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Estudos Gerais04/12/2024

Ética e Ciência A genética e os problemas éticos Vimos que, ...

Ética e Ciência A genética e os problemas éticos Vimos que, para os humanos, vida e morte não são apenas acontecimentos biológicos, mas simbólicos. Por isso mesmo, desde meados do século XX, o grande desenvolvimento de uma ciência diretamente ligada à vida, a genética, passou a ter implicações éticas muito significativas. De fato, o caso da genética e da engenharia genética, a partir dos estudos dos genes e do surgimento das tecnologias gênicas, é duplamente importante para nós porque, como explicam Suzuki e Knudston, a genética moderna conferiu aos seres humanos um grande poder sobre a hereditariedade, trazendo técnicas para conhecer os genes das espécies vegetais e animais, para decifrar as mensagens químicas cifradas das moléculas gênicas e até para modificar genótipos individuais. Têm sido enormes os benefícios desses conhecimentos na medicina, na indústria, na agricultura, modificando a visão que o homem possuía de seu lugar na natureza — ele não é o "rei da Criação", mas um elo na milenar e longuíssima cadeia da vida — e na própria definição do que é um ser humano. A biologia molecular, descobrindo a origem da vida, abalou os alicerces dos mitos, das religiões, da sabedoria tradicional e dos valores humanos. Por isso mesmo, sugere questões sem precedentes para a ética, a começar pelo fato de que, na sociedade contemporânea, a pesquisa científico tecnológica e suas aplicações não dependem da vontade e da decisão de indivíduos e sim das grandes corporações empresariais e das instituições militares, que possuem os recursos e a perícia técnica necessários para se aproveitar das novas pesquisas e das novas tecnologias. Em vista do aumento do lucro e do poderio militar, apropriam-se privadamente dos resultados científico-tecnológicos, mantidos como segredos, e, sem prestar contas a ninguém, tomam decisões que afetam todas as formas de vida do planeta. Problemas Essas decisões envolvem inúmeros problemas, dos quais vamos aqui destacar dois:

  1. a responsabilidade moral e os limites do conhecimento genético contemporâneo Os conhecimentos desenvolvidos nessa área do saber, ainda que imensos e cientificamente revolucionários, são ainda muito pequenos e incertos. No entanto, precipitadamente, já têm propiciado ações sobre espécies vegetais e animais e sobre o homem, sem que se possam prever os efeitos futuros dessas intervenções. O chamado caso da "doença da bolha" pode servir de exemplo aqui. Os que sofrem dessa doença possuem graves problemas imunológicos, isto é, seu organismo não produz glóbulos brancos que sirvam de anticorpos que os protejam de agressões do meio ambiente. Para manterem-se vivas essas pessoas são confinadas desde o nascimento em ambientes de assepsia perfeita e completa (a " bolha"), e não entram em contato direto com nenhuma outra forma de vida, nem mesmo humana. Tem sido considerado um sucesso um experimento genético realizado para alterar as células das crianças nascidas com esse terrível problema, de maneira que possam fabricar os glóbulos brancos ou leucócitos e levar uma vida normal. Infelizmente, algumas dessas crianças agora estão morrendo pelo problema oposto, ou seja, por leucemia ou fabricação excessiva de leucócitos. Outro exemplo é o do chamado "milho transgênico”, isto é, que sofreu alteração genética para a obtenção de uma espécie de milho que resiste a pragas e demais problemas ambientais. A difusão da produção artificial dessa única espécie tem provocado o abandono das muitas outras variedades naturais de milho, pois, do ponto de vista do mercado, são menos lucrativas do que aquela que parece resistente a todos os males. Além dos desequilíbrios causados nos ecossistemas onde as outras espécies de milho deixaram de ser cultivadas e dos riscos de miséria nessas regiões que se tornaram improdutivas, ainda podemos supor que nada impede que um problema ambiental novo apareça e destrua subitamente a espécie única de milho. Como as outras espécies foram abandonadas, terão desaparecido e pode acontecer que, um dia, o milho desapareça da face da Terra e com ele o ecossistema envolvido. Tendo em vista a proliferação dos vegetais transgênicos e o abandono da biodiversidade natural em proveito de espécies únicas, não podemos deixar de levantar a hipótese de que ocorram alterações ambientais que provoquem a extinção de várias dessas espécies únicas com efeitos gigantescos não somente sobre a vida humana, mas sobre todo o planeta.

