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lukis
Leia o texto para responder às questões de 1 a 4: TEXTO 1...
Leia o texto para responder às questões de 1 a 4:
TEXTO 1
Mar me quer
“Mar me quer” é um título de Mia Couto, lançado em 1998, em Lisboa. Trata-se de “um conto grande ou um romance pequeno”, no dizer do próprio autor. A obra narra a história de dois vizinhos, já avançados no tempo. Zeca Perpétuo, para conquistar sua vizinha, Luarmina (luar-mina?), vai desfiando, a seu pedido, suas memórias, que ao final acabam entrelaçando-se na história dela, num enovelar de segredos que se vão sendo revelados ao mesmo tempo, durante a narrativa, ao leitor e ao narrador, resultando num desfecho surpreendente.
A maior parte dos encontros entre os dois personagens se dá num espaço intermediário entre um mundo interior e outro, exterior: a varanda da casa de Luarmina representa uma ponte entre o espaço interno da casa e a realidade fora dela. É ali que a personagem se senta a desfolhar intermináveis flores, num "bem-me-quer, mal-me-quer" que aguarda resposta, a realização de desejos enraizados num passado presente.
O título “Mar me quer” não é apenas uma variação poética dos versos “bem-me-quer, mal-me-quer”, com os quais as moças costumam indagar ao destino a verdade de um possível amor. A formulação insere na obra, já desde o início, a força movente do desejo que reconstrói mundos. Assim como o mar quer a terra e a busca em infinitos e entrecortados abraços, da mesma forma se coloca o desejo do homem pela mulher. A relação entre as duas personagens centrais espelha o desejo de que se revele a face escura da lua, o lado avesso do homem, seu interior.
Para perpetuar-se, para tornar-se ele mesmo, Zeca Perpétuo necessita ser abraçado pela lunaridade de Luarmina, a vizinha costureira que será responsável por atar nele as duas pontas da vida. Em “Mar me quer”, pode-se encontrar alguns dos temas recorrentes na obra de Mia Couto, como o amor e a morte, perfazendo uma viagem através de fronteiras nas quais se distinguem e se mesclam as culturas negra e branca. Tudo isso vem embalado por murmúrios de um mar cujas ondulações conduzem a vida e o sonho dos homens.
Fonte: https://cdn.pensador.com/img/frase/mi/ac/mia_couto_esperto_e_o_mar_que_em_vez_da_briga_prefere_a_lljeop4.jpg.
O texto é composto de oito capítulos. Cada um deles é introduzido por um dos “ditos” do avô Celestiano, muitos deles supostamente baseados em provérbios da nação macua, uma das etnias mais antigas, ao norte de Moçambique. A personagem do avô guarda a ligação com a herança ancestral na qual estão plantadas as raízes de um povo. Explicitados pelo narrador em primeira pessoa, os saberes dos antigos encontram-se espalhados ao longo de toda a obra.
Moçambique é um território desenhado por muitas fronteiras que se mesclam chão a dentro, mar a fora, dando ao país um contorno multifacetado. Assim como a colonização portuguesa não teve forças para impor uma soberania no plano político – a ocupação do território moçambicano atingiu apenas uma estreita faixa no litoral sul, deixando intactos o interior e o norte do país –, também no plano cultural não conseguiu aniquilar as culturas das nações locais, dando origem a um rico mosaico cultural do qual pode nascer a novidade, sonho diurno a resgatar as bases de uma identidade necessariamente híbrida.
