A OUTRA NOITE
Rubem Braga
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar a noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto aqui em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feitas que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvás, uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado para voltar-se para mim:
– O senhor vai descupar, eu estava aqui a ouvir sua conversa, Max, tem mesmo lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlameada e torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda.
– Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
– Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.
(Aí de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 2004, p.147).
- A partir da leitura da crônica, responda: (2,0)
Onde esta história se passa? Retire do texto uma passagem que comprove a sua resposta.
- Quem são as personagens desta narrativa?
- A história é contada por um narrador observador (que não participa dos fatos) ou por um narrador personagem? Justifique sua resposta com uma passagem do texto.
- Retire o sujeito e o predicado da frase: "Outro dia fui a São Paulo".
- Recorde o título do texto: "A OUTRA NOITE" (0,5)
Qual era a noite?
- Qual era a outra noite?
- O cronista levanta hipótese de que o chofer poderia estar sonhando em ser aviador. Por que ele sonharia em ser precisamente aviador?