A humanidade produz 400 milhões de toneladas de plástico por ano, e apenas 10% dele é reaproveitado, até mesmo porque a reciclagem de alguns tipos é econômica ou tecnicamente inviável. Mas pode haver solução.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, liderados pela engenharia química e ambiental Kandis Abdul-Aziz, criou um método que transforma o plástico em fertilizante: ele é misturado a palha de milho e se torna um tipo de carvão extremamente poroso, ideal para fertilizar o solo.
Para transformar plástico em carvão, a equipe utiliza plásticos como o PET, empregando em garrafas, o isopor, misturados a resíduos móveis — restos de talos, folhas, cascas e espigas. Os pesquisadores aquecem essa mistura em um reator, sem oxigênio, para romper a estrutura molecular original e obter carbono elementar, que dá origem ao carvão. Esse processo de decomposição por altas temperaturas, chamado pirólise, já é frequentemente usado com outros restos agrícolas.
Esse carvão pode aumentar o teor de nutrientes como potássio e nitrogênio no solo, além de melhorar a retenção deles. Mas uma de suas aplicações mais promissoras é o uso dele para diminuir a chamada lixiviação de nitrogênio (remoção ou dissolução desse nutriente pela ação da água sobre o solo) e aumentar o teor de carbono orgânico presente no solo, o que otimizará sua saúde e o crescimento das plantações.
Quanto aos próximos passos para o desenvolvimento da técnica, a equipe de Kandis Abdul-Aziz está pensando em combinar os plásticos com adubos agrícolas comuns, que podem ter benefícios adicionais, como melhorar a qualidade dos solos. Estados Unidos já adotaram a prática de usar resíduos, como cascas, para fertilizar e melhorar o solo. O objetivo final é transformar plásticos em carvão para ajudar na agricultura.