A obra de Mia Couto, no seu conjunto, revela a tentativa de delinear o rosto de Moçambique. Nela, o país é focalizado por personagens que, sem poderem dar conta das mudanças dramáticas da história, reinventam o cotidiano, sobretudo a partir de uma linguagem inovadora que tenta apontar para um devir em que se mesclam utopias e sofrimentos, muitas vezes transfigurados em maravilha. A arquitetura linguística operada pelo autor é a marca mais evidente de que é possível reinventar um outro sabor para a já tão desgastada língua portuguesa – um sabor moçambicano, pacientemente temperado às margens do Índico. Não faltam, portanto, ao texto, essas brincriações* tão características do autor, facturas* linguísticas que fazem da leitura de “Mar me quer” um delicioso passeio pelas virtualidades da nossa língua e – por que não? – pelo interior de nós mesmos, levando-nos a desvelar a face de um outro que, no fundo, nos é familiar.
Glossário:
brincriações: Neologismo resultado da fusão das palavras "brincar" e "criações".
faturas: Relacionado a "fato". Trata-se de um "dado", uma "informação", um "fato".
Fonte: Ana Cláudia da Silva. Resenha de “Mar me quer”. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/download/48798/52874/59567.
Obrigatória
Nota:
0.5
Analise as afirmativas feitas sobre o texto. Em seguida, marque apenas as que estão corretas.
A) "Mar me quer" é uma obra de Mia Couto que explora o entrelaçamento de memórias e segredos entre os personagens Zeca Perpétuo e Luarmina.
B) A resenha é descritiva, portanto oferece uma visão crítica sobre “Mar me quer”, destacando seus temas, sua linguagem e a relevância cultural do texto.
C) Afirmar que não faltam ao texto certas “brincriações” que fazem do livro um delicioso passeio pela língua portuguesa é uma comprovação de que a resenha é crítica.
D) Há opinião do resenhista neste trecho: “O texto é composto de oito capítulos. Cada um deles é introduzido por um dos 'ditos' do avô Celestiano."
E) O título “Mar me quer” sugere uma metáfora relacionada ao desejo e à conexão entre os personagens, assim como ao ritmo do mar.
Obrigatória
Nota:
0.5
Analise as afirmativas seguintes, relacionadas à resenha (texto 1), verificando quais são verdadeiras e quais são falsas. Em seguida, selecione a alternativa correspondente.
I. A resenha inclui uma análise estrutural da obra, mencionando a divisão em capítulos e os provérbios do avô Celestiano.
II. A resenha se concentra nos aspectos técnicos da narrativa, deixando para segundo plano os simbolismos de Mia Couto.
III. O resenhista oferece uma interpretação subjetiva sobre o título da obra, associando-o ao desejo e à metáfora do mar.
IV. O texto afirma que "Mar me quer" é uma narrativa estritamente realista, com poucos elementos poéticos ou simbólicos.
A) F – F – F – V.
B) F – F – V – V.
C) V – F – V – F.
D) V – V – F – F.
E) V – F – F – F.
Hora de praticar!
📝 O tema do mar é recorrente nas literaturas brasileira, portuguesa e africana, sendo retratado de maneiras distintas e, ao mesmo tempo, entrelaçado com as realidades históricas e culturais de cada território. As três estéticas literárias utilizam o mar como um símbolo para questões como identidade, memória, resistência e pertencimento. O mar se torna um ponto de convergência entre mitos, vivências coloniais e transformações sociais.
Acesse o .pdf para conhecer mais sobre o tema do "mar", nas literaturas brasileira, portuguesa e africana, para reponder às questões de 3 a 9:
Compare o poema "O mar dos meus olhos", de Sophia de Mello Breyner, poetisa portuguesa, com o poema-canção "Poema dos olhos da amada", de Vinícius de Moraes, poeta brasileiro, na voz da cantora Maria Bethânia, para responder às questões de 3 a 5:
TEXTO 2
O mar dos meus olhos
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Pela grandeza da imensidão da alma
Pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
E calma.
Fonte: https://vermelho.org.br/2019/02/04/acredite-o-poema-mais-popular-de-sophia-na-internet-nao-e-de-sophia/.
