Barroco é um estilo que dominou a arquitetura, a pintura, a ...

Barroco é um estilo que dominou a arquitetura, a pintura, a literatura e a música na Europa do século XVII. • Por isso, toda a cultura desse período, incluindo costumes, valores e relações sociais, é chamada de "barroca". • Essa época surgiu no final do Renascimento e manifestava-se por meio de grande ostentação e extravagância entre os grupos beneficiados pelas riquezas da colonização

As principais características do Barroco, que é a segunda escola literária no Brasil e compreendeu os anos 1601 a 1767, são: • Arte rebuscada e exagerada; • Valorização do detalhe; • Dualismo e contradições; • Obscuridade, complexidade; • Valorização das sensações; • Barroco literário: cultismo e conceptismo. • dualismo, como sagrado x profano • cultismo, que é o jogo de palavras • conceptismo, que é o jogo de ideias • contraste, como verificamos na utilização de antíteses e paradoxo

O estilo barroco iniciou na Itália, sendo, posteriormente, desenvolvido em outros países europeus na pintura, arquitetura, escultura, música e literatura. • O Barroco na Itália • A Itália foi considerada o berço do Renascimento e da arte barroca, onde diversos artistas se destacaram. • Caravaggio (1571-1610) • Caracterizado pelo rigor de suas obras, Caravaggio pintou temas religiosos onde explorava o contraste entre luz e sombras. • Destacam-se: "A Captura de Cristo", "Flagelação de Cristo", "A Morte da Virgem", "A Ceia de Emaús", "Davi com a cabeça de Golias", "Flagelação de Cristo"

Em Portugal, o barroco vai de 1508 a 1756. Padre Antônio Vieira é o principal autor do barroco literário no país, no entanto, passou a maior parte de sua vida no Brasil. • Sua principal obra "Os Sermões" constitui um mundo rico e contraditório. Revela sua inteligência voltada para as coisas sacras e, simultaneamente, para a vida social portuguesa e brasileira. • Vieira foi uma espécie de cronista da história imediata. Assim, ele elaborava os sermões usando a técnica medieval, explicitando as metáforas da linguagem bíblica. • Além de Vieira, merecem destaque: o padre Manuel Bernardes, D. Francisco Manuel de Melo, Francisco Rodrigues Lobo, freira Mariana Alcoforado e Antônio José da Silva. • Na pintura do barroco português, merece destaque a pintora Josefa de Óbidos, que embora tenha nascido na Espanha, viveu e desenvolveu sua arte em Portugal. Dentre suas obras mais destacadas estão: "Maria Madalena confortada pelos Anjos", "Calvário", "A Sagrada Família" e "Santa Maria Madalena"

O barroco no Brasil chegou por meio dos jesuítas, no fim do século XVI. Só partir do século XVII, generaliza-se nos grandes centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, através das igrejas. • Passada a fase do Barroco baiano, suntuoso e pesado, o estilo atingiu no século XVIII a província de Minas Gerais. Foi ali que Aleijadinho (1738-1814) elaborou uma arte profundamente nacional. • Nessa época, não havia no Brasil condições para o desenvolvimento de uma atividade literária propriamente dita. O que se viu foi alguns escritores se espelhando nas fontes estrangeiras, geralmente nos portugueses e espanhóis

• O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, causou grandes reformas no Catolicismo, em resposta à Reforma Protestante de Martinho Lutero. Assim, a autoridade da Igreja de Roma foi vigorosamente reafirmada, após perder muitos fiéis. • A Companhia de Jesus, reconhecida pelo papa em 1540, passa a dominar quase que inteiramente o ensino. Ela exerceu um papel importante na difusão do pensamento católico aprovado no Concílio de Trento. • A Inquisição, que se estabeleceu na Espanha a partir de 1480, e em Portugal a partir de 1536, ameaçava a liberdade de pensamento. O clima era de austeridade e repressão. • Foi nesse contexto que se desenvolveu o barroco, numa arte eclesiástica que desejava propagar a fé católica. • Em nenhuma época se produziu um número tão grande de igrejas e capelas, estátuas de santos e monumentos sepulcrais. • Em quase todas as partes, a Igreja se associava ao Estado. Assim, a arquitetura barroca, antes só religiosa, surge também na construção de palácios, visando causar admiração e demonstrar seu poder

Autores barrocos do Brasil • Os principais escritores brasileiros desse período foram: • Bento Teixeira (1561-1618) • Gregório de Matos (1633-1696) • Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) • Frei Vicente de Salvador (1564-1636) • Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768

