Leia o texto abaixo.
A festa no céu
Uma grande festa no céu foi anunciada aos animais. Para desencanto de muitos, só foram convidadas as aves, por possuírem asas e lá poderem chegar. Ao saber da festa, o sapo Cururu não se conformava em não ter sido convidado. Mesmo sabendo da impossibilidade de ir ao céu, espalhou por toda a mata que também tinha sido convidado, fazendo com que os outros animais dele rissem.
Cururu passava os dias na lagoa, a rebater o escárnio1, mantendo sempre a convicção de que iria à festa no céu. Foi quando um dia, o Urubu foi lavar os pés na lagoa. Cururu sabia que ele era o violeiro que tocava nas festas dos bichos e, como dava, com certeza iria trocar na festa do céu.
- Hoje é o dia da festa no céu. - Falou o Urubu ao sapo, trazendo a viola nas costas.
- Venho lavar os meus pés e seguir para lá. Soube que foste convidado.
- É verdade, mas tarde lá estarei e poderei ouvir-te tocar! [...]
O Urubu não [...] percebeu que o astuto sapo entrara em sua viola, lá permanecendo silencioso. Ao terminar a sua higiene, o Urubu pegou a viola e partiu para o céu, [...] até que chegou à tão esperada festa.
Foi em um momento de distração do Urubu, que o sapo Cururu saiu de dentro da viola, surpreendendo a todas as aves com a sua presença. [...] Era a primeira vez que um bicho que não tinha participado de uma festa no céu.
Momentos antes de a festa terminar, o sol já nascia, e Cururu voltou pra dentro da viola do Urubu, onde permaneceu quieto. O Urubu despediu-se de todos e, de viola nas costas, pôs-se de volta à terra. Como Cururu tinha comido muito, o seu peso aumentou drasticamente, fazendo com que a viola pesasse mais ao Urubu. Desconfiada, a ave sacudiu a viola e viu que dentro dela estava o sapo.
- Mas que grande malandro este sapo. Dar-te-ei uma lição [...].
Assim dizendo, o Urubu atirou Cururu no ar. O pobre sapo assustado caiu de costas sobre as pedras. A pancada foi tão forte que ficou marcada para sempre nas costas de Cururu, fazendo marcas que cicatrizaram em forma de desenhos. Desde então, todos os sapos trazem desenhos nas costas, como testemunho de que um dia Cururu foi à festa no céu.