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Thiago
A lei islâmica somente prevê e regula um tipo de guerra, a j...
A lei islâmica somente prevê e regula um tipo de guerra, a jihad ou guerra contra os infiéis, conhecida no Ocidente como 'Guerra Santa'. Já que a lei islâmica segue como o ideal de um único Estado islâmico, tal como existiu durante o século posterior à morte de Maomé, era inconcebível outro tipo de guerra, com exceção da luta contra os rebeldes islâmicos. O fim último da jihad não é, como se considerava antigamente na literatura europeia, a conversão à força dos infiéis, mas sim a expansão e a defesa – do Estado islâmico. Os infiéis que eram submetidos dessa forma ao domínio islâmico podiam escolher entre conservar sua própria religião em troca do pagamento de um imposto especial ou converter-se ao islã, o que os faria adquirir a condição de cidadãos com todos os direitos.
Pode-se questionar se o termo 'Guerra Santa' é uma tradução adequada do conceito de Jihad. Por 'Guerra Santa' se entende geralmente uma guerra levada a cabo por razões exclusivamente religiosas. A lei islâmica, entretanto, não distingue Estado e religião. Toda a esfera de ação do muçulmano, assim como o Estado, está regida pela lei islâmica, que também contém preceitos relativos à guerra. Assim, a lei islâmica parte do ideal de um único Estado islâmico, o qual implica necessariamente que os outros demais Estados não são islâmicos e, como consequência, são inimigos potenciais.
A ideia de que a jihad tem sido definida como a guerra contra os infiéis não significa necessariamente que seja fundamentada em motivos religiosos. Em termos históricos, os maiores motivos têm sido de caráter político, tais como a expansão territorial ou a necessidade de defesa do território diante de ataques exteriores. A 'Guerra Santa' é, portanto, uma tradução errada de jihad.
O conceito de Jihad não tem somente uma acepção coletiva, ou seja, de uma guerra levada a cabo pelo Estado islâmico, mas sim contém um aspecto individual. A participação do muçulmano na guerra também recebe o nome de Jihad, que é considerada um bom ato perante a sociedade. São abundantes os versículos do Corão que se prometem o paraíso aos mortos na batalha. Muitos muçulmanos participaram de batalhas empurrados por motivos pessoais e religiosos. Nesse sentido essa guerra poderia ser qualificada de 'Santa'. Tanto no passado como recentemente os governantes têm explorado essa visão de Jihad, esses sentimentos religiosos, para mobilizar seus povos para fazer guerra. De fato, esta é a razão pela qual o enfrentamento entre árabes e judeus na Palestina tem sido qualificado ocasionalmente como Jihad.
(PEETERS, Rudolph. La Yihad en el Islam medieval y moderno. Sevilla: Universidad de Sevilla – Secretariado de Publicaciones, 1998. p. 16-17. Adaptado.)
Atividades
- O que é a Jihad na tradição islâmica?
- Por que a noção de Jihad como 'Guerra Santa' pode ser considerada equivocada?
- Por que governantes utilizam o sentimento religioso da Jihad sobre os cidadãos em suas guerras?
A lei islâmica somente prevê e regula um tipo de guerra, a jihad ou guerra contra os infiéis, conhecida no Ocidente como 'Guerra Santa'. Já que a lei islâmica segue como o ideal de um único Estado islâmico, tal como existiu durante o século posterior à morte de Maomé, era inconcebível outro tipo de guerra, com exceção da luta contra os rebeldes islâmicos. O fim último da jihad não é, como se considerava antigamente na literatura europeia, a conversão à força dos infiéis, mas sim a expansão e a defesa – do Estado islâmico. Os infiéis que eram submetidos dessa forma ao domínio islâmico podiam escolher entre conservar sua própria religião em troca do pagamento de um imposto especial ou converter-se ao islã, o que os faria adquirir a condição de cidadãos com todos os direitos.
Pode-se questionar se o termo 'Guerra Santa' é uma tradução adequada do conceito de Jihad. Por 'Guerra Santa' se entende geralmente uma guerra levada a cabo por razões exclusivamente religiosas. A lei islâmica, entretanto, não distingue Estado e religião. Toda a esfera de ação do muçulmano, assim como o Estado, está regida pela lei islâmica, que também contém preceitos relativos à guerra. Assim, a lei islâmica parte do ideal de um único Estado islâmico, o qual implica necessariamente que os outros demais Estados não são islâmicos e, como consequência, são inimigos potenciais.
A ideia de que a jihad tem sido definida como a guerra contra os infiéis não significa necessariamente que seja fundamentada em motivos religiosos. Em termos históricos, os maiores motivos têm sido de caráter político, tais como a expansão territorial ou a necessidade de defesa do território diante de ataques exteriores. A 'Guerra Santa' é, portanto, uma tradução errada de jihad.
O conceito de Jihad não tem somente uma acepção coletiva, ou seja, de uma guerra levada a cabo pelo Estado islâmico, mas sim contém um aspecto individual. A participação do muçulmano na guerra também recebe o nome de Jihad, que é considerada um bom ato perante a sociedade. São abundantes os versículos do Corão que se prometem o paraíso aos mortos na batalha. Muitos muçulmanos participaram de batalhas empurrados por motivos pessoais e religiosos. Nesse sentido essa guerra poderia ser qualificada de 'Santa'. Tanto no passado como recentemente os governantes têm explorado essa visão de Jihad, esses sentimentos religiosos, para mobilizar seus povos para fazer guerra. De fato, esta é a razão pela qual o enfrentamento entre árabes e judeus na Palestina tem sido qualificado ocasionalmente como Jihad.
(PEETERS, Rudolph. La Yihad en el Islam medieval y moderno. Sevilla: Universidad de Sevilla – Secretariado de Publicaciones, 1998. p. 16-17. Adaptado.)
Atividades
- O que é a Jihad na tradição islâmica?
- Por que a noção de Jihad como 'Guerra Santa' pode ser considerada equivocada?
- Por que governantes utilizam o sentimento religioso da Jihad sobre os cidadãos em suas guerras?