 50 Perfil da pessoa de referência das famíliase a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 53 Estratégias de enfrentamento da Insegurança Alimentar diante da pandemia da Covid19 61 Acesso às políticas públicas e ao apoio social e relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 70 Insegurança Hídrica e sua relação com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 72 Evolução da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar 83 Considerações finais 92 Referências 99 Anexos Lista de tabelas figuras e quadros FIGURA 1 27 Distribuição amostral por macrorregião do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 2 36 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil e na localização dos domicílios urbana e rural II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 3 39 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no país Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 4 45 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo as categorias de renda familiar mensal per capita múltiplos de salário mínimo per capita SMPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 5 48 Distribuição percentual de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com pelo menos uma moradora desempregadoa Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 6 49 Distribuição percentual de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a situação de trabalho da pessoa de referência dos domicílios Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 7 50 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo o sexo da pessoa de referência do domicílio Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 8 51 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a raçacor da pele autorreferida Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 9 52 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a escolaridade Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 10 54 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo mudanças na dinâmica financeira das famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 11 57 Realização ou não das três principais refeições diárias na semana café da manhã almoço e jantar Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 12 59 Comparação da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo as modificações que ocorreram na quantidade comprada de arroz feijão carnes frutas e vegetais para as famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 13 61 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA de acordo com o recebimento de aposentadoria nas famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 14 64 Relação em entre recebimento 3 meses anteriores ou no mês da entrevista do Programa Bolsa Família ou do Auxílio Brasil e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 15 65 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA conforme acesso ao Benefício de Prestação Continuada BPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 16 67 Acesso em ao Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE em domicílios com algum moradora matriculadoa na rede pública de ensino segundo a renda per capita das famílias e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 17 68 Acesso em a restaurantes populares segundo a renda per capita das famílias e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 18 69 Relação em entre a solicitação e recebimento do auxílio emergencial e a Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com renda per capita de até 14 de salário mínimo Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 19 72 Tendência da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil 2004 a 2022 II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 20 74 Evolução em da estimativa da Insegurança Alimentar moderada grave segundo as macrorregiões do Brasil entre os inquéritos nacionais de 2018 POF o I VIGISAN de 2020 e o II VIGISAN de 2022 II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 21 75 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo sexo da pessoa de referência Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 22 76 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo sexo da pessoa de referência em domicílios com faixa de renda familiar per capita menor que 12 salário mínimo per capita SMPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 23 78 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo raçacor autorreferida da pessoa de referência Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 24 81 Prevalência em da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com moradores de até 10 anos de idade Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 25 82 Comparação em da Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo a relação de trabalho da pessoa de referência do domicílio entre o I e II VIGISAN Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 QUADRO 1 31 Pontuação das perguntas para a medida da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 1 37 Distribuição percentual de domicílios por condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar e número dos moradores por estas condições Brasil e localização dos domicílios urbana e rural II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 2 38 Distribuição de domicílios e moradores n por condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 3 40 Distribuição percentual da condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar nos domicílios segundo a presença de moradores em diferentes faixas de idade Brasil II VIGISANSAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 4 42 Distribuição percentual da condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar de domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais no Brasil e macrorregiões rurais II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 5 43 Efeitos da pandemia sobre os agricultores familiaresprodutores rurais e a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 6 44 Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar de domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais segundo a capacidade de recuperação dos efeitos da pandemia Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 7 47 Distribuição percentual no I e II VIGISAN da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo faixas de renda familiar per capita Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 8 56 Comparação entre o relato dos moradores nos domicílios que tiveram o sentimento de vergonha tristeza ou constrangimento para conseguirem alimentos a Segurança Alimentar SA e os níveis de Insegurança Alimentar IA Brasil localização do domicílio urbana e rural e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 9 71 Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar segundo o grau de Segurança Hídrica Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 10 77 Evolução da distribuição percentual da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo ano do inquérito sexo da pessoa de referência e rendimento familiar per capita ano do inquérito II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 11 79 Comparação da distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar segundo a raçacor da pele da pessoa de referência dos domicílios entre o I e II VIGISAN Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Lista de siglas e abreviaturas BPC Benefício de Prestação Continuada DHAA Direito Humano à Alimentação Adequada EBIA Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EDIH Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura HUCFF UFRJ Hospital Universitário Clementino Fraga FilhoUniversidade Federal do Rio de Janeiro IA Insegurança Alimentar IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PAA Programa de Aquisição de Alimentos PBF Programa Bolsa Família PIB Produto Interno Bruto PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar POF Pesquisa de Orçamentos Familiares REDE PENSSAN Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional SA Segurança Alimentar SAIA Segurança AlimentarInsegurança Alimentar SAN Segurança Alimentar e Nutricional SM Salário mínimo SMPC Salário mínimo per capita UF Unidade Federativa I VIGISAN I Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil Resumo Considerando a deterioração já bastante divulgada das condições sociais da população brasileira o objetivo principal do II VIGISAN é manter o monitoramento ativo da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA com divulgação ampla de seus resultados dando transparência e relevo à situação emergencial da fome Tratase de um inquérito representativo da população brasileira com abrangência das 5 macrorregiões rural e urbana e as 27 Unidades da Federação Foram incluídos na amostra 12745 domicílios com entrevistas face a face de uma pessoa adulta A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022 com a utilização de questionário contendo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA em sua versão de oito perguntas Os resultados revelam que 413 dos domicílios estavam em situação de SA enquanto em 280 havia incerteza quanto ao acesso aos alimentos além da qualidade da alimentação já comprometida IA leve Restrição quantitativa aos alimentos ocorria em 301 dos domicílios dos quais 155 convivendo com a fome IA grave Em termos populacionais são 1252 milhões de pessoas residentes em domicílios com IA e mais de 33 milhões em situação de fome IA grave A desigualdade de acesso aos alimentos se manifesta com maior força em domicílios rurais 186 dos quais enfrentando a fome em seu cotidiano Em termos geográficos 257 das famílias em IA grave residem na região Norte 210 no Nordeste A IA está também diretamente relacionada a outras condições de desigualdade A fome está presente em 430 das famílias com renda per capita de até 14 do salário mínimo e atinge mais as famílias que têm mulheres como responsáveis eou aquelas em que a pessoa de referência chefe se denomina de cor preta ou parda O II VIGISAN identificou também a coexistência entre a IA e a Insegurança Hídrica avaliada pelo uso da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH num contingente expressivo da população brasileira indicando que 420 das famílias em situação de Insegurança Hídrica estão também sujeitas à fome A progressiva crise econômica a pandemia e o desmonte das políticas públicas que poderiam minimizar o impacto das duas primeiras explicam o recrudescimento da IA e da fome entre o final de 2020 e o início de 2022 Mesmo o Auxílio Brasil vigente no período do Inquérito não mitigou a grave situação social do povo brasileiro uma vez que a fome ainda estava presente em 215 dos domicílios das famílias que solicitaram e conseguiram receber o benefício deste programa social Apesar dos níveis de SA terem se mantido em torno de 40 persiste o agravamento da IA tanto nos níveis moderado quanto grave Entre o último trimestre de 2020 e o primeiro de 2022 a IA grave subiu de 90 para 155 incorporando em pouco mais de 1 ano 14 milhões de novos brasileiros ao exército de famintos do país A piora da IA é a repercussão das desigualdades sociais que resultam de processos econômicos e políticos com destruição de instituições e políticas públicas desde 2016 As evidências aqui colocadas apontam a amplitude dos desafios e a necessidade de uma agenda de reconstituição das instituições públicas e de reorientação das estruturas econômicas políticas e sociais no Brasil Introdução Foto Ingrid BarrosActionAid 20 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Introdução 1 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Foto André Teixeira Oxfam Brasil Foto Luiz Carlos Gomes Oxfam Brasil 1 A rede de parceiros do I VIGISAN era composta pela ActionAid Fundação Friedrich Ebert Brasil Instituto Ibirapitanga e Oxfam Brasil Para o II VIGISAN essa rede foi ampliada passando a integrar o grupo a Ação da Cidadania e o Sesc São Paulo O I VIGISAN conduzido no final de 2020 pela Rede PENSSAN e parceiros1 revelou que 552 dos domicílios brasileiros estavam em condições de Insegurança Alimentar IA e 90 conviviam com a fome Mais do que efeitos da crise sanitária da Covid19 tais restrições de acesso à alimentação expunham um quadro preocupante de deterioração socioeconômica e profundas desigualdades na sociedade brasileira anterior à pandemia e agravado por ela Esse quadro persistiu em 2021 com desemprego elevado precarização do trabalho perda de direitos sociais e queda do poder aquisitivo enquanto a Covid19 seguia ceifando vidas às centenas de milhares num ritmo aterrorizante chegando a mais de 660 mil mortes em abril de 2022 fatos que revelaram para a sociedade brasileira uma autoimagem desconcertante expressa em mazelas que se agravam e se renovam Nesse sentido níveis alarmantes de IA e de fome integram o contexto de crises que seguem vulnerabilizando um crescente contingente populacional agora incorporando segmentos das camadas médias antes socialmente mais protegidas Por outro lado ao avanço desse ambiente de degradação social se juntaram os progressivos processos de desmonte de políticas públicas e a fragilização das instituições que formam a rede de proteção social tanto no campo da alimentação como no de outras condições exigidas para que se tenha uma vida digna e saudável 21 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Introdução As várias manifestações de desigualdades sociais em 20212022 em especial aquelas relativas à raça cor e ao gênero acentuaramse em todo o espectro de atuação do Estado com destaque para as áreas da educação saúde ciência e tecnologia meio ambiente e proteção aos povos e comunidades tradicionais especialmente aos povos indígenas A intensificação dessa onda deformadora do Estado em curso desde 2016 impactou direitos sociais econômicos e ambientais com incidência especialmente grave no Direito Humano à Alimentação Adequada DHAA A má gestão pública da pandemia no Brasil é um fator agravante desse cenário préexistente Os frágeis indícios de recuperação da atividade econômica medida pelo crescimento do Produto Interno Bruto PIB não foram acompanhados da melhoria dos rendimentos da população e de significativa recuperação do emprego Tais fatos levaram ao aumento das desigualdades no país que somado à elevada inflação em particular nos preços dos alimentos impactou com mais intensidade o poder de compra dos mais vulnerabilizados uma vez que quanto menor a renda familiar maior a proporção dela destinada à alimentação Assim esses grupos sociais foram deslocados para a borda inferior da sobrevivência desprovidos de renda suficiente de moradia adequada de serviços sanitários de acesso à educação e aos serviços de saúde passando também em seu cotidiano a conviver com a fome Ou seja esses grupos sociais são desdenhados pelas elites econômicas do país e deserdados por um Estado gerenciado sob a doutrina neoliberal e sob a obsessão pelo equilíbrio fiscal e controle de gastos Foto Túlio MartinsActionAid 22 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Nesse cenário de desmonte das políticas públicas direta ou indiretamente voltadas à proteção e à promoção da Segurança Alimentar e Nutricional SAN devese destacar em 2021 a extinção do Programa de Aquisição de Alimentos PAA e do Programa Bolsa Família PBF substituídos pelos programas Alimenta Brasil e Auxílio Brasil respectivamente reconhecidos por analistas sobre o tema como frágeis em suas concepções e objetivos além de limitados na abrangência populacional Estimase que apenas metade dos 100 milhões de pessoas antes atendidas pelo PBF e pelo Auxílio Emergencial permaneceu com acesso ao Auxílio Brasil Ademais sobressai neste período da pandemia a má gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE Introdução A suspensão das aulas presenciais foi usada como justificativa para a quase eliminação das compras de alimentos da agricultura familiar e consequentemente para a redução da oferta de refeições de qualidade aos escolares A reversão desse cenário é tarefa urgente para a qual se faz necessário retomar o caminho do enfrentamento prioritário da fome e da pobreza como política de Estado São imperativas a implementação de ações para a geração de renda e a promoção da alimentação adequada e saudável como também o retorno de ações regulatórias frente à inflação de alimentos com destaque para a constituição de estoques de alimentos e o estímulo à produção oriunda da agricultura diversificada de base familiar As evidências expostas neste II VIGISAN demonstram a persistência e o recrudescimento desse panorama desolador e representam o compromisso social de pesquisadores e pesquisadoras de diversos campos do conhecimento científico e de instituições e organizações Ação da Cidadania ActionAid Fundação Friedrich Ebert Brasil Instituto Ibirapitanga Oxfam Brasil e Sesc São Paulo que com a Rede PENSSAN assinam este Relatório Foto Thais AlvarengaAção da Cidadania Objetivos Divulgar ampla e abertamente os conhecimentos científicos produzidos buscando tornálos instrumentos efetivos de ação da cidadania Manter o monitoramento ativo da Segurança Alimentar atualizando informações dos níveis da Insegurança Alimentar e fome na população brasileira Foto Rede PENSSAN Métodos Foto Breno LimaAção da Cidadania 25 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Métodos Tipo de estudo e população incluída Tratase de inquérito de base populacional com entrevistas face a face em domicílios representativos das cinco macrorregiões brasileiras incluindo todos os 26 Estados da Federação e o Distrito Federal localizados tanto em áreas urbanas quanto rurais A coleta de dados foi realizada de novembro de 2021 a abril de 2022 período estendido em razão das fortes chuvas que assolavam o país sobretudo nas regiões Norte Nordeste e Sudeste mais intensamente nos Estados da Bahia e Minas Gerais Entre 18 de março e 5 de abril de 2022 foram feitas análises de consistência dos dados com revisão e as correções necessárias Conforme sistematizada nesta seção Métodos e detalhada nos anexos deste Relatório a distribuição amostral do II VIGISAN apontou comparabilidade com a distribuição amostral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD 2015 tomada como referência com semelhanças nas distribuições por sexo e idade entre os inquéritos Anexo 1 Como esperado não há semelhança em relação à renda familiar mensal per capita aferida nos dois levantamentos dado o empobrecimento da população verificado nos últimos anos Os entrevistadores com experiência em pesquisas populacionais foram capacitados e supervisionados para abordagem adequada dos sujeitos do estudo visando ao melhor entendimento da temática do Inquérito e à maior precisão no levantamento das informações Foto André TeixeiraOxfam Brasil 26 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Métodos Tamanho e distribuição da amostra O II VIGISAN foi baseado em amostra probabilística representativa do conjunto da população brasileira O cálculo da amostra resultou em 12745 domicílios totalizando igual número de entrevistas tendo sido estimados intervalo de confiança de 95 e margem de erro máxima para o total da amostra de 09 ponto percentual para mais ou para menos No Anexo 2 estão detalhadas as informações de tamanho amostral sua distribuição espacial considerando as zonas urbana e rural e as macrorregiões brasileiras com as respectivas margens de erro e atendendo sempre a intervalos de confiança de 95 A seleção dos conglomerados amostrais foi realizada em três estágios 1º estágio seleção probabilística dos municípios por meio do método Probabilidade Proporcional ao Tamanho tomando como base o número de habitantes de cada município 2º estágio seleção aleatória dos setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE 3º estágio seleção aleatória dos domicílios foram entrevistados aproximadamente oito domicílios por setor censitário selecionado Foto Túlio MartinsActionAid 27 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Norte Nº de Municípios 111 Nº de Setores 400 CentroOeste Nº de Municípios 69 Nº de Setores 241 Sul Nº de Municípios 85 Nº de Setores 209 Nordeste Nº de Municípios 216 Nº de Setores 603 Sudeste Nº de Municípios 96 Nº de Setores 285 23 34 15 16 12 FIGURA 1 Distribuição amostral por macrorregião do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Métodos Ao todo os entrevistadores percorreram distribuídos por região conforme demonstrado no mapa 1738 setores censitários Média de pessoas por domicílio na amostra 275 As entrevistas foram realizadas em todas as macrorregiões brasileiras abrangendo 577 municípios distribuídos nos 26 Estados e Distrito Federal Foram entrevistadas pessoas em 12745 domicílios sendo obtidas informações sobre 35022 indivíduos Foto André TeixeiraOxfam Brasil 28 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Fatores de ponderação da amostra 2 O fator de ponderação é o percentual que algum extrato representa do universo pesquisado dividido pela amostra calculada e obtida em tal extrato Depois de obtido o fator de ponderação corrigiuse a amostra para tornála representativa do universo Para tanto multiplicouse o número de entrevistas realizadas pelo fator de ponderação Para obter resultados válidos para o conjunto da população brasileira e para as demais segmentações macrorregião localização rural e urbana dos domicílios foram aplicados fatores de ponderação2 de forma a corrigir a desproporção em relação ao percentual de habitantes por Estado mantendo a amostra geral de 12745 domicílios entrevistas As entrevistas foram feitas com moradores de idade igual ou superior a 18 anos preferencialmente com a pessoa de referência no domicílio também denominada chefe com uso de tablets ou telefones celulares Na impossibilidade desta escolha era selecionada uma pessoa com 18 anos ou mais desde que estivesse apta a fornecer informações sobre o perfil sociodemográfico de todos os moradores do domicílio de suas condições gerais de alimentação e de saúde Caso a pessoa mais indicada para responder ao questionário não estivesse disponível no momento da primeira abordagem oa entrevistadora voltava posteriormente ao domicílio para realizar a entrevista Métodos Métodos Imagem Márcio de Carvalho 29 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Instrumento de coleta de informações Processamento da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA O questionário incluído em tablets e celulares continha perguntas estruturadas ou seja com respostas prédefinidas e codificadas exceto para uma pergunta aberta sobre rendimentos familiares em reais Esse questionário é composto por módulos representando temáticas de interesse do Inquérito e respectivos indicadores a saber A SA e os níveis de IA foram obtidos pela aplicação da EBIA de oito perguntas Anexo 3 com pontos de corte estabelecidos segundo o número de respostas afirmativas a esses itens Anexo 4 As perguntas foram formuladas de modo que respostas afirmativas significam a ocorrência de um agravante da condição alimentar Para a estratificação da SAIA dos domicílios atribuise um ponto para cada resposta afirmativa às perguntas do questionário sendo o escore domiciliar correspondente à soma desses pontos variando em uma amplitude de 0 a 8 Quanto maior a pontuação mais acentuada é a condição de IA Itens da escala não respondidos invalidam a medida da IA para aquele domicílio A EBIA de 8 itens utilizada é uma versão da EBIA original com 14 itens e foi anteriormente validada Nos domicílios entrevistados foram listados todos os moradores com a descrição do perfil considerando o sexo a idade a escolaridade a raçacor da pele autorreferida e a ocupação esta última condição para aqueles com 14 anos ou mais de idade MÓDULO 1 Identificação da localização geográfica e do tipo de domicílio MÓDULO 2 Perfil sociodemográfico de membros da família MÓDULO 3 Renda e experiência familiar sobre a pandemia da Covid19 MÓDULO 4 Experiência doa entrevistadoa e das famílias frente à Covid19 MÓDULO 5 Segurança e Insegurança Alimentar no domicílio MÓDULO 6 Segurança e Insegurança Hídrica no domicílio MÓDULO 7 Acesso às políticas públicas apoio social e indicadores de alimentação Métodos 30 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A EBIA foi adotada pelo Brasil para estimar a IA da população em 2004 Tratase de metodologia que dialoga com o conceito de SAN nos estudos populacionais e identifica situações de privação na alimentação vividas pelas famílias antes mesmo que estejam instalados quadros de agravos à saúde e do estado nutricional das pessoas A EBIA avalia o acesso aos alimentos nos lares na perspectiva dos responsáveis pelo preparo das refeições ou de alguma moradora adultoa que tenha conhecimento da dinâmica alimentar das famílias diante da escassez de dinheiro em quatro níveis SA e IA leve moderada ou grave O nível mais severo IA grave permite o monitoramento da fome no país Outras escalas equivalentes de aferição da SAIA têm sido usadas em diversos continentes e em países de renda alta média e baixa bem como pela ONU como instrumento adequado para o monitoramento do Objetivo 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ODS Métodos 31 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Processamento da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH Para a mensuração dos gradientes de Insegurança Hídrica foram consideradas as perguntas específicas sobre esse tema que compõem a Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH descritas no Anexo 5 A EDIH considera pontos de corte estabelecidos com base nos escores de respostas aos 12 itens avaliados A pontuação correspondente a cada item conforme a opção da resposta está apresentada no Quadro 1 Desta forma para a estratificação dos níveis de SegurançaInsegurança Hídrica considerouse o escore domiciliar correspondente à soma da pontuação dos 12 quesitos variando em uma amplitude de 0 a 36 Os itens não respondidos invalidam a medida da Insegurança Hídrica para aquele domicílio A classificação final do domicílio obedeceu aos seguintes pontos de cortes Segurança Hídrica 0 11 pontos Insegurança Hídrica 12 36 pontos Métodos QUADRO 1 Pontuação das perguntas para a medida da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Opções de resposta Pontuação Nunca 0 Raramente 1 Algumas vezes 2 Frequentemente ou Quase todos os dias 3 Foto Clara GouveaActionAid 32 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Análise de dados A análise das informações contidas neste Relatório foi fundamentalmente descritiva i dos indicadores sobre as características sociais e demográficas da população incluindo renda familiar condições de trabalho raça cor gênero e escolaridade da pessoa de referência ii o acesso aos alimentos expresso pela classificação da SAIA iii o acesso à água para consumo individual e para produção área rural iv questões relacionadas à Covid19 que ocasionaram mudanças nas famílias e v indicadores proxy do padrão de consumo alimentar As prevalências de SAIA foram analisadas para identificar desigualdades de diversas naturezas individuais e coletivas por meio de suas associações com os indicadores descritos acima além de outros indicadores sobre a localização urbana ou rural dos domicílios e regionais Para essas análises foram utilizadas estatísticas apropriadas às variáveis estudadas Teste Quiquadrado assumindo níveis de significância para as associações de 95 pvalor menor que 005 como forma de avaliar a relação significativa entre as dimensões avaliadas e os níveis de SAIA Todas as informações são apresentadas com as amostras ponderadas como exposto anteriormente em Fatores de ponderação da amostra Suas expansões permitem identificar o número de brasileiros afetados pelas condições descritas O II VIGISAN incluiu amostra que permite desagregar os dados por estados e Distrito Federal cujos resultados serão apresentados em suplemento complementar Métodos 33 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Procedimentos éticos Os pesquisadores consideram a presente pesquisa de risco mínimo por se tratar de inquérito populacional sem qualquer tipo de intervenção Os entrevistadores foram treinados e orientados para interagirem cuidadosa e respeitosamente com os entrevistados Além disso mostraram no momento da entrevista um documento com informações adicionais sobre o II VIGISAN Depois de sua leitura obtiveram o termo de consentimento livre e esclarecido O II VIGISAN é parte de um projeto amplo de monitoramento da SAIA no contexto da Covid19 coordenado pela Rede PENSSAN e executado pelo Instituto Vox Populi Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro CAEE 30679914000005257 Métodos Resultados Foto Paulo PereiraOxfam Brasil 35 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Descrição geral da população Os resultados do II VIGISAN confirmam o quadro de pobreza e suas consequências neste tempo de sinergia entre as várias crises pelas quais passa o país É muito baixo o rendimento da população brasileira uma vez que 368 das famílias tinham renda per capita média de até 12 salário mínimo Dentre essas famílias cerca da metade vivia com no máximo 14 de SMPC para atender às suas despesas Em 143 dos domicílios havia pelo menos 1 moradora procurando emprego e em 82 a pessoa responsável pela família estava desempregada A Covid19 ceifou vidas em 61 das famílias brasileiras Para agravar todas as situações de vulnerabilidade em 425 delas a pessoa vitimada pela doença contribuía para o atendimento às despesas domiciliares A junção dessas condições e possivelmente outras levou ao endividamento de 382 das famílias e à necessidade de cortes em despesas essenciais em 571 dos domicílios É necessário dizer ainda que esses indicadores de pobreza e suas consequências são piores nas regiões Norte e Nordeste nos domicílios rurais do país bem como em moradias com a pessoa de referência autodeclarada de cor preta ou parda ou que eram mulheres Um detalhamento das condições sociais econômicas e sanitárias da população brasileira podese ler nos Anexos 6 7 8 e 9 e suas consequências observadas no padrão de acesso das famílias aos alimentos mostrados no texto a seguir Situação de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar Como já mencionado anteriormente ao longo dos últimos anos o povo brasileiro vem empobrecendo progressivamente e enfrentando as consequências da precarização da vida sem o suporte adequado e efetivo de ações do Estado O resultado da combinação desses fatores teve reflexos claros na capacidade de acesso à alimentação suficiente e adequada pelas famílias brasileiras e constitui violação do preceito constitucional no Brasil relativo ao direito humano à alimentação adequada Resultados 36 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Entre o final de 2021 e início de 2022 os moradores de pouco mais de 40 dos domicílios Figura 2 tinham garantia de acesso pleno aos alimentos ou seja viviam em SA Em 280 deles havia referência à instabilidade na alimentação dos moradores traduzida pela preocupação quanto à possível incapacidade de obter alimentos no futuro próximo e comprometimento da qualidade da alimentação ou experiência de IA leve Em 13 dos domicílios 307 já havia relato de insuficiência de alimentos que atendessem às necessidades de seus moradores ou seja IA moderada ou grave dos quais 155 conviviam com experiências de fome A condição alimentar dos moradores em áreas rurais do país foi pior comparativamente aos de áreas urbanas com a IA atingindo mais de 60 dos domicílios e com prevalências mais elevadas nas suas formas mais severas com IA moderada e IA grave em 169 e 186 respectivamente FIGURA 2 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil e na localização dos domicílios urbana e rural II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados 0 10 20 30 40 50 Brasil Urbana Rural Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 413 422 362 279 283 280 152 155 149 150 169 186 37 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A quantidade de domicílios em situação de IA é preocupante e revela injustiça e descaso a que são submetidos milhões de brasileiros São 1252 milhões de pessoas em IA e mais de 33 milhões em situação de fome expressa pela IA grave Tabela 1 Percentualmente a situação dos habitantes em área rural é mais grave mas o contingente de famintos em área urbana cerca de 27 milhões é assustador e revela o fosso social existente nas cidades do Brasil TABELA 1 Distribuição percentual de domicílios por condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar e número dos moradores por estas condições Brasil e localização dos domicílios urbana e rural II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Brasil e localização dos domicílios SA IA Leve IA Moderada IA Grave SA IA Leve IA Moderada IA Grave Brasil 413 280 152 155 88160 59667 32387 33103 Urbano 422 279 149 150 77158 51031 27212 27405 Rural 362 283 169 186 11032 8635 5165 