2 (Fuvest/SP)
"Maldito, maldito criador! Por que eu vivo? Por que
não extingui, naquele instante, a centelha de vida
que você tão desumanamente me concedeu? Não sei!
O desespero ainda não se apoderara de mim. Meus
sentimentos eram de raiva e vingança. Quando a noite
caiu, deixei meu abrigo e vagueei pelos bosques. [...]
Oh! Que noite miserável passei eu! Sentia um inferno
devorar-me, e desejava despedaçar as árvores, devastar
e assolar tudo o que me cercava, para depois sentar-
-me e contemplar satisfeito a destruição. Declarei uma
guerra sem quartel à espécie humana e, acima de tudo,
contra aquele que me havia criado e me lançara a esta
insuportável desgraça!"
SHELLEY, Mary. Frankenstein. 2ª ed. Porto Alegre: LPM, 1985.
O trecho acima, extraído de uma obra literária publi-
cada pela primeira vez em 1818, pode ser lido corre-
tamente como uma
a) apologia à guerra imperialista, incorporando o
desenvolvimento tecnológico do período.
b) crítica à condição humana em uma sociedade
industrializada e de grandes avanços científicos.
c) defesa do clericalismo em meio à crescente laici-
zação do mundo ocidental.
d) recusa do evolucionismo, bastante em voga no
período.
e) adesão a ideias e formulações humanistas de
igualdade social.