A arte ativa nossas memórias?
Em Parede da memória, somos apresentados a fotografias que podem nos fazer relacionar às nossas próprias lembranças e aos retratos de familiares e de pessoas que fazem parte da nossa história. Cada peça quadrada de tecido pode ser vista individual ou coletivamente, conectando indivíduos por um laço afetivo. Rosana Paulino (1967-) buscou referências em retratos de antepassados que foram impressos nos saquinhos, semelhantes a patuás, que são amuletos carregados para proteção. No trabalho, a artista demonstra interesse pela memória, pela representatividade e pelas questões raciais.
Parede da memória, de Rosana Paulino, 1994. Instalação. Microfibra, tecidos, imagem digital sobre papel, linha e aquarela, aproximadamente \( 8 \mathrm{~cm} \times 8 \mathrm{~cm} \times 3 \mathrm{~cm} \) cada elemento, dimensão total variável. (detalhe)
Sempre lidei com linhas e agulhas, desde pequena. Minha mãe foi bordadeira para ajudar nas despesas da casa. Ver as mulheres trocando pontos, conversando, costurando foi algo muito natural para mim [...] Ligar as histórias de pessoas, principalmente mulheres que não são valorizadas, é um modo de sobreviver em um meio que nos tira a humanidade, é falsear o esquecimento. É trazer esta mão negra no que ela tem de mais forte, de criação, é a mão de quem assentou esta terra em diversos sentidos.
CARVALHO, N. dos S.; TVARDOVSKAS, L. S.; FUREGATTI, S. H. Entrevista com Rosana Paulino. Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura, Campinas, SP, v. 26, n. 2, 2018, p. 151. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8651077. Acesso em: 13 maio 2022.
7. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade da população brasileira se identifica como parda ou negra. Com base nessa informação, estabeleça relações entre a obra de Rosana Paulino e as questões de identidade racial no Brasil.