Leia alguns trechos do poema "Os sapos", de Manuel Bandeira.
Os sapos
[...]
os
Brada assomo em um
Enfunando papos, Saem penumbra, Aos sapos. pulos,
da O sapo-tanoeiro: A grande arte é os como Lavor de joalheiro.
A luz os deslumbra.
[...]
[...]
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz:
"Meu
Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa;
cancioneiro
É bem martelado.
[...]
O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes
apoio.
de
Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é
Vai por cinquenta
Que soluças tu, anos
Transido de frio,
Que
lhes
dei
a Sapo-cururu
norma:
Da beira do rio.
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes
poéticas..."
BANDEIRA, Manuel. Disponível em: <http://davidson-
ramos.blogspot.com.br/2012/02/analise-os-sapos-manoel-
bandeira.html>. Acesso em: 3 nov. 2014
Apesar de ter sido composto em 1906, o poema anterior funcionou como um manifesto inovador para os intelectuais que participaram da Semana de Arte Moderna, porque, em versos metalinguísticos, o eu lírico
A
defende os procedimentos dos autores que valorizavam mais a forma do texto do que a mensagem veiculada.
B
exalta o cenário exuberante da natureza brasileira, que fora desprestigiado na literatura nacional.
C
metaforiza o sapo-cururu, como representante do conservadorismo e do tradicionalismo poético.
D
reforça a manutenção da forma poética rígida da poesia nacional que vigorava até início do século XX.
E
ridiculariza, de maneira figurada, a estética passadista dos artistas defensores da poesia parnasiana.