  2. algumas questões éticas sobre o controle da hereditariedade As aplicações das tecnologias gênicas ou a engenharia genética colocam problemas éticos de grande envergadura que não podem ser ignorados, sobretudo a partir do momento em que se passou a sequenciar o genoma humano (o genoma é o conjunto de cromossomos que contêm os genes que os ascendentes transmitem aos seus descendentes ao longo da história de uma espécie). De fato, os cientistas que pretende sequenciar o genoma humano acreditam chegar a um conhecimento que nos livre de dores e sofrimentos, cure doenças, prolongue a juventude e adie a morte, graças ao aperfeiçoamento da própria espécie humana com o controle sobre a hereditariedade (o famoso ADN 15 , que costuma ser mencionado e popularizado na sua forma em inglês, DNA). Um dos problemas éticos mais graves trazidos pela genética encontra se na chamada "sondagem gênica" por meio da qual se pretende detectar, por exemplo, pessoas que teriam genes que as predispõem para a criminalidade ou as que teriam genes que as predispõem para doenças ligadas a certos tipos de trabalho. Por isso, tais pessoas não deveriam ser empregadas. Elas não só teriam recebido por hereditariedade a "tendência ao crime" ou a " incapacidade para um trabalho", como ainda as transmitiriam aos seus descendentes. Dessa maneira, por uma paradoxal inversão, enquanto a ciência pretende afastar os obstáculos que a impedem de dominar a natureza, a genética parece trazer de volta as velhas ideias de fatalidade e de destino (ou a ideia de que nada podemos contra a necessidade natural), pois o crime e a doença passam a ser tidos como efeitos necessários de uma causalidade natural necessária — a hereditariedade. Assim, poder-se-ia até mesmo falar em "destino biológico", tornando vazias as ideias de liberdade, responsabilidade e autodeterminação dos indivíduos. Mas não só isso. A ideia de um suposto "destino biológico" pode ser fonte de violência e, portanto, moralmente inaceitável. De fato, essa ideia poderia acarretar a discriminação social das pessoas que tivessem genes "criminosos", mesmo que jamais tenham cometido nenhum crime, ou genes "doentios para o serviço", mesmo que tenham sido sempre saudáveis e trabalhadoras. E essa discriminação poderia ganhar proporções gigantescas de violência se se passasse a considerar que, sendo tais genes hereditários, a tendência à criminalidade ou à incompetência para o trabalho seria característica biológica dos grupos sociais em que tais indivíduos nascem, vivem e procriam, de sorte que a discriminação atingiria grupos sociais inteiros. Ora, a ideia de "destino biológico" é cientificamente absurda. Como escrevem Suzuki e Knudston: “Uma mera lista de ADN (DNA) do genoma de uma pessoa poderia parecer a, alguns uma visão profética do futuro dessa pessoa. No entanto, os genes representam somente uma das dimensões da identidade biológica de uma pessoa, isto é, a "natureza" biologicamente herdada, componente da eterna equação "natureza-cultura", que se exprime em toda coisa vivente. Ao centrar-se exclusivamente em fatores hereditários, até mesmo uma suposta "sondagem gênica total" do ADN (DNA) de um indivíduo pode oferecer pouco mais do que uma visão momentânea das múltiplas forças que entram em jogo no desenvolvimento de uma vida humana.” Um segundo problema, derivado do anterior, é trazido pela chamada "terapia gênica germinal", isto é, que intervém em células humanas da reprodução ou células germinais com a finalidade de curar “doenças genéticas” ou corrigir "defeitos genéticos”. Há aqui dois problemas graves, um deles propriamente científico e o outro diretamente moral. Qual o problema científico? A intervenção sobre células reprodutoras para curar doenças genéticas não pode ser feita sem que se tenha uma clara e perfeita definição do que é a doença. Ora, a genética ainda não possui essa definição. Em outras palavras, o problema pode ser assim resumido: 1- qualquer doença genética só tem definição provisória, pois um gene que opera perfeitamente em certas condições do meio ambiente, da alimentação, do clima, pode operar menos satisfatoriamente em outras condições e isso pode ser passageiro, bastando repor as condições adequadas para seu funcionamento; 2- há mudanças frequentes nas sequências de DNA, causando mutações aleatórias, responsáveis por doenças, sem que se possam prever ou "corrigir" tais mutações por interferência nas células reprodutoras, uma vez que as mutações são imprevisíveis e dependem de muitos fatores; 3- calcula-se que todo ser humano é portador de cinco a dez genes defeituosos ocultos, de maneira que, tanto um indivíduo perfeitamente saudável pode ser herdeiro e transmissor de uma doença como também a intervenção sobre células germinais de um indivíduo geneticamente doente não impede a conservação dos genes defeituosos ocultos.

