- Com base no texto, explique por que o autor de Os sertőes recorre à figura monstruosa de um "Hércules-Quasimodo" para caracterizar o sertanejo.
Em "O homem", Euclides da Cunha mostra que seguia as teorias raciais (hoje ultrapassadas) baseadas na ideia de que a "mistura de raças mui diversas", "na maioria dos casos", era "prejudicial". Em sua obra, defendeu que na Guerra de Canudos havia o choque entre dois grupos de mestiços: os "curibocas" do sertão (brancos + índios) e os "mestiços" do litoral (brancos + negros), destacando a força dos primeiros, os quais não teriam "o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral", como você acabou de ler. Embora a possibilidade de adaptação a um meio hostil e a surpreendente resistência física do sertanejo fossem vistas por Euclides como elementos positivos, o fanatismo religioso, as superstições e um suposto atraso em relação àquilo que era tido como "progresso" da civilização foram severamente condenados pelo autor de Os sertōes.
Em Os sertōes, Euclides da Cunha denuncia, pela primeira vez nas letras brasileiras, a existência de dois Brasis, o do litoral e o do sertão, embora identifique em ambos o mesmo mal: o fanatismo. Os seguidores de Antônio Conselheiro, dominados pelo fanatismo religioso, aguardavam o retorno messiânico de D. Sebastião, que voltaria para liquidar as tropas republicanas. Os soldados, por sua vez, tomados pelo fanatismo político, cultuavam cegamente a memória do marechal Floriano Peixoto (que morrera dois anos antes). Eram liderados pelo coronel Moreira César, considerado tăo fanático quanto Conselheiro.