VÍDEO 1
Obrigatória
Nota:
1
O texto 1 informa que a obra “Mar me quer”, de Mia Couto, é uma variação poética dos versos “Bem-me-quer, mal-me-quer”. Isso confere intertextualidade entre o título da obra e os versos. A análise comparativa entre o texto 2, “O mar dos meus olhos” e o vídeo 1, “Poema dos olhos da amada”, também comprova haver intertextualidade entre os poemas. Isso acontece porque tanto o texto 2 quanto o vídeo 1...
A) abordam a relação entre homens e mulheres, com a intertextualidade ocorrendo pela presença da figura feminina nos dois textos.
B) descrevem as características físicas dos olhos da amada, com significados metafóricos em segundo plano, gerando uma conexão superficial entre eles.
C) exploram, de maneira objetiva, a relação entre o olhar da mulher e o mar, relacionando os olhos à imensidão, ao mistério e à complexidade emocional.
D) têm uma estrutura narrativa similar, compartilhando elementos poéticos e simbólicos como a tristeza, a desilusão e o abandono amoroso.
E) utilizam o mar como metáfora, estabelecendo uma relação entre os olhos da mulher e aspectos como mistério, profundidade e vastidão emocional.
Obrigatória
Nota:
1
Ordene as frases abaixo, para formar um texto comparativo coerente entre “Mar me quer”, de Mia Couto (apresentado no texto 1), “O mar dos meus olhos”, de Sophia de Mello Breyner (texto 2), e o “Poema dos olhos da amada”, de Vinícius de Morais (vídeo 1).
Ordene as frases abaixo:
📝 Alda do Espírito Santo (1926-2010) foi uma importante poetisa, ativista e política de São Tomé e Príncipe, uma das figuras mais emblemáticas da cultura e da luta pela independência do país. Nascida em São Tomé, ela teve uma vida marcada pela defesa da liberdade e pela promoção da identidade cultural de seu povo. Alda utilizou sua poesia como instrumento de resistência contra o colonialismo português e como voz para reivindicar a autodeterminação de São Tomé e Príncipe, tornando-se uma figura crucial no movimento de libertação.
Leia o texto de Alda do Espírito Santo, para responder às questões 5 e 6:
TEXTO 3
Em torno da minha baía
Aqui, na areia,
Sentada à beira do cais da minha baía
do cais simbólico, dos fardos,
das malas e da chuva
caindo em torrente
sobre o cais desmantelado,
caindo em ruínas
eu queria ver à volta de mim,
nesta hora morna do entardecer
no mormaço tropical
desta terra de África
à beira do cais a desfazer-se em ruínas,
abrigados por um toldo movediço
uma legião de cabecinhas pequenas,
à roda de mim,
num vôo magistral em torno do mundo
desenhando na areia
a senda de todos os destinos
pintando na grande tela da vida
uma história bela
para os homens de todas as terras
ciciando em coro, canções melodiosas
numa toada universal
num cortejo gigante de humana poesia
na mais bela de todas as lições:
HUMANIDADE.
Fonte: Poetas de São Tomé e Príncipe, 1963. p. 449
Obrigatória
Nota:
1
Leia a análise do poema “Em torno da minha baía”, texto 3, de Alda do Espírito Santo. Em seguida, selecione as palavras que completam corretamente as lacunas.
O poema apresenta reflexões sobre a , a ancestralidade e a condição humana. A imagem da "" é um símbolo forte de São Tomé e Príncipe, representando tanto o local de __________e chegada, quanto um espaço de encontros e culturais. O " desmantelado" evoca ruínas __________, um passado de __________e sofrimento, mas também uma base sobre a qual se pode construir algo novo. O desejo expresso pela voz poética, de estar cercada por "cabecinhas pequenas" e de ver um "cortejo gigante de humana poesia", fala sobre a __________de uma renovação, de uma nova geração que trilhará novos caminhos, recriando a história com um senso profundo de humanidade e __________. A "legião de cabecinhas" pode ser vista como um símbolo das crianças, do futuro, e das culturas africanas que e sobrevivem. O poema se encerra com uma poderosa visão de "", uma lição que transcende fronteiras e __________, propondo uma união em torno de valores humanos __________, uma mensagem profundamente alinhada com a luta de Alda do Espírito Santo pela igualdade e pela __________dos povos africanos.
