A Semana: dias bem agitados
Diferentemente do que ocorreu em outros países hispano-americanos, no Brasil o movimento modernista foi chamado, inicialmente, e por vezes de maneira pejorativa, de "futurismo paulista", porque havia em São Paulo um grupo de jovens artistas simpatizantes dos conceitos de valorização da metrópole, da máquina e da velocidade, propostos no "Manifesto do Futurismo", de Marinetti. Aos poucos, artistas mais nacionalistas, como o escritor paulistano Mário de Andrade, começaram a usar o termo modernismo no lugar de futurismo por considerarem essa denominação mais abrangente.
O início do movimento foi marcado pela Semana de Arte Moderna, evento realizado no Teatro Municipal de São Paulo de 13 a 18 de fevereiro de 1922. Aproveitando o centenário da Independência do Brasil (1822) e inspirando-se no festival de música, pintura, literatura e moda realizado anualmente em Deauville, na França, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e outros artistas organizaram uma exposição com aproximadamente obras plásticas expostas ao lado de teatro, além de apresentações de música, dança, etc.
A Semana é considerada o espírito de renovação e de ruptura que começava a dominar a arte brasileira desde os primeiros anos do século XX e que se estenderia por toda a década de 1920. A proposta era "chocar a burguesia", e foi nesse contexto que a Semana na verdade se tornou um manifesto, uma nova forma de expressão artística. Como Paulo Prado, um empresário e intelectual da época, disse, a Semana não existiria sem a necessidade de financiar o alinhamento de São Paulo com a cultura europeia e a oligarquia cafeueira que desejava que São Paulo superasse sua "mentalidade provinciana".