Às vezes falta visão ao sistema escolar, às vezes faltam escrúpulos. É difícil explicar a imobilidade a que são submetidas as crianças quando entram na escola. Mesmo se fosse possível provar (e não é) que uma pessoa aprende melhor quando está imóvel e em silêncio, isso não poderia ser imposto, desde o primeiro dia de aula, de forma subida e violente. Dá para imaginar o que representa para uma criança, que passou sete anos se movimentando, ser subitamente “amarrada” e “amordaçada” para, como se diz, “aprender” o que é, para ela, uma linguagem, às vezes, totalmente estranha? A linguagem da imobilidade e do silêncio? Seria o mesmo que pegar um professor idoso, que há muito deixou de praticar atividades físicas, a não ser as mais triviais, e obrigá-lo a correr por alguns quilômetros em ritmo acelerado. A violência seria idêntica. O interessante é que nós, professores, não suportamos a mobilidade da criança, mas queremos que ela suporte nossa imobilidade
Fonte: FREIRE, J. B. Educação de corpo de inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1994.
Com base no exposto, analise as afirmativas a seguir:
I. As crianças, corpo e movimento são colocados como sinônimos, reproduzindo ideias pedagógicas a favor de uma escola tradicional, a qual se configura como o tipo de educação defendida por todo o século XX.
II. É explícita e contundente a crítica feita não apenas à escola enquanto uma instituição que não conhece os seus sujeitos, mas também aos professores e a sua ignorância, que imporiam a violência da imobilidade às crianças.
III. É uma explicação intrigante, principalmente se considerarmos que ela deixa entrever que a escola reconhece, plenamente, as práticas corporais que emergem em seu interior, lhes dando o espaço que deveriam ter como ferramenta da educação.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1:
I, apenas.
Alternativa 2:
II, apenas.
Alternativa 3:
III, apenas.
Alternativa 4:
II e III, apenas.
Alternativa 5:
I, II e III.