Resposta
Ouça o poema-canção "Cais", de autoria de Milton Nascimento, para responder às questões 6 e 7:
VÍDEO 2
Obrigatória
Nota:
1
Sobre o texto 3, “Em torno da minha baía” e o vídeo 2, “Cais”, foram feitos alguns comentários. Analise-os. Em seguida, marque quais estão certos e quais estão errados.
A) Ambos concentram as suas temáticas na experiência individual com o mar e com o cais, desconsiderando a coletividade humana.
Certo
Errado
B) Ambos desejam renovação. Enquanto o poema aborda uma nova geração, a música trata da invenção de novas oportunidades.
Certo
Errado
C) O mar é um símbolo de solidão em "Cais", enquanto em "Em torno da minha baía" representa a conexão com as raízes africanas.
Certo
Errado
D) Tanto “Em torno da minha baía” quanto “Cais” compartilham um tom de esperança, com superação e busca por um futuro melhor.
Certo
Errado
E) Tanto na música "Cais", quanto no poema "Em torno da minha baía", o cais é um símbolo de partida e busca por novos caminhos.
Certo
Errado
Leia o trecho do poema “Ode marítima”, do poeta português Fernando Pessoa, para responder à questão 7:
Ode marítima
Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei por que, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.
Fonte: http://arquivopessoa.net/textos/135.
Obrigatória
Nota:
1
Analise os comentários seguintes, feitos sobre a música “Cais” (vídeo 2) e sobre o trecho de “Ode marítima” (texto 4).
I. Ambos os textos evocam a saudade, mas "Cais" expressa um desejo de renovação, enquanto "Ode marítima" reflete uma saudade melancólica ligada à dor da separação.
II. O cais em "Cais" simboliza oportunidades e novos começos, enquanto em "Ode marítima" é descrito como "uma saudade de pedra", ressaltando a imobilidade e a tristeza da partida.
III. Tanto em "Cais" quanto em "Ode marítima", o mar simboliza liberdade, mas em "Ode marítima", ele é também uma fonte de angústia e solidão, o que não é enfatizado em "Cais".
IV. O tom de "Cais" é otimista, centrado na esperança e na mudança, enquanto "Ode marítima" é pessimista, focando na angústia da separação das pessoas que se amam.
Estão corretos apenas os comentários...
A) I e IV.
B) II e III.
C) I, II e III.
D) I, III e IV.
E) II, III e IV.
Leia o texto 5, um trecho do conto “Náusea”, do escritor angolano Agostinho Neto, para responder às questões 8 e 9:
TEXTO 5
Náusea
Velho João já olhava de novo a areia e monologava intimamente: Mu’alunga. O mar. A morte. Esta água! Esta água salgada é perdição. O mar vai muito longe, por aí fora. Até tocar o céu. Vai até à América. Por cima, azul, por baixo, muito fundo, negro. Com peixes, monstros que engolem homens, tubarões. O primo Xico tinha morrido sobre o mar quando a canoa se virou ali no mar grande. Morreu a engolir água. Kalunga. Depois vieram os navios, saíram navios. O mar é sempre Kalunga. A morte. O mar tinha levado o avô para outros continentes. O trabalho escravo é Kalunga. O inimigo é o mar.
Velho João lembrou-se de que umas vezes o mar estava muito furioso, mas nunca ninguém se levantou contra ele. Kalunga matava e o povo ia chorar vítimas nos batuques. Kalunga acorrentou gente nos porões e o povo apenas teve medo. Kalunga chicoteou as costas e o povo só curou as feridas. Kalunga é a fatalidade. Mas por que foi que o povo não fugiu do mar?