5681 Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Domicílios Moradores por mil habitantes 20212022 20212022 38 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil SA IA Leve IA Moderada IA Grave SA IA Leve IA Moderada IA Grave BRASIL 413 280 152 155 88160 59667 32387 33103 Brasil e macrorregiões Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Domicílios Moradores mil habitantes 20212022 20212022 Norte 284 264 195 257 5370 4991 3687 4859 Nordeste 320 296 174 210 18444 17047 10051 12127 CentroOeste 405 311 155 129 6766 5196 2590 2155 SulSudeste 481 269 132 117 57737 32290 15845 14044 Sudeste 454 272 143 131 40693 24380 12818 11742 Sul 518 265 118 99 15749 8057 3588 3010 As desigualdades regionais no país que se manifestam em todas as áreas como nos rendimentos médios saúde educação saneamento e tantas outras estiveram presentes também no acesso das pessoas aos alimentos Essas pessoas com restrição muito grave de alimentos IA grave em seu cotidiano moram em cerca de 260 dos lares da região Norte e em 210 daqueles da região Nordeste A Tabela 2 apresenta a distribuição dos domicílios e dos moradores incluindo as informações das regiões Sul e Sudeste do país separadamente e também em conjunto para que seja possível comparálas com os dados do I VIGISAN Se analisarmos as duas regiões que concentram o segmento de menor renda do país o Norte e o Nordeste encontramos o maior percentual de famílias em situação de fome no Brasil TABELA 2 Distribuição de domicílios e moradores n por condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados 39 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A Figura 3 representa graficamente a situação de desigualdade acima descrita uma recorrência do que temos visto ao longo da História com alguma redução das disparidades regionais em breves intervalos de tempo como ocorreu entre 2004 e 2013 A região Sudeste aparece com prevalência de SA 454 pouco acima da média nacional a região Sul tem cerca de 52 de seus domicílios nesta situação O oposto ocorre nas regiões Norte e Nordeste onde há baixo acesso pleno aos alimentos SA e com IA moderada e sobretudo com a fome IA grave com prevalências que superam em muito as observadas nas demais regiões FIGURA 3 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no país Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave 413 320 174 296 454 210 272 280 284 264 257 195 152155 405 311 155 143 131 129 518 118 265 99 Brasil Norte CentroOeste Sudeste Sul Nordeste Percentual Até aqui se chamou atenção para as desigualdades geográficas regionais e de localização dos domicílios em áreas rurais ou urbanas Entretanto em qualquer dessas situações e em outras realidades sociais expostas mais adiante neste Relatório é necessário observar a relação da composição familiar com a SA e os níveis de IA Domicílios com jovens portanto com a maioria deles dependentes economicamente têm mais chance de ter seus moradores em situação de IA Resultados 40 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Na Tabela 3 observamos gradiente decrescente de SA a qual varia de 474 em domicílios com moradores composto apenas por adultos passando por valores intermediários e chegando a um nível baixíssimo de acesso pleno aos alimentos SA naqueles domicílios onde residiam três ou mais moradores com idade até 18 anos 175 Por outro lado tanto a IA moderada quanto a grave ou seja com ocorrência de restrição quantitativa de alimentos nas casas apresentam gradientes crescentes de severidade conforme o aumento do número de moradores com idade até 18 anos Tabela 3 Assim as proporções de IA moderada e IA grave variaram de cerca de 130 nos domicílios apenas com moradores adultos a cerca de 250 naqueles que tinham três ou mais pessoas com até 18 anos Ou seja a maior quantidade de moradores com idade até 18 anos nos domicílios está relacionada com a gravidade da IA no país A IA e a fome entre crianças e adolescentes têm sido objeto de estudos dentre eles alguns recentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância Unicef que denunciam os efeitos negativos e imediatos sobre suas condições de saúde e bemestar e alertam para os impactos futuros que comprometem as potencialidades físicas e sociais destes jovens Tabela 3 TABELA 3 Distribuição percentual da condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar nos domicílios segundo a presença de moradores em diferentes faixas de idade Brasil II VIGISANSAIA e Covid19 Brasil 20212022 SA IA Leve IA Moderada IA Grave Somente adultos 259 132 135 474 Com 1 morador até 18 anos 294 147 148 411 Com 2 moradores até 18 anos 293 192 202 313 Com 3 ou mais moradores até 18 anos 175 316 252 257 Composição das famílias Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Resultados 41 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Efeitos da pandemia sobre os agricultores familiaresprodutores rurais e relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar As dificuldades de acesso aos alimentos aparentemente paradoxal foi proporcionalmente mais frequente em domicílios rurais do que naqueles de áreas urbanas Entre os domicílios rurais o segmento da agricultura familiar sofreu o impacto da crise econômica mas foi especialmente afetado pelo desmonte das políticas públicas voltadas para o pequeno produtor do campo As formas mais severas de IA IA moderada ou grave estavam presentes em cerca de 380 dos domicílios de agricultoresas familiares produtoresas rurais A prevalência de IA grave era de 218 mostrando que a fome atingia os moradores de mais de 15 dessas habitações Resultados Foto Clara GouveaActionAid 42 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil O quadro é mais preocupante nas regiões Norte e Nordeste onde as formas mais graves de IA IA moderada ou IA grave eram realidade em 546 e 436 dos domicílios respectivamente e o acesso pleno aos alimentos existia em apenas 201 Norte e 164 Nordeste dos domicílios Em oposição nas regiões Sul e Sudeste os efeitos das crises econômica política e sanitária incidiram com menos intensidade entre os seus agricultores familiaresprodutores rurais No entanto estas regiões apresentaram estimativas de IA mais elevadas do que aquelas observadas no I VIGISAN em 2020 sinalizando que houve um aumento expressivo de IA no meio rural brasileiro mesmo em regiões mais desenvolvidas Tabela 4 TABELA 4 Distribuição percentual da condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar de domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais no Brasil e macrorregiões rurais II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 SA IA Leve IA Moderada IA Grave Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Brasil n435 304 318 161 218 Norte 201 253 144 402 Nordeste 164 400 210 226 CentroOeste 326 288 221 165 Sudeste 606 173 65 156 Sul 702 160 35 103 Brasil rural e macrorregiões rurais Nota Considerando a posição de agricultora ou produtora rural da pessoa responsável pelo domicílio Resultados 43 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Os piores níveis de IA foram observados em domicílios rurais de agricultores familiaresprodutores rurais onde houve perdas na produção decorrentes da dificuldade de comercializar seus produtos com IA grave em 256 dos domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais Podese observar nitidamente que os níveis de IA foram maiores para as famílias que ainda não puderam retomar as condições anteriores à pandemia especialmente daquelas que não conseguiram reestabelecer completamente sua produção e as quantidades comercializadas Tabela 6 A alta de preços dos alimentos que chegou rapidamente aos consumidores brasileiros não foi refletida na mesma proporção em termos de valoração da produção de alimentos entre os produtores de forma que a queda nos preços dos produtos da agricultura familiar resultou em maiores proporções de IA nestas famílias Tabela 5 TABELA 5 Efeitos da pandemia sobre os agricultores familiaresprodutores rurais e a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 SA IA Leve IA Moderada IA Grave Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Perda de produção 229 336 179 256 Redução nos preços 429 327 101 143 Nada mudou 478 220 160 142 Efeitos da pandemia n430 Resultados Foto Márcio de Carvalho 44 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil TABELA 6 Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar de domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais segundo a capacidade de recuperação dos efeitos da pandemia Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Indicadores sociodemográficos e suas relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar O acesso desigual e insuficiente à renda aos bens e serviços e às políticas públicas são as condições que melhor explicam as iniquidades relativas à garantia do DHAA Muitos estudos demonstram que existe uma relação inversa entre renda familiar e a presença de IA ou seja nos domicílios com menor renda familiar per capita seus moradores estão mais sujeitos à baixa capacidade de acesso aos alimentos e a níveis de IA mais severos Os dados do II VIGISAN reforçam essa relação uma vez que mais de 90 dos domicílios cuja renda per capita era inferior a 14 SM possuíam algum grau de IA por outro lado em domicílios com renda per capita maior do que 1 SM a SA esteve presente em 670 dos domicílios Figura 4 Destacase que nos domicílios de menor renda a restrição na quantidade de alimentos ocorreu em 710 dos domicílios e em 430 deles em 1 a cada 2 domicílios com renda per capita de até 14 SM os moradores vivenciaram a fome Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Sim 604 128 101 167 Não 156 401 187 257 Não 198 476 97 229 Sim 594 160 163 83 Não 131 382 164 323 SA IA Leve IA Moderada IA Grave RECUPERAÇÃO PRODUÇÃO AOS PATAMARES NORMAIS n319 Sim 516 279 140 64 PREÇOS DE VENDA n81 QUANTIDADE COMERCIALIZADA n129 Resultados 45 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Tal situação reforça a necessidade de políticas públicas permanentes que possibilitem o aumento dos rendimentos familiares sejam elas de melhor distribuição da renda bem como de geração de emprego aumento do poder de compra do salário mínimo e mais acesso à educação Este último consiste em política pública fundamental para reverter a situação de vulnerabilidade social que muitas vezes se perpetua em gerações de uma mesma família FIGURA 4 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo as categorias de renda familiar mensal per capita múltiplos de salário mínimo per capita SMPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Até 14 de SMPC Mais de 1 SMPC Mais de 14 até 12 de SMPC Mais de 12 até 1 de SMPC Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 90 200 280 430 240 320 240 210 430 330 140 100 670 240 60 30 Resultados Como pode ser observado o rendimento familiar é um bom preditor de SA e dos níveis de IA e é um indicador adequado para o monitoramento do padrão de acesso aos alimentos na população 46 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil No final de 2020 a fome era realidade vivida pelos moradores de 228 dos domicílios 1 a cada 5 cuja renda familiar era de até 14 de SMPC Nesta mesma faixa de renda a insuficiência de alimentos para cobrir as necessidades de todos os membros da família IA moderada estava presente em 1 a cada 4 domicílios Entre o final de 2020 e o início de 2022 nesta mesma faixa de rendimentos houve redução significativa da proporção de famílias em SA Em pouco mais de um ano a fome dobrou nesses domicílios em extrema pobreza Resultados 47 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil TABELA 7 Distribuição percentual no I e II VIGISAN da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo faixas de renda familiar per capita Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 SA IA Leve IA Moderada IA Grave Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Renda familiar per capita em múltiplos de salário mínimo SM 1412 SM 255 391 198 156 121 SM 476 370 89 65 Acima de 1 SM 766 234 0 0 14 SM 90 200 280 430 1412 SM 240 320 240 210 121 SM 430 330 140 100 Acima de 1 SM 670 240 60 30 I VIGISAN 2020 II VIGISAN 20212022 14 SM 148 363 262 228 Resultados Outra diferença importante que ocorreu em pouco mais de um ano foi o fato de que se em 2020 I VIGISAN não eram observadas as formas mais severas da IA nas famílias com renda per capita acima de 1 SM IA moderada ou grave elas reaparecem no II VIGISAN em 20212022 o que é explicado pela diminuição da IA leve uma vez que a SA está mantida nesta faixa superior de renda Tabela 7 É evidentemente uma demonstração do empobrecimento e seus efeitos nas famílias de rendimentos médios 48 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Outro aspecto também documentado pela literatura científica refere se à relação indireta entre ocupaçãoemprego e a SAIA dado seu efeito sobre os rendimentos familiares A SA estava presente em apenas 214 dos domicílios onde havia alguma moradora desempregadoa Já a IA moderada e IA grave nestas condições era realidade respectivamente para 223 e 296 das moradias Figura 5 FIGURA 5 Distribuição percentual de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com pelo menos uma moradora desempregadoa Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave 214 296 267 223 A ocupaçãoemprego foi avaliada também considerando se pessoa de referência dos domicílios i era agricultora familiar ou produtora rural ii se tinha algum tipo de ocupação informal ou seja se trabalhava sem ter carteira assinada iii se tinha ocupação formal CLT ou estatutários iv se era trabalhadora autônomoa regular ou v se estava desempregadoa A análise da ocupação da pessoa de referência com os níveis de SAIA dos domicílios brasileiros indicou que quando essea estava desempregadoa a SA se mantinha garantida em apenas 209 das famílias Resultados 49 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil No II VIGISAN a SA foi maior apenas nos domicílios com responsáveis em situações de trabalho com emprego formal 538 A situação de fome captada pela IA grave foi maior nos domicílios cuja pessoa de referência estava desempregada 361 ou quando tinha trabalho como agricultora familiar ou produtora rural 224 Ou seja mais de um terço dos domicílios com chefes desempregados enfrentava a fome e mais da metade deles estava em situação de IA grave ou moderada Figura 6 Para aqueles que estavam em busca de emprego e consequentemente de acesso à renda regular tal resultado já era infelizmente esperado No entanto para os agricultores familiares e pequenos produtores essa situação reforça o fato de que a descontinuidade das políticas públicas direcionadas para esse público foi fatal para a piora das condições que poderiam garantir o acesso pleno aos alimentos e provavelmente a outras necessidades básicas Isso caracteriza uma séria situação de violação aos direitos humanos em especial ao DHAA FIGURA 6 Distribuição percentual de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a situação de trabalho da pessoa de referência dos domicílios Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Agricultora familiar ou produtora rural Emprego informal Emprego formal Autônomoa regular Está desempregadoa Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave 324 294 158 224 312 308 169 211 206 196 236 361 287 467 136 110 297 538 94 74 Percentual Resultados 50 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Perfil da pessoa de referência das famílias e a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar Em 20212022 as desigualdades de gênero conhecidas como uma condição social que impacta a SA foram mais uma vez confirmadas no II VIGISAN estava reduzido o acesso das famílias aos alimentos nos domicílios onde uma mulher era a pessoa de referência ou responsável pela família segundo a mesma terminologia utilizada pelo IBGE3 Enquanto a SA foi encontrada em 479 dos domicílios com responsáveis homens naqueles onde as mulheres eram a referência apenas 370 apresentaram a mesma classificação Ou seja mais de 6 em cada 10 630 domicílios com responsáveis do sexo feminino estavam em algum nível de IA Destes 188 em situação de fome Figura 7 FIGURA 7 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo o sexo da pessoa de referência do domicílio Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 Homem Mulher 464 285 132 119 359 274 174 193 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 3 O II VIGISAN utilizou o sexo da pessoa de referência homem mulher para as análises em relação a categoria de gênero com o intuito de comparação com os estudos sobre SAIA realizados pelo IBGE Resultados 51 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Outro ponto que merece ser destacado no II VIGISAN consiste na relação entre a raçacor da pele autorreferida da pessoa responsável pelo domicílio e a mudança nos níveis de SAIA de seus moradores O racismo no Brasil está presente em diferentes formas e em diferentes contextos e não deixa de se expressar ao ser analisada a garantia ou a falta dela ao direito humano a uma alimentação suficiente e de qualidade No início de 2022 a proporção de IA foi maior nos domicílios cujos responsáveis se identificavam como pretos ou pardos Semelhante ao que foi observado na desigualdade de gênero neles 6 de cada 10 domicílios cujos responsáveis se identificavam como pretos ou pardos viviam em algum grau de IA enquanto nos domicílios cujos responsáveis eram de raçacor de pele branca autorreferida mais de 500 tinham SA garantida Figura 8 FIGURA 8 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a raçacor da pele autorreferida Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Branca Pretaparda Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 532 259 103 106 350 292 177 181 Resultados 52 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 9 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a escolaridade Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Sem escolaridade 4 anos de estudo 58 anos de estudo 8 anos de estudo Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 325 250 202 223 349 287 173 191 506 280 112 102 Outra condição que promoveu diferença na prevalência da SA foi a escolaridade do responsável pelo domicílio Entre domicílios que possuíam responsáveis com mais de 8 anos de estudo o percentual de SA foi maior 506 Figura 9 Em 425 dos domicílios com responsáveis com escolaridade de até 4 anos de estudo seus moradores estavam em IA moderada ou grave havendo portanto comprometimento na quantidade de alimentos para consumo Resultados 53 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Estratégias de enfrentamento da Insegurança Alimentar diante da pandemia da Covid19 No II VIGISAN buscouse identificar alterações financeiras que os domicílios sofreram com os impactos da pandemia da Covid19 nas relações com a SAIA das famílias brasileiras As mudanças ocorreram principalmente nos domicílios com IA moderada ou grave O endividamento a venda de bens ou equipamentos de trabalho e a necessidade de alguma moradora parar de estudar para contribuir com a renda familiar atingiram mais de 400 dos domicílios em IA moderada ou grave 491 487 e 552 respectivamente Em torno de 300 dos domicílios independentemente da presença de SAIA precisaram utilizar reservas financeiras no período de 2021 Figura 10 Os cortes em despesas essenciais e não essenciais foram mais presentes também nos domicílios em IA moderada ou grave 436 e 390 respectivamente Cabe destacar que nesses domicílios a restrição na quantidade de alimentos chegando até à realidade da fome era uma situação em que o corte nas despesas provavelmente tinha relação com a redução da quantidade de alimentos adquiridos especialmente os mais caros ou os entendidos como menos essenciais Destacase também que mesmo nos domicílios em SA quase 300 relataram terem realizado corte nas despesas não essenciais como uma forma de adequação aos rendimentos Resultados Foto Apu GomesOxfam Brasil 54 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 10 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo mudanças na dinâmica financeira das famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50 60 Necessidade de ajudar financeiramente algum parente ou amigoa n12650 Utilização de reserva financeira familiar n12622 Venda de bens ou equipamentos de trabalho n12647 Pausa nos estudos de pelo menos uma moradora n 12609 Endividamento de moradores n12644 Corte de gastos em despesas essenciais n12650 Corte de gastos em despesas não essenciais n 12641 Percentual Percentual 353 369 278 311 366 323 204 487 310 194 552 254 200 491 309 246 436 318 295 390 315 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Resultados 55 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A sequência de fatos descrita anteriormente atesta as dificuldades enfrentadas pelas famílias em manterem padrão alimentar adequado principalmente nos segmentos em situação de maior vulnerabilidade social da população Nesse sentido o II VIGISAN avaliou também se um ou mais moradores dos domicílios tiveram a sensação de vergonha de tristeza ou constrangimento para conseguir alimentos nos três meses que antecederam a entrevista Essa pergunta permite identificar famílias que adotam estratégias socialmente inaceitáveis para garantirem a alimentação dos seus integrantes Observouse que 82 dos domicílios avaliados relataram essa sensação de vergonhatristezaconstrangimento para garantirem os alimentos Anexo 10 Em cerca de 14 243 dos domicílios brasileiros em situação de IA moderada ou grave houve relato de algum morador passar por constrangimento ou vergonha para conseguir alimentos para a família Em números absolutos significa dizer que 159 milhões de brasileiros que viviam sob formas mais severas de IA estavam sujeitos ao uso de estratégias social e humanamente inaceitáveis para obtenção de alimentos violando portanto a sua dignidade e seu DHAA Essa triste realidade é expressivamente acentuada nos domicílios de áreas urbanas e no Sudeste Tabela 8 Resultados Imagem Márcio de Carvalho 56 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil TABELA 8 Comparação entre o relato dos moradores nos domicílios que tiveram o sentimento de vergonha tristeza ou constrangimento para conseguirem alimentos a Segurança Alimentar SA e os níveis de Insegurança Alimentar IA Brasil localização do domicílio urbana e rural e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados BRASIL LOCALIZAÇÃO DOMICÍLIO E MACRORREGIÕES SIM NÃO SA 09 991 IA leve 58 942 IA moderada ou grave 243 757 SA 08 992 IA leve 44 956 IA moderada ou grave 248 752 SA 12 988 IA leve 141 859 IA moderada ou grave 218 782 REGIÃO SA 04 996 IA leve 18 982 IA moderada ou grave 196 804 SA 24 976 IA leve 146 854 IA moderada ou grave 239 761 SA 13 987 IA leve 43 957 IA moderada ou grave 199 801 SA 03 997 IA leve 19 981 IA moderada ou grave 280 720 SA 05 995 IA leve 51 949 IA moderada ou grave 193 807 LOCALIZAÇÃO DO DOMICÍLIO Urbano n10305 Rural n2363 CentroOeste n1875 Nordeste n4317 Norte n2494 Sudeste n2009 Sul n1518 BRASIL N12668 Classificação feita utilizando a versão curta da EBIA Para efeito de análise de dados as categorias de IA moderada e grave foram agrupadas em um único nível e expressam as formas mais severas de insegurança alimentar 57 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Esperase que todo brasileiro e toda brasileira tenham garantido o que é socialmente estabelecido e desejado o direito a pelo menos 3 refeições diárias Isto não ocorre infelizmente para um número significativo da população A situação da IA observada confirma este fato Dentre as pessoas entrevistadas A Figura 11 mostra que no Brasil cerca de 13 dos domicílios teve pelo menos uma pessoa residente pessoa entrevistada que não realizou às 3 refeições diariamente Não há diferença expressiva entre as regiões FIGURA 11 Realização ou não das três principais refeições diárias na semana café da manhã almoço e jantar Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Fez as 3 refeições diárias Não fez as três refeições diárias 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Brasil Norte Sudeste Sul CentroOeste Nordeste Percentual 718 283 701 299 761 240 722 278 683 317 750 250 Resultados não consumiam diariamente o café da manhã não almoçavam todos os dias da semana não jantavam nessa frequência Anexo 11 154 100 199 Foto Meire MunizActionAid Voltar para o Sumário 58 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Outro importante resultado observado foi a relação entre as mudanças na compra de alimentos básicos para o consumo das famílias e a SA IA das famílias Para essa pergunta quatro opções de respostas sobre a quantidade de alimentos comprados foram avaliadas considerando o período de três meses anteriores à entrevista realizada i reduziu ii aumentou iii não modificou ou iv não comprou o alimento nos últimos três meses Os resultados obtidos são apresentados na Figura 11 para os principais alimentos que compõem a base da alimentação da população brasileira Os resultados reforçam a relação de SA entre as famílias brasileiras que não modificaram o consumo de feijão 572 e de arroz 560 das carnes 686 dos vegetais 567 e das frutas 607 Destacase no II VIGISAN o fato de que para as famílias que reduziram a compra desses alimentos a IA moderada ou grave comprometia quase a metade dos domicílios que não conseguiam manter alimentos que constituem boa parte da cesta básica da alimentação brasileira feijão 465 arroz 490 carnes 394 vegetais 485 e frutas 455 Cabe destacar a gravidade da IA entre as famílias que deixaram de comprar esses alimentos no período de três meses que antecederam as entrevistas Há de se reiterar que essa avaliação foi feita considerando quatro opções de respostas reduziu aumentou não modificou e não comprou há 3 meses Figura 12 Quando analisamos os percentuais de IA moderada e grave no segmento de famílias que responderam à opção não comprou há 3 meses para cada um dos alimentos avaliados foi possível observar que as famílias que deixaram de comprar carnes 704 vegetais 636 e frutas 640 foram aquelas que mais vivenciavam a forma mais severa da IA Resultados feijão arroz carnes vegetais frutas 465 490 394 485 455 59 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil O padrão dos níveis de IA segundo as modificações na compra de alimentos das famílias foi bastante semelhante nos domicílios de áreas urbanas e rurais com poucas variações Anexo 12 FIGURA 12 Comparação da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo as modificações que ocorreram na quantidade comprada de arroz feijão carnes frutas e vegetais para as famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave 0 20 40 60 80 100 Percentual 273 493 233 572 157 271 406 342 252 251 465 284 Feijão Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu 0 20 40 60 80 100 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Percentual 347 458 196 560 161 279 378 359 263 239 490 271 Arroz Resultados 60 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu 0 20 40 60 80 100 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Percentual 157 640 203 607 139 224 535 181 284 236 455 309 Frutas Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu 0 20 40 60 80 100 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Percentual 155 704 141 686 101 213 524 249 227 281 394 324 Carne Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu 0 20 40 60 80 100 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Percentual 158 636 206 567 162 271 471 217 312 239 485 276 Vegetais Resultados 61 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Acesso às políticas públicas e ao apoio social e relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar No II VIGISAN prosseguiuse com a busca por compreender a relação entre a concessão de benefícios sociais aposentadoria PBFAuxílio Brasil e BPC assim como o acesso a políticas e ações públicas voltadas à SAN como o PNAE e restaurantes populares e os níveis de SAIA O recebimento de aposentadorias via INSS no período da pandemia da Covid19 possibilitou a garantia de acesso permanente à renda para uma parcela da população Nos domicílios com pelo menos uma moradora aposentadoa houve maior percentual de SA 465 e menor de IA grave 119 Nos domicílios onde não havia moradores recebendo aposentadoria mais de 300 estavam nas formas mais graves de IA IA moderada 146 IA grave 167 Figura 13 FIGURA 13 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA de acordo com o recebimento de aposentadoria nas famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 Ao menos uma moradora recebia aposentadoria Nenhuma moradora recebia aposentadoria Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 465 155 119 260 407 146 280 167 Resultados 62 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A renda per capita é um recorte importante para identificar os potenciais impactos da concessão de benefícios sociais sobre a SA e os níveis de IA Os titulares de direito ou beneficiários como são identificados em documentos legais das políticas e programas sociais estão inseridos em uma realidade de vida marcada por condições desfavoráveis evitáveis e por vezes injustas que levam a uma situação de vulnerabilidade determinante para a IA Considerando este aspecto os resultados da relação entre o acesso aos benefícios sociais e os níveis de SAIA são apresentados a partir de 3 recortes i referente a todos os domicílios participantes do estudo ii domicílios com renda familiar per capita 12 salário mínimo e iii com 14 salário mínimo Desta forma nas análises sobre o conjunto de domicílios que cumprem pelo menos o critério de renda per capita 12 salário mínimo para a elegibilidade de recebimento do extinto PBF ou de seu substituto a partir de novembro de 2021 o Auxílio Brasil Optouse também por destacar domicílios onde a situação de vulnerabilidade econômica tende a ser ainda mais grave sendo estes os que relataram renda familiar per capita 14 salário mínimo Esforço semelhante foi adotado para analisar a relação do acesso ao PNAE e aos restaurantes populares com os níveis de SAIA Conforme já destacado os domicílios que contavam com PBF Auxílio Brasil foram marcados pela sobreposição de situações que levam à identificação de famílias com maior vulnerabilidade à IA Neste sentido é importante compreender que as já elevadas prevalências de IA moderada e grave encontradas para os domicílios independentemente da renda familiar per capita poderiam ser ainda mais elevadas e impactantes sobre as condições de alimentação dos moradores mesmo com recebimento de parcelas destes benefícios sociais Figura 13 Situação semelhante foi observada para as prevalências de IA moderada ou grave no recorte de renda per capita 12 salário mínimo Resultados 63 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil As elevadas prevalências das formas mais graves da IA seja nos domicílios que contavam com o recebimento do PBFAuxílio Brasil ou naqueles que não o recebiam levam a crer que nesta faixa de renda a transferência de recursos monetários destes programas sociais não foi suficiente para garantir acesso pleno aos alimentos Uma explicação possível é que esses recursos recebidos tiveram que ser usados para o atendimento a outras necessidades básicas que não apenas a alimentação como por exemplo para pagamento de aluguel luz ou água atrasados além de gastos com saúde e outros Na análise do recorte de domicílios com renda familiar per capita 14 salário mínimo ao contrário dos demais recortes apresentados na Figura 13 as prevalências de SA mostraram se próximas seja para os domicílios que recebiam seja para os que não recebiam o PBFAuxílio Brasil Os dados encontrados indicam que para os domicílios que recebiam o PBFAuxílio Brasil a IA foi maior nos níveis leve ou moderada ou seja havia tanto a preocupação em relação ao acesso aos alimentos como também com a garantia de quantidade e qualidade da alimentação dessas famílias Já entre os domicílios com renda per capita 14 salário mínimo que não recebiam esses benefícios a fome esteve ainda mais presente A IA grave atingiu 567 dos domicílios com esta característica Figura 14 Cabe reforçar que este recorte de renda de forma isolada já representa uma situação de vulnerabilidade social determinante para a IA No entanto é preciso refletir sobre os valores destinados a estes auxílios Os dados apresentados na Figura 14 demonstram que mesmo na presença deste apoio social a situação de fome ou de outros níveis de IA é muito preocupante nos domicílios com faixa de renda per capita 14 salário mínimo Resultados 64 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 Sim Não Sim Não Sim Não Qualquer faixa de renda n12623 Renda per capita 14 SM n2198 Renda per capita 12 SM n5291 Percentual Percentual 81 281 443 195 99 176 567 159 267 214 215 304 269 171 239 320 126 296 327 252 219 233 294 254 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave