Dona Idalina
Ela não tinha muito mais do que 1,5 metro dealtura. Por isso, o coque de dois andares, no estilo "bolo de noiva" e os infaliveis saltos 12. O tec-tec nos corredores nos avisava da chegada da baixinha, mas assim que aparecia na porta da classe, ela crescia e sua gigantesca autoridade preenchia a sala. Alunas de pé, 40 ginasianas tagarelas, e nenhum pio. [...]
E nunca a ouvi aumentar o tom de voz. Bastava a inflexão e já nos púnhamos no nosso lugar. Voz poderosa e mágica que sabia também modular-se em doçuras quando lia um poema, vibrar uma passagem mais emocionante de um romance, e ainda ser firme e clara quando explicava a gramática. Felicidade para mim era ter uma redação escolhida por ela. Porque ela a lia. L-i-a. Lia se transportando e nos transportando paraum mágico mundo de sons melodiosos, pausas, tons, ritmos. Palavras que ganhavam vida e beleza. Ao ouvi-la, até eu duvidava: teria sido eu mesma que escrevera tão bonito? [...]
PAMPLONA, Rosana. Carta na escola: set. 2010.
Fragmento.
Nesse texto, predomina um sentimento de
(a) admiração.
(b) exagero.
(c) felicidade.
(d) inveja.
(e) saudade.