Eugenia Qual o problema moral? O da eugenia, isto é, a velha ideia de " pureza da raça" ou de purificação da espécie em nome da qual não só seriam feitas intervenções e modificações nas células reprodutoras, mas também se justificaria a eliminação dos "impuros" ou dos "inferiores" ou dos "defeituosos". Ora, quem define e quem decide o que é um ser humano "perfeito"? Com que direito alguns podem definir e decidir sobre o que seria um ser humano sem imperfeições e sem defeitos? A experiência do nazismo nos mostra os resultados de tal decisão. Além disso, perfeição e imperfeição são valores culturais, variando de sociedade para sociedade e no correr da história, não podendo ser definidos com base em um padrão biológico único, o qual, aliás, também é um padrão cultural. Quem já leu o belo romance de Aldous Huxley, Admirável mundo novo, há de se lembrar do terrível pesadelo que é a pretensão de produzir "seres humanos perfeitos", cada qual adequado a um determinado tipo de função na sociedade. E finalmente, além dos problemas éticos de violência envolvidos pela sequenciação do genoma humano, há que mencionar ainda a violência em sua forma extrema, algo moral e politicamente inaceitável: a produção de armas biológicas, isto é, o uso deliberado de microrganismos (vírus, bactérias, fungos) ou substâncias tóxicas obtidas de células vivas com o propósito de matar ou incapacitar seres humanos, animais e plantas. Numa palavra, o uso militar dos conhecimentos genéticos.

Uma breve reflexão Os problemas assinalados significariam que devemos, supersticiosa e fanaticamente, nos opor à investigação genética? De modo algum. Os conhecimentos novos sobre os genes nos auxiliarão a combater doenças, sofrimentos e dores e a melhorar a prevenção e o tratamento de muitas desordens genéticas. Ao mesmo tempo, porém, o que devemos e podemos exigir é, de um lado, o direito à informação pública correta sobre as pesquisas, suas finalidades e formas de aplicação e, de outro, a clareza quanto às consequências de curto prazo e os riscos de longo prazo. Como escrevem Suzuki e Knudston: “A ciência e a tecnologia são o produto da curiosidade humana, o irrefreável impulso da mente para conhecer, explorar, mudar. E devemos alimentar essa qualidade a todo instante. Porém, também precisamos reconhecer que há a necessidade de um padrão moral em que a curiosidade científica possa exprimir-se sem expor as populações humanas e seus ambientes a riscos inaceitáveis e danos irreparáveis.”

Parte IV: Exercícios de Produção Textual Escreva um parágrafo argumentativo sobre os benefícios e os desafios éticos da terapia gênica germinal. Produza um texto (15 a 20 linhas) sobre o tema: "A Ética e o Futuro da Ciência Genética", abordando as perspectivas apresentadas no texto

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