FIGURA 14 Relação em entre recebimento 3 meses anteriores ou no mês da entrevista do Programa Bolsa Família ou do Auxílio Brasil e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados 65 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil O Benefício de Prestação Continuada BPC tem como público idosos não aptos a receberem aposentadoria pelo INSS ou pessoa com deficiência de qualquer idade com renda familiar per capita igual ou menor que 14 do salário mínimo Por esta forma de apresentar a classificação das faixas de renda de SM apresentamse os resultados da análise da distribuição da SAIA segundo o acesso ao BPC no II VIGISAN para a população geral e no recorte de renda igual ou inferior a 14 do SMPC Conforme se observa na Figura 15 a IA moderada ou grave foi maior nos domicílios que tinham alguma moradora recebendo o BPC Mais uma vez remetese à reflexão sobre a necessidade de atualizar os valores destinados a estes benefícios sociais fazendo com que este recurso impacte como deveria a vida das famílias que os recebem De forma positiva cabe destacar igualmente as pessoas em IA grave terem recebido ou ainda estarem recebendo esse apoio social considerando que na ausência dessa renda mínima a situação nestes domicílios poderia ser muito mais grave FIGURA 15 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA conforme acesso ao Benefício de Prestação Continuada BPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Qualquer faixa de renda n12595 Sim Não Renda per capita 14 SM n2185 Sim Não Percentual 238 260 276 227 434 144 147 275 46 253 603 98 92 238 487 183 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Resultados 66 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Dentre as políticas públicas de SAN construídas no Brasil o PNAE é a mais antiga a de maior orçamento e atualmente em risco de desestruturação Diante do grave cenário de fome que assola novamente os brasileiros o fundamental atendimento universal aos escolares regularmente matriculados nas unidades de ensino públicas promove o acesso dos estudantes a alimentos adequados e saudáveis de forma regular e permanente Durante o ano de 2021 a manutenção do grave quadro da pandemia pela Covid19 no Brasil fez com que várias escolas permanecessem com ensino remoto Nesse caso deveria garantir a manutenção do acesso à alimentação escolar ofertada por meio do PNAE via entrega de alimentos ou cartões de alimentação Resultados A falta de orientações precisas sobre estratégias para utilizar o PNAE como recurso alimentar para crianças e adolescentes em atividades escolares remotas resultou em prejuízos importantes para sua SA como mostra a Figura 16 Em termos gerais os que tiveram acesso ao PNAE tem prevalência menor de SA 254 e mais alta de IA grave 223 comparativamente aos domicílios que não tiveram acesso As diferenças entre os dois grupos passam a ser menos expressivas nos domicílios de baixa renda 14 a 12 SMPC e de muito baixa renda 14 SMPC com SA em 100 das famílias e IA grave em torno de 370 Estes dados mostram que de fato o PNAE não conseguiu suprir minimamente as necessidades das famílias com crianças em idade escolar neste período da pandemia Foto Thais AlvarengaAção da Cidadania 67 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 16 Acesso em ao Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE em domicílios com algum moradora matriculadoa na rede pública de ensino segundo a renda per capita das famílias e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Qualquer faixa de renda n3863 Sim Não Sim Não Sim Não Renda per capita 12 SM n2649 Renda per capita 14 SM n1287 0 20 40 60 80 100 Percentual 307 215 223 254 312 187 147 355 276 261 295 168 334 257 225 184 211 296 389 103 220 308 370 103 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Um dos papéis dos chamados equipamentos públicos de SAN relacionase à garantia do acesso regular e permanente a alimentos e à alimentação em conformidade com a Lei Orgânica de SAN LOSAN 2006 Os restaurantes populares são ferramentas fundamentais para a oferta de alimentação adequada e saudável a preços acessíveis para a população As prevalências dos níveis de SAIA foram observadas em proporções semelhantes tanto dentre os domicílios com moradores que informaram frequentar como dentre aqueles que não frequentavam os restaurantes populares quando considerada toda a população do estudo No entanto ao fazermos o recorte entre os de menor renda 12 SMPC e 14 SMPC percebemos que as prevalências de SA foram maiores dentre aqueles que informaram frequentar restaurantes populares Figura 17 mostrando que para este público específico o acesso a esse equipamento público se relaciona a melhores prevalências de SA 68 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil No entanto é preciso problematizar o acesso a esses restaurantes por aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade à IA Em geral os restaurantes populares são instalados na área urbana de capitais ou cidades de maior porte populacional próximos a centros comerciais ou de grande circulação e portanto longe das periferias FIGURA 17 Acesso em a restaurantes populares segundo a renda per capita das famílias e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Qualquer faixa de renda n12635 Sim Não Sim Não Sim Não Renda per capita 12 SM n5305 Renda per capita 14 SM n2208 0 20 40 60 80 100 Percentual 243 129 133 496 277 152 155 417 187 252 293 268 259 261 311 169 107 210 481 202 185 240 495 80 91 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Com relação ao Auxílio Emergencial observouse que ele foi direcionado aos domicílios em situação de vulnerabilidade social portanto também de maior risco para a IA Isso pode ser observado quando avaliamos a relação entre a SAIA e a solicitação e recebimento do Auxílio Emergencial pelas famílias mais vulneráveis renda familiar per capita inferior a 14 do SM ou seja a população elegível ao Auxílio Emergencial e a que mais sofreu com os impactos negativos da pandemia Resultados 69 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Observase que a fome representada pela IA grave foi maior nos domicílios que solicitaram e não receberam 63 o Auxílio Emergencial quando comparados com os que solicitaram e receberam 475 Quando se soma a este grupo os domicílios que não solicitaram o Auxílio Emergencial observase que muitos domicílios de baixa renda não foram contemplados com essa política pública e experimentaram condições ainda mais graves A situação sugere que o programa não atingiu todas as famílias que viviam em privação de alimentos ou vivenciavam a fome Figura 18 A presença de pessoas com baixos rendimentos que não solicitaram o Auxílio Emergencial pode indicar para os domicílios em IA moderada ou grave uma condição de marginalização extrema que acaba por influenciar inclusive o acesso a esta política pública No entanto para os domicílios dessa faixa de renda que estavam em SA ou IA leve pode sugerir por outro lado a utilização de outros mecanismos de proteção da IA como apoio social e ajuda de organizações não governamentais Figura 18 FIGURA 18 Relação em entre a solicitação e recebimento do auxílio emergencial e a Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com renda per capita de até 14 de salário mínimo Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Solicitou e recebeu Solicitou e não recebeu Não solicitou Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 83 475 179 264 87 630 144 139 105 485 188 222 Resultados 70 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Insegurança Hídrica e sua relação com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar No I VIGISAN já havia indícios de relações entre IA e Insegurança Hídrica Com a inclusão da escala hídrica neste II VIGISAN foi possível verificar que cerca de 12 da população geral brasileira vivia com restrição de acesso à água e que a IA grave estava fortemente associada a ela Daqueles domicílios brasileiros com Insegurança Hídrica 420 também estavam em situação de IA grave ou seja conviviam com a sede e a fome Em quase 650 dos domicílios com Insegurança Hídrica seus moradores tinham restrição quantitativa de alimentos IA moderada ou grave A combinação de Insegurança Hídrica e IA grave tinha maior magnitude nas regiões Norte 483 Sudeste 430 CentroOeste 418 e Nordeste 412 Tabela 9 Resultados Foto Clara GouveaActionAid 71 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil No plano global tanto o acesso aos alimentos quanto o acesso à água para consumo humano dependem sobretudo de condições socioeconômicas políticas geográficas e ambientais assentadas em políticas públicas que buscam garantir a realização desses direitos Isso posto podemos assumir com os resultados deste II VIGISAN que não será possível garantir segurança alimentar sem que seja também garantida a segurança hídrica tanto com políticas específicas de abastecimento quanto com políticas estruturais de combate às mudanças climáticas de proteção aos recursos hídricos e de regulação de uso dos mananciais TABELA 9 Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar segundo o grau de Segurança Hídrica Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados SH 449 288 142 121 IH 143 209 227 420 SH 422 315 154 109 IH 166 251 165 418 SH 396 291 156 157 IH 208 184 195 412 SH 318 282 194 206 IH 131 189 197 483 SH 491 279 129 101 IH 106 183 282 430 SH 549 255 109 87 IH 221 335 216 228 Sudeste Sul Brasil CentroOeste Nordeste Norte Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA SA IA Leve IA Moderada IA Grave Brasil e macrorregiões n12522 Segurança Hídrica SH Insegurança Hídrica IH 72 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Evolução da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar As mudanças ocorridas ao longo das últimas décadas no padrão de acesso dos brasileiros aos alimentos refletem as opções de políticas econômicas e sociais dos governos nesse período Em outras palavras as medidas de SA e dos níveis de IA incluída a mensuração da fome pelo nível de IA grave são indicadores fortes do impacto dessas opções do Estado brasileiro A Figura 19 foi elaborada com as estimativas de SAIA dos inquéritos nacionais de 2004 a 2018 PNADs e POF 2018 do I VIGISAN e II VIGISAN considerando a versão de oito perguntas da EBIA Observase a piora expressiva cenário de IA sobretudo de famílias migrando de uma situação de IA leve para o nível de IA moderada e em seguida para o de IA grave 0 10 20 30 40 50 60 70 80 PNAD 2004 1 PNAD 2009 2 PNAD 2013 3 POF 2018 4 I VIGISAN 2020 II VIGISAN 20212022 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 648 138 120 95 696 80 158 66 771 126 61 42 633 207 101 58 448 347 115 90 413 280 152 155 FIGURA 19 Tendência da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil 2004 a 2022 II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Fonte Dados reanalisados para a escala de oito itens a partir das pesquisas 1 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 20032004 IBGE 2 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 20082009 IBGE 3 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 20132014 IBGE 4 Pesquisa de Orçamentos Familiares 20172018 IBGE Resultados 73 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Merece destaque na Figura 19 o avanço expressivo em 1 ano e 4 meses da IA grave que era de 90 em 2020 e entre final de novembro de 2021 e abril de 2022 aumenta para 155 Em número de pessoas isto significa que 14 milhões de novos brasileiros passaram a conviver com a situação de fome uma vez que tínhamos 191 milhões ao final de 2020 e ao final de 2021 e início de 2022 esse número subiu para 331 milhões Outro aspecto relevante na análise das desigualdades sociais no Brasil é o fato de que a SA permaneceu estável em patamares pouco acima de 40 mesmo considerando a redução de 67 milhões de pessoas que anteriormente tinham capacidade plena de acesso aos alimentos Nitidamente esse percentual de SA corresponde ao segmento da população brasileira que esteve protegida dos impactos das crises econômica política e sanitária que infringem sofrimento aos 60 restantes As mesmas tendências foram observadas na população que vive em áreas rurais do Brasil entretanto com prevalências de IA moderada ou grave mais altas do que aquelas observadas em domicílios urbanos Anexo 13 Resultados Foto Thais AlvarengaAção da Cidadania Foto ActionAidASPTA 74 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Indo além da evolução das prevalências médias nacionais a mesma análise mostra as dimensões das desigualdades regionais relativas à violação do DHAA no Brasil Anexo 14 A região Norte foi aquela em que o acesso domiciliar aos alimentos sofreu o maior impacto das desigualdades sociais antes e durante a pandemia da Covid 19 seguida da região Nordeste A Figura 20 evidencia a evolução da IA moderada ou grave tomadas juntas por corresponderem à condição de falta de alimento em quantidade suficiente para alimentar todos os membros da família É manifesto e de grande magnitude o aumento da insuficiência de alimentos nos lares brasileiros entre 2018 e 20212022 em todas as macrorregiões Entretanto como um espelho da desigualdade no Brasil essa evolução negativa da IA moderada ou grave ocorre com mais intensidade nas regiões Norte e Nordeste com prevalências em 20212022 de 452 e 384 respectivamente FIGURA 20 Fonte Dados reanalisados para a escala de oito itens a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares 20172018 IBGE POF 2018 I VIGISAN 2020 II VIGISAN 20212022 Norte Nordeste CentroOeste SudesteSul 10 20 30 40 50 Percentual 313 254 153 100 321 308 187 146 452 384 284 250 Resultados Evolução em da estimativa da Insegurança Alimentar moderada grave segundo as macrorregiões do Brasil entre os inquéritos nacionais de 2018 POF o I VIGISAN de 2020 e o II VIGISAN de 2022 II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 75 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Avaliando a tendência das relações de desigualdades de gênero entre 2020 e 20212022 apesar da redução no acesso das famílias aos alimentos tanto em domicílios cuja pessoa de referência era homem quanto naqueles em que a mulher tinha esse papel foi nestes últimos domicílios que a redução da SA foi maior Já o aumento da IA grave foi significativamente maior em domicílios onde a mulher era a pessoa de referência diferença entre os sexos de 47 pontos percentuais em 2020 e de 74 pontos percentuais em 20212022 Figura 21 e Tabela 10 FIGURA 21 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo sexo da pessoa de referência Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Segurança Alimentar IA Grave Homens Mulheres 2020 Segurança Alimentar IA Grave 20212022 Percentual 523 369 464 359 70 112 119 193 Efeitos negativos sobre a SAIA ao longo do último ano apareceram mais fortemente nas condições que fragilizam sobretudo as mulheres que se encontravam nos segmentos mais empobrecidos da sociedade Em 20212022 nos domicílios com renda per capita de até 12 salário mínimo Tabela 10 a prevalência da SA era 208 menor quando as mulheres eram a pessoa de referência Resultados 76 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Comparativamente aos demais níveis de IA a IA grave foi 295 superior A diferença de acesso pleno aos alimentos SA foi menor em 20212022 comparativamente a 2020 por ter tido redução da SA em domicílios em que homens foram identificados como pessoa de referência Por outro lado há aumento da IA grave nos domicílios de mulheres como responsáveis o que levou neste caso à manutenção de uma diferença entre as duas categorias de domicílios Entre 2020 e 20212022 além dessas diferenças considerando mulheres ou homens como referência há piora no acesso aos alimentos em ambos os grupos porém mais acentuada nos domicílios em que mulheres eram a referência Figura 22 FIGURA 22 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo sexo da pessoa de referência em domicílios com faixa de renda familiar per capita menor que 12 salário mínimo per capita SMPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 5 10 15 20 25 30 35 2020 20212022 Homens Mulheres Segurança Alimentar 2020 20212022 IA grave 285 178 166 188 202 160 264 342 Percentual Resultados Na faixa de rendimentos familiares maiores que 12 e até 1 SMPC ainda se observa redução da SA o final de 2020 e o início de 2022 tanto em domicílios de homens como de mulheres como referência porém a diferença de prevalência entre os dois grupos ficou menor no início de 2022 101 sugerindo que pouca melhora nos rendimentos pode ter impacto no acesso à alimentação suficiente sobretudo em domicílios de mulheres como responsáveis 77 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Nesta faixa de renda as prevalências de IA moderada ou IA grave são menores do que aquelas da faixa de renda anterior porém permanece a tendência de seu aumento entre 2020 e 20212022 Tabela 10 Chama atenção o fato de que em 2020 na faixa de renda maior que 1 SMPC a IA moderada e a IA grave haviam desaparecido porém voltando em 20212022 com prevalências menores mas discretamente aumentadas em domicílios que têm a mulher como pessoa de referência Tabela 10 Em outras palavras mesmo em famílias com rendimentos mais altos sendo a mulher a pessoa de referência o risco de IA ainda é maior TABELA 10 Evolução da distribuição percentual da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo ano do inquérito sexo da pessoa de referência e rendimento familiar per capita ano do inquérito II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados Homens 285 363 186 166 Mulheres 178 393 240 188 Diferença 375 83 290 133 Homens 202 280 254 264 Mulheres 160 232 266 342 Diferença 208 171 47 295 Homens 514 369 61 56 Mulheres 429 372 123 76 Diferença 165 08 1016 357 Homens 424 384 111 81 Mulheres 381 388 129 101 Diferença 101 10 162 247 Homens 793 207 00 00 Mulheres 717 283 00 00 Diferença 96 367 00 00 Homens 772 164 36 27 Mulheres 717 194 59 30 2020 20212022 20212022 Rendimento maior que 12 e até 1 SMPC 2020 20212022 Rendimento maior que 1 SMPC Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA SA IA Leve IA Moderada IA Grave Ano Sexo da pessoa de referência Rendimento até 12 SMPC 2020 Diferença 71 183 639 111 A diferença foi calculada considerando de SAIA de mulheres de SAIA dos homens de SAIA dos homens100 78 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 23 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo raçacor autorreferida da pessoa de referência Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 2020 20212022 Brancos Pretospardos Segurança Alimentar 2020 20212022 IA grave 497 415 68 104 532 350 106 181 Percentual Resultados Comparando as tendências de SAIA entre os dois períodos analisados por faixas de rendimentos familiares fica evidente que as prevalências de SA foram menores nos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclarou preta ou parda mesmo quando essa condição era mais frequente como nos domicílios com rendimentos mensais acima de 1 SMPC Nesta faixa de renda a SA era de 786 nos domicílios com pessoa de referência branca e de 752 naqueles onde essa pessoa é preta ou parda Tabela 11 Comportamento similar mas em direção oposta fica evidente quando se analisam as situações de IA Tanto a IA moderada quanto a IA grave digase a fome ocorreram com prevalências mais altas nos domicílios de pessoa de referência preta ou parda exceto na faixa de rendimento de até 12 salário mínimo As diferenças de IA moderada e IA grave são significativas na faixa intermediária de renda rendimento maior que 12 e até 1 SMPC tanto comparando os dois grupos segundo a raçacor da pele em cada ano quanto analisando a evolução entre eles nos períodos de 2020 para 20212022 79 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A IA grave aumentou nos domicílios com pessoa de referência branca de 33 para 66 e entre domicílios com pessoa de referência negra pretaparda de 87 para 102 Isto resultou em diferença menor entre os grupos mas com permanência de prevalência de IA grave de maior magnitude em domicílios chefiados por pessoa negra Tabela 11 Outro aspecto que chama atenção nestes dados é a permanência de IA moderada e IA grave nos dois grupos de domicílios em 2022 quando os dois níveis já haviam desaparecido em 2020 Podese concluir que as desigualdades de raçacor são permanentes porém mais graves nas populações de rendimentos intermediários Resultados TABELA 11 Comparação da distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar segundo a raçacor da pele da pessoa de referência dos domicílios entre o I e II VIGISAN Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Branca 189 417 208 186 Pretaparda 228 369 226 178 Branca 219 257 240 283 Pretaparda 161 251 271 317 Branca 537 376 54 33 Pretaparda 431 368 115 87 Branca 455 387 92 66 Pretaparda 379 388 132 102 Branca 786 214 0 0 Pretaparda 752 248 0 0 Branca 786 155 29 30 Pretaparda 721 193 59 26 83 245 1034 133 Raça Cor da pessoa de referência Diferença Diferença Diferença Diferença Diferença 2020 20212022 20212022 Rendimento maior que 12 e até 1 SMPC 2020 20212022 Rendimento maior que 1 SMPC Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA SA IA Leve IA Moderada IA Grave Ano Rendimento até 12 SMPC 2020 Diferença A diferença foi calculada considerando de SAIA de prataparda de SAIA de branca de SAIA de branca100 IA retorna para os dois grupos mas sem diferença estatisticamente significativa 206 115 87 43 265 23 129 120 197 21 1130 1636 167 03 435 545 43 159 0 0 80 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil São muitas as condições de desigualdade que penalizam vários segmentos da população brasileira Merecem destaque as crianças que em condição de carência alimentar podem ter suas potencialidades e seu futuro comprometidos Nesta situação de crise geral em que temos vivido isto se torna ainda mais grave pela falta de iniciativas dos governos para minimizar os danos Assistimos ao caos na gestão do PNAE com falta de orientação e recursos adequados para os estados e municípios O reflexo dessa e outras situações está evidenciado na piora da IA apontados aqui os domicílios com crianças com até 10 anos Entre 2020 e 20212022 praticamente não houve mudança de prevalência de SA e também de IA moderada Entretanto houve uma redução importante da IA leve Resultados Foto Sara GehrenAção da Cidadania 81 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 24 Prevalência em da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com moradores de até 10 anos de idade Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 5 10 15 20 25 30 35 40 2020 20212022 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 347 374 186 94 339 291 189 181 As tendências de SAIA dos domicílios foram também influenciadas pelo desemprego ou condições precárias de trabalho uma vez as famílias viram seus rendimentos diminuírem e acabaram por se endividar Mesmo se tratando de um período relativamente pequeno cerca de um ano foi possível observar o reflexo dessas e de outras situações na magnitude das prevalências sobretudo da IA grave A SA permaneceu estável apesar de continuar em patamar bem abaixo da média nacional em domicílios onde as pessoas de referência das famílias referiram emprego formal entre 2020 e 20212022 Figura 25 Entretanto a IA grave se elevou neste período O mesmo ocorreu com a condição de trabalho informal que manteve estável a prevalência de SA ainda que muito baixa próxima aos 300 nos dois períodos porém com aumento significativo da IA grave 143 em 2020 para 202 em 20212022 Resultados A IA grave a fome dobrou nesses domicílios entre o final de 2020 e o início de 2022 indo de 94 para 181 Figura 24 82 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Com o desemprego essa estabilidade desapareceu e houve piora significativa dos índices uma vez que a SA foi reduzida em 52 pontos percentuais enquanto a IA grave aumentou de 214 para 361 Figura 25 Sabese que um dos reflexos da dinâmica financeira das famílias é o aumento do endividamento discutido anteriormente neste Relatório e que apresenta relação desfavorável em relação ao acesso das famílias aos alimentos A SA se manteve estável mas a IA grave aumentou expressivamente É sempre bom lembrar que mudanças aparentemente pequenas em percentuais sobretudo de IA grave podem significar milhões de pessoas que passam a conviver cotidianamente com a falta de comida no prato FIGURA 25 Comparação em da Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo a relação de trabalho da pessoa de referência do domicílio entre o I e II VIGISAN Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 2020 Segurança Alimentar IA grave 20212022 Segurança Alimentar IA grave Percentual 590 277 183 313 33 214 196 143 538 196 200 308 74 361 256 211 Trabalho formal Trabalho informal Desemprego Endividamento Resultados 1 2 milhões de pessoas Foto Tulio MartinsActionAid Considerações finais Foto Meire MunizActionAid 84 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil As evidências aqui apresentadas revelam um preocupante agravamento da IA em um contingente expressivo da população brasileira iniciado pela crise econômica e desestruturação de políticas públicas nacionais desde 2016 e acentuado pela pandemia de Covid19 que continuava a se propagar Somase a esse cenário a persistência de opções governamentais negligentes pautadas pelo falso dilema entre economia e saúde Comparado ao I VIGISAN que identificou em dezembro de 2020 9 da população ou 19 milhões de pessoasconvivendo com a fome no II VIGISAN este percentual passou para 155 da população ou 331 milhões de pessoas em situação de fome indicando que 14 milhões de brasileiros foram deslocados para tal condição em um ano Baseado numa amostra maior e mais diversificada social e espacialmente o material analisado neste Relatório não apenas confirma as tendências já apontadas em investigações anteriores mas deixa evidente as interfaces entre a deterioração das condições alimentares e as demais dimensões de um contínuo processo de empobrecimento e vulnerabilidade social de ampla parcela da população brasileira Nesse sentido chama atenção a maior proporção das famílias com renda inferior a um salário mínimo em IA grave especialmente aquelas com renda inferior a 14 de SMPC nas quais a condição de convívio com a fome atinge 430 delas o dobro do verificado em 2020 Situação semelhante foi identificada nas famílias afetadas pelo desemprego assim como naquelas que recorreram ao endividamento à venda de bens ao corte de despesas essenciais ou não essenciais ou ainda nas famílias em que alguém teve que abandonar os estudos Considerações finais 85 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Embora os números indiquem a precarização das condições alimentares para o conjunto do país os traços do empobrecimento e das estratégias de sobrevivência das famílias se manifestam desigualmente entre as regiões Os níveis mais elevados de IA moderada e grave nas regiões Norte e Nordeste relativamente às demais regiões refletem desigualdades geradas por dinâmicas socioeconômicas e políticas locais e de distribuição da riqueza nacional Assim a convivência com a fome assume contornos mais dramáticos naquelas regiões onde as populações em particular no meio rural se veem impossibilitadas de escapar de tal tragédia devido ao seu aprisionamento num estado persistente de pobreza Tendo como referência o contexto da crise sanitária que assolou o país a partir do início de 2020 a IA foi agravada pelas dificuldades de recomposição das rendas do trabalho em emprego formal ou informal de retomada de negócios e de atividades produtivas em particular no meio rural Agricultores familiaresprodutores rurais não conseguiram recuperar a produção aos níveis da prépandemia além de se sujeitarem a preços menos rentáveis o que os levou a um estado no qual a prevalência de IA supera a observada nas áreas urbanas Em seu conjunto e como reflexo de um abismo social que se amplia enquanto 413 da população brasileira dispõem de mecanismos de defesa da renda e preservação do poder de compra quase 600 das famílias se veem desprotegidas e incapacitadas A esse grupo foram incorporadas em um ano mais 67 milhões de pessoas anteriormente em SA agora também desprovidas de meios regulares e permanentes de acesso aos alimentos Foto Ventana FilmesActionAid Considerações finais 86 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Este recorte social inclui aspectos não econômicos das desigualdades relacionados à raçacor da pele gênero e grau de escolaridade definidores das vias de inserção das famílias na sociedade e da participação na distribuição da renda Tais aspectos resultam em mais exposição ao risco de fome e em precárias condições de acesso à alimentação adequada e saudável Na pobreza extrema essas diferenças não são significativas mas tornamse relevantes nos rendimentos que caracterizam a pobreza e os valores médios da renda familiar A maior ocorrência da fome entre famílias tendo as mulheres como responsáveis pode ser explicada dentre outros fatores pela diferença de rendimentos que desfavorece às mulheres em relação aos homens Enquanto na população negra houve um aumento de mais de 600 na proporção daquelas que convivem com a fome dentre brancos esse aumento foi de 346 comparando os resultados dos dois Inquéritos da Rede PENSSAN O II VIGISAN revela diferença importante entre gêneros e indicam que 193 das famílias chefiadas por mulheres estão expostas à fome enquanto esse percentual reduz para 119 quando são os homens nessa posição essa diferença é maior do que a observada em 2020 quando as prevalências eram 112 e 70 respectivamente Considerações finais 87 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A relação entre IA e grau de escolaridade revela um dos problemas mais graves da sociedade brasileira com repercussões que extrapolam o contexto da pandemia Em primeiro lugar constatouse que 223 das famílias cujos responsáveis têm até quatro anos de estudo ou não tinham escolaridade estão em situação de IA grave o dobro daquelas com oito anos de estudo 102 A garantia da educação como direito social se revela portanto como um meio essencial também de proteção das famílias contra a ameaça da fome Em segundo lugar uma má alimentação na infância compromete não apenas o desenvolvimento físico mas também sua capacidade cognitiva no futuro O expressivo aumento da IA dos domicílios com crianças de idade até 10 anos de 94 para 181 em um ano demonstra tanto o aumento da vulnerabilidade de suas famílias no período da pandemia como a negligência dos governos na gestão caótica do PNAE Diante da impossibilidade do ensino presencial a alimentação dessas crianças foi duplamente prejudicada pois elas não puderam contar com a alimentação escolar com regularidade ao mesmo tempo em que ficaram expostas à escassez de alimentos em seus domicílios Essa condição é mais grave ao considerar o impacto no desenvolvimento infantil dada a impossibilidade de acesso remoto às aulas por um contingente expressivo da população de crianças e adolescentes o que contribui para a estagnação social da famílias em situação de maior vulnerabilidade Foto Thais AlvarengaAção da Cidadania Considerações finais 88 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil As mazelas assim formadas dentre as quais se destacam as diferentes manifestações de IA são repercussões das desigualdades sociais que derivam de processos econômicos e políticos que moldaram historicamente a sociedade brasileira Esta conduta governamental acabou criando uma armadilha para as famílias que dependem do PBFAuxílio Brasil BPC PNAE restaurantes populares e do Auxílio Emergencial A desidratação intencional dessas políticas acabou agravando as condições das famílias com renda inferior a 1 SMPC em particular as que vivem com 14 desse valor 430 das quais em estado famélico Estados e governos podem aumentar desigualdades pobreza e fome pela falta de ação e por decisões políticas e adoção de ações que elevam os níveis de concentração de renda e riqueza justificadas com a falácia do gotejamento da riqueza para as camadas de menor renda Os indicadores de pobreza e fome no Brasil se consideradas quase duas décadas de avaliação parecem expressar um mosaico em que todos esses elementos a partir de 2016 interagem para negar os direitos de cidadania à maioria da população além de múltiplos testemunhos de despreparo de governos e da tecnocracia responsável por responder às crescentes demandas sociais A destruição de instituições públicas e a desativação de políticas voltadas à proteção social em curso desde 2016 estão na raiz do problema aqui exposto deixando grande parte da sociedade desprotegida diante dos efeitos da crise sanitária que agravou a crise econômica que a antecedeu Imagem Márcio de Carvalho Considerações finais 89 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Por essa