Leia o poema a seguir, de Ferreira Gullar, e responda às questões 1 e 2.

Traduzir-se

Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.

Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo.

Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.

Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.

Traduzir uma parte na outra parte que é uma questão de vida ou morte será arte?

Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.

Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.

(In: Alfredo Bosi, org. Melhores poemas de Ferreira Gullar. 7. ed. São Paulo: Global, 2004, p. 169.)

Nelson Provazi

1. O eu lirico do poema procura descrever a si mesmo. Para isso, utiliza imagens como:

"Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém:"

REGISTRE NO CADERNO

"Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente."

a. Que figuras de linguagem há nesses versos? Explique como elas ocorrem.

b. Identifique outros versos do poema em que esses mesmos recursos foram empre- gados.

2. O título do poema é "Traduzir-se". Observe a última estrofe.

a. Em que consiste a tradução mencionada no poema? Discuta com os colegas e o professor.

b. Considerando a resposta do item anterior, responda: Qual é a importância da anti- tese na construção do poema?

c. Levando em conta a interpretação dada ao poema, identifique as funções da lin- guagem predominantes nele. Justifique sua resposta.

Question

Leia o poema a seguir, de Ferreira Gullar, e responda às questões 1 e 2.

Traduzir-se

Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.

Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo.

Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.

Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.

Traduzir uma parte na outra parte que é uma questão de vida ou morte será arte?

Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.

Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.

(In: Alfredo Bosi, org. Melhores poemas de Ferreira Gullar. 7. ed. São Paulo: Global, 2004, p. 169.)

Nelson Provazi

1. O eu lirico do poema procura descrever a si mesmo. Para isso, utiliza imagens como:

"Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém:"

REGISTRE NO CADERNO

"Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente."

a. Que figuras de linguagem há nesses versos? Explique como elas ocorrem.

b. Identifique outros versos do poema em que esses mesmos recursos foram empre- gados.

2. O título do poema é "Traduzir-se". Observe a última estrofe.

a. Em que consiste a tradução mencionada no poema? Discuta com os colegas e o professor.

b. Considerando a resposta do item anterior, responda: Qual é a importância da anti- tese na construção do poema?

c. Levando em conta a interpretação dada ao poema, identifique as funções da lin- guagem predominantes nele. Justifique sua resposta.

Accepted Answer

1. **Análise dos Versos e Figuras de Linguagem**

a. As figuras de linguagem presentes nos versos citados são principalmente a antítese e a metonímia. A antítese é uma figura que consiste no emprego de palavras ou ideias opostas, criando um contraste entre elas. Isso ocorre claramente quando o poeta coloca em oposição aspectos de si mesmo, como "Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente." e "Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém:". A metonímia, por sua vez, pode ser observada na substituição de um termo por outro com o qual guarda relação de proximidade de sentido, como em "Uma parte de mim almoça e janta:", onde as ações de almoçar e jantar representam a parte física, cotidiana da vida.

b. Outros versos que empregam esses mesmos recursos são:
   
   - "Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem." (antítese)
   - "Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão." (antítese)
   - "Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira." (antítese)

2. **O Título e a Última Estrofe**

a. A tradução mencionada no poema refere-se ao processo de autoconhecimento e expressão do eu lírico, que tenta compreender e articular as diversas partes de si mesmo, transformando-as em linguagem poética. Esse esforço de traduzir uma parte de si na outra reflete a complexidade do ser humano, dividido entre razão e emoção, individualidade e coletividade, permanência e mudança.

b. A antítese é fundamental na construção do poema, pois é através dela que o poeta estabelece o contraste entre os diferentes aspectos de sua identidade e experiência. Esse recurso amplifica a dinâmica interna do eu lírico, evidenciando a tensão e o conflito na busca por uma síntese ou harmonia entre os opostos. A antítese, portanto, não apenas estrutura o poema, mas também reflete a própria essência do processo de "traduzir-se".

c. As funções da linguagem predominantes no poema são a função emotiva (ou expressiva) e a função poética. A função emotiva é central porque o poema é uma expressão direta dos sentimentos, pensamentos e conflitos internos do eu lírico. Já a função poética manifesta-se na escolha das palavras, na estruturação dos versos e na utilização de figuras de linguagem como a antítese, evidenciando a preocupação com a forma e a estética da mensagem. O poema, assim, não apenas comunica, mas também chama atenção para o próprio ato de linguagem, explorando suas possibilidades expressivas na tentativa de capturar a complexidade do ser.

Leia o poema a seguir, de Ferreira Gullar, e responda às que...

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