Há 28 anos um grupo de pessoas se reúne semanalmente na sede da organização não governamental Anjos da Noite, em um sobrado no bairro de Artur Alvim, na Zona Leste de São Paulo. Os voluntários dedicam-se a aplacar as carências dos moradores de rua. Além de entregar cobertores e roupas, o grupo tem como principal incumbência a distribuição de refeições. Aos sábados, os colaboradores de rua têm cinco horas pela rua da região central até entregar a demanda. Hoje, o trabalho é feito em menos de uma hora. Basta estacionar o carro, e um grupo de pessoas carentes faz fila para ganhar o alimento.
A experiência dos Anjos da Noite confirma a percepção que tem qual-quer cidadão dos maiores centros urbanos brasileiros: o número de pessoas que vivem nas ruas elevou-se, e muito, nos últimos anos. As estatísticas são esporádicas e, por isso, não é fácil saber com exatidão a proporção desse crescimento.
MAGLIANO, Giovanni. Quando a rua se torna o único refúgio. Veja, São Paulo 2 dez. 2017. Disponível em www.veja.abril.com.br. Acesso em: 22 out. 2022.
Texto 2
À revista Veja,
Ao ler a matéria "Quando a rua se torna o único refúgio", somos levados a refletir sobre duas questões: de um lado, a miséria que assola o país; do outro, o papel das ações voluntárias em meio a esse cenário de abandono presente nas ruas dos grandes centros urbanos.
Meramente paliativas, aos olhos de alguns, tais ações representam o único conforto para muitos. Muitos têm fome e não podem esperar. Esperar por uma política adequada de atendimento à população mais pobre que tem, ao mesmo tempo, na rua, seu "único refúgio". Nas praças e avenidas, eles estão invisíveis, mas são ainda invisíveis aos olhos do poder público.
Assim, como milhões de pessoas, acham que a miséria no País é tema urgente e pode atitude, porque penaliza brasileiros em situação de vulnerabilidade e risco.
Eles são pessoas, brasileiros, que esperam, muitas vezes, sua única referência é um dia tranda, quem sabe, por um dos "anjos da noite".