razão para reverter essa tendência é preciso compreender que seus determinantes estão situados além das questões específicas da alimentação e das relações entre oferta e demanda de alimentos Paralelamente um ambiente de instabilidade política e fragilidade de instâncias democráticas refratárias à atuação da sociedade civil sintonizada com as carências sociais emergentes contribuem para o desprezo aos direitos humanos dentre os quais o direito à alimentação adequada e saudável A tempestade perfeita formada pelo agravamento da fome e da pobreza está conduzindo a sociedade brasileira para uma involução social para a qual contribui o enfraquecimento das estruturas econômicas cujas competências tecnológicas se retraem Enquanto isso o extrativismo e as atividades agrícolas de larga escala do agronegócio majoritariamente voltadas a produção de commodities e não de alimentos ocupam o centro do PIB e a presença do país nos mercados globais empurrando a economia numa marchaaré da 6ª para 15ª posição mundial num retrocesso visível se comparado ao início do século Insuficiência de renda desemprego e subemprego deficiências habitacionais falta de acesso à educação e precárias condições de saúde estão diretamente interrelacionados com o agravamento da IA Considerações finais Imagem Márcio de Carvalho 90 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Nesse ambiente social em que diferentes precariedades corroem a vida de milhões de famílias destaque deve ser dado à interação entre a IA e a crise hídrica Apesar de diferenças regionais no conjunto da amostra nacional 420 das famílias com Insegurança Hídrica também conviviam com a fome enquanto apenas 143 desses domicílios estavam em SA Essa constatação evidencia que as famílias afetadas pela combinação de falta de alimentos e Insegurança Hídrica estão desprovidas dos elementos mais vitais da existência humana com destaque para as famílias rurais Por mais que as dimensões dessa tragédia social sejam atribuídas aos desequilíbrios climáticos e à pandemia da Covid19 seus impactos atingem mais gravemente as famílias já vitimadas pela pobreza e pela ausência do Estado no abastecimento de água e na garantia de SA Ao mesmo tempo são famílias deslocadas para as franjas da sociedade de mercado sob a dinâmica excludente de processos econômicos que concentram renda e continuamente agravam desigualdades Foto Ventana FilmesActionAid Considerações finais 91 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Se por um lado as evidências expostas neste Relatório refletem este ambiente de degradação social e portanto de retrocessos institucionais que contribuíram para o empobrecimento da sociedade brasileira no contexto da pandemia da Covid19 por outro lado indicam a amplitude dos desafios envolvidos em sua superação A sinergia entre a IA e as demais inseguranças que afetam a sobrevivência humana na atualidade dá uma dimensão clara da agenda de reconstituição do aparato institucional e de reorientação das estruturas econômicas e políticas rumo a uma redução das desigualdades e da melhoria das condições de vida Para tanto não será suficiente apenas uma reativação da economia através do crescimento mas sua reconexão com princípios de igualdade de resgate dos direitos humanos dentre os quais o de alimentação adequada de preservação ambiental e de promoção do bemestar Considerações finais Voltar para o Sumário Referências BEMLIGNANI J PALMEIRA P A ANTUNES M M SALLESCOSTA R Relationship Between social indicators and food insecurity a systematic review Rev Bras Epidemiol n 23 2020 Disponível em httpsdoi org1015901980549720200068 Acesso em 3 maio 2022 BRASIL Lei nº 11346 de 15 de setembro de 2006 Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências Diário Oficial da União seção 1 Brasília DF p 12 18 set 2006 BURLANDY L SALLESCOSTA R Segurança alimentar e nutricional Concepções e desenhos de investigação In KAC G SICHIERI R GIGANTE D P orgs Epidemiologia nutricional 2ª ed Rio de Janeiro Fiocruz 2022 CAFIERO C VIVIANI S NORD M Food security measurement in a global context the food insecurity experience scale Measurement v 116 fev 2018 CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL CONSEA A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil Indicadores e monitoramento da Constituição de 1988 aos dias atuais Brasília Consea 2010 DE PAULA N ZIMMERMANN S A insegurança alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil Revista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense n 3 p 5567 2021 Voltar para o Sumário DE PAULA N Tendencias a la universalización del consumo alimentario In BENZA S SAMMARTINO G VACCAREZZA F orgs Alimentación cultura y nutrición aportes desde el patrimonio las políticas públicas y el abordaje de los padecimientos 1ª ed Buenos Aires Libro Digital DOC 2021 v 1 p 816 DEL GROSSI M E DAHLET G DE LIMA P CEOLIN S Brazils Fome Zero strategy In Silva J G org From Fome Zero to zero hunger a global perspective 1ª ed Rome FAO 2019 v 1 p 2143 DELGADO N G ZIMMERMANN S A Políticas públicas para soberania e segurança alimentar no Brasil conquistas desmontes e desafios para uma reconstrução Saúde Amanhã Textos para Discussão n 83 Rio de Janeiro Fundação Oswaldo Cruz 2022 Disponível em https saudeamanhafiocruzbrwpcontentuploads202203DelgadNG ZimmermannSAPolC3ADticaspC3BAblicasparasoberaniae seguranC3A7aalimentarnoBrasilTD83final1pdf Acesso em 11 maio 2022 DOS SANTOS T G et al Tendência e fatores associados à insegurança alimentar no Brasil pesquisa nacional por amostra de domicílios 2004 2009 e 2013 Cadernos de Saúde Pública v 34 n 4 p 117 2018 Disponível em httpsdoiorg1015900102311x00066917 Acesso em 11 maio 2022 FIGUEIREDO N DE PAULA N M Desafíos en las políticas públicas de seguridad alimentaria en México un estudio del programa desayunos escolares Estudíos Sociales v 31 p 239 jan 2021 Disponível em httpsdoiorg1024836esv31i571110 Acesso em 11 maio 2022 A soberania alimentar no contexto do regime alimentar neoliberal um diálogo com a literatura Monções UFGD v 10 p 480503 2021 Disponível em httpsdoiorg1030612rmufgdv10i1913051 Acesso em 11 maio 2022 Referências Voltar para o Sumário FRONGILLO E Validity and crosscontext equivalence of experience based measures of food insecurity Global Food Security v 32 mar 2022 GALINDO E et al Work Paper 4 Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil Food for Justice Berlin n 4 2021 Disponível em httpsdxdoiorg1017169refubium295542 Acesso em 11 maio 2022 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Pesquisa de Orçamentos Familiares 20172018 análise da segurança alimentar no Brasil Rio de Janeiro RJ IBGE 2020 Dados sobre os resultados da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA aplicada na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios de 2013 apud PNAD insegurança alimentar nos domicílios cai de 302 em 2009 para 226 em 2013 Agência IBGE de Notícias 18 dez 2014 Disponível em httpsagenciadenoticiasibgegovbragencia saladeimprensa2013agenciadenoticiasreleases14735asipnad insegurancaalimentarnosdomicilioscaide302em2009para226 em2013 Acesso em 16 maio 2021 Síntese de indicadores sociais uma análise das condições de vida da população brasileira 2020IBGE Coordenação de População e Indicadores Sociais Rio de Janeiro IBGE 2020 148p 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amostral do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio PNAD II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 2 100 Tamanho amostral por localização urbana e rural segundo macrorregiões brasileiras com respectivas margens de erro II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 3 101 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA com 8 perguntas II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 4 101 Classificação e pontos de corte da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA de oito itens II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 5 102 Perguntas da Escala da Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 6 103 Proporção de domicílios por macrorregiões segundo características domiciliares II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 7 104 Distribuição proporcional de condições sociodemográficas da pessoa responsável pelo domicílio e o efeito da pandemia nas condições de trabalho Brasil e regiões II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 8 105 Distribuição percentual de domicílios segundo a procura por emprego pelo responsável pelo domicílio e pelos seus integrantes Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 9 106 Proporção de domicílios que tiveram ao menos uma pessoa da família que morreu em decorrência da Covid19 Brasil e macroregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 10 106 Proporção de moradores nos domicílios que relataram vergonha tristeza ou constrangimento para conseguir alimentos Brasil e macrorregiões II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 11 107 Frequência das refeições realizadas pelo entrevistado semanalmente e diariamente Brasil e macrorregiões II VIGISAN Brasil 20212022 ANEXO 12 108 Perguntas da Escala da Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 13 109 Evolução da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil macrorregiões localidade do domicílio urbana e rural de 2004 a 2022 II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 14 110 Evolução da estimativa da Insegurança Alimentar IA moderada grave segundo as macrorregiões do país dentre os inquéritos nacionais de 2018 POF 2020 I VIGISAN e 20212022 II VIGISAN Brasil macrorregiões localidade dos domicílios urbana e rural II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 100 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil obtido na PNAD 2015 obtido no II VIGISAN SEXO Masculino 490 470 Feminino 510 530 IDADE Até 4 anos 60 60 5 a 17 anos 200 160 18 a 49 anos 480 500 50 a 64 anos 160 180 65 ou mais 100 110 ESCOLARIDADE Ensino Fundamental 480 510 Ensino Médio 340 370 Superior 180 120 RENDA FAMILIAR Até 2 SMPC 420 670 Mais de 2 a 5 SMPC 380 270 Mais 5 SMPC 200 60 ANEXO 1 ANEXO 2 Macrorregião ZONA URBANA ZONA RURAL TOTAL Amostra pretendida Amostra Margem de erro Amostra Pretendida Amostra Margem de erro Amostra pretendida Amostra Margem de erro CentroOeste 1642 1667 24 208 212 67 1850 1879 23 Nordeste 3204 3232 17 1096 1117 29 4300 4349 15 Norte 2326 2330 20 624 640 39 2950 2970 18 Sudeste 1800 1827 23 200 195 70 2000 2022 22 Sul 1284 1305 27 216 220 66 1500 1525 25 Total 10256 10361 10 2344 2384 20 12600 12745 09 Fonte IBGE PNAD 2015 Considerando intervalos de confiança de 95 Tamanho amostral por localização urbana e rural segundo macrorregiões brasileiras com respectivas margens de erro II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Comparação por sexo idade escolaridade e renda familiar Salário mínimo per capita SMPC da distribuição amostral do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio PNAD II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto voltar ao texto 101 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Perguntas Opções de respostas 1 Nos últimos três meses os moradores deste domicílio tiveram a preocupação de que os alimentos acabassem antes de poderem comprar ou receber mais comida Sim Não Não sabeNão respondeu 2 Nos últimos três meses os alimentos acabaram antes que os moradores deste domicílio tivessem dinheiro para comprar mais comida Sim Não Não sabeNão respondeu 3 Nos últimos três meses os moradores deste domicílio ficaram sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e variada Sim Não Não sabeNão respondeu 4 Nos últimos três meses os moradores deste domicílio comeram apenas alguns poucos tipos de alimentos que ainda tinham porque o dinheiro acabou Sim Não Não sabeNão respondeu 5Nos últimos três meses alguma moradora de 18 anos ou mais de idade deixou de fazer alguma refeição porque não havia dinheiro para comprar comida Sim Não Não sabeNão respondeu 6 Nos últimos três meses alguma moradora de 18 anos ou mais de idade alguma vez comeu menos do que achou que devia porque não havia dinheiro para comprar comida Sim Não Não sabeNão respondeu 7 Nos últimos três meses alguma moradora de 18 anos ou mais de idade alguma vez sentiu fome mas não comeu porque não havia dinheiro para comprar comida Sim Não Não sabeNão respondeu 8 Nos últimos três meses alguma moradora de 18 anos ou mais de idade alguma vez fez apenas uma refeição ao dia ou ficou um dia inteiro sem comer porque não havia dinheiro para comprar comida Sim Não Não sabeNão respondeu ANEXO 3 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA com 8 perguntas II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 4 Classificação e pontos de corte da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA de oito itens II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Classificação Pontos de corte Segurança alimentar 0 Insegurança Alimentar Leve 13 Insegurança Alimentar Moderada 45 Insegurança Alimentar Grave 68 voltar ao texto voltar ao texto 102 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil ANEXO 5 Perguntas da Escala da Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Perguntas Opções de respostas Nas últimas 4 semanas você ou alguém de sua casa esteve incomodado preocupado ou com medo de que você não teria água suficiente para todas as suas necessidades domésticas Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência o abastecimento de água através de sua principal fonte foi interrompida ou sofreu alguma alteração pressão de água menos água do que o esperado rio secou Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência os problemas com a água impediram a lavagem de roupa Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém de sua família mudou a sua rotina porque teve que resolver um problema por conta da água As atividades que podem ter sido interrompidas incluem cuidar de outras pessoas realizar tarefas domésticas trabalhos agrícolas atividades geradoras de renda dormir etc Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém em sua casa teve que mudar os alimentos que costumam comer devido os problemas com a água como por exemplo lavar os alimentos cozinhar etc Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém em sua casa passou sem lavar as mãos após atividades sujas por exemplo defecar ou trocar fraldas limpar esterco de animais devido a problemas com a água Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém em sua casa teve que ficar sem tomar banho por causa de problemas com o água por exemplo água insuficiente suja insegura Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência a quantidade de água para beber foi menor do que gostaria para você ou alguém em sua casa Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém de sua família sentiu raiva da situação da água Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém de sua casa foi dormir com sede Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência a sua casa ficou completamente sem água Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência os problemas com água fizeram com que você ou alguém em sua casa se sentisse envergonhado Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Lidas até a opção Quase todos os dias voltar ao texto 103 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Características domiciliares Brasil e macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Água potável n 10291 Sim com fornecimento diário 899 937 839 899 916 918 Fornecimento semanal ou menos 101 63 161 101 84 82 Densidade domiciliar Nº de cômodos per capita n 12716 Até 1 cômodo 264 266 236 453 274 195 2 cômodos 325 315 318 313 338 315 3 cômodos ou mais 411 419 446 234 388 490 Nº de moradores n 12745 Até 4 moradores 892 879 909 792 891 916 5 moradores ou mais 108 121 91 208 109 84 Presença de moradores por faixa etária n 12745 Até 4 anos 59 65 60 74 55 59 De 5 a 17 anos 170 193 182 212 162 146 18 a 49 anos 507 473 482 503 495 500 50 a 64 anos 164 163 173 130 187 184 65 e mais 100 106 103 81 101 112 Renda domiciliar per capita mensal n 12722 Até 14 de SMPC 148 119 212 271 119 182 Mais de 14 até 12 SMPC 220 220 286 275 201 242 Mais de 12 até 1SMPC 331 373 346 275 337 326 Mais de 1 SMPC 301 288 156 179 343 250 ANEXO 6 Proporção de domicílios por macrorregiões segundo características domiciliares II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 Valores de proporções expandidas voltar ao texto 104 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Características ociodemográficas Brasil e macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Faixa etária da pessoa de referência n 12733 18 a 49 anos 548 540 596 567 520 540 50 a 64 anos 282 268 247 278 306 280 65 anos ou mais 170 193 157 155 174 180 Sexo da pessoa de referência n 12718 Masculino 507 451 490 586 498 553 Feminino 493 549 510 414 502 447 Escolaridade da pessoa de referência n 12730 Sem escolaridade 275 303 316 310 246 257 4 anos de estudo 58 anos de estudo 197 203 189 181 188 242 8 anos de estudo 528 494 496 509 567 501 Raçacor da pele da pessoa de referência n 12215 Branca 365 307 193 174 407 644 Pretaparda 635 693 807 826 593 356 Ocupação da pessoa de referência n 12733 Agricultora familiar ou produtora rural 29 13 66 45 10 23 Trabalhadora informal rural temporário em emprego sem carteira assinada bico free lancer outros 174 192 190 244 140 202 Trabalhando em emprego formal com carteira assinada ou servidora públicoa inclui empregada doméstica trabalhadora rural etc 251 220 224 207 262 300 Trabalhando como autônomoa regularempreendedora individual paga INSS profissional liberal nível superior empresárioa 164 172 119 141 204 135 Está desempregadoa 82 59 86 83 92 55 Outros aposentadoa dona de casa estudante etc 300 345 315 278 292 286 ANEXO 7 Distribuição proporcional de condições sociodemográficas da pessoa responsável pelo domicílio e o efeito da pandemia nas condições de trabalho Brasil e regiões II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto 105 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Características ociodemográficas Brasil e macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Efeito da pandemia nas condições de trabalho e financeiras Necessidade de ajudar financeiramente algum parente ou amigoa n12713 331 376 305 464 333 287 Endividamento de moradores n12707 382 401 373 447 387 346 Corte de gastos em despesas essenciais n12710 571 564 574 689 568 525 Corte de gastos em despesas não essenciais n12702 616 596 567 676 632 635 Utilizou toda ou quase toda reserva financeira que tinham na família n12683 386 441 337 487 381 409 Teve que vender imóveis automóveis motos equipamentos de trabalho ou outros bens n12708 116 134 115 173 106 115 Pelo menos uma moradora precisou parar de estudar porque teve que trabalhar não tinha acesso à internet ou porque ficou doente n12669 94 92 102 172 85 74 Valores de proporções expandidas Efeitos no trabalho em todos os integrantes da família n12660 Brasil e macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Com pelo menos 1 integrante procurando emprego ou estava disponível para trabalhar 143 106 151 178 162 73 Sem integrante procurando emprego ou sem disponibilidade para trabalhar 857 894 849 822 838 927 ANEXO 8 Distribuição percentual de domicílios segundo a procura por emprego pelo responsável pelo domicílio e pelos seus integrantes Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto 106 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil ANEXO 9 Proporção de domicílios que tiveram ao menos uma pessoa da família que morreu em decorrência da Covid19 Brasil e macroregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Morte por Covid19 nos domicílios Sim Não Morte em decorrência da Covid19 de algum familiar n12730 Brasil 61 939 Macrorregiões CentroOeste 50 950 Nordeste 52 948 Norte 444 956 Sudeste 61 939 Sul 88 912 Familiar que faleceu em decorrência da Covid9 e contribuía para a renda n789 Brasil 425 574 Macrorregiões CentroOeste 414 586 Nordeste 608 392 Norte 363 637 Sudeste 344 656 Sul 418 582 ANEXO 10 Proporção de moradores nos domicílios que relataram vergonha tristeza ou constrangimento para conseguir alimentos Brasil e macrorregiões II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto voltar ao texto 0 20 40 60 80 100 Brasil Norte Nordeste CentroOeste Sudeste Sul Sim Não Percentual 82 908 105 895 134 866 63 937 83 917 58 942 107 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Refeição realizada diariamente Brasil e Macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Café da manhã n12745 Sim 846 814 880 869 819 873 Não 154 186 120 131 181 127 Almoço n12745 Sim 899 925 916 929 867 939 Não 101 75 84 71 133 61 Jantar n12745 Sim 801 808 824 792 777 829 Não 199 192 176 208 223 171 ANEXO 11 Frequência das refeições realizadas pelo entrevistado semanalmente e diariamente Brasil e macrorregiões II VIGISAN Brasil 20212022 voltar ao texto 108 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil ANEXO 12 Perguntas da Escala da Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Localização urbana ou rural e macrorregiões FEIJÃO ARROZ CARNES VEGETAIS FRUTAS Localização domicílio SA IA leve IA moderada grave SA IA leve IA moderada grave SA IA leve IA moderada grave SA IA leve IA moderada grave SA IA leve IA moderada grave Urbana Reduziu 250 282 469 235 273 492 282 331 387 232 277 491 227 314 459 Aumentou 416 260 324 380 271 349 532 234 235 472 319 210 535 293 172 Não modificou 578 272 150 568 279 153 701 204 96 576 271 154 618 251 131 Não comprou há 3 meses 272 257 471 377 195 428 157 138 705 152 198 650 137 195 668 Rural Reduziu 256 296 448 256 265 479 275 285 440 272 270 458 288 280 433 Aumentou 349 211 441 367 219 415 480 190 330 463 257 280 532 212 256 Não modificou 535 262 204 503 279 219 598 268 134 512 273 215 526 278 196 Não comprou há 3 meses 276 166 559 127 201 673 146 155 699 173 228 599 209 223 568 CentroOeste Reduziu 219 313 468 224 290 486 254 344 403 227 324 450 243 345 412 Aumentou 334 300 366 299 299 411 429 277 293 371 340 289 423 330 247 Não modificou 524 317 159 510 326 164 609 290 101 533 307 160 557 299 145 Não comprou há 3 meses 403 248 349 314 314 373 179 238 584 207 241 551 156 252 592 Nordeste Reduziu 257 308 435 249 286 464 256 306 438 256 268 477 260 286 454 Aumentou 437 221 342 405 256 339 546 210 244 512 233 255 525 245 231 Não modificou 508 249 244 478 263 259 579 246 175 471 292 238 501 278 221 Não comprou há 3 meses 165 193 642 331 247 422 73840 97 825 117 229 654 82 207 712 Norte Reduziu 162 252 586 166 238 596 184 280 536 158 243 599 195 255 550 Aumentou 267 273 460 244 261 494 360 236 404 310 311 379 373 340 287 Não modificou 452 288 260 417 191 292 499 265 236 452 290 258 474 289 237 Não comprou há 3 meses 167 190 643 86 243 671 143 124 733 100 205 695 91 199 710 Sudeste Reduziu 266 251 483 242 249 509 297 333 371 243 269 488 224 315 462 Aumentou 409 290 301 419 268 312 584 238 178 468 371 161 596 600 105 Não modificou 598 283 120 592 292 117 750 190 59 605 266 129 654 247 99 Não comprou há 3 meses 276 279 445 352 145 503 189 147 664 177 166 657 215 183 602 Sul Reduziu 262 346 392 257 325 418 346 349 306 236 329 436 245 358 397 Aumentou 465 184 351 368 243 390 500 191 309 543 278 179 554 270 176 Não modificou 627 240 133 634 242 125 747 178 76 633 239 128 667 219 114 Não comprou há 3 meses 594 176 230 652 299 50 120 157 723 235 262 503 216 242 542 voltar ao texto 109 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil ANEXO 13 Evolução da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil macrorregiões localidade do domicílio urbana e rural de 2004 a 2022 II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 Inquéritos Características domiciliares BRASIL NORTE NORDESTE CENTROOESTE SUDESTESUL SA IA leve IA moderada IA grave SA IA leve IA moderada IA grave SA IA leve IA moderada IA grave SA IA leve IA moderada IA grave SA IA leve IA moderada IA grave PNAD 2004 EBIA n108606 648 138 120 95 530 157 152 161 460 166 199 175 686 134 112 68 737 124 83 56 Área n108606 Urbana 664 136 111 89 550 153 139 158 481 166 187 167 684 132 114 71 737 124 82 57 Rural 560 149 164 128 478 168 186 168 403 167 234 197 699 148 104 49 741 122 88 49 PNAD 2009 EBIA n117483 695 158 80 66 596 173 109 122 535 204 141 120 698 170 78 54 777 135 50 38 Área n117483 Urbana 704 158 76 62 593 177 113 118 545 204 135 116 684 178 81 57 775 137 51 38 Rural 646 160 104 90 606 163 98 134 507 202 161 131 795 113 59 33 798 118 48 36 PNAD 2013 EBIA n116490 771 126 61 42 635 179 93 93 605 199 123 73 823 108 43 26 859 85 30 26 Área n116490 Urbana 755 132 66 47 653 175 88 84 645 183 109 63 847 87 36 30 873 73 27 27 Rural 575 209 127 89 579 192 107 122 465 262 170 103 780 149 58 12 827 98 50 24 PNAD 2018 EBIA n57904 633 207 101 58 431 256 176 137 497 249 163 91 648 199 97 56 716 184 66 34 Área n57904 Urbana 649 204 95 53 450 256 171 123 523 242 151 85 644 200 99 57 715 185 66 34 Rural 536 230 145 89 367 257 193 183 421 270 199 110 686 189 80 44 729 174 64 34 I VIGISAN 2020 EBIA n2147 448 347 115 90 369 310 141 181 281 411 170 138 467 346 117 69 531 323 86 60 Área n2147 Urbana 456 350 109 85 365 333 127 175 277 429 158 136 470 341 125 64 530 323 87 60 Rural 400 330 149 120 380 240 182 198 294 357 206 143 441 390 51 118 543 318 78 62 I VIGISAN 2021 2022 EBIA n12681 413 280 152 155 284 264 195 257 365 272 163 199 405 311 155 129 481 269 132 117 Área n12681 Urbana 422 279 149 150 289 269 201 242 344 283 174 198 399 312 155 133 476 274 130 120 Rural 362 283 169 186 269 251 177 302 247 332 175 246 450 305 152 93 529 228 153 90 voltar ao texto 110 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Inquéritos EBIA nCaracterísticas domiciliares Insegurança alimentar moderada grave Brasil Norte Nordeste Centro Oeste Sudeste Sul POF 2018 EBIA n57904 160 313 254 153 100 Área n57904 Urbana 148 294 236 156 100 Rural 234 376 309 124 98 I VIGISAN 2020 EBIA n2147 205 321 308 187 146 Área n2147 Urbana 194 302 293 189 147 Rural 270 380 349 169 140 II VIGISAN 20212022 EBIA n12681 301 452 362 284 249 Área n12681 Urbana 2928 4429 372 286 250 Rural 3498 4798 421 245 243 ANEXO 14 Evolução da estimativa da Insegurança Alimentar IA moderada grave segundo as macrorregiões do país dentre os inquéritos nacionais de 2018 POF 2020 I VIGISAN e 20212022 II VIGISAN Brasil macrorregiões localidade dos domicílios urbana e rural II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto REALIZAÇÃO EXECUÇÃO APOIO E PARCERIA DO II VIGISAN
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Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil II VIGISAN Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil 2022 APOIO E PARCERIA DO II VIGISAN EXECUÇÃO REALIZAÇÃO Coordenador Vicecoordenadora Coordenação executiva Apoio de secretaria Renato S Maluf Sandra Maria Chaves dos Santos Renato S Maluf Sandra Maria Chaves dos Santos Ana Maria Segall Côrrea Daniela Sanches Frozi Elaine Martins Pasquim Nilson Maciel de Paula Renato Carvalheira Silvia Zimmermann Veruska Prado Alexandre Weiss Ana Carolina Gaspar Edição Revisão editorial Claudia Cavalcanti Identidade visual Rodrigo Masuda Projeto gráfico editorial Nina Mattos Diagramação Nina Mattos e Rodrigo Masuda Foto da capa Sara GehrenAção da Cidadania Ana Maria Segall Corrêa Rosana SallesCosta Elaine Martins Pasquim Anne Walleser Kepple FORMULAÇÃO REALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO Rede PENSSAN Mauro Eduardo Del Grossi Juliana de Bem Lignani Maria Angélica Tavares de Medeiros Sandra Maria Chaves dos Santos Silvia Aparecida Zimmermann Nilson Maciel de Paula Veruska Prado AlexandreWeiss Renato S Maluf GT Monitoramento Relatoria GT Editorial Willian Habermann Manu Justo Mohara Valle Glauce Arzua Maitê Gauto Renato Carvalheira do Nascimento GT Digital Carol Gutierrez Erika Azevedo Marcel Verrumo Débora Borges Diego Cotta Raphael Bandeira GT Imprensa Ana Carolina Morett Matheus Vieira Aline Ribemboim Jorge Cordeiro Vanessa Andrade Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil 22110918 CDD361050981 II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID19 no Brasil livro eletrônico II VIGISAN relatório finalRede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar PENSSAN São Paulo SP Fundação Friedrich Ebert Rede PENSSAN 2022 Análise 1 PDF ISBN 9786587504506 1 COVID19 Pandemia 2 COVID19 Pandemia Aspectos econômicos 3 Fome Brasil 4 Política alimentar 5 Políticas públicas 6 Políticas sociais 7 Segurança alimentar Brasil I Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar PENSSAN II Série Índices para catálogo sistemático 1 Segurança alimentar e nutricional Bemestar social 361050981 Eliete Marques da Silva Bibliotecária CRB89380 Apresentação A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional Rede PENSSAN apresenta à sociedade brasileira os resultados do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN cumprindo com o compromisso de contribuir para o conhecimento e o debate cientificamente fundamentado da realidade social do país no que se refere à Segurança Alimentar SA da população A relevância dessa contribuição é ainda maior em face da ausência de pesquisas oficiais com a frequência requerida para o monitoramento desta que é condição central de uma vida digna e saudável Foto Sara GehrenAção da Cidadania O atual contexto em que uma crise sanitária se sobrepôs à crise econômica e política que lhe é anterior impõe a necessidade de monitoramento frequente da condição alimentar e nutricional da população brasileira Tal necessidade ficou comprovada pela amplitude e velocidade com que se agravaram no início de 2022 as várias manifestações de Insegurança Alimentar IA no Brasil notadamente a IA grave que significa conviver com a fome quando comparadas com os resultados do I VIGISAN divulgados em abril de 2021 Evidenciar os diferentes níveis com que se verificou esse agravamento entre os vários segmentos sociais recortados por gênero raçacor escolaridade e local de moradia é ao mesmo tempo complementar as informações necessárias para uma melhor compreensão e atuação em uma sociedade com elevadas desigualdades sociais como a brasileira Devemos assinalar aqui lacunas que ainda permanecem pela ausência de informações sobre povos indígenas e outras comunidades e populações tradicionais Esperamos que os resultados do Inquérito ora apresentados com a gravidade que eles revelam contribuam para reafirmar a necessidade urgente da adoção de políticas públicas integradas e participativas capazes de enfrentar as múltiplas dimensões envolvidas bem como sirvam de fator gerador de indignação e mobilização da sociedade brasileira diante de tamanha mazela Coordenação Executiva Rede PENSSAN 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Em 29 anos de luta contra a fome a Ação da Cidadania se vê diante de um dos piores momentos dos números da fome desde sua fundação Não podemos mais tolerar que 33 milhões de pessoas não tenham o que comer em um país com tanta diversidade como o Brasil É um retrocesso total Nossa instituição nasceu com a comoção de Betinho ao se deparar com esse mesmo número de brasileiros em Insegurança Alimentar grave Hoje estamos aqui revivendo a mesma tragédia Apenas 2 anos após o Brasil sair do Mapa da Fome da ONU em 2014 a Ação da Cidadania já percebia por meio de sua rede nacional de comitês que a fome voltava com força Já em 2017 retomamos a campanha Natal Sem Fome e com ela voltamos a atuar focados no combate à fome Desde então foram quase 20 milhões de brasileiros ajudados pelas nossas campanhas Retomamos com força nossa atuação de advocacy para que as políticas públicas muitas inspiradas pela luta de Betinho nosso fundador não fossem destruídas Com o apagão de dados do Governo Federal entendemos a importância de apoiar a geração de informação sobre a Segurança Alimentar para que a sociedade tenha a real dimensão do problema e possa atuar de forma efetiva no sentido de acabarmos de uma vez por todas com a fome no Brasil A pesquisa da Rede PENSSAN é de suma importância para essa luta uma luta de 29 anos da Ação da Cidadania que durará enquanto houver fome 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Há mais de 20 anos a ActionAid potencializa ações de enfrentamento à fome e de superação da pobreza no Brasil Nessa trajetória testemunhamos resultados de políticas públicas e ações da sociedade civil que levaram o país a sair do Mapa da Fome da ONU em 2014 Mas nos últimos anos vimos também substanciais retrocessos e passamos a alertar para a tragédia anunciada que se aprofundou com os impactos da Covid19 que a Rede PENSSAN traduziu em dados e análises essenciais em seu primeiro Inquérito Um ano depois o quadro de apagão de dados oficiais e de negligência das autoridades permanece mas o contexto de fome e Insegurança Alimentar nos seus diversos aspectos chega a níveis ainda mais estarrecedores O crescimento da pobreza somado à inflação dos preços dos alimentos