Borboletas
Manuel de Barros
Borboletas me convidaram a elas.
O privilégio insólito de ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu tinha uma visão diferente dos homens e das coisas.
Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta seria, com certeza, um mundo livre aos poemas.
Daquele ponto de vista:
Vi que as árvores são mais competentes em auroras do que os homens.
Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas graças do que pelos homens.
Vi que as águas têm mais qualidade para a paz do que os homens.
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas do que os cientistas.
Poderia narrar muitas coisas ainda que pude ver do ponto de vista de uma borboleta.
Ali até o meu fascínio era azul.
O tema do poema é
o convívio harmônico entre o ser humano e a natureza.
o ponto de vista de uma borboleta sobre o ser humano.
a imperfeição da natureza frente aos estudos de ciência.
a facilidade de elaborar poemas em meio a rios e árvores.