Alianças entre Estado, burguesia e Igreja
Após a interrupção do comércio europeu com Constantinopla, alguns reinos e algumas companhias marítimas passaram a buscar novas rotas para o Oriente, dando fim ao monopólio comercial de genoveses e venezianos.
Por causa dessa necessidade de abertura de novas rotas para o Oriente, um dos trajetos, denominado périplo africano, consistia em contornar o continente africano até se chegar às Índias, um grande empreendimento comercial de produtos orientais. Essa empreitada, no entanto, precisava de altos investimentos – era necessário construir navios, desenvolver equipamentos de navegação, contratar tripulações, etc. Para tal empreendimento, os reis receberam auxílio da burguesia e da Igreja. Assim, vários setores da sociedade estabeleceram alianças: reis, burguesia, parte da nobreza e Igreja; cada um de acordo com seus respectivos interesses.
Nesse sentido, os reis detinham o poder político e muitas vezes buscavam apoio da burguesia para financiar suas ambições expansionistas. A burguesia, por sua vez, considerava as explorações marítimas uma oportunidade de expandir seus negócios e lucrar por meio do comércio de especiarias, metais preciosos e outros produtos. Essa colaboração entre o poder político e o interesse econômico foi fundamental para o financiamento e a organização das expedições.
A Igreja desempenhou um papel de legitimação e justificação ideológica para as Grandes Navegações. O apoio da Igreja às expedições era baseado na ideia de propagar a fé e converter novos povos ao cristianismo. Isso não restringiu apenas um propósito moral para esses empreendimentos, mas também consolidou o poder e a influência da Igreja sobre vastas regiões recém-encontradas.
Pioneirismo português
O primeiro reino a se lançar na expansão marítima foi Portugal. Isso aconteceu por vários motivos, como o fato de o processo de centralização política e unificação territorial haver começado mais cedo em Portugal do que em outros reinos europeus, além da localização que favorecia a navegação no Oceano Atlântico. Em 1139, D. Afonso Henriques tornou o território português independente do Reino de Leão.
Com a chegada de D. João ao poder (1385), iniciou-se uma grande transformação econômica no reino. Além dos burgueses, os reis se tornaram aliados. A burguesia promoveu uma dinamização da economia interna do reino e fez com que a produção aumentasse. O objetivo principal era encontrar terras e riquezas que pudessem enriquecer reinos europeus, alcançando, assim, altos lucros.