e ao desmonte de políticas efetivas só vem acentuar as desigualdades e levar à miséria grupos sociais e regiões historicamente mais afetados Por trás da fome temos o flagelo sobre as crianças as mulheres e a população negra acrescido a isso o negacionismo frente ao problema climático que tanto prejudica a produção agrícola e tem relação direta com a Insegurança Hídrica Portanto este novo estudo cumpre o papel de suprir a urgência por um raiox da atual situação alimentar de brasileiras e brasileiros em prol de um qualificado debate sobre a saída da situação trágica em que vivemos O Brasil especialmente parte significativa de sua população não precisava estar passando por isso Ninguém pode ficar indiferente 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A FES Brasil atua no Brasil há mais de 30 anos pelo fortalecimento da democracia e da justiça social A fome no Brasil é uma injustiça muito cruel e sabemos que atinge de forma mais grave setores historicamente marginalizados da sociedade O olhar sobre este problema não pode ser meramente conjuntural pois não está dissociado das desigualdades estruturais da sociedade e no mundo Em um país de alta produção agrária e com um histórico de políticas de combate à fome e das desigualdades a crueldade da situação atual parece ainda maior O II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil realizado pela Rede PENSSAN nos apresenta a triste realidade da fome no Brasil e é um instrumento essencial pois nos mostra a gravidade dos retrocessos causados pela superposição das múltiplas crises que vivenciamos atualmente É alarmante que a situação da fome no Brasil tenha chegado a patamares tão elevados Estudos como este são essenciais para a conscientização da sociedade sobre a urgência desse problema e para promoção de um debate baseado em evidências elementos essenciais para o desenvolvimento e a retomada de políticas que levem à eliminação da fome e das desigualdades 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Iniciativa pioneira o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil lançado pela Rede PENSSAN em 2021 nos ofereceu um retrato preciso e abrangente da situação alarmante de Insegurança Alimentar e fome no país em 2020 Ao observar os impactos da pandemia e da situação política e econômica do país na população o Inquérito gerou grande repercussão no debate público Os resultados deste II Inquérito mostram um cenário ainda mais recrudescido para as pessoas que passam fome no Brasil Por esta razão a publicação reforça a importância de pesquisas atualizadas e confiáveis que informem políticas e programas de combate à fome Em 2022 ano de eleições esta iniciativa também deve servir como ferramenta para que as agendas das candidaturas favoreçam a criação e o avanço de políticas públicas nacionais com esse sentido orientadas por uma alimentação saudável a partir da construção de sistemas alimentares justos e sustentáveis área prioritária de atuação do Ibirapitanga Em tempos de franca crise socioambiental a fome deve ser enfrentada com base em sua multifatorialidade com abordagem nas transformações dos sistemas alimentares para a redução de impactos sobre as mudanças climáticas para o cuidado com a saúde das pessoas para uma economia sustentável e finalmente pela construção de relações sociais justas e equitativas 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil O II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil realizado com muita competência pela Rede PENSSAN nos apresenta a triste realidade da fome no país Ao mesmo tempo ele nos remete à necessidade de pensar em alternativas que interrompam esse ciclo de vulnerabilidades que de tempos em tempos ficam ao relento e nos convoca a agir em prol de uma efetiva e permanente melhoria da saúde e da qualidade de vida de cada pessoa fazendo valer os preceitos da cidadania da diversidade da igualdade e da solidariedade valores que nos sustentam e nos dão sentido Para o Sesc a comunhão desses ideais fortalece as ações socioeducativas realizadas no Estado de São Paulo em especial pelo programa Mesa Brasil cujo objetivo é combater a fome minimizar as desigualdades sociais e evitar o desperdício de alimentos tecendo uma firme rede de colaboradores A partir de agora os resultados do presente Inquérito servirão de guia para muitas de nossas ações e serão divulgados com a firmeza e a seriedade que o tema requer Betinho dizia que quem tem fome tem pressa Apressemonos coletivamente para estancar a fome 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Durante mais de uma década o Brasil foi admirado por suas políticas voltadas à Segurança Alimentar e Nutricional O conjunto de políticas e programas somados ao funcionamento do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Consea espaço de concertação entre sociedade civil órgãos governamentais e outros setores foi fundamental para tirar o país do Mapa da Fome das Nações Unidas em 2014 Para a Oxfam Brasil o sucesso dessas políticas sempre foi uma referência a ser compartilhada com outros países Desde o primeiro dia de funcionamento o atual governo trabalhou pelo fim de programas e políticas sociais reconhecidos internacionalmente e que tinham resultados concretos no combate à fome O fim do Consea no dia 1º de janeiro de 2019 não deixou dúvidas sobre isso Com a pandemia da Covid19 foram escancaradas as desigualdades brasileiras e a existência de um governo sem liderança e compromisso para estabelecer as políticas públicas e prioridades necessárias O II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil elaborado pela Rede PENSSAN põe luz sobre o drama pelo qual passa o país Para a Oxfam Brasil esse é um trabalho de grande importância para a nossa sociedade Não podemos normalizar a fome Temos que nos indignar O dia em que nós como sociedade perdermos a capacidade de nos indignar com o fato de que existem pessoas pegando ossos em caminhão perderemos nossa humanidade e a capacidade de construir um país justo e solidário Sumário 4 Apresentação 13 Lista de tabelas figuras e quadros 16 Lista de siglas e abreviaturas 17 Resumo 19 Introdução 23 Objetivos 24 Métodos 25 Tipo de estudo e população incluída 26 Tamanho e distribuição da amostra 28 Fatores de ponderação da amostra 29 Instrumento de coleta de informações 29 Processamento da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA 31 Processamento da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH 32 Análise de dados 33 Procedimentos éticos 34 Resultados 35 Descrição geral da população 35 Situação de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar 41 Efeitos da pandemia sobre os agricultores familiaresprodutores rurais e relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 44 Indicadores sociodemográficos e suas relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 50 Perfil da pessoa de referência das famíliase a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 53 Estratégias de enfrentamento da Insegurança Alimentar diante da pandemia da Covid19 61 Acesso às políticas públicas e ao apoio social e relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 70 Insegurança Hídrica e sua relação com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar 72 Evolução da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar 83 Considerações finais 92 Referências 99 Anexos Lista de tabelas figuras e quadros FIGURA 1 27 Distribuição amostral por macrorregião do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 2 36 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil e na localização dos domicílios urbana e rural II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 3 39 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no país Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 4 45 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo as categorias de renda familiar mensal per capita múltiplos de salário mínimo per capita SMPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 5 48 Distribuição percentual de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com pelo menos uma moradora desempregadoa Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 6 49 Distribuição percentual de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a situação de trabalho da pessoa de referência dos domicílios Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 7 50 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo o sexo da pessoa de referência do domicílio Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 8 51 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a raçacor da pele autorreferida Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 9 52 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a escolaridade Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 10 54 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo mudanças na dinâmica financeira das famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 11 57 Realização ou não das três principais refeições diárias na semana café da manhã almoço e jantar Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 12 59 Comparação da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo as modificações que ocorreram na quantidade comprada de arroz feijão carnes frutas e vegetais para as famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 13 61 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA de acordo com o recebimento de aposentadoria nas famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 14 64 Relação em entre recebimento 3 meses anteriores ou no mês da entrevista do Programa Bolsa Família ou do Auxílio Brasil e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 15 65 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA conforme acesso ao Benefício de Prestação Continuada BPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 16 67 Acesso em ao Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE em domicílios com algum moradora matriculadoa na rede pública de ensino segundo a renda per capita das famílias e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 17 68 Acesso em a restaurantes populares segundo a renda per capita das famílias e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 18 69 Relação em entre a solicitação e recebimento do auxílio emergencial e a Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com renda per capita de até 14 de salário mínimo Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 19 72 Tendência da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil 2004 a 2022 II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 20 74 Evolução em da estimativa da Insegurança Alimentar moderada grave segundo as macrorregiões do Brasil entre os inquéritos nacionais de 2018 POF o I VIGISAN de 2020 e o II VIGISAN de 2022 II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 21 75 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo sexo da pessoa de referência Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 22 76 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo sexo da pessoa de referência em domicílios com faixa de renda familiar per capita menor que 12 salário mínimo per capita SMPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 23 78 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo raçacor autorreferida da pessoa de referência Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 24 81 Prevalência em da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com moradores de até 10 anos de idade Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 FIGURA 25 82 Comparação em da Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo a relação de trabalho da pessoa de referência do domicílio entre o I e II VIGISAN Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 QUADRO 1 31 Pontuação das perguntas para a medida da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 1 37 Distribuição percentual de domicílios por condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar e número dos moradores por estas condições Brasil e localização dos domicílios urbana e rural II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 2 38 Distribuição de domicílios e moradores n por condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 3 40 Distribuição percentual da condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar nos domicílios segundo a presença de moradores em diferentes faixas de idade Brasil II VIGISANSAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 4 42 Distribuição percentual da condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar de domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais no Brasil e macrorregiões rurais II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 5 43 Efeitos da pandemia sobre os agricultores familiaresprodutores rurais e a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 6 44 Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar de domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais segundo a capacidade de recuperação dos efeitos da pandemia Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 7 47 Distribuição percentual no I e II VIGISAN da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo faixas de renda familiar per capita Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 8 56 Comparação entre o relato dos moradores nos domicílios que tiveram o sentimento de vergonha tristeza ou constrangimento para conseguirem alimentos a Segurança Alimentar SA e os níveis de Insegurança Alimentar IA Brasil localização do domicílio urbana e rural e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 9 71 Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar segundo o grau de Segurança Hídrica Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 10 77 Evolução da distribuição percentual da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo ano do inquérito sexo da pessoa de referência e rendimento familiar per capita ano do inquérito II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 TABELA 11 79 Comparação da distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar segundo a raçacor da pele da pessoa de referência dos domicílios entre o I e II VIGISAN Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Lista de siglas e abreviaturas BPC Benefício de Prestação Continuada DHAA Direito Humano à Alimentação Adequada EBIA Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EDIH Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura HUCFF UFRJ Hospital Universitário Clementino Fraga FilhoUniversidade Federal do Rio de Janeiro IA Insegurança Alimentar IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PAA Programa de Aquisição de Alimentos PBF Programa Bolsa Família PIB Produto Interno Bruto PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar POF Pesquisa de Orçamentos Familiares REDE PENSSAN Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional SA Segurança Alimentar SAIA Segurança AlimentarInsegurança Alimentar SAN Segurança Alimentar e Nutricional SM Salário mínimo SMPC Salário mínimo per capita UF Unidade Federativa I VIGISAN I Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid19 no Brasil Resumo Considerando a deterioração já bastante divulgada das condições sociais da população brasileira o objetivo principal do II VIGISAN é manter o monitoramento ativo da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA com divulgação ampla de seus resultados dando transparência e relevo à situação emergencial da fome Tratase de um inquérito representativo da população brasileira com abrangência das 5 macrorregiões rural e urbana e as 27 Unidades da Federação Foram incluídos na amostra 12745 domicílios com entrevistas face a face de uma pessoa adulta A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022 com a utilização de questionário contendo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA em sua versão de oito perguntas Os resultados revelam que 413 dos domicílios estavam em situação de SA enquanto em 280 havia incerteza quanto ao acesso aos alimentos além da qualidade da alimentação já comprometida IA leve Restrição quantitativa aos alimentos ocorria em 301 dos domicílios dos quais 155 convivendo com a fome IA grave Em termos populacionais são 1252 milhões de pessoas residentes em domicílios com IA e mais de 33 milhões em situação de fome IA grave A desigualdade de acesso aos alimentos se manifesta com maior força em domicílios rurais 186 dos quais enfrentando a fome em seu cotidiano Em termos geográficos 257 das famílias em IA grave residem na região Norte 210 no Nordeste A IA está também diretamente relacionada a outras condições de desigualdade A fome está presente em 430 das famílias com renda per capita de até 14 do salário mínimo e atinge mais as famílias que têm mulheres como responsáveis eou aquelas em que a pessoa de referência chefe se denomina de cor preta ou parda O II VIGISAN identificou também a coexistência entre a IA e a Insegurança Hídrica avaliada pelo uso da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH num contingente expressivo da população brasileira indicando que 420 das famílias em situação de Insegurança Hídrica estão também sujeitas à fome A progressiva crise econômica a pandemia e o desmonte das políticas públicas que poderiam minimizar o impacto das duas primeiras explicam o recrudescimento da IA e da fome entre o final de 2020 e o início de 2022 Mesmo o Auxílio Brasil vigente no período do Inquérito não mitigou a grave situação social do povo brasileiro uma vez que a fome ainda estava presente em 215 dos domicílios das famílias que solicitaram e conseguiram receber o benefício deste programa social Apesar dos níveis de SA terem se mantido em torno de 40 persiste o agravamento da IA tanto nos níveis moderado quanto grave Entre o último trimestre de 2020 e o primeiro de 2022 a IA grave subiu de 90 para 155 incorporando em pouco mais de 1 ano 14 milhões de novos brasileiros ao exército de famintos do país A piora da IA é a repercussão das desigualdades sociais que resultam de processos econômicos e políticos com destruição de instituições e políticas públicas desde 2016 As evidências aqui colocadas apontam a amplitude dos desafios e a necessidade de uma agenda de reconstituição das instituições públicas e de reorientação das estruturas econômicas políticas e sociais no Brasil Introdução Foto Ingrid BarrosActionAid 20 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Introdução 1 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Foto André Teixeira Oxfam Brasil Foto Luiz Carlos Gomes Oxfam Brasil 1 A rede de parceiros do I VIGISAN era composta pela ActionAid Fundação Friedrich Ebert Brasil Instituto Ibirapitanga e Oxfam Brasil Para o II VIGISAN essa rede foi ampliada passando a integrar o grupo a Ação da Cidadania e o Sesc São Paulo O I VIGISAN conduzido no final de 2020 pela Rede PENSSAN e parceiros1 revelou que 552 dos domicílios brasileiros estavam em condições de Insegurança Alimentar IA e 90 conviviam com a fome Mais do que efeitos da crise sanitária da Covid19 tais restrições de acesso à alimentação expunham um quadro preocupante de deterioração socioeconômica e profundas desigualdades na sociedade brasileira anterior à pandemia e agravado por ela Esse quadro persistiu em 2021 com desemprego elevado precarização do trabalho perda de direitos sociais e queda do poder aquisitivo enquanto a Covid19 seguia ceifando vidas às centenas de milhares num ritmo aterrorizante chegando a mais de 660 mil mortes em abril de 2022 fatos que revelaram para a sociedade brasileira uma autoimagem desconcertante expressa em mazelas que se agravam e se renovam Nesse sentido níveis alarmantes de IA e de fome integram o contexto de crises que seguem vulnerabilizando um crescente contingente populacional agora incorporando segmentos das camadas médias antes socialmente mais protegidas Por outro lado ao avanço desse ambiente de degradação social se juntaram os progressivos processos de desmonte de políticas públicas e a fragilização das instituições que formam a rede de proteção social tanto no campo da alimentação como no de outras condições exigidas para que se tenha uma vida digna e saudável 21 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Introdução As várias manifestações de desigualdades sociais em 20212022 em especial aquelas relativas à raça cor e ao gênero acentuaramse em todo o espectro de atuação do Estado com destaque para as áreas da educação saúde ciência e tecnologia meio ambiente e proteção aos povos e comunidades tradicionais especialmente aos povos indígenas A intensificação dessa onda deformadora do Estado em curso desde 2016 impactou direitos sociais econômicos e ambientais com incidência especialmente grave no Direito Humano à Alimentação Adequada DHAA A má gestão pública da pandemia no Brasil é um fator agravante desse cenário préexistente Os frágeis indícios de recuperação da atividade econômica medida pelo crescimento do Produto Interno Bruto PIB não foram acompanhados da melhoria dos rendimentos da população e de significativa recuperação do emprego Tais fatos levaram ao aumento das desigualdades no país que somado à elevada inflação em particular nos preços dos alimentos impactou com mais intensidade o poder de compra dos mais vulnerabilizados uma vez que quanto menor a renda familiar maior a proporção dela destinada à alimentação Assim esses grupos sociais foram deslocados para a borda inferior da sobrevivência desprovidos de renda suficiente de moradia adequada de serviços sanitários de acesso à educação e aos serviços de saúde passando também em seu cotidiano a conviver com a fome Ou seja esses grupos sociais são desdenhados pelas elites econômicas do país e deserdados por um Estado gerenciado sob a doutrina neoliberal e sob a obsessão pelo equilíbrio fiscal e controle de gastos Foto Túlio MartinsActionAid 22 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Nesse cenário de desmonte das políticas públicas direta ou indiretamente voltadas à proteção e à promoção da Segurança Alimentar e Nutricional SAN devese destacar em 2021 a extinção do Programa de Aquisição de Alimentos PAA e do Programa Bolsa Família PBF substituídos pelos programas Alimenta Brasil e Auxílio Brasil respectivamente reconhecidos por analistas sobre o tema como frágeis em suas concepções e objetivos além de limitados na abrangência populacional Estimase que apenas metade dos 100 milhões de pessoas antes atendidas pelo PBF e pelo Auxílio Emergencial permaneceu com acesso ao Auxílio Brasil Ademais sobressai neste período da pandemia a má gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE Introdução A suspensão das aulas presenciais foi usada como justificativa para a quase eliminação das compras de alimentos da agricultura familiar e consequentemente para a redução da oferta de refeições de qualidade aos escolares A reversão desse cenário é tarefa urgente para a qual se faz necessário retomar o caminho do enfrentamento prioritário da fome e da pobreza como política de Estado São imperativas a implementação de ações para a geração de renda e a promoção da alimentação adequada e saudável como também o retorno de ações regulatórias frente à inflação de alimentos com destaque para a constituição de estoques de alimentos e o estímulo à produção oriunda da agricultura diversificada de base familiar As evidências expostas neste II VIGISAN demonstram a persistência e o recrudescimento desse panorama desolador e representam o compromisso social de pesquisadores e pesquisadoras de diversos campos do conhecimento científico e de instituições e organizações Ação da Cidadania ActionAid Fundação Friedrich Ebert Brasil Instituto Ibirapitanga Oxfam Brasil e Sesc São Paulo que com a Rede PENSSAN assinam este Relatório Foto Thais AlvarengaAção da Cidadania Objetivos Divulgar ampla e abertamente os conhecimentos científicos produzidos buscando tornálos instrumentos efetivos de ação da cidadania Manter o monitoramento ativo da Segurança Alimentar atualizando informações dos níveis da Insegurança Alimentar e fome na população brasileira Foto Rede PENSSAN Métodos Foto Breno LimaAção da Cidadania 25 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Métodos Tipo de estudo e população incluída Tratase de inquérito de base populacional com entrevistas face a face em domicílios representativos das cinco macrorregiões brasileiras incluindo todos os 26 Estados da Federação e o Distrito Federal localizados tanto em áreas urbanas quanto rurais A coleta de dados foi realizada de novembro de 2021 a abril de 2022 período estendido em razão das fortes chuvas que assolavam o país sobretudo nas regiões Norte Nordeste e Sudeste mais intensamente nos Estados da Bahia e Minas Gerais Entre 18 de março e 5 de abril de 2022 foram feitas análises de consistência dos dados com revisão e as correções necessárias Conforme sistematizada nesta seção Métodos e detalhada nos anexos deste Relatório a distribuição amostral do II VIGISAN apontou comparabilidade com a distribuição amostral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD 2015 tomada como referência com semelhanças nas distribuições por sexo e idade entre os inquéritos Anexo 1 Como esperado não há semelhança em relação à renda familiar mensal per capita aferida nos dois levantamentos dado o empobrecimento da população verificado nos últimos anos Os entrevistadores com experiência em pesquisas populacionais foram capacitados e supervisionados para abordagem adequada dos sujeitos do estudo visando ao melhor entendimento da temática do Inquérito e à maior precisão no levantamento das informações Foto André TeixeiraOxfam Brasil 26 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Métodos Tamanho e distribuição da amostra O II VIGISAN foi baseado em amostra probabilística representativa do conjunto da população brasileira O cálculo da amostra resultou em 12745 domicílios totalizando igual número de entrevistas tendo sido estimados intervalo de confiança de 95 e margem de erro máxima para o total da amostra de 09 ponto percentual para mais ou para menos No Anexo 2 estão detalhadas as informações de tamanho amostral sua distribuição espacial considerando as zonas urbana e rural e as macrorregiões brasileiras com as respectivas margens de erro e atendendo sempre a intervalos de confiança de 95 A seleção dos conglomerados amostrais foi realizada em três estágios 1º estágio seleção probabilística dos municípios por meio do método Probabilidade Proporcional ao Tamanho tomando como base o número de habitantes de cada município 2º estágio seleção aleatória dos setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE 3º estágio seleção aleatória dos domicílios foram entrevistados aproximadamente oito domicílios por setor censitário selecionado Foto Túlio MartinsActionAid 27 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Norte Nº de Municípios 111 Nº de Setores 400 CentroOeste Nº de Municípios 69 Nº de Setores 241 Sul Nº de Municípios 85 Nº de Setores 209 Nordeste Nº de Municípios 216 Nº de Setores 603 Sudeste Nº de Municípios 96 Nº de Setores 285 23 34 15 16 12 FIGURA 1 Distribuição amostral por macrorregião do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Métodos Ao todo os entrevistadores percorreram distribuídos por região conforme demonstrado no mapa 1738 setores censitários Média de pessoas por domicílio na amostra 275 As entrevistas foram realizadas em todas as macrorregiões brasileiras abrangendo 577 municípios distribuídos nos 26 Estados e Distrito Federal Foram entrevistadas pessoas em 12745 domicílios sendo obtidas informações sobre 35022 indivíduos Foto André TeixeiraOxfam Brasil 28 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Fatores de ponderação da amostra 2 O fator de ponderação é o percentual que algum extrato representa do universo pesquisado dividido pela amostra calculada e obtida em tal extrato Depois de obtido o fator de ponderação corrigiuse a amostra para tornála representativa do universo Para tanto multiplicouse o número de entrevistas realizadas pelo fator de ponderação Para obter resultados válidos para o conjunto da população brasileira e para as demais segmentações macrorregião localização rural e urbana dos domicílios foram aplicados fatores de ponderação2 de forma a corrigir a desproporção em relação ao percentual de habitantes por Estado mantendo a amostra geral de 12745 domicílios entrevistas As entrevistas foram feitas com moradores de idade igual ou superior a 18 anos preferencialmente com a pessoa de referência no domicílio também denominada chefe com uso de tablets ou telefones celulares Na impossibilidade desta escolha era selecionada uma pessoa com 18 anos ou mais desde que estivesse apta a fornecer informações sobre o perfil sociodemográfico de todos os moradores do domicílio de suas condições gerais de alimentação e de saúde Caso a pessoa mais indicada para responder ao questionário não estivesse disponível no momento da primeira abordagem oa entrevistadora voltava posteriormente ao domicílio para realizar a entrevista Métodos Métodos Imagem Márcio de Carvalho 29 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Instrumento de coleta de informações Processamento da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA O questionário incluído em tablets e celulares continha perguntas estruturadas ou seja com respostas prédefinidas e codificadas exceto para uma pergunta aberta sobre rendimentos familiares em reais Esse questionário é composto por módulos representando temáticas de interesse do Inquérito e respectivos indicadores a saber A SA e os níveis de IA foram obtidos pela aplicação da EBIA de oito perguntas Anexo 3 com pontos de corte estabelecidos segundo o número de respostas afirmativas a esses itens Anexo 4 As perguntas foram formuladas de modo que respostas afirmativas significam a ocorrência de um agravante da condição alimentar Para a estratificação da SAIA dos domicílios atribuise um ponto para cada resposta afirmativa às perguntas do questionário sendo o escore domiciliar correspondente à soma desses pontos variando em uma amplitude de 0 a 8 Quanto maior a pontuação mais acentuada é a condição de IA Itens da escala não respondidos invalidam a medida da IA para aquele domicílio A EBIA de 8 itens utilizada é uma versão da EBIA original com 14 itens e foi anteriormente validada Nos domicílios entrevistados foram listados todos os moradores com a descrição do perfil considerando o sexo a idade a escolaridade a raçacor da pele autorreferida e a ocupação esta última condição para aqueles com 14 anos ou mais de idade MÓDULO 1 Identificação da localização geográfica e do tipo de domicílio MÓDULO 2 Perfil sociodemográfico de membros da família MÓDULO 3 Renda e experiência familiar sobre a pandemia da Covid19 MÓDULO 4 Experiência doa entrevistadoa e das famílias frente à Covid19 MÓDULO 5 Segurança e Insegurança Alimentar no domicílio MÓDULO 6 Segurança e Insegurança Hídrica no domicílio MÓDULO 7 Acesso às políticas públicas apoio social e indicadores de alimentação Métodos 30 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A EBIA foi adotada pelo Brasil para estimar a IA da população em 2004 Tratase de metodologia que dialoga com o conceito de SAN nos estudos populacionais e identifica situações de privação na alimentação vividas pelas famílias antes mesmo que estejam instalados quadros de agravos à saúde e do estado nutricional das pessoas A EBIA avalia o acesso aos alimentos nos lares na perspectiva dos responsáveis pelo preparo das refeições ou de alguma moradora adultoa que tenha conhecimento da dinâmica alimentar das famílias diante da escassez de dinheiro em quatro níveis SA e IA leve moderada ou grave O nível mais severo IA grave permite o monitoramento da fome no país Outras escalas equivalentes de aferição da SAIA têm sido usadas em diversos continentes e em países de renda alta média e baixa bem como pela ONU como instrumento adequado para o monitoramento do Objetivo 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ODS Métodos 31 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Processamento da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH Para a mensuração dos gradientes de Insegurança Hídrica foram consideradas as perguntas específicas sobre esse tema que compõem a Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH descritas no Anexo 5 A EDIH considera pontos de corte estabelecidos com base nos escores de respostas aos 12 itens avaliados A pontuação correspondente a cada item conforme a opção da resposta está apresentada no Quadro 1 Desta forma para a estratificação dos níveis de SegurançaInsegurança Hídrica considerouse o escore domiciliar correspondente à soma da pontuação dos 12 quesitos variando em uma amplitude de 0 a 36 Os itens não respondidos invalidam a medida da Insegurança Hídrica para aquele domicílio A classificação final do domicílio obedeceu aos seguintes pontos de cortes