A bandeira de Pero Coelho I
Texto academico
A 19 de Janeiro, vespera de S. Sebastião, rumaram o sertão. Dias após, na magestade do ermo surge dintinctamente a Ibiapaba. Chegara, enfim, para toda aquella gente, o almejado e solemne momento. O grande sonho dos rudes aventureiros parece prestes a concretizar-se na mais palpavel das realidades. A terra do Eldourado está diante delles, ao alcance mesmo dos menos destemidos. Segregados do convivio das outras tribus de lingua geral, vivia, porém, ali, entre hordas numerosas de tapuias, indios tabajaras ousados e valentes.
Em camaradaria com aquella brava gentilidade, la andavam também mamelucos, mulatos da Bahia, e marujos franceses. Estes, chefiados por um tal Mambille ou Bambille, cortavam madeira e buscavam metaes preciosos pelas encostas do grande plató; aquelles viviam entregues á vida de ocio e rapinagem, que tanato os seduzia. (...)
A' tarde desceram os indios da serra para atacar mais de perto o entrincheiramento português. (...) A superioridade enorme que as armas de logo davam aos invasores em seus encontros com os naturaes da terra, era, agora, de algum modo contrabalançada pelos mosquetes, que os franceses manejavam com precisão e dextreza. Embora desencadeada com violencia incommum, a oitensiva malogrou-se, porém, por completo, prolongando-se a lucta noite a dentro com perdas sensiveis de parte a parte.
Na ação, os portugueses perderam três soldados e tiveram quatorze feridos, mas os índios contrários foram dizimados. Dez franceses, que não lograram fugir, cairam prisioneiros. (...) Pacificada toda a planura nella nada encontraram os avidos bandeirantes de proveitoso que contrabalançar o peso dos sofrimentos experimentados na longa e penosa travessia.
Foi então ordenada a partida.
Planejava agora Pero Coelho desalojar os franceses do Maranhão, “do qual se diziam tantas grandezas que parecia fabuloso o sitio, as terras, as gentes e tudo mais que ahi se prometia”, e incorporá-lo ao patrimonio da coroa felipina.
O trecho faz referência à
Alternativas
(A) disputa constante do território colonial, com o propósito de exploração de recursos e reafirmação de poder.
(B) atuação de Pero Coelho na formação de exércitos indígenas, mobilizando-os em disputas de interesses locais.
(C) presença de corsários no litoral brasileiro, como Adolf Montbille, que ocupou de parte do atual Ceará.
(D) incursão de Pero Coelho, responsável por expulsar franceses da região de Ibiapaba em 1602.
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