Com animação ousada, Pixar acerta de novo
Na forma e no conteúdo, "Wall-E" é o longa-metragem mais ousado da Pixar. Em um universo de animaçōes verborrágicas, que usam as vozes de grandes estrelas como chamariz publicitário, a produtora oferece um filme praticamente mudo, com apenas dez ou 15 minutos de diálogos em seus 97 de duraçāo, cujas principais referências sāo o cinema de Charles Chaplin e Buster Keaton.
E, em um movimento paradoxal (já que foi recentemente adquirida pela gigante Disney), a Pixar faz sua mais contundente crítica às grandes corporaçōes, à sociedade de consumo e ao lixo que ela produz.
No futuro distante, quando os humanos abandonaram a Terra, o antiquado e solitário robô Wall-E passa os dias limpando os destroços deixados para trás pela megacorporaçāo Buy N Large, que dominava o mundo. Até que a avançada robozinha Eva surge do espaço para procurar sinais de vida no planeta e desperta a paixāo de Wall-E, sentimento que ele aprendeu assistindo ao musical "Alô, Dolly!" (1969).
Quando encontra uma muda de planta, Eva decide ir embora, e Wall-E a segue até uma gigantesca nave espacial que abriga os sobreviventes da raça humana, pessoas obesas que vivem comendo junk food sentadas em poltronas voadoras ? uma das mais assustadoras visōes do futuro humano já criadas pelo cinema.
Dirigido por Andrew Stanton, "Wall-E" talvez nāo tenha a mesma perfeiçāo na carpintaria do roteiro e no timing cômico e dramático de "Toy Story" (1995) e "Procurando Nemo" (2003). Mas é o mais forte longa da Pixar desde este último, superior a "Carros" (2006) e "Ratatouille" (2007) tanto pelos assombrosos avanços técnicos quanto pelo desejo de nāo se conformar em oferecer apenas o que o público supostamente quer. Incrível, mas a Pixar acertou mais uma vez.
(Guia da Folha, de 27 de junho a 3 de julho de 2008)
No último parágrafo, o autor da resenha menciona, sem explicitar, "o que o público supostamente quer ver". Considerando o texto como um todo, pode-se deduzir, entāo, que "Wall-E" pode nāo agradar ao espectador mais tradicional. A característica do filme que evidencia uma inovaçāo arriscada da trama é
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a quase ausência de diálogos.
a representaçāo dos humanos como criaturas gordas e preguiçosas.
o cenário inóspito, pós-apocalíptico, de ficçāo científica.
a caracterizaçāo do robô como uma lata velha enferrujada.
a presença do sentimentalismo do robô apaixonado.
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