Segurança Hídrica 0 11 pontos Insegurança Hídrica 12 36 pontos Métodos QUADRO 1 Pontuação das perguntas para a medida da Escala de Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Opções de resposta Pontuação Nunca 0 Raramente 1 Algumas vezes 2 Frequentemente ou Quase todos os dias 3 Foto Clara GouveaActionAid 32 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Análise de dados A análise das informações contidas neste Relatório foi fundamentalmente descritiva i dos indicadores sobre as características sociais e demográficas da população incluindo renda familiar condições de trabalho raça cor gênero e escolaridade da pessoa de referência ii o acesso aos alimentos expresso pela classificação da SAIA iii o acesso à água para consumo individual e para produção área rural iv questões relacionadas à Covid19 que ocasionaram mudanças nas famílias e v indicadores proxy do padrão de consumo alimentar As prevalências de SAIA foram analisadas para identificar desigualdades de diversas naturezas individuais e coletivas por meio de suas associações com os indicadores descritos acima além de outros indicadores sobre a localização urbana ou rural dos domicílios e regionais Para essas análises foram utilizadas estatísticas apropriadas às variáveis estudadas Teste Quiquadrado assumindo níveis de significância para as associações de 95 pvalor menor que 005 como forma de avaliar a relação significativa entre as dimensões avaliadas e os níveis de SAIA Todas as informações são apresentadas com as amostras ponderadas como exposto anteriormente em Fatores de ponderação da amostra Suas expansões permitem identificar o número de brasileiros afetados pelas condições descritas O II VIGISAN incluiu amostra que permite desagregar os dados por estados e Distrito Federal cujos resultados serão apresentados em suplemento complementar Métodos 33 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Procedimentos éticos Os pesquisadores consideram a presente pesquisa de risco mínimo por se tratar de inquérito populacional sem qualquer tipo de intervenção Os entrevistadores foram treinados e orientados para interagirem cuidadosa e respeitosamente com os entrevistados Além disso mostraram no momento da entrevista um documento com informações adicionais sobre o II VIGISAN Depois de sua leitura obtiveram o termo de consentimento livre e esclarecido O II VIGISAN é parte de um projeto amplo de monitoramento da SAIA no contexto da Covid19 coordenado pela Rede PENSSAN e executado pelo Instituto Vox Populi Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro CAEE 30679914000005257 Métodos Resultados Foto Paulo PereiraOxfam Brasil 35 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Descrição geral da população Os resultados do II VIGISAN confirmam o quadro de pobreza e suas consequências neste tempo de sinergia entre as várias crises pelas quais passa o país É muito baixo o rendimento da população brasileira uma vez que 368 das famílias tinham renda per capita média de até 12 salário mínimo Dentre essas famílias cerca da metade vivia com no máximo 14 de SMPC para atender às suas despesas Em 143 dos domicílios havia pelo menos 1 moradora procurando emprego e em 82 a pessoa responsável pela família estava desempregada A Covid19 ceifou vidas em 61 das famílias brasileiras Para agravar todas as situações de vulnerabilidade em 425 delas a pessoa vitimada pela doença contribuía para o atendimento às despesas domiciliares A junção dessas condições e possivelmente outras levou ao endividamento de 382 das famílias e à necessidade de cortes em despesas essenciais em 571 dos domicílios É necessário dizer ainda que esses indicadores de pobreza e suas consequências são piores nas regiões Norte e Nordeste nos domicílios rurais do país bem como em moradias com a pessoa de referência autodeclarada de cor preta ou parda ou que eram mulheres Um detalhamento das condições sociais econômicas e sanitárias da população brasileira podese ler nos Anexos 6 7 8 e 9 e suas consequências observadas no padrão de acesso das famílias aos alimentos mostrados no texto a seguir Situação de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar Como já mencionado anteriormente ao longo dos últimos anos o povo brasileiro vem empobrecendo progressivamente e enfrentando as consequências da precarização da vida sem o suporte adequado e efetivo de ações do Estado O resultado da combinação desses fatores teve reflexos claros na capacidade de acesso à alimentação suficiente e adequada pelas famílias brasileiras e constitui violação do preceito constitucional no Brasil relativo ao direito humano à alimentação adequada Resultados 36 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Entre o final de 2021 e início de 2022 os moradores de pouco mais de 40 dos domicílios Figura 2 tinham garantia de acesso pleno aos alimentos ou seja viviam em SA Em 280 deles havia referência à instabilidade na alimentação dos moradores traduzida pela preocupação quanto à possível incapacidade de obter alimentos no futuro próximo e comprometimento da qualidade da alimentação ou experiência de IA leve Em 13 dos domicílios 307 já havia relato de insuficiência de alimentos que atendessem às necessidades de seus moradores ou seja IA moderada ou grave dos quais 155 conviviam com experiências de fome A condição alimentar dos moradores em áreas rurais do país foi pior comparativamente aos de áreas urbanas com a IA atingindo mais de 60 dos domicílios e com prevalências mais elevadas nas suas formas mais severas com IA moderada e IA grave em 169 e 186 respectivamente FIGURA 2 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil e na localização dos domicílios urbana e rural II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados 0 10 20 30 40 50 Brasil Urbana Rural Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 413 422 362 279 283 280 152 155 149 150 169 186 37 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A quantidade de domicílios em situação de IA é preocupante e revela injustiça e descaso a que são submetidos milhões de brasileiros São 1252 milhões de pessoas em IA e mais de 33 milhões em situação de fome expressa pela IA grave Tabela 1 Percentualmente a situação dos habitantes em área rural é mais grave mas o contingente de famintos em área urbana cerca de 27 milhões é assustador e revela o fosso social existente nas cidades do Brasil TABELA 1 Distribuição percentual de domicílios por condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar e número dos moradores por estas condições Brasil e localização dos domicílios urbana e rural II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Brasil e localização dos domicílios SA IA Leve IA Moderada IA Grave SA IA Leve IA Moderada IA Grave Brasil 413 280 152 155 88160 59667 32387 33103 Urbano 422 279 149 150 77158 51031 27212 27405 Rural 362 283 169 186 11032 8635 5165 5681 Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Domicílios Moradores por mil habitantes 20212022 20212022 38 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil SA IA Leve IA Moderada IA Grave SA IA Leve IA Moderada IA Grave BRASIL 413 280 152 155 88160 59667 32387 33103 Brasil e macrorregiões Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Domicílios Moradores mil habitantes 20212022 20212022 Norte 284 264 195 257 5370 4991 3687 4859 Nordeste 320 296 174 210 18444 17047 10051 12127 CentroOeste 405 311 155 129 6766 5196 2590 2155 SulSudeste 481 269 132 117 57737 32290 15845 14044 Sudeste 454 272 143 131 40693 24380 12818 11742 Sul 518 265 118 99 15749 8057 3588 3010 As desigualdades regionais no país que se manifestam em todas as áreas como nos rendimentos médios saúde educação saneamento e tantas outras estiveram presentes também no acesso das pessoas aos alimentos Essas pessoas com restrição muito grave de alimentos IA grave em seu cotidiano moram em cerca de 260 dos lares da região Norte e em 210 daqueles da região Nordeste A Tabela 2 apresenta a distribuição dos domicílios e dos moradores incluindo as informações das regiões Sul e Sudeste do país separadamente e também em conjunto para que seja possível comparálas com os dados do I VIGISAN Se analisarmos as duas regiões que concentram o segmento de menor renda do país o Norte e o Nordeste encontramos o maior percentual de famílias em situação de fome no Brasil TABELA 2 Distribuição de domicílios e moradores n por condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados 39 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A Figura 3 representa graficamente a situação de desigualdade acima descrita uma recorrência do que temos visto ao longo da História com alguma redução das disparidades regionais em breves intervalos de tempo como ocorreu entre 2004 e 2013 A região Sudeste aparece com prevalência de SA 454 pouco acima da média nacional a região Sul tem cerca de 52 de seus domicílios nesta situação O oposto ocorre nas regiões Norte e Nordeste onde há baixo acesso pleno aos alimentos SA e com IA moderada e sobretudo com a fome IA grave com prevalências que superam em muito as observadas nas demais regiões FIGURA 3 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no país Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave 413 320 174 296 454 210 272 280 284 264 257 195 152155 405 311 155 143 131 129 518 118 265 99 Brasil Norte CentroOeste Sudeste Sul Nordeste Percentual Até aqui se chamou atenção para as desigualdades geográficas regionais e de localização dos domicílios em áreas rurais ou urbanas Entretanto em qualquer dessas situações e em outras realidades sociais expostas mais adiante neste Relatório é necessário observar a relação da composição familiar com a SA e os níveis de IA Domicílios com jovens portanto com a maioria deles dependentes economicamente têm mais chance de ter seus moradores em situação de IA Resultados 40 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Na Tabela 3 observamos gradiente decrescente de SA a qual varia de 474 em domicílios com moradores composto apenas por adultos passando por valores intermediários e chegando a um nível baixíssimo de acesso pleno aos alimentos SA naqueles domicílios onde residiam três ou mais moradores com idade até 18 anos 175 Por outro lado tanto a IA moderada quanto a grave ou seja com ocorrência de restrição quantitativa de alimentos nas casas apresentam gradientes crescentes de severidade conforme o aumento do número de moradores com idade até 18 anos Tabela 3 Assim as proporções de IA moderada e IA grave variaram de cerca de 130 nos domicílios apenas com moradores adultos a cerca de 250 naqueles que tinham três ou mais pessoas com até 18 anos Ou seja a maior quantidade de moradores com idade até 18 anos nos domicílios está relacionada com a gravidade da IA no país A IA e a fome entre crianças e adolescentes têm sido objeto de estudos dentre eles alguns recentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância Unicef que denunciam os efeitos negativos e imediatos sobre suas condições de saúde e bemestar e alertam para os impactos futuros que comprometem as potencialidades físicas e sociais destes jovens Tabela 3 TABELA 3 Distribuição percentual da condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar nos domicílios segundo a presença de moradores em diferentes faixas de idade Brasil II VIGISANSAIA e Covid19 Brasil 20212022 SA IA Leve IA Moderada IA Grave Somente adultos 259 132 135 474 Com 1 morador até 18 anos 294 147 148 411 Com 2 moradores até 18 anos 293 192 202 313 Com 3 ou mais moradores até 18 anos 175 316 252 257 Composição das famílias Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Resultados 41 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Efeitos da pandemia sobre os agricultores familiaresprodutores rurais e relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar As dificuldades de acesso aos alimentos aparentemente paradoxal foi proporcionalmente mais frequente em domicílios rurais do que naqueles de áreas urbanas Entre os domicílios rurais o segmento da agricultura familiar sofreu o impacto da crise econômica mas foi especialmente afetado pelo desmonte das políticas públicas voltadas para o pequeno produtor do campo As formas mais severas de IA IA moderada ou grave estavam presentes em cerca de 380 dos domicílios de agricultoresas familiares produtoresas rurais A prevalência de IA grave era de 218 mostrando que a fome atingia os moradores de mais de 15 dessas habitações Resultados Foto Clara GouveaActionAid 42 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil O quadro é mais preocupante nas regiões Norte e Nordeste onde as formas mais graves de IA IA moderada ou IA grave eram realidade em 546 e 436 dos domicílios respectivamente e o acesso pleno aos alimentos existia em apenas 201 Norte e 164 Nordeste dos domicílios Em oposição nas regiões Sul e Sudeste os efeitos das crises econômica política e sanitária incidiram com menos intensidade entre os seus agricultores familiaresprodutores rurais No entanto estas regiões apresentaram estimativas de IA mais elevadas do que aquelas observadas no I VIGISAN em 2020 sinalizando que houve um aumento expressivo de IA no meio rural brasileiro mesmo em regiões mais desenvolvidas Tabela 4 TABELA 4 Distribuição percentual da condição de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar de domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais no Brasil e macrorregiões rurais II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 SA IA Leve IA Moderada IA Grave Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Brasil n435 304 318 161 218 Norte 201 253 144 402 Nordeste 164 400 210 226 CentroOeste 326 288 221 165 Sudeste 606 173 65 156 Sul 702 160 35 103 Brasil rural e macrorregiões rurais Nota Considerando a posição de agricultora ou produtora rural da pessoa responsável pelo domicílio Resultados 43 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Os piores níveis de IA foram observados em domicílios rurais de agricultores familiaresprodutores rurais onde houve perdas na produção decorrentes da dificuldade de comercializar seus produtos com IA grave em 256 dos domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais Podese observar nitidamente que os níveis de IA foram maiores para as famílias que ainda não puderam retomar as condições anteriores à pandemia especialmente daquelas que não conseguiram reestabelecer completamente sua produção e as quantidades comercializadas Tabela 6 A alta de preços dos alimentos que chegou rapidamente aos consumidores brasileiros não foi refletida na mesma proporção em termos de valoração da produção de alimentos entre os produtores de forma que a queda nos preços dos produtos da agricultura familiar resultou em maiores proporções de IA nestas famílias Tabela 5 TABELA 5 Efeitos da pandemia sobre os agricultores familiaresprodutores rurais e a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 SA IA Leve IA Moderada IA Grave Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Perda de produção 229 336 179 256 Redução nos preços 429 327 101 143 Nada mudou 478 220 160 142 Efeitos da pandemia n430 Resultados Foto Márcio de Carvalho 44 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil TABELA 6 Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar de domicílios de agricultores familiaresprodutores rurais segundo a capacidade de recuperação dos efeitos da pandemia Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Indicadores sociodemográficos e suas relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar O acesso desigual e insuficiente à renda aos bens e serviços e às políticas públicas são as condições que melhor explicam as iniquidades relativas à garantia do DHAA Muitos estudos demonstram que existe uma relação inversa entre renda familiar e a presença de IA ou seja nos domicílios com menor renda familiar per capita seus moradores estão mais sujeitos à baixa capacidade de acesso aos alimentos e a níveis de IA mais severos Os dados do II VIGISAN reforçam essa relação uma vez que mais de 90 dos domicílios cuja renda per capita era inferior a 14 SM possuíam algum grau de IA por outro lado em domicílios com renda per capita maior do que 1 SM a SA esteve presente em 670 dos domicílios Figura 4 Destacase que nos domicílios de menor renda a restrição na quantidade de alimentos ocorreu em 710 dos domicílios e em 430 deles em 1 a cada 2 domicílios com renda per capita de até 14 SM os moradores vivenciaram a fome Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Sim 604 128 101 167 Não 156 401 187 257 Não 198 476 97 229 Sim 594 160 163 83 Não 131 382 164 323 SA IA Leve IA Moderada IA Grave RECUPERAÇÃO PRODUÇÃO AOS PATAMARES NORMAIS n319 Sim 516 279 140 64 PREÇOS DE VENDA n81 QUANTIDADE COMERCIALIZADA n129 Resultados 45 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Tal situação reforça a necessidade de políticas públicas permanentes que possibilitem o aumento dos rendimentos familiares sejam elas de melhor distribuição da renda bem como de geração de emprego aumento do poder de compra do salário mínimo e mais acesso à educação Este último consiste em política pública fundamental para reverter a situação de vulnerabilidade social que muitas vezes se perpetua em gerações de uma mesma família FIGURA 4 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo as categorias de renda familiar mensal per capita múltiplos de salário mínimo per capita SMPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Até 14 de SMPC Mais de 1 SMPC Mais de 14 até 12 de SMPC Mais de 12 até 1 de SMPC Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 90 200 280 430 240 320 240 210 430 330 140 100 670 240 60 30 Resultados Como pode ser observado o rendimento familiar é um bom preditor de SA e dos níveis de IA e é um indicador adequado para o monitoramento do padrão de acesso aos alimentos na população 46 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil No final de 2020 a fome era realidade vivida pelos moradores de 228 dos domicílios 1 a cada 5 cuja renda familiar era de até 14 de SMPC Nesta mesma faixa de renda a insuficiência de alimentos para cobrir as necessidades de todos os membros da família IA moderada estava presente em 1 a cada 4 domicílios Entre o final de 2020 e o início de 2022 nesta mesma faixa de rendimentos houve redução significativa da proporção de famílias em SA Em pouco mais de um ano a fome dobrou nesses domicílios em extrema pobreza Resultados 47 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil TABELA 7 Distribuição percentual no I e II VIGISAN da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo faixas de renda familiar per capita Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 SA IA Leve IA Moderada IA Grave Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA Renda familiar per capita em múltiplos de salário mínimo SM 1412 SM 255 391 198 156 121 SM 476 370 89 65 Acima de 1 SM 766 234 0 0 14 SM 90 200 280 430 1412 SM 240 320 240 210 121 SM 430 330 140 100 Acima de 1 SM 670 240 60 30 I VIGISAN 2020 II VIGISAN 20212022 14 SM 148 363 262 228 Resultados Outra diferença importante que ocorreu em pouco mais de um ano foi o fato de que se em 2020 I VIGISAN não eram observadas as formas mais severas da IA nas famílias com renda per capita acima de 1 SM IA moderada ou grave elas reaparecem no II VIGISAN em 20212022 o que é explicado pela diminuição da IA leve uma vez que a SA está mantida nesta faixa superior de renda Tabela 7 É evidentemente uma demonstração do empobrecimento e seus efeitos nas famílias de rendimentos médios 48 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Outro aspecto também documentado pela literatura científica refere se à relação indireta entre ocupaçãoemprego e a SAIA dado seu efeito sobre os rendimentos familiares A SA estava presente em apenas 214 dos domicílios onde havia alguma moradora desempregadoa Já a IA moderada e IA grave nestas condições era realidade respectivamente para 223 e 296 das moradias Figura 5 FIGURA 5 Distribuição percentual de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com pelo menos uma moradora desempregadoa Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave 214 296 267 223 A ocupaçãoemprego foi avaliada também considerando se pessoa de referência dos domicílios i era agricultora familiar ou produtora rural ii se tinha algum tipo de ocupação informal ou seja se trabalhava sem ter carteira assinada iii se tinha ocupação formal CLT ou estatutários iv se era trabalhadora autônomoa regular ou v se estava desempregadoa A análise da ocupação da pessoa de referência com os níveis de SAIA dos domicílios brasileiros indicou que quando essea estava desempregadoa a SA se mantinha garantida em apenas 209 das famílias Resultados 49 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil No II VIGISAN a SA foi maior apenas nos domicílios com responsáveis em situações de trabalho com emprego formal 538 A situação de fome captada pela IA grave foi maior nos domicílios cuja pessoa de referência estava desempregada 361 ou quando tinha trabalho como agricultora familiar ou produtora rural 224 Ou seja mais de um terço dos domicílios com chefes desempregados enfrentava a fome e mais da metade deles estava em situação de IA grave ou moderada Figura 6 Para aqueles que estavam em busca de emprego e consequentemente de acesso à renda regular tal resultado já era infelizmente esperado No entanto para os agricultores familiares e pequenos produtores essa situação reforça o fato de que a descontinuidade das políticas públicas direcionadas para esse público foi fatal para a piora das condições que poderiam garantir o acesso pleno aos alimentos e provavelmente a outras necessidades básicas Isso caracteriza uma séria situação de violação aos direitos humanos em especial ao DHAA FIGURA 6 Distribuição percentual de Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a situação de trabalho da pessoa de referência dos domicílios Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Agricultora familiar ou produtora rural Emprego informal Emprego formal Autônomoa regular Está desempregadoa Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave 324 294 158 224 312 308 169 211 206 196 236 361 287 467 136 110 297 538 94 74 Percentual Resultados 50 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Perfil da pessoa de referência das famílias e a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar Em 20212022 as desigualdades de gênero conhecidas como uma condição social que impacta a SA foram mais uma vez confirmadas no II VIGISAN estava reduzido o acesso das famílias aos alimentos nos domicílios onde uma mulher era a pessoa de referência ou responsável pela família segundo a mesma terminologia utilizada pelo IBGE3 Enquanto a SA foi encontrada em 479 dos domicílios com responsáveis homens naqueles onde as mulheres eram a referência apenas 370 apresentaram a mesma classificação Ou seja mais de 6 em cada 10 630 domicílios com responsáveis do sexo feminino estavam em algum nível de IA Destes 188 em situação de fome Figura 7 FIGURA 7 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo o sexo da pessoa de referência do domicílio Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 Homem Mulher 464 285 132 119 359 274 174 193 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 3 O II VIGISAN utilizou o sexo da pessoa de referência homem mulher para as análises em relação a categoria de gênero com o intuito de comparação com os estudos sobre SAIA realizados pelo IBGE Resultados 51 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Outro ponto que merece ser destacado no II VIGISAN consiste na relação entre a raçacor da pele autorreferida da pessoa responsável pelo domicílio e a mudança nos níveis de SAIA de seus moradores O racismo no Brasil está presente em diferentes formas e em diferentes contextos e não deixa de se expressar ao ser analisada a garantia ou a falta dela ao direito humano a uma alimentação suficiente e de qualidade No início de 2022 a proporção de IA foi maior nos domicílios cujos responsáveis se identificavam como pretos ou pardos Semelhante ao que foi observado na desigualdade de gênero neles 6 de cada 10 domicílios cujos responsáveis se identificavam como pretos ou pardos viviam em algum grau de IA enquanto nos domicílios cujos responsáveis eram de raçacor de pele branca autorreferida mais de 500 tinham SA garantida Figura 8 FIGURA 8 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a raçacor da pele autorreferida Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Branca Pretaparda Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 532 259 103 106 350 292 177 181 Resultados 52 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 9 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo a escolaridade Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Sem escolaridade 4 anos de estudo 58 anos de estudo 8 anos de estudo Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 325 250 202 223 349 287 173 191 506 280 112 102 Outra condição que promoveu diferença na prevalência da SA foi a escolaridade do responsável pelo domicílio Entre domicílios que possuíam responsáveis com mais de 8 anos de estudo o percentual de SA foi maior 506 Figura 9 Em 425 dos domicílios com responsáveis com escolaridade de até 4 anos de estudo seus moradores estavam em IA moderada ou grave havendo portanto comprometimento na quantidade de alimentos para consumo Resultados 53 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Estratégias de enfrentamento da Insegurança Alimentar diante da pandemia da Covid19 No II VIGISAN buscouse identificar alterações financeiras que os domicílios sofreram com os impactos da pandemia da Covid19 nas relações com a SAIA das famílias brasileiras As mudanças ocorreram principalmente nos domicílios com IA moderada ou grave O endividamento a venda de bens ou equipamentos de trabalho e a necessidade de alguma moradora parar de estudar para contribuir com a renda familiar atingiram mais de 400 dos domicílios em IA moderada ou grave 491 487 e 552 respectivamente Em torno de 300 dos domicílios independentemente da presença de SAIA precisaram utilizar reservas financeiras no período de 2021 Figura 10 Os cortes em despesas essenciais e não essenciais foram mais presentes também nos domicílios em IA moderada ou grave 436 e 390 respectivamente Cabe destacar que nesses domicílios a restrição na quantidade de alimentos chegando até à realidade da fome era uma situação em que o corte nas despesas provavelmente tinha relação com a redução da quantidade de alimentos adquiridos especialmente os mais caros ou os entendidos como menos essenciais Destacase também que mesmo nos domicílios em SA quase 300 relataram terem realizado corte nas despesas não essenciais como uma forma de adequação aos rendimentos Resultados Foto Apu GomesOxfam Brasil 54 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 10 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo mudanças na dinâmica financeira das famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50 60 Necessidade de ajudar financeiramente algum parente ou amigoa n12650 Utilização de reserva financeira familiar n12622 Venda de bens ou equipamentos de trabalho n12647 Pausa nos estudos de pelo menos uma moradora n 12609 Endividamento de moradores n12644 Corte de gastos em despesas essenciais n12650 Corte de gastos em despesas não essenciais n 12641 Percentual Percentual 353 369 278 311 366 323 204 487 310 194 552 254 200 491 309 246 436 318 295 390 315 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Resultados 55 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A sequência de fatos descrita anteriormente atesta as dificuldades enfrentadas pelas famílias em manterem padrão alimentar adequado principalmente nos segmentos em situação de maior vulnerabilidade social da população Nesse sentido o II VIGISAN avaliou também se um ou mais moradores dos domicílios tiveram a sensação de vergonha de tristeza ou constrangimento para conseguir alimentos nos três meses que antecederam a entrevista Essa pergunta permite identificar famílias que adotam estratégias socialmente inaceitáveis para garantirem a alimentação dos seus integrantes Observouse que 82 dos domicílios avaliados relataram essa sensação de vergonhatristezaconstrangimento para garantirem os alimentos Anexo 10 Em cerca de 14 243 dos domicílios brasileiros em situação de IA moderada ou grave houve relato de algum morador passar por constrangimento ou vergonha para conseguir alimentos para a família Em números absolutos significa dizer que 159 milhões de brasileiros que viviam sob formas mais severas de IA estavam sujeitos ao uso de estratégias social e humanamente inaceitáveis para obtenção de alimentos violando portanto a sua dignidade e seu DHAA Essa triste realidade é expressivamente acentuada nos domicílios de áreas urbanas e no Sudeste Tabela 8 Resultados Imagem Márcio de Carvalho 56 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil TABELA 8 Comparação entre o relato dos moradores nos domicílios que tiveram o sentimento de vergonha tristeza ou constrangimento para conseguirem alimentos a Segurança Alimentar SA e os níveis de Insegurança Alimentar IA Brasil localização do domicílio urbana e rural e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados BRASIL LOCALIZAÇÃO DOMICÍLIO E MACRORREGIÕES SIM NÃO SA 09 991 IA leve 58 942 IA moderada ou grave 243 757 SA 08 992 IA leve 44 956 IA moderada ou grave 248 752 SA 12 988 IA leve 141 859 IA moderada ou grave 218 782 REGIÃO SA 04 996 IA leve 18 982 IA moderada ou grave 196 804 SA 24 976 IA leve 146 854 IA moderada ou grave 239 761 SA 13 987 IA leve 43 957 IA moderada ou grave 199 801 SA 03 997 IA leve 19 981 IA moderada ou grave 280 720 SA 05 995 IA leve 51 949 IA moderada ou grave 193 807 LOCALIZAÇÃO DO DOMICÍLIO Urbano n10305 Rural n2363 CentroOeste n1875 Nordeste n4317 Norte n2494 Sudeste n2009 Sul n1518 BRASIL N12668 Classificação feita utilizando a versão curta da EBIA Para efeito de análise de dados as categorias de IA moderada e grave foram agrupadas em um único nível e expressam as formas mais severas de insegurança alimentar 57 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Esperase que todo brasileiro e toda brasileira tenham garantido o que é socialmente estabelecido e desejado o direito a pelo menos 3 refeições diárias Isto não ocorre infelizmente para um número significativo da população A situação da IA observada confirma este fato Dentre as pessoas entrevistadas A Figura 11 mostra que no Brasil cerca de 13 dos domicílios teve pelo menos uma pessoa residente pessoa entrevistada que não realizou às 3 refeições diariamente Não há diferença expressiva entre as regiões FIGURA 11 Realização ou não das três principais refeições diárias na semana café da manhã almoço e jantar Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Fez as 3 refeições diárias Não fez as três refeições diárias 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Brasil Norte Sudeste Sul CentroOeste Nordeste Percentual 718 283 701 299 761 240 722 278 683 317 750 250 Resultados não consumiam diariamente o café da manhã não almoçavam todos os dias da semana não jantavam nessa frequência Anexo 11 154 100 199 Foto Meire MunizActionAid Voltar para o Sumário 58 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Outro importante resultado observado foi a relação entre as mudanças na compra de alimentos básicos para o consumo das famílias e a SA IA das famílias Para essa pergunta quatro opções de respostas sobre a quantidade de alimentos comprados foram avaliadas considerando o período de três meses anteriores à entrevista realizada i reduziu ii aumentou iii não modificou ou iv não comprou o alimento nos últimos três meses Os resultados obtidos são apresentados na Figura 11 para os principais alimentos que compõem a base da alimentação da população brasileira Os resultados reforçam a relação de SA entre as famílias brasileiras que não modificaram o consumo de feijão 572 e de arroz 560 das carnes 686 dos vegetais 567 e das frutas 607 Destacase no II VIGISAN o fato de que para as famílias que reduziram a compra desses alimentos a IA moderada ou grave comprometia quase a metade dos domicílios que não conseguiam manter alimentos que constituem boa parte da cesta básica da alimentação brasileira feijão 465 arroz 490 carnes 394 vegetais 485 e frutas 455 Cabe destacar a gravidade da IA entre as famílias que deixaram de comprar esses alimentos no período de três meses que antecederam as entrevistas Há de se reiterar que essa avaliação foi feita considerando quatro opções de respostas reduziu aumentou não modificou e não comprou há 3 meses Figura 12 Quando analisamos os percentuais de IA moderada e grave no segmento de famílias que responderam à opção não comprou há 3 meses para cada um dos alimentos avaliados foi possível observar que as famílias que deixaram de comprar carnes 704 