Kalunga é mesmo a morte. Trouxe o automóvel e o jornal, a estrada e o fecho éclair, mas para ficar embora ali ao pé da praia a fazer negaças. Ninguém sabe o que está no fundo do mar. Kalunga brilha à superfície, mas no fundo, o que há? Ninguém sabe. As casas de latas de petróleo, lá do Samba Kimôngua, deixam passar a água quando chove. A civilização ficou embora ao pé da praia, a viver com Kalunga. E Kalunga não conhece os homens. Não sabe que o povo sofre. Só sabe fazer sofrer.
Glossário:
Kalunga: Entidade espiritual ligada à água do mar e à morte.
Fonte: AGOSTINHO NETO, António. Náusea. Lisboa: Edições 70, 1980.
Obrigatória
Nota:
1
No texto, Velho João reflete sobre a relação entre o mar e a morte, usando a palavra "Kalunga" para representar essa conexão. Analise as alternativas a seguir, e marque as que estão corretas.
A) O mar é visto como um espaço de vida e renovação, no qual a morte é uma experiência passageira.
B) O mar é uma força poderosa que traz desgraça e perda, simbolizando a morte e o sofrimento do povo.
C) O mar é descrito como um lugar de lazer e alegria, onde as pessoas se reúnem para celebrar a vida.
D) O mar é representado como liberdade e esperança, tornando o conceito de morte como algo libertador.
E) O mar é um espaço desconhecido e enigmático, onde o sofrimento humano se entrelaça com a fatalidade.
Ouça a música "É doce morrer no mar", de autoria de Dorival Caymmi e Jorge Amado, nas vozes da contora Cesária Évora, de Cabo Verde, e Marisa Monte, conhecida cantora brasileira, para responder à questão 9:
Obrigatória
Nota:
1
Analise as afirmativas seguintes, feitas sobre o trecho de “Náuseas”, texto 5, e a música “É doce morrer no mar”, vídeo 3, verificando quais são verdadeiras e quais são falsas. Em seguida, indique a alternativa correta.
I. No conto, o mar é um espaço de solidão e desespero, já na música a morte é celebrada como união com o mar e suas divindades.
II. Tanto no conto quanto na música, a morte no mar é uma consequência da vida que os homens do mar levam, como os pescadores.
III. O conto e a música expressam uma visão romântica da morte no mar, retratando-a como uma experiência natural, ligada à natureza.
IV. Os dois textos abordam a ideia de afogamento como um símbolo de liberdade, sugerindo que a morte no mar é um escape das dores da vida.
Estão corretas as afirmativas...
A) F – F – V – F.
B) F – V – F – V.
C) V – F – V – F.
D) V – F – F – F.
E) V – V – F – V.
⚡ Missão final
A questão bônus é mais desafiadora e vale 2 pontos
Obrigatória
Nota:
2
(Enem, 2015)
TEXTO I
Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, nesses idílios Vadinho dizia-lhe “Meu manuê de milho verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda”, e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e caseiro de dona Flor a esconder-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhecia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se violência e mesmo incontinência ao libertar-se na cama.
Fonte: AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.
TEXTO II
As suas mãos trabalham na braguilha das calças do falecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim que o marido gostava de começar as intimidades. Um fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas. Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada, Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.
Fonte: COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002
Tema recorrente na obra de Jorge Amado, a figura feminina aparece, no fragmento, retratada de forma semelhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto.
Nesses dois textos, com relação ao universo feminino em seu contexto doméstico, observa-se que...
A) o desejo sexual é entendido como uma fraqueza moral, incompatível com a mulher casada.
B) a mulher tem um comportamento marcado por convenções de papéis sexuais.
C) à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos gestos, olhares e silêncios que ensaiam.
D) a mulher incorpora o sentimento de culpa e age com apatia, como no mito bíblico da serpente.
