3.2. O despotismo esclarecido
A transformação de mentalidades provocado pela difusão do liberalismo no continente europeu gerou forte pressão sobre defensores do Antigo Regime. Houve até mesmo monarcas que, tendo as consequências práticas do ideário liberal sobre a legitimidade do seu poder, buscavam adaptar alguns de seus aspectos à lógica absolutista. Esse movimento ficou conhecido como despotismo esclarecido, considerado contraditório por muitos estudiosos por propor a existência de um despota (ou seja, governante autoritário) que agia segundo os princípios racionais defendidos pelos iluministas.
Entre os monarcas que simbolizaram esse movimento estavam o rei Frederico II da Prússia e a rainha Catarina II da Rússia, que chegaram a manter contato e correspondência com alguns filósofos iluministas. Em seus governos, foram realizadas reformas baseadas nos princípios liberais, como alterações na tributação dos súditos, abolição da servidão e combate à corrupção da aristocracia.
O despotismo esclarecido também foi praticado na atuação liberal de outras figuras de poder. Em Portugal, o primeiro-ministro do rei José I, conhecido como Marquês de Pombal, promoveu reformas administrativas e educacionais no reino. Entre os anos 1750 e 1777, Pombal incentivou a ação de companhias de comércio, a atividade manufatureira e reduziu a esfera de atuação da Igreja Católica. Nas áreas coloniais, intensificou a arrecadação de impostos sobre metais preciosos e restringiu a circulação de pessoas nas áreas mineradoras. Ainda nesse momento histórico, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, incluindo o Brasil, o que teve impacto na educação e nas catequeses, para que o Estado não interferisse nas escolas e universidades sem interferência, conforme defendidos os pensadores iluministas.