vegetais 636 e frutas 640 foram aquelas que mais vivenciavam a forma mais severa da IA Resultados feijão arroz carnes vegetais frutas 465 490 394 485 455 59 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil O padrão dos níveis de IA segundo as modificações na compra de alimentos das famílias foi bastante semelhante nos domicílios de áreas urbanas e rurais com poucas variações Anexo 12 FIGURA 12 Comparação da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo as modificações que ocorreram na quantidade comprada de arroz feijão carnes frutas e vegetais para as famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave 0 20 40 60 80 100 Percentual 273 493 233 572 157 271 406 342 252 251 465 284 Feijão Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu 0 20 40 60 80 100 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Percentual 347 458 196 560 161 279 378 359 263 239 490 271 Arroz Resultados 60 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu 0 20 40 60 80 100 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Percentual 157 640 203 607 139 224 535 181 284 236 455 309 Frutas Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu 0 20 40 60 80 100 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Percentual 155 704 141 686 101 213 524 249 227 281 394 324 Carne Não comprou há 3 meses Não modificou Aumentou Reduziu 0 20 40 60 80 100 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada ou grave Percentual 158 636 206 567 162 271 471 217 312 239 485 276 Vegetais Resultados 61 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Acesso às políticas públicas e ao apoio social e relações com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar No II VIGISAN prosseguiuse com a busca por compreender a relação entre a concessão de benefícios sociais aposentadoria PBFAuxílio Brasil e BPC assim como o acesso a políticas e ações públicas voltadas à SAN como o PNAE e restaurantes populares e os níveis de SAIA O recebimento de aposentadorias via INSS no período da pandemia da Covid19 possibilitou a garantia de acesso permanente à renda para uma parcela da população Nos domicílios com pelo menos uma moradora aposentadoa houve maior percentual de SA 465 e menor de IA grave 119 Nos domicílios onde não havia moradores recebendo aposentadoria mais de 300 estavam nas formas mais graves de IA IA moderada 146 IA grave 167 Figura 13 FIGURA 13 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA de acordo com o recebimento de aposentadoria nas famílias Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 Ao menos uma moradora recebia aposentadoria Nenhuma moradora recebia aposentadoria Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 465 155 119 260 407 146 280 167 Resultados 62 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A renda per capita é um recorte importante para identificar os potenciais impactos da concessão de benefícios sociais sobre a SA e os níveis de IA Os titulares de direito ou beneficiários como são identificados em documentos legais das políticas e programas sociais estão inseridos em uma realidade de vida marcada por condições desfavoráveis evitáveis e por vezes injustas que levam a uma situação de vulnerabilidade determinante para a IA Considerando este aspecto os resultados da relação entre o acesso aos benefícios sociais e os níveis de SAIA são apresentados a partir de 3 recortes i referente a todos os domicílios participantes do estudo ii domicílios com renda familiar per capita 12 salário mínimo e iii com 14 salário mínimo Desta forma nas análises sobre o conjunto de domicílios que cumprem pelo menos o critério de renda per capita 12 salário mínimo para a elegibilidade de recebimento do extinto PBF ou de seu substituto a partir de novembro de 2021 o Auxílio Brasil Optouse também por destacar domicílios onde a situação de vulnerabilidade econômica tende a ser ainda mais grave sendo estes os que relataram renda familiar per capita 14 salário mínimo Esforço semelhante foi adotado para analisar a relação do acesso ao PNAE e aos restaurantes populares com os níveis de SAIA Conforme já destacado os domicílios que contavam com PBF Auxílio Brasil foram marcados pela sobreposição de situações que levam à identificação de famílias com maior vulnerabilidade à IA Neste sentido é importante compreender que as já elevadas prevalências de IA moderada e grave encontradas para os domicílios independentemente da renda familiar per capita poderiam ser ainda mais elevadas e impactantes sobre as condições de alimentação dos moradores mesmo com recebimento de parcelas destes benefícios sociais Figura 13 Situação semelhante foi observada para as prevalências de IA moderada ou grave no recorte de renda per capita 12 salário mínimo Resultados 63 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil As elevadas prevalências das formas mais graves da IA seja nos domicílios que contavam com o recebimento do PBFAuxílio Brasil ou naqueles que não o recebiam levam a crer que nesta faixa de renda a transferência de recursos monetários destes programas sociais não foi suficiente para garantir acesso pleno aos alimentos Uma explicação possível é que esses recursos recebidos tiveram que ser usados para o atendimento a outras necessidades básicas que não apenas a alimentação como por exemplo para pagamento de aluguel luz ou água atrasados além de gastos com saúde e outros Na análise do recorte de domicílios com renda familiar per capita 14 salário mínimo ao contrário dos demais recortes apresentados na Figura 13 as prevalências de SA mostraram se próximas seja para os domicílios que recebiam seja para os que não recebiam o PBFAuxílio Brasil Os dados encontrados indicam que para os domicílios que recebiam o PBFAuxílio Brasil a IA foi maior nos níveis leve ou moderada ou seja havia tanto a preocupação em relação ao acesso aos alimentos como também com a garantia de quantidade e qualidade da alimentação dessas famílias Já entre os domicílios com renda per capita 14 salário mínimo que não recebiam esses benefícios a fome esteve ainda mais presente A IA grave atingiu 567 dos domicílios com esta característica Figura 14 Cabe reforçar que este recorte de renda de forma isolada já representa uma situação de vulnerabilidade social determinante para a IA No entanto é preciso refletir sobre os valores destinados a estes auxílios Os dados apresentados na Figura 14 demonstram que mesmo na presença deste apoio social a situação de fome ou de outros níveis de IA é muito preocupante nos domicílios com faixa de renda per capita 14 salário mínimo Resultados 64 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60 Sim Não Sim Não Sim Não Qualquer faixa de renda n12623 Renda per capita 14 SM n2198 Renda per capita 12 SM n5291 Percentual Percentual 81 281 443 195 99 176 567 159 267 214 215 304 269 171 239 320 126 296 327 252 219 233 294 254 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave FIGURA 14 Relação em entre recebimento 3 meses anteriores ou no mês da entrevista do Programa Bolsa Família ou do Auxílio Brasil e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados 65 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil O Benefício de Prestação Continuada BPC tem como público idosos não aptos a receberem aposentadoria pelo INSS ou pessoa com deficiência de qualquer idade com renda familiar per capita igual ou menor que 14 do salário mínimo Por esta forma de apresentar a classificação das faixas de renda de SM apresentamse os resultados da análise da distribuição da SAIA segundo o acesso ao BPC no II VIGISAN para a população geral e no recorte de renda igual ou inferior a 14 do SMPC Conforme se observa na Figura 15 a IA moderada ou grave foi maior nos domicílios que tinham alguma moradora recebendo o BPC Mais uma vez remetese à reflexão sobre a necessidade de atualizar os valores destinados a estes benefícios sociais fazendo com que este recurso impacte como deveria a vida das famílias que os recebem De forma positiva cabe destacar igualmente as pessoas em IA grave terem recebido ou ainda estarem recebendo esse apoio social considerando que na ausência dessa renda mínima a situação nestes domicílios poderia ser muito mais grave FIGURA 15 Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA conforme acesso ao Benefício de Prestação Continuada BPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Qualquer faixa de renda n12595 Sim Não Renda per capita 14 SM n2185 Sim Não Percentual 238 260 276 227 434 144 147 275 46 253 603 98 92 238 487 183 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Resultados 66 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Dentre as políticas públicas de SAN construídas no Brasil o PNAE é a mais antiga a de maior orçamento e atualmente em risco de desestruturação Diante do grave cenário de fome que assola novamente os brasileiros o fundamental atendimento universal aos escolares regularmente matriculados nas unidades de ensino públicas promove o acesso dos estudantes a alimentos adequados e saudáveis de forma regular e permanente Durante o ano de 2021 a manutenção do grave quadro da pandemia pela Covid19 no Brasil fez com que várias escolas permanecessem com ensino remoto Nesse caso deveria garantir a manutenção do acesso à alimentação escolar ofertada por meio do PNAE via entrega de alimentos ou cartões de alimentação Resultados A falta de orientações precisas sobre estratégias para utilizar o PNAE como recurso alimentar para crianças e adolescentes em atividades escolares remotas resultou em prejuízos importantes para sua SA como mostra a Figura 16 Em termos gerais os que tiveram acesso ao PNAE tem prevalência menor de SA 254 e mais alta de IA grave 223 comparativamente aos domicílios que não tiveram acesso As diferenças entre os dois grupos passam a ser menos expressivas nos domicílios de baixa renda 14 a 12 SMPC e de muito baixa renda 14 SMPC com SA em 100 das famílias e IA grave em torno de 370 Estes dados mostram que de fato o PNAE não conseguiu suprir minimamente as necessidades das famílias com crianças em idade escolar neste período da pandemia Foto Thais AlvarengaAção da Cidadania 67 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 16 Acesso em ao Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE em domicílios com algum moradora matriculadoa na rede pública de ensino segundo a renda per capita das famílias e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Qualquer faixa de renda n3863 Sim Não Sim Não Sim Não Renda per capita 12 SM n2649 Renda per capita 14 SM n1287 0 20 40 60 80 100 Percentual 307 215 223 254 312 187 147 355 276 261 295 168 334 257 225 184 211 296 389 103 220 308 370 103 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Um dos papéis dos chamados equipamentos públicos de SAN relacionase à garantia do acesso regular e permanente a alimentos e à alimentação em conformidade com a Lei Orgânica de SAN LOSAN 2006 Os restaurantes populares são ferramentas fundamentais para a oferta de alimentação adequada e saudável a preços acessíveis para a população As prevalências dos níveis de SAIA foram observadas em proporções semelhantes tanto dentre os domicílios com moradores que informaram frequentar como dentre aqueles que não frequentavam os restaurantes populares quando considerada toda a população do estudo No entanto ao fazermos o recorte entre os de menor renda 12 SMPC e 14 SMPC percebemos que as prevalências de SA foram maiores dentre aqueles que informaram frequentar restaurantes populares Figura 17 mostrando que para este público específico o acesso a esse equipamento público se relaciona a melhores prevalências de SA 68 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil No entanto é preciso problematizar o acesso a esses restaurantes por aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade à IA Em geral os restaurantes populares são instalados na área urbana de capitais ou cidades de maior porte populacional próximos a centros comerciais ou de grande circulação e portanto longe das periferias FIGURA 17 Acesso em a restaurantes populares segundo a renda per capita das famílias e Segurança Alimentarníveis de Insegurança Alimentar IA Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Qualquer faixa de renda n12635 Sim Não Sim Não Sim Não Renda per capita 12 SM n5305 Renda per capita 14 SM n2208 0 20 40 60 80 100 Percentual 243 129 133 496 277 152 155 417 187 252 293 268 259 261 311 169 107 210 481 202 185 240 495 80 91 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Com relação ao Auxílio Emergencial observouse que ele foi direcionado aos domicílios em situação de vulnerabilidade social portanto também de maior risco para a IA Isso pode ser observado quando avaliamos a relação entre a SAIA e a solicitação e recebimento do Auxílio Emergencial pelas famílias mais vulneráveis renda familiar per capita inferior a 14 do SM ou seja a população elegível ao Auxílio Emergencial e a que mais sofreu com os impactos negativos da pandemia Resultados 69 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Observase que a fome representada pela IA grave foi maior nos domicílios que solicitaram e não receberam 63 o Auxílio Emergencial quando comparados com os que solicitaram e receberam 475 Quando se soma a este grupo os domicílios que não solicitaram o Auxílio Emergencial observase que muitos domicílios de baixa renda não foram contemplados com essa política pública e experimentaram condições ainda mais graves A situação sugere que o programa não atingiu todas as famílias que viviam em privação de alimentos ou vivenciavam a fome Figura 18 A presença de pessoas com baixos rendimentos que não solicitaram o Auxílio Emergencial pode indicar para os domicílios em IA moderada ou grave uma condição de marginalização extrema que acaba por influenciar inclusive o acesso a esta política pública No entanto para os domicílios dessa faixa de renda que estavam em SA ou IA leve pode sugerir por outro lado a utilização de outros mecanismos de proteção da IA como apoio social e ajuda de organizações não governamentais Figura 18 FIGURA 18 Relação em entre a solicitação e recebimento do auxílio emergencial e a Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com renda per capita de até 14 de salário mínimo Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Solicitou e recebeu Solicitou e não recebeu Não solicitou Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 83 475 179 264 87 630 144 139 105 485 188 222 Resultados 70 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Insegurança Hídrica e sua relação com a Segurança AlimentarInsegurança Alimentar No I VIGISAN já havia indícios de relações entre IA e Insegurança Hídrica Com a inclusão da escala hídrica neste II VIGISAN foi possível verificar que cerca de 12 da população geral brasileira vivia com restrição de acesso à água e que a IA grave estava fortemente associada a ela Daqueles domicílios brasileiros com Insegurança Hídrica 420 também estavam em situação de IA grave ou seja conviviam com a sede e a fome Em quase 650 dos domicílios com Insegurança Hídrica seus moradores tinham restrição quantitativa de alimentos IA moderada ou grave A combinação de Insegurança Hídrica e IA grave tinha maior magnitude nas regiões Norte 483 Sudeste 430 CentroOeste 418 e Nordeste 412 Tabela 9 Resultados Foto Clara GouveaActionAid 71 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil No plano global tanto o acesso aos alimentos quanto o acesso à água para consumo humano dependem sobretudo de condições socioeconômicas políticas geográficas e ambientais assentadas em políticas públicas que buscam garantir a realização desses direitos Isso posto podemos assumir com os resultados deste II VIGISAN que não será possível garantir segurança alimentar sem que seja também garantida a segurança hídrica tanto com políticas específicas de abastecimento quanto com políticas estruturais de combate às mudanças climáticas de proteção aos recursos hídricos e de regulação de uso dos mananciais TABELA 9 Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar segundo o grau de Segurança Hídrica Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados SH 449 288 142 121 IH 143 209 227 420 SH 422 315 154 109 IH 166 251 165 418 SH 396 291 156 157 IH 208 184 195 412 SH 318 282 194 206 IH 131 189 197 483 SH 491 279 129 101 IH 106 183 282 430 SH 549 255 109 87 IH 221 335 216 228 Sudeste Sul Brasil CentroOeste Nordeste Norte Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA SA IA Leve IA Moderada IA Grave Brasil e macrorregiões n12522 Segurança Hídrica SH Insegurança Hídrica IH 72 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Evolução da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar As mudanças ocorridas ao longo das últimas décadas no padrão de acesso dos brasileiros aos alimentos refletem as opções de políticas econômicas e sociais dos governos nesse período Em outras palavras as medidas de SA e dos níveis de IA incluída a mensuração da fome pelo nível de IA grave são indicadores fortes do impacto dessas opções do Estado brasileiro A Figura 19 foi elaborada com as estimativas de SAIA dos inquéritos nacionais de 2004 a 2018 PNADs e POF 2018 do I VIGISAN e II VIGISAN considerando a versão de oito perguntas da EBIA Observase a piora expressiva cenário de IA sobretudo de famílias migrando de uma situação de IA leve para o nível de IA moderada e em seguida para o de IA grave 0 10 20 30 40 50 60 70 80 PNAD 2004 1 PNAD 2009 2 PNAD 2013 3 POF 2018 4 I VIGISAN 2020 II VIGISAN 20212022 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 648 138 120 95 696 80 158 66 771 126 61 42 633 207 101 58 448 347 115 90 413 280 152 155 FIGURA 19 Tendência da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil 2004 a 2022 II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Fonte Dados reanalisados para a escala de oito itens a partir das pesquisas 1 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 20032004 IBGE 2 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 20082009 IBGE 3 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 20132014 IBGE 4 Pesquisa de Orçamentos Familiares 20172018 IBGE Resultados 73 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Merece destaque na Figura 19 o avanço expressivo em 1 ano e 4 meses da IA grave que era de 90 em 2020 e entre final de novembro de 2021 e abril de 2022 aumenta para 155 Em número de pessoas isto significa que 14 milhões de novos brasileiros passaram a conviver com a situação de fome uma vez que tínhamos 191 milhões ao final de 2020 e ao final de 2021 e início de 2022 esse número subiu para 331 milhões Outro aspecto relevante na análise das desigualdades sociais no Brasil é o fato de que a SA permaneceu estável em patamares pouco acima de 40 mesmo considerando a redução de 67 milhões de pessoas que anteriormente tinham capacidade plena de acesso aos alimentos Nitidamente esse percentual de SA corresponde ao segmento da população brasileira que esteve protegida dos impactos das crises econômica política e sanitária que infringem sofrimento aos 60 restantes As mesmas tendências foram observadas na população que vive em áreas rurais do Brasil entretanto com prevalências de IA moderada ou grave mais altas do que aquelas observadas em domicílios urbanos Anexo 13 Resultados Foto Thais AlvarengaAção da Cidadania Foto ActionAidASPTA 74 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Indo além da evolução das prevalências médias nacionais a mesma análise mostra as dimensões das desigualdades regionais relativas à violação do DHAA no Brasil Anexo 14 A região Norte foi aquela em que o acesso domiciliar aos alimentos sofreu o maior impacto das desigualdades sociais antes e durante a pandemia da Covid 19 seguida da região Nordeste A Figura 20 evidencia a evolução da IA moderada ou grave tomadas juntas por corresponderem à condição de falta de alimento em quantidade suficiente para alimentar todos os membros da família É manifesto e de grande magnitude o aumento da insuficiência de alimentos nos lares brasileiros entre 2018 e 20212022 em todas as macrorregiões Entretanto como um espelho da desigualdade no Brasil essa evolução negativa da IA moderada ou grave ocorre com mais intensidade nas regiões Norte e Nordeste com prevalências em 20212022 de 452 e 384 respectivamente FIGURA 20 Fonte Dados reanalisados para a escala de oito itens a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares 20172018 IBGE POF 2018 I VIGISAN 2020 II VIGISAN 20212022 Norte Nordeste CentroOeste SudesteSul 10 20 30 40 50 Percentual 313 254 153 100 321 308 187 146 452 384 284 250 Resultados Evolução em da estimativa da Insegurança Alimentar moderada grave segundo as macrorregiões do Brasil entre os inquéritos nacionais de 2018 POF o I VIGISAN de 2020 e o II VIGISAN de 2022 II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 75 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Avaliando a tendência das relações de desigualdades de gênero entre 2020 e 20212022 apesar da redução no acesso das famílias aos alimentos tanto em domicílios cuja pessoa de referência era homem quanto naqueles em que a mulher tinha esse papel foi nestes últimos domicílios que a redução da SA foi maior Já o aumento da IA grave foi significativamente maior em domicílios onde a mulher era a pessoa de referência diferença entre os sexos de 47 pontos percentuais em 2020 e de 74 pontos percentuais em 20212022 Figura 21 e Tabela 10 FIGURA 21 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo sexo da pessoa de referência Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 Segurança Alimentar IA Grave Homens Mulheres 2020 Segurança Alimentar IA Grave 20212022 Percentual 523 369 464 359 70 112 119 193 Efeitos negativos sobre a SAIA ao longo do último ano apareceram mais fortemente nas condições que fragilizam sobretudo as mulheres que se encontravam nos segmentos mais empobrecidos da sociedade Em 20212022 nos domicílios com renda per capita de até 12 salário mínimo Tabela 10 a prevalência da SA era 208 menor quando as mulheres eram a pessoa de referência Resultados 76 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Comparativamente aos demais níveis de IA a IA grave foi 295 superior A diferença de acesso pleno aos alimentos SA foi menor em 20212022 comparativamente a 2020 por ter tido redução da SA em domicílios em que homens foram identificados como pessoa de referência Por outro lado há aumento da IA grave nos domicílios de mulheres como responsáveis o que levou neste caso à manutenção de uma diferença entre as duas categorias de domicílios Entre 2020 e 20212022 além dessas diferenças considerando mulheres ou homens como referência há piora no acesso aos alimentos em ambos os grupos porém mais acentuada nos domicílios em que mulheres eram a referência Figura 22 FIGURA 22 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo sexo da pessoa de referência em domicílios com faixa de renda familiar per capita menor que 12 salário mínimo per capita SMPC Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 5 10 15 20 25 30 35 2020 20212022 Homens Mulheres Segurança Alimentar 2020 20212022 IA grave 285 178 166 188 202 160 264 342 Percentual Resultados Na faixa de rendimentos familiares maiores que 12 e até 1 SMPC ainda se observa redução da SA o final de 2020 e o início de 2022 tanto em domicílios de homens como de mulheres como referência porém a diferença de prevalência entre os dois grupos ficou menor no início de 2022 101 sugerindo que pouca melhora nos rendimentos pode ter impacto no acesso à alimentação suficiente sobretudo em domicílios de mulheres como responsáveis 77 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Nesta faixa de renda as prevalências de IA moderada ou IA grave são menores do que aquelas da faixa de renda anterior porém permanece a tendência de seu aumento entre 2020 e 20212022 Tabela 10 Chama atenção o fato de que em 2020 na faixa de renda maior que 1 SMPC a IA moderada e a IA grave haviam desaparecido porém voltando em 20212022 com prevalências menores mas discretamente aumentadas em domicílios que têm a mulher como pessoa de referência Tabela 10 Em outras palavras mesmo em famílias com rendimentos mais altos sendo a mulher a pessoa de referência o risco de IA ainda é maior TABELA 10 Evolução da distribuição percentual da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA segundo ano do inquérito sexo da pessoa de referência e rendimento familiar per capita ano do inquérito II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Resultados Homens 285 363 186 166 Mulheres 178 393 240 188 Diferença 375 83 290 133 Homens 202 280 254 264 Mulheres 160 232 266 342 Diferença 208 171 47 295 Homens 514 369 61 56 Mulheres 429 372 123 76 Diferença 165 08 1016 357 Homens 424 384 111 81 Mulheres 381 388 129 101 Diferença 101 10 162 247 Homens 793 207 00 00 Mulheres 717 283 00 00 Diferença 96 367 00 00 Homens 772 164 36 27 Mulheres 717 194 59 30 2020 20212022 20212022 Rendimento maior que 12 e até 1 SMPC 2020 20212022 Rendimento maior que 1 SMPC Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA SA IA Leve IA Moderada IA Grave Ano Sexo da pessoa de referência Rendimento até 12 SMPC 2020 Diferença 71 183 639 111 A diferença foi calculada considerando de SAIA de mulheres de SAIA dos homens de SAIA dos homens100 78 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 23 Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo raçacor autorreferida da pessoa de referência Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 2020 20212022 Brancos Pretospardos Segurança Alimentar 2020 20212022 IA grave 497 415 68 104 532 350 106 181 Percentual Resultados Comparando as tendências de SAIA entre os dois períodos analisados por faixas de rendimentos familiares fica evidente que as prevalências de SA foram menores nos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclarou preta ou parda mesmo quando essa condição era mais frequente como nos domicílios com rendimentos mensais acima de 1 SMPC Nesta faixa de renda a SA era de 786 nos domicílios com pessoa de referência branca e de 752 naqueles onde essa pessoa é preta ou parda Tabela 11 Comportamento similar mas em direção oposta fica evidente quando se analisam as situações de IA Tanto a IA moderada quanto a IA grave digase a fome ocorreram com prevalências mais altas nos domicílios de pessoa de referência preta ou parda exceto na faixa de rendimento de até 12 salário mínimo As diferenças de IA moderada e IA grave são significativas na faixa intermediária de renda rendimento maior que 12 e até 1 SMPC tanto comparando os dois grupos segundo a raçacor da pele em cada ano quanto analisando a evolução entre eles nos períodos de 2020 para 20212022 79 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A IA grave aumentou nos domicílios com pessoa de referência branca de 33 para 66 e entre domicílios com pessoa de referência negra pretaparda de 87 para 102 Isto resultou em diferença menor entre os grupos mas com permanência de prevalência de IA grave de maior magnitude em domicílios chefiados por pessoa negra Tabela 11 Outro aspecto que chama atenção nestes dados é a permanência de IA moderada e IA grave nos dois grupos de domicílios em 2022 quando os dois níveis já haviam desaparecido em 2020 Podese concluir que as desigualdades de raçacor são permanentes porém mais graves nas populações de rendimentos intermediários Resultados TABELA 11 Comparação da distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar segundo a raçacor da pele da pessoa de referência dos domicílios entre o I e II VIGISAN Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Branca 189 417 208 186 Pretaparda 228 369 226 178 Branca 219 257 240 283 Pretaparda 161 251 271 317 Branca 537 376 54 33 Pretaparda 431 368 115 87 Branca 455 387 92 66 Pretaparda 379 388 132 102 Branca 786 214 0 0 Pretaparda 752 248 0 0 Branca 786 155 29 30 Pretaparda 721 193 59 26 83 245 1034 133 Raça Cor da pessoa de referência Diferença Diferença Diferença Diferença Diferença 2020 20212022 20212022 Rendimento maior que 12 e até 1 SMPC 2020 20212022 Rendimento maior que 1 SMPC Segurança Alimentar SA e níveis de Insegurança Alimentar IA SA IA Leve IA Moderada IA Grave Ano Rendimento até 12 SMPC 2020 Diferença A diferença foi calculada considerando de SAIA de prataparda de SAIA de branca de SAIA de branca100 IA retorna para os dois grupos mas sem diferença estatisticamente significativa 206 115 87 43 265 23 129 120 197 21 1130 1636 167 03 435 545 43 159 0 0 80 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil São muitas as condições de desigualdade que penalizam vários segmentos da população brasileira Merecem destaque as crianças que em condição de carência alimentar podem ter suas potencialidades e seu futuro comprometidos Nesta situação de crise geral em que temos vivido isto se torna ainda mais grave pela falta de iniciativas dos governos para minimizar os danos Assistimos ao caos na gestão do PNAE com falta de orientação e recursos adequados para os estados e municípios O reflexo dessa e outras situações está evidenciado na piora da IA apontados aqui os domicílios com crianças com até 10 anos Entre 2020 e 20212022 praticamente não houve mudança de prevalência de SA e também de IA moderada Entretanto houve uma redução importante da IA leve Resultados Foto Sara GehrenAção da Cidadania 81 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil FIGURA 24 Prevalência em da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar IA em domicílios com moradores de até 10 anos de idade Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 5 10 15 20 25 30 35 40 2020 20212022 Segurança Alimentar IA Leve IA Moderada IA Grave Percentual 347 374 186 94 339 291 189 181 As tendências de SAIA dos domicílios foram também influenciadas pelo desemprego ou condições precárias de trabalho uma vez as famílias viram seus rendimentos diminuírem e acabaram por se endividar Mesmo se tratando de um período relativamente pequeno cerca de um ano foi possível observar o reflexo dessas e de outras situações na magnitude das prevalências sobretudo da IA grave A SA permaneceu estável apesar de continuar em patamar bem abaixo da média nacional em domicílios onde as pessoas de referência das famílias referiram emprego formal entre 2020 e 20212022 Figura 25 Entretanto a IA grave se elevou neste período O mesmo ocorreu com a condição de trabalho informal que manteve estável a prevalência de SA ainda que muito baixa próxima aos 300 nos dois períodos porém com aumento significativo da IA grave 143 em 2020 para 202 em 20212022 Resultados A IA grave a fome dobrou nesses domicílios entre o final de 2020 e o início de 2022 indo de 94 para 181 Figura 24 82 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Com o desemprego essa estabilidade desapareceu e houve piora significativa dos índices uma vez que a SA foi reduzida em 52 pontos percentuais enquanto a IA grave aumentou de 214 para 361 Figura 25 Sabese que um dos reflexos da dinâmica financeira das famílias é o aumento do endividamento discutido anteriormente neste Relatório e que apresenta relação desfavorável em relação ao acesso das famílias aos alimentos A SA se manteve estável mas a IA grave aumentou expressivamente É sempre bom lembrar que mudanças aparentemente pequenas em percentuais sobretudo de IA grave podem significar milhões de pessoas que passam a conviver cotidianamente com a falta de comida no prato FIGURA 25 Comparação em da Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar IA grave segundo a relação de trabalho da pessoa de referência do domicílio entre o I e II VIGISAN Brasil II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 0 10 20 30 40 50 60 2020 Segurança Alimentar IA grave 20212022 Segurança Alimentar IA grave Percentual 590 277 183 313 33 214 196 143 538 196 200 308 74 361 256 211 Trabalho formal Trabalho informal Desemprego Endividamento Resultados 1 2 milhões de pessoas Foto Tulio MartinsActionAid Considerações finais Foto Meire MunizActionAid 84 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil As evidências aqui apresentadas revelam um preocupante agravamento da IA em um contingente expressivo da população brasileira iniciado pela crise econômica e desestruturação de políticas públicas nacionais desde 2016 e acentuado pela pandemia de Covid19 que continuava a se propagar Somase a esse cenário a persistência de opções governamentais negligentes pautadas pelo falso dilema entre economia e saúde Comparado ao I VIGISAN que identificou em dezembro de 2020 9 da população ou 19 milhões de pessoasconvivendo com a fome no II VIGISAN este percentual passou para 155 da população ou 331 milhões de pessoas em situação de fome indicando que 14 milhões de brasileiros foram deslocados para tal condição em um ano Baseado numa amostra maior e mais diversificada social e espacialmente o material analisado neste Relatório não apenas confirma as tendências