E) a dissimulação e a malícia fazem parte do repertório feminino nos espaços público e íntimo.
Parabéns por concluir essa etapa!
Lembre-se de que você pode fazer mais de uma trilha para reforçar seus estudos ou escolher uma trilha diferente nas próximas aulas.
E o que achou das trilhas de Orientação de Estudos até agora?
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Até a próxima aula!
Leia o texto para responder às questões de 1 a 4:
TEXTO 1
Mar me quer
“Mar me quer” é um título de Mia Couto, lançado em 1998, em Lisboa. Trata-se de “um conto grande ou um romance pequeno”, no dizer do próprio autor. A obra narra a história de dois vizinhos, já avançados no tempo. Zeca Perpétuo, para conquistar sua vizinha, Luarmina (luar-mina?), vai desfiando, a seu pedido, suas memórias, que ao final acabam entrelaçando-se na história dela, num enovelar de segredos que se vão sendo revelados ao mesmo tempo, durante a narrativa, ao leitor e ao narrador, resultando num desfecho surpreendente.
A maior parte dos encontros entre os dois personagens se dá num espaço intermediário entre um mundo interior e outro, exterior: a varanda da casa de Luarmina representa uma ponte entre o espaço interno da casa e a realidade fora dela. É ali que a personagem se senta a desfolhar intermináveis flores, num "bem-me-quer, mal-me-quer" que aguarda resposta, a realização de desejos enraizados num passado presente.
O título “Mar me quer” não é apenas uma variação poética dos versos “bem-me-quer, mal-me-quer”, com os quais as moças costumam indagar ao destino a verdade de um possível amor. A formulação insere na obra, já desde o início, a força movente do desejo que reconstrói mundos. Assim como o mar quer a terra e a busca em infinitos e entrecortados abraços, da mesma forma se coloca o desejo do homem pela mulher. A relação entre as duas personagens centrais espelha o desejo de que se revele a face escura da lua, o lado avesso do homem, seu interior.
Para perpetuar-se, para tornar-se ele mesmo, Zeca Perpétuo necessita ser abraçado pela lunaridade de Luarmina, a vizinha costureira que será responsável por atar nele as duas pontas da vida. Em “Mar me quer”, pode-se encontrar alguns dos temas recorrentes na obra de Mia Couto, como o amor e a morte, perfazendo uma viagem através de fronteiras nas quais se distinguem e se mesclam as culturas negra e branca. Tudo isso vem embalado por murmúrios de um mar cujas ondulações conduzem a vida e o sonho dos homens.
Fonte: https://cdn.pensador.com/img/frase/mi/ac/mia_couto_esperto_e_o_mar_que_em_vez_da_briga_prefere_a_lljeop4.jpg.
O texto é composto de oito capítulos. Cada um deles é introduzido por um dos “ditos” do avô Celestiano, muitos deles supostamente baseados em provérbios da nação macua, uma das etnias mais antigas, ao norte de Moçambique. A personagem do avô guarda a ligação com a herança ancestral na qual estão plantadas as raízes de um povo. Explicitados pelo narrador em primeira pessoa, os saberes dos antigos encontram-se espalhados ao longo de toda a obra.
Moçambique é um território desenhado por muitas fronteiras que se mesclam chão a dentro, mar a fora, dando ao país um contorno multifacetado. Assim como a colonização portuguesa não teve forças para impor uma soberania no plano político – a ocupação do território moçambicano atingiu apenas uma estreita faixa no litoral sul, deixando intactos o interior e o norte do país –, também no plano cultural não conseguiu aniquilar as culturas das nações locais, dando origem a um rico mosaico cultural do qual pode nascer a novidade, sonho diurno a resgatar as bases de uma identidade necessariamente híbrida.
