leia o poema a seguir
Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de que: um riso brando e honesto,
Quase forcado; um doce e humilde gesto.
De qualquer alegria duvidoso:
Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravíssimo e modesto;
Ua pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;
Um encolhido ousar; ũa brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento:
Esta foi a celeste fermosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.
CAMÕES, Luís de. In: SALGADO JÚNIOR, Antônio (org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. (Fragmento).
- Nesse poema, predomina a caracterização interior ou exterior da mulher? Explique sua resposta.
- A poesia trovadoresca e a palaciana utilizaram com frequência o que ficou conhecido como "medida velha": as redondilhas (versos de 5 a 7 sílabas). No Classicismo, introduziu-se em Portugal um novo metro, chamado "medida nova": versos decassílabos de tradição italiana. Camões utilizou em sua lírica tanto a medida nova quanto a medida velha.
a) Qual medida o poeta português adota nesse soneto?
b) Arrisque uma hipótese: Que efeito tem o uso dessa métrica no poema?