. Dualismo • O dualismo é uma característica que reflete a dúvida das pessoas numa época em que elas questionam a igreja, instituição em que sempre acreditaram. • Por um lado, as pessoas querem continuar acreditando na igreja, mas por outro, a ciência mostra que pode explicar tudo através da razão e da experiência científica. • Assim, os textos barrocos mostram que o homem está numa fase confusa, em que questiona realidades contrárias, por exemplo: • sagrado x profano • corpo x alma • antropocentrismo (homem no centro do Universo) x teocentrismo (Deus no centro do Universo) • Exemplo de dualismo: • Mandai-me Senhores, hoje que em breves rasgos descreva do Amor a ilustre prosápia, e de Cupido as proezas. Dizem que de clara escuma, dizem que do mar nascera, que pegam debaixo d’água as armas que o amor carrega

E isto é o Amor? É um corno. Isto é o Cupido? Má peça. Aconselho que não comprem Ainda que lhe achem venda • (E isto é o amor?, de Gregório de Matos) • Na primeira estrofe do poema acima, o poeta começa a descrever o amor com romantismo. Na última estrofe, o poeta descreve o amor de forma desiludida, sem romantismo. • 2. Cultismo • O cultismo, conhecido como o jogo de palavras, é uma das características mais marcantes do Barroco, tal como o conceptismo também é. • A linguagem dos textos barrocos é culta e rebuscada, apresentando muito detalhes. A literatura barroca valoriza muito a forma como os textos são construídos, o que se verifica no vocabulário utilizado e também na utilização de figuras de linguagem como recurso para deixá-los mais bonitos ou expressivos. • Exemplo de cultismo: • "Que falta nesta cidade?... Verdade. Que mais por sua desonra?... Honra. Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha." • (Epílogos, de Gregório de Matos) • Na estrofe do poema acima, percebemos a preocupação do poeta nas rimas: cidade com verdade, desonra com honra, ponha com vergonha

Conceptismo • O conceptismo, conhecido como o jogo de ideias, é a outra das características mais marcantes do Barroco, tal como o cultismo. No cultismo, o mais importante é a forma, ou seja, as palavras usadas, enquanto no conceptismo o mais importante é o conteúdo, ou seja, as ideias transmitidas nos textos. • Os textos barrocos contêm argumentos. Assim, o seu objetivo é convencer as pessoas. • Exemplo de conceptismo: • "As palavras que tomei por tema o dizem. Semen est verbum Dei. Sabeis, Cristãos, a causa por que se faz hoje tão pouco fruto com tantas pregações? É porque as palavras dos pregadores são palavras, mas não são palavras de Deus. Falo do que ordinariamente se ouve. A palavra de Deus (como diria) é tão poderosa e tão eficaz, que não só na boa terra faz fruto, mas até nas pedras e nos espinhos nasce. Mas se as palavras dos pregadores não são palavras de Deus, que muito que não tenham a eficácia e os efeitos da palavra de Deus?" • (Sermão da Sexagésima, de Padre Antônio Vieira) • No trecho acima, percebemos a preocupação do padre Vieira em construir um texto cheio de ideias, que tinha como objetivo convencer os ouvintes de as pessoas não ouvirem a Palavra de Deus era culpa dos pregadores, que não sabiam pregar bem. • O sermão transmite a ideia de que: • a Palavra de Deus dá frutos -> as palavras dos pregadores não dão frutos -> as palavras dos pregadores não são eficazes porque eles não sabem pregar

Contraste • O contraste é uma característica da literatura barroca que pode ser verificada na utilização de antíteses e paradoxos. • Nas antíteses são usadas palavras com sentidos opostos, como: espiritual e carnal, vida e morte, bem e mau. • Exemplo de contraste com antítese: • "Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, Rica te vi eu já, tu a mi abundante." • (À cidade da Bahia, de Gregório de Matos) • Nos versos acima, foram usadas as antíteses: pobre e rica. • Nos paradoxossão usadas ideias com sentidos opostos, como: dormir acordado, estar cego e ver, estar cheio de se sentir vazio. • Exemplo de contraste com paradoxo: • "Se és fogo, como passas brandamente, se és neve, como queimas com porfia?" • (Aos afetos, de Gregório de Matos) • Nos versos acima, foram usados os paradoxos: fogo que passa brandamente e neve que queima

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