já apontadas em investigações anteriores mas deixa evidente as interfaces entre a deterioração das condições alimentares e as demais dimensões de um contínuo processo de empobrecimento e vulnerabilidade social de ampla parcela da população brasileira Nesse sentido chama atenção a maior proporção das famílias com renda inferior a um salário mínimo em IA grave especialmente aquelas com renda inferior a 14 de SMPC nas quais a condição de convívio com a fome atinge 430 delas o dobro do verificado em 2020 Situação semelhante foi identificada nas famílias afetadas pelo desemprego assim como naquelas que recorreram ao endividamento à venda de bens ao corte de despesas essenciais ou não essenciais ou ainda nas famílias em que alguém teve que abandonar os estudos Considerações finais 85 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Embora os números indiquem a precarização das condições alimentares para o conjunto do país os traços do empobrecimento e das estratégias de sobrevivência das famílias se manifestam desigualmente entre as regiões Os níveis mais elevados de IA moderada e grave nas regiões Norte e Nordeste relativamente às demais regiões refletem desigualdades geradas por dinâmicas socioeconômicas e políticas locais e de distribuição da riqueza nacional Assim a convivência com a fome assume contornos mais dramáticos naquelas regiões onde as populações em particular no meio rural se veem impossibilitadas de escapar de tal tragédia devido ao seu aprisionamento num estado persistente de pobreza Tendo como referência o contexto da crise sanitária que assolou o país a partir do início de 2020 a IA foi agravada pelas dificuldades de recomposição das rendas do trabalho em emprego formal ou informal de retomada de negócios e de atividades produtivas em particular no meio rural Agricultores familiaresprodutores rurais não conseguiram recuperar a produção aos níveis da prépandemia além de se sujeitarem a preços menos rentáveis o que os levou a um estado no qual a prevalência de IA supera a observada nas áreas urbanas Em seu conjunto e como reflexo de um abismo social que se amplia enquanto 413 da população brasileira dispõem de mecanismos de defesa da renda e preservação do poder de compra quase 600 das famílias se veem desprotegidas e incapacitadas A esse grupo foram incorporadas em um ano mais 67 milhões de pessoas anteriormente em SA agora também desprovidas de meios regulares e permanentes de acesso aos alimentos Foto Ventana FilmesActionAid Considerações finais 86 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Este recorte social inclui aspectos não econômicos das desigualdades relacionados à raçacor da pele gênero e grau de escolaridade definidores das vias de inserção das famílias na sociedade e da participação na distribuição da renda Tais aspectos resultam em mais exposição ao risco de fome e em precárias condições de acesso à alimentação adequada e saudável Na pobreza extrema essas diferenças não são significativas mas tornamse relevantes nos rendimentos que caracterizam a pobreza e os valores médios da renda familiar A maior ocorrência da fome entre famílias tendo as mulheres como responsáveis pode ser explicada dentre outros fatores pela diferença de rendimentos que desfavorece às mulheres em relação aos homens Enquanto na população negra houve um aumento de mais de 600 na proporção daquelas que convivem com a fome dentre brancos esse aumento foi de 346 comparando os resultados dos dois Inquéritos da Rede PENSSAN O II VIGISAN revela diferença importante entre gêneros e indicam que 193 das famílias chefiadas por mulheres estão expostas à fome enquanto esse percentual reduz para 119 quando são os homens nessa posição essa diferença é maior do que a observada em 2020 quando as prevalências eram 112 e 70 respectivamente Considerações finais 87 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil A relação entre IA e grau de escolaridade revela um dos problemas mais graves da sociedade brasileira com repercussões que extrapolam o contexto da pandemia Em primeiro lugar constatouse que 223 das famílias cujos responsáveis têm até quatro anos de estudo ou não tinham escolaridade estão em situação de IA grave o dobro daquelas com oito anos de estudo 102 A garantia da educação como direito social se revela portanto como um meio essencial também de proteção das famílias contra a ameaça da fome Em segundo lugar uma má alimentação na infância compromete não apenas o desenvolvimento físico mas também sua capacidade cognitiva no futuro O expressivo aumento da IA dos domicílios com crianças de idade até 10 anos de 94 para 181 em um ano demonstra tanto o aumento da vulnerabilidade de suas famílias no período da pandemia como a negligência dos governos na gestão caótica do PNAE Diante da impossibilidade do ensino presencial a alimentação dessas crianças foi duplamente prejudicada pois elas não puderam contar com a alimentação escolar com regularidade ao mesmo tempo em que ficaram expostas à escassez de alimentos em seus domicílios Essa condição é mais grave ao considerar o impacto no desenvolvimento infantil dada a impossibilidade de acesso remoto às aulas por um contingente expressivo da população de crianças e adolescentes o que contribui para a estagnação social da famílias em situação de maior vulnerabilidade Foto Thais AlvarengaAção da Cidadania Considerações finais 88 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil As mazelas assim formadas dentre as quais se destacam as diferentes manifestações de IA são repercussões das desigualdades sociais que derivam de processos econômicos e políticos que moldaram historicamente a sociedade brasileira Esta conduta governamental acabou criando uma armadilha para as famílias que dependem do PBFAuxílio Brasil BPC PNAE restaurantes populares e do Auxílio Emergencial A desidratação intencional dessas políticas acabou agravando as condições das famílias com renda inferior a 1 SMPC em particular as que vivem com 14 desse valor 430 das quais em estado famélico Estados e governos podem aumentar desigualdades pobreza e fome pela falta de ação e por decisões políticas e adoção de ações que elevam os níveis de concentração de renda e riqueza justificadas com a falácia do gotejamento da riqueza para as camadas de menor renda Os indicadores de pobreza e fome no Brasil se consideradas quase duas décadas de avaliação parecem expressar um mosaico em que todos esses elementos a partir de 2016 interagem para negar os direitos de cidadania à maioria da população além de múltiplos testemunhos de despreparo de governos e da tecnocracia responsável por responder às crescentes demandas sociais A destruição de instituições públicas e a desativação de políticas voltadas à proteção social em curso desde 2016 estão na raiz do problema aqui exposto deixando grande parte da sociedade desprotegida diante dos efeitos da crise sanitária que agravou a crise econômica que a antecedeu Imagem Márcio de Carvalho Considerações finais 89 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Por essa razão para reverter essa tendência é preciso compreender que seus determinantes estão situados além das questões específicas da alimentação e das relações entre oferta e demanda de alimentos Paralelamente um ambiente de instabilidade política e fragilidade de instâncias democráticas refratárias à atuação da sociedade civil sintonizada com as carências sociais emergentes contribuem para o desprezo aos direitos humanos dentre os quais o direito à alimentação adequada e saudável A tempestade perfeita formada pelo agravamento da fome e da pobreza está conduzindo a sociedade brasileira para uma involução social para a qual contribui o enfraquecimento das estruturas econômicas cujas competências tecnológicas se retraem Enquanto isso o extrativismo e as atividades agrícolas de larga escala do agronegócio majoritariamente voltadas a produção de commodities e não de alimentos ocupam o centro do PIB e a presença do país nos mercados globais empurrando a economia numa marchaaré da 6ª para 15ª posição mundial num retrocesso visível se comparado ao início do século Insuficiência de renda desemprego e subemprego deficiências habitacionais falta de acesso à educação e precárias condições de saúde estão diretamente interrelacionados com o agravamento da IA Considerações finais Imagem Márcio de Carvalho 90 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Nesse ambiente social em que diferentes precariedades corroem a vida de milhões de famílias destaque deve ser dado à interação entre a IA e a crise hídrica Apesar de diferenças regionais no conjunto da amostra nacional 420 das famílias com Insegurança Hídrica também conviviam com a fome enquanto apenas 143 desses domicílios estavam em SA Essa constatação evidencia que as famílias afetadas pela combinação de falta de alimentos e Insegurança Hídrica estão desprovidas dos elementos mais vitais da existência humana com destaque para as famílias rurais Por mais que as dimensões dessa tragédia social sejam atribuídas aos desequilíbrios climáticos e à pandemia da Covid19 seus impactos atingem mais gravemente as famílias já vitimadas pela pobreza e pela ausência do Estado no abastecimento de água e na garantia de SA Ao mesmo tempo são famílias deslocadas para as franjas da sociedade de mercado sob a dinâmica excludente de processos econômicos que concentram renda e continuamente agravam desigualdades Foto Ventana FilmesActionAid Considerações finais 91 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Se por um lado as evidências expostas neste Relatório refletem este ambiente de degradação social e portanto de retrocessos institucionais que contribuíram para o empobrecimento da sociedade brasileira no contexto da pandemia da Covid19 por outro lado indicam a amplitude dos desafios envolvidos em sua superação A sinergia entre a IA e as demais inseguranças que afetam a sobrevivência humana na atualidade dá uma dimensão clara da agenda de reconstituição do aparato institucional e de reorientação das estruturas econômicas e políticas rumo a uma redução das desigualdades e da melhoria das condições de vida Para tanto não será suficiente apenas uma reativação da economia através do crescimento mas sua reconexão com princípios de igualdade de resgate dos direitos humanos dentre os quais o de alimentação adequada de preservação ambiental e de promoção do bemestar Considerações finais Voltar para o Sumário Referências BEMLIGNANI J PALMEIRA P A ANTUNES M M SALLESCOSTA R Relationship Between social indicators and food insecurity a systematic review Rev Bras Epidemiol n 23 2020 Disponível em httpsdoi org1015901980549720200068 Acesso em 3 maio 2022 BRASIL Lei nº 11346 de 15 de setembro de 2006 Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências Diário Oficial da União seção 1 Brasília DF p 12 18 set 2006 BURLANDY L SALLESCOSTA R Segurança alimentar e nutricional Concepções e desenhos de investigação In KAC G SICHIERI R GIGANTE D P orgs Epidemiologia nutricional 2ª ed Rio de Janeiro Fiocruz 2022 CAFIERO C VIVIANI S NORD M Food security measurement in a global context the food insecurity experience scale Measurement v 116 fev 2018 CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL CONSEA A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil Indicadores e monitoramento da Constituição de 1988 aos dias atuais Brasília Consea 2010 DE PAULA N ZIMMERMANN S A insegurança alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil Revista do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense n 3 p 5567 2021 Voltar para o Sumário DE PAULA N Tendencias a la universalización del consumo alimentario In BENZA S SAMMARTINO G VACCAREZZA F orgs Alimentación cultura y nutrición aportes desde el patrimonio las políticas públicas y el abordaje de los padecimientos 1ª ed Buenos Aires Libro Digital DOC 2021 v 1 p 816 DEL GROSSI M E DAHLET G DE LIMA P CEOLIN S Brazils Fome Zero strategy In Silva J G org From Fome Zero to zero hunger a global perspective 1ª ed Rome FAO 2019 v 1 p 2143 DELGADO N G ZIMMERMANN S A Políticas públicas para soberania e segurança alimentar no Brasil conquistas desmontes e desafios para uma reconstrução Saúde Amanhã Textos para Discussão n 83 Rio de Janeiro Fundação Oswaldo Cruz 2022 Disponível em https saudeamanhafiocruzbrwpcontentuploads202203DelgadNG ZimmermannSAPolC3ADticaspC3BAblicasparasoberaniae seguranC3A7aalimentarnoBrasilTD83final1pdf Acesso em 11 maio 2022 DOS SANTOS T G et al Tendência e fatores associados à insegurança alimentar no Brasil pesquisa nacional por amostra de domicílios 2004 2009 e 2013 Cadernos de Saúde Pública v 34 n 4 p 117 2018 Disponível em httpsdoiorg1015900102311x00066917 Acesso em 11 maio 2022 FIGUEIREDO N DE PAULA N M Desafíos en las políticas públicas de seguridad alimentaria en México un estudio del programa desayunos escolares Estudíos Sociales v 31 p 239 jan 2021 Disponível em httpsdoiorg1024836esv31i571110 Acesso em 11 maio 2022 A soberania alimentar no contexto do regime alimentar neoliberal um diálogo com a literatura Monções UFGD v 10 p 480503 2021 Disponível em httpsdoiorg1030612rmufgdv10i1913051 Acesso em 11 maio 2022 Referências Voltar para o Sumário FRONGILLO E Validity and crosscontext equivalence of experience based measures of food insecurity Global Food Security v 32 mar 2022 GALINDO E 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amostral do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio PNAD II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 2 100 Tamanho amostral por localização urbana e rural segundo macrorregiões brasileiras com respectivas margens de erro II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 3 101 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA com 8 perguntas II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 4 101 Classificação e pontos de corte da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA de oito itens II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 5 102 Perguntas da Escala da Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 6 103 Proporção de domicílios por macrorregiões segundo características domiciliares II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 7 104 Distribuição proporcional de condições sociodemográficas da pessoa responsável pelo domicílio e o efeito da pandemia nas condições de trabalho Brasil e regiões II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 8 105 Distribuição percentual de domicílios segundo a procura por emprego pelo responsável pelo domicílio e pelos seus integrantes Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 9 106 Proporção de domicílios que tiveram ao menos uma pessoa da família que morreu em decorrência da Covid19 Brasil e macroregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 10 106 Proporção de moradores nos domicílios que relataram vergonha tristeza ou constrangimento para conseguir alimentos Brasil e macrorregiões II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 11 107 Frequência das refeições realizadas pelo entrevistado semanalmente e diariamente Brasil e macrorregiões II VIGISAN Brasil 20212022 ANEXO 12 108 Perguntas da Escala da Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 13 109 Evolução da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil macrorregiões localidade do domicílio urbana e rural de 2004 a 2022 II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 14 110 Evolução da estimativa da Insegurança Alimentar IA moderada grave segundo as macrorregiões do país dentre os inquéritos nacionais de 2018 POF 2020 I VIGISAN e 20212022 II VIGISAN Brasil macrorregiões localidade dos domicílios urbana e rural II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 100 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil obtido na PNAD 2015 obtido no II VIGISAN SEXO Masculino 490 470 Feminino 510 530 IDADE Até 4 anos 60 60 5 a 17 anos 200 160 18 a 49 anos 480 500 50 a 64 anos 160 180 65 ou mais 100 110 ESCOLARIDADE Ensino Fundamental 480 510 Ensino Médio 340 370 Superior 180 120 RENDA FAMILIAR Até 2 SMPC 420 670 Mais de 2 a 5 SMPC 380 270 Mais 5 SMPC 200 60 ANEXO 1 ANEXO 2 Macrorregião ZONA URBANA ZONA RURAL TOTAL Amostra pretendida Amostra Margem de erro Amostra Pretendida Amostra Margem de erro Amostra pretendida Amostra Margem de erro CentroOeste 1642 1667 24 208 212 67 1850 1879 23 Nordeste 3204 3232 17 1096 1117 29 4300 4349 15 Norte 2326 2330 20 624 640 39 2950 2970 18 Sudeste 1800 1827 23 200 195 70 2000 2022 22 Sul 1284 1305 27 216 220 66 1500 1525 25 Total 10256 10361 10 2344 2384 20 12600 12745 09 Fonte IBGE PNAD 2015 Considerando intervalos de confiança de 95 Tamanho amostral por localização urbana e rural segundo macrorregiões brasileiras com respectivas margens de erro II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Comparação por sexo idade escolaridade e renda familiar Salário mínimo per capita SMPC da distribuição amostral do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid19 no Brasil II VIGISAN com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio PNAD II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto voltar ao texto 101 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Perguntas Opções de respostas 1 Nos últimos três meses os moradores deste domicílio tiveram a preocupação de que os alimentos acabassem antes de poderem comprar ou receber mais comida Sim Não Não sabeNão respondeu 2 Nos últimos três meses os alimentos acabaram antes que os moradores deste domicílio tivessem dinheiro para comprar mais comida Sim Não Não sabeNão respondeu 3 Nos últimos três meses os moradores deste domicílio ficaram sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e variada Sim Não Não sabeNão respondeu 4 Nos últimos três meses os moradores deste domicílio comeram apenas alguns poucos tipos de alimentos que ainda tinham porque o dinheiro acabou Sim Não Não sabeNão respondeu 5Nos últimos três meses alguma moradora de 18 anos ou mais de idade deixou de fazer alguma refeição porque não havia dinheiro para comprar comida Sim Não Não sabeNão respondeu 6 Nos últimos três meses alguma moradora de 18 anos ou mais de idade alguma vez comeu menos do que achou que devia porque não havia dinheiro para comprar comida Sim Não Não sabeNão respondeu 7 Nos últimos três meses alguma moradora de 18 anos ou mais de idade alguma vez sentiu fome mas não comeu porque não havia dinheiro para comprar comida Sim Não Não sabeNão respondeu 8 Nos últimos três meses alguma moradora de 18 anos ou mais de idade alguma vez fez apenas uma refeição ao dia ou ficou um dia inteiro sem comer porque não havia dinheiro para comprar comida Sim Não Não sabeNão respondeu ANEXO 3 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA com 8 perguntas II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 ANEXO 4 Classificação e pontos de corte da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar EBIA de oito itens II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Classificação Pontos de corte Segurança alimentar 0 Insegurança Alimentar Leve 13 Insegurança Alimentar Moderada 45 Insegurança Alimentar Grave 68 voltar ao texto voltar ao texto 102 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil ANEXO 5 Perguntas da Escala da Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Perguntas Opções de respostas Nas últimas 4 semanas você ou alguém de sua casa esteve incomodado preocupado ou com medo de que você não teria água suficiente para todas as suas necessidades domésticas Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência o abastecimento de água através de sua principal fonte foi interrompida ou sofreu alguma alteração pressão de água menos água do que o esperado rio secou Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência os problemas com a água impediram a lavagem de roupa Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém de sua família mudou a sua rotina porque teve que resolver um problema por conta da água As atividades que podem ter sido interrompidas incluem cuidar de outras pessoas realizar tarefas domésticas trabalhos agrícolas atividades geradoras de renda dormir etc Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém em sua casa teve que mudar os alimentos que costumam comer devido os problemas com a água como por exemplo lavar os alimentos cozinhar etc Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém em sua casa passou sem lavar as mãos após atividades sujas por exemplo defecar ou trocar fraldas limpar esterco de animais devido a problemas com a água Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém em sua casa teve que ficar sem tomar banho por causa de problemas com o água por exemplo água insuficiente suja insegura Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência a quantidade de água para beber foi menor do que gostaria para você ou alguém em sua casa Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém de sua família sentiu raiva da situação da água Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência você ou alguém de sua casa foi dormir com sede Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência a sua casa ficou completamente sem água Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Nas últimas 4 semanas com que frequência os problemas com água fizeram com que você ou alguém em sua casa se sentisse envergonhado Nunca 0 vezes Raramente 1 ou 2 vezes Algumas vezes 3 a 10 vezes Frequentemente 11 a 20 vezes Quase todos os dias mais de 20 vezes Não sabe avaliarNR ESPONTÂNEA Lidas até a opção Quase todos os dias voltar ao texto 103 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Características domiciliares Brasil e macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Água potável n 10291 Sim com fornecimento diário 899 937 839 899 916 918 Fornecimento semanal ou menos 101 63 161 101 84 82 Densidade domiciliar Nº de cômodos per capita n 12716 Até 1 cômodo 264 266 236 453 274 195 2 cômodos 325 315 318 313 338 315 3 cômodos ou mais 411 419 446 234 388 490 Nº de moradores n 12745 Até 4 moradores 892 879 909 792 891 916 5 moradores ou mais 108 121 91 208 109 84 Presença de moradores por faixa etária n 12745 Até 4 anos 59 65 60 74 55 59 De 5 a 17 anos 170 193 182 212 162 146 18 a 49 anos 507 473 482 503 495 500 50 a 64 anos 164 163 173 130 187 184 65 e mais 100 106 103 81 101 112 Renda domiciliar per capita mensal n 12722 Até 14 de SMPC 148 119 212 271 119 182 Mais de 14 até 12 SMPC 220 220 286 275 201 242 Mais de 12 até 1SMPC 331 373 346 275 337 326 Mais de 1 SMPC 301 288 156 179 343 250 ANEXO 6 Proporção de domicílios por macrorregiões segundo características domiciliares II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 Valores de proporções expandidas voltar ao texto 104 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Características ociodemográficas Brasil e macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Faixa etária da pessoa de referência n 12733 18 a 49 anos 548 540 596 567 520 540 50 a 64 anos 282 268 247 278 306 280 65 anos ou mais 170 193 157 155 174 180 Sexo da pessoa de referência n 12718 Masculino 507 451 490 586 498 553 Feminino 493 549 510 414 502 447 Escolaridade da pessoa de referência n 12730 Sem escolaridade 275 303 316 310 246 257 4 anos de estudo 58 anos de estudo 197 203 189 181 188 242 8 anos de estudo 528 494 496 509 567 501 Raçacor da pele da pessoa de referência n 12215 Branca 365 307 193 174 407 644 Pretaparda 635 693 807 826 593 356 Ocupação da pessoa de referência n 12733 Agricultora familiar ou produtora rural 29 13 66 45 10 23 Trabalhadora informal rural temporário em emprego sem carteira assinada bico free lancer outros 174 192 190 244 140 202 Trabalhando em emprego formal com carteira assinada ou servidora públicoa inclui empregada doméstica trabalhadora rural etc 251 220 224 207 262 300 Trabalhando como autônomoa regularempreendedora individual paga INSS profissional liberal nível superior empresárioa 164 172 119 141 204 135 Está desempregadoa 82 59 86 83 92 55 Outros aposentadoa dona de casa estudante etc 300 345 315 278 292 286 ANEXO 7 Distribuição proporcional de condições sociodemográficas da pessoa responsável pelo domicílio e o efeito da pandemia nas condições de trabalho Brasil e regiões II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto 105 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Características ociodemográficas Brasil e macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Efeito da pandemia nas condições de trabalho e financeiras Necessidade de ajudar financeiramente algum parente ou amigoa n12713 331 376 305 464 333 287 Endividamento de moradores n12707 382 401 373 447 387 346 Corte de gastos em despesas essenciais n12710 571 564 574 689 568 525 Corte de gastos em despesas não essenciais n12702 616 596 567 676 632 635 Utilizou toda ou quase toda reserva financeira que tinham na família n12683 386 441 337 487 381 409 Teve que vender imóveis automóveis motos equipamentos de trabalho ou outros bens n12708 116 134 115 173 106 115 Pelo menos uma moradora precisou parar de estudar porque teve que trabalhar não tinha acesso à internet ou porque ficou doente n12669 94 92 102 172 85 74 Valores de proporções expandidas Efeitos no trabalho em todos os integrantes da família n12660 Brasil e macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Com pelo menos 1 integrante procurando emprego ou estava disponível para trabalhar 143 106 151 178 162 73 Sem integrante procurando emprego ou sem disponibilidade para trabalhar 857 894 849 822 838 927 ANEXO 8 Distribuição percentual de domicílios segundo a procura por emprego pelo responsável pelo domicílio e pelos seus integrantes Brasil e macrorregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto 106 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil ANEXO 9 Proporção de domicílios que tiveram ao menos uma pessoa da família que morreu em decorrência da Covid19 Brasil e macroregiões II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Morte por Covid19 nos domicílios Sim Não Morte em decorrência da Covid19 de algum familiar n12730 Brasil 61 939 Macrorregiões CentroOeste 50 950 Nordeste 52 948 Norte 444 956 Sudeste 61 939 Sul 88 912 Familiar que faleceu em decorrência da Covid9 e contribuía para a renda n789 Brasil 425 574 Macrorregiões CentroOeste 414 586 Nordeste 608 392 Norte 363 637 Sudeste 344 656 Sul 418 582 ANEXO 10 Proporção de moradores nos domicílios que relataram vergonha tristeza ou constrangimento para conseguir alimentos Brasil e macrorregiões II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto voltar ao texto 0 20 40 60 80 100 Brasil Norte Nordeste CentroOeste Sudeste Sul Sim Não Percentual 82 908 105 895 134 866 63 937 83 917 58 942 107 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Refeição realizada diariamente Brasil e Macrorregiões Brasil Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Café da manhã n12745 Sim 846 814 880 869 819 873 Não 154 186 120 131 181 127 Almoço n12745 Sim 899 925 916 929 867 939 Não 101 75 84 71 133 61 Jantar n12745 Sim 801 808 824 792 777 829 Não 199 192 176 208 223 171 ANEXO 11 Frequência das refeições realizadas pelo entrevistado semanalmente e diariamente Brasil e macrorregiões II VIGISAN Brasil 20212022 voltar ao texto 108 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil ANEXO 12 Perguntas da Escala da Experiência Domiciliar de Insegurança Hídrica EDIH II VIGISAN SAIA e Covid19 Brasil 20212022 Localização urbana ou rural e macrorregiões FEIJÃO ARROZ CARNES VEGETAIS FRUTAS Localização domicílio SA IA leve IA moderada grave SA IA leve IA moderada grave SA IA leve IA moderada grave SA IA leve IA moderada grave SA IA leve IA moderada grave Urbana Reduziu 250 282 469 235 273 492 282 331 387 232 277 491 227 314 459 Aumentou 416 260 324 380 271 349 532 234 235 472 319 210 535 293 172 Não modificou 578 272 150 568 279 153 701 204 96 576 271 154 618 251 131 Não comprou há 3 meses 272 257 471 377 195 428 157 138 705 152 198 650 137 195 668 Rural Reduziu 256 296 448 256 265 479 275 285 440 272 270 458 288 280 433 Aumentou 349 211 441 367 219 415 480 190 330 463 257 280 532 212 256 Não modificou 535 262 204 503 279 219 598 268 134 512 273 215 526 278 196 Não comprou há 3 meses 276 166 559 127 201 673 146 155 699 173 228 599 209 223 568 CentroOeste Reduziu 219 313 468 224 290 486 254 344 403 227 324 450 243 345 412 Aumentou 334 300 366 299 299 411 429 277 293 371 340 289 423 330 247 Não modificou 524 317 159 510 326 164 609 290 101 533 307 160 557 299 145 Não comprou há 3 meses 403 248 349 314 314 373 179 238 584 207 241 551 156 252 592 Nordeste Reduziu 257 308 435 249 286 464 256 306 438 256 268 477 260 286 454 Aumentou 437 221 342 405 256 339 546 210 244 512 233 255 525 245 231 Não modificou 508 249 244 478 263 259 579 246 175 471 292 238 501 278 221 Não comprou há 3 meses 165 193 642 331 247 422 73840 97 825 117 229 654 82 207 712 Norte Reduziu 162 252 586 166 238 596 184 280 536 158 243 599 195 255 550 Aumentou 267 273 460 244 261 494 360 236 404 310 311 379 373 340 287 Não modificou 452 288 260 417 191 292 499 265 236 452 290 258 474 289 237 Não comprou há 3 meses 167 190 643 86 243 671 143 124 733 100 205 695 91 199 710 Sudeste Reduziu 266 251 483 242 249 509 297 333 371 243 269 488 224 315 462 Aumentou 409 290 301 419 268 312 584 238 178 468 371 161 596 600 105 Não modificou 598 283 120 592 292 117 750 190 59 605 266 129 654 247 99 Não comprou há 3 meses 276 279 445 352 145 503 189 147 664 177 166 657 215 183 602 Sul Reduziu 262 346 392 257 325 418 346 349 306 236 329 436 245 358 397 Aumentou 465 184 351 368 243 390 500 191 309 543 278 179 554 270 176 Não modificou 627 240 133 634 242 125 747 178 76 633 239 128 667 219 114 Não comprou há 3 meses 594 176 230 652 299 50 120 157 723 235 262 503 216 242 542 voltar ao texto 109 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil ANEXO 13 Evolução da Segurança Alimentar SA e dos níveis de Insegurança Alimentar IA no Brasil macrorregiões localidade do domicílio urbana e rural de 2004 a 2022 II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 Inquéritos Características domiciliares BRASIL NORTE NORDESTE CENTROOESTE SUDESTESUL SA IA leve IA moderada IA grave SA IA leve IA moderada IA grave SA IA leve IA moderada IA grave SA IA leve IA moderada IA grave SA IA leve IA moderada IA grave PNAD 2004 EBIA n108606 648 138 120 95 530 157 152 161 460 166 199 175 686 134 112 68 737 124 83 56 Área n108606 Urbana 664 136 111 89 550 153 139 158 481 166 187 167 684 132 114 71 737 124 82 57 Rural 560 149 164 128 478 168 186 168 403 167 234 197 699 148 104 49 741 122 88 49 PNAD 2009 EBIA n117483 695 158 80 66 596 173 109 122 535 204 141 120 698 170 78 54 777 135 50 38 Área n117483 Urbana 704 158 76 62 593 177 113 118 545 204 135 116 684 178 81 57 775 137 51 38 Rural 646 160 104 90 606 163 98 134 507 202 161 131 795 113 59 33 798 118 48 36 PNAD 2013 EBIA n116490 771 126 61 42 635 179 93 93 605 199 123 73 823 108 43 26 859 85 30 26 Área n116490 Urbana 755 132 66 47 653 175 88 84 645 183 109 63 847 87 36 30 873 73 27 27 Rural 575 209 127 89 579 192 107 122 465 262 170 103 780 149 58 12 827 98 50 24 PNAD 2018 EBIA n57904 633 207 101 58 431 256 176 137 497 249 163 91 648 199 97 56 716 184 66 34 Área n57904 Urbana 649 204 95 53 450 256 171 123 523 242 151 85 644 200 99 57 715 185 66 34 Rural 536 230 145 89 367 257 193 183 421 270 199 110 686 189 80 44 729 174 64 34 I VIGISAN 2020 EBIA n2147 448 347 115 90 369 310 141 181 281 411 170 138 467 346 117 69 531 323 86 60 Área n2147 Urbana 456 350 109 85 365 333 127 175 277 429 158 136 470 341 125 64 530 323 87 60 Rural 400 330 149 120 380 240 182 198 294 357 206 143 441 390 51 118 543 318 78 62 I VIGISAN 2021 2022 EBIA n12681 413 280 152 155 284 264 195 257 365 272 163 199 405 311 155 129 481 269 132 117 Área n12681 Urbana 422 279 149 150 289 269 201 242 344 283 174 198 399 312 155 133 476 274 130 120 Rural 362 283 169 186 269 251 177 302 247 332 175 246 450 305 152 93 529 228 153 90 voltar ao texto 110 Voltar para o Sumário 2022 Insegurança Alimentar e Covid19 no Brasil Inquéritos EBIA nCaracterísticas domiciliares Insegurança alimentar moderada grave Brasil Norte Nordeste Centro Oeste Sudeste Sul POF 2018 EBIA n57904 160 313 254 153 100 Área n57904 Urbana 148 294 236 156 100 Rural 234 376 309 124 98 I VIGISAN 2020 EBIA n2147 205 321 308 187 146 Área n2147 Urbana 194 302 293 189 147 Rural 270 380 349 169 140 II VIGISAN 20212022 EBIA n12681 301 452 362 284 249 Área n12681 Urbana 2928 4429 372 286 250 Rural 3498 4798 421 245 243 ANEXO 14 Evolução da estimativa da Insegurança Alimentar IA moderada grave segundo as macrorregiões do país dentre os inquéritos nacionais de 2018 POF 2020 I VIGISAN e 20212022 II VIGISAN Brasil macrorregiões localidade dos domicílios urbana e rural II VIGISAN Inquérito SAIA Covid19 Brasil 20212022 voltar ao texto REALIZAÇÃO EXECUÇÃO APOIO E PARCERIA DO II VIGISAN