A partir do fragmento abaixo, é possível afirmar: *
No poente avermelhado, um vulto preto se desenhou.
Depois, o cavalo e o cavaleiro foram-se destacando na sombra escura que avançava.
Ao chouto duro do cavalo, o cavaleiro subia e descia na sela, desengonçadamente, numa indiferença de macaco pensativo que se agacha num encontro de galhos e ali fica, deixando que o vento o empurre e sacuda à vontade.
Era o Chico Bento. O cavalo parou debaixo do pau-branco seco que fazia as vezes de sombra. O dono apeou, com a mesma indolência desajeitada, tirou o cabresto de baixo da capa da sela e amarrou o animal no tronco.
Vicente, sentado numa rede, o cigarro entre as mãos, via-o chegar. E respondendo à saudação tartamudeada do caboclo:
— Boa tarde, compadre. Abanque-se!
O vaqueiro sentou-se num banco de pau, junto ao parapeito.
Vinha fazer um negócio... umas resinhas que ele tinha nas Aroeiras e queria vender...
[...] Quando o vaqueiro montou novamente, o rapaz disse, a modo de despedida:
— Pois de manhazinha bem cedo mande o rapaz buscar o animal e a ordem do dinheiro para o Zacarias da Feira.
Chico Bento saiu já com escuro. Lentamente o balançava o chouto largo do cavalo.
e vinha na larga sela de campo, de arção redondo e grandes capas bordadas.
Pensava na troca. Umas reses tão famosas! Por um babau velho e cinquenta mil-réis de volta! O que é a gente estar na desgraça...
(QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de Janeiro: José Olimpio, 13 ed., 1971, p. 41-43.)