A obra de Mia Couto, no seu conjunto, revela a tentativa de delinear o rosto de Moçambique. Nela, o país é focalizado por personagens que, sem poderem dar conta das mudanças dramáticas da história, reinventam o cotidiano, sobretudo a partir de uma linguagem inovadora que tenta apontar para um devir em que se mesclam utopias e sofrimentos, muitas vezes transfigurados em maravilha. A arquitetura linguística operada pelo autor é a marca mais evidente de que é possível reinventar um outro sabor para a já tão desgastada língua portuguesa – um sabor moçambicano, pacientemente temperado às margens do Índico. Não faltam, portanto, ao texto, essas brincriações* tão características do autor, facturas* linguísticas que fazem da leitura de “Mar me quer” um delicioso passeio pelas virtualidades da nossa língua e – por que não? – pelo interior de nós mesmos, levando-nos a desvelar a face de um outro que, no fundo, nos é familiar.
Glossário:
brincriações: Neologismo resultado da fusão das palavras "brincar" e "criações".
faturas: Relacionado a "fato". Trata-se de um "dado", uma "informação", um "fato".
Fonte: Ana Cláudia da Silva. Resenha de “Mar me quer”. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/download/48798/52874/59567.
Obrigatória
Nota: 0.5 Analise as afirmativas feitas sobre o texto. Em seguida, marque apenas as que estão corretas.
A) "Mar me quer" é uma obra de Mia Couto que explora o entrelaçamento de memórias e segredos entre os personagens Zeca Perpétuo e Luarmina.
B) A resenha é descritiva, portanto oferece uma visão crítica sobre “Mar me quer”, destacando seus temas, sua linguagem e a relevância cultural do texto.
C) Afirmar que não faltam ao texto certas “brincriações” que fazem do livro um delicioso passeio pela língua portuguesa é uma comprovação de que a resenha é crítica.
D) Há opinião do resenhista neste trecho: “O texto é composto de oito capítulos. Cada um deles é introduzido por um dos 'ditos' do avô Celestiano."
E) O título “Mar me quer” sugere uma metáfora relacionada ao desejo e à conexão entre os personagens, assim como ao ritmo do mar.
Obrigatória
Nota: 0.5 Analise as afirmativas seguintes, relacionadas à resenha (texto 1), verificando quais são verdadeiras e quais são falsas. Em seguida, selecione a alternativa correspondente.
I. A resenha inclui uma análise estrutural da obra, mencionando a divisão em capítulos e os provérbios do avô Celestiano.
II. A resenha se concentra nos aspectos técnicos da narrativa, deixando para segundo plano os simbolismos de Mia Couto.
III. O resenhista oferece uma interpretação subjetiva sobre o título da obra, associando-o ao desejo e à metáfora do mar.
IV. O texto afirma que "Mar me quer" é uma narrativa estritamente realista, com poucos elementos poéticos ou simbólicos.
A) F – F – F – V.
B) F – F – V – V.
C) V – F – V – F.
D) V – V – F – F.
E) V – F – F – F.
Hora de praticar! 📝 O tema do mar é recorrente nas literaturas brasileira, portuguesa e africana, sendo retratado de maneiras distintas e, ao mesmo tempo, entrelaçado com as realidades históricas e culturais de cada território. As três estéticas literárias utilizam o mar como um símbolo para questões como identidade, memória, resistência e pertencimento. O mar se torna um ponto de convergência entre mitos, vivências coloniais e transformações sociais.
Acesse o .pdf para conhecer mais sobre o tema do "mar", nas literaturas brasileira, portuguesa e africana, para reponder às questões de 3 a 9:
Compare o poema "O mar dos meus olhos", de Sophia de Mello Breyner, poetisa portuguesa, com o poema-canção "Poema dos olhos da amada", de Vinícius de Moraes, poeta brasileiro, na voz da cantora Maria Bethânia, para responder às questões de 3 a 5:
TEXTO 2
O mar dos meus olhos
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Pela grandeza da imensidão da alma
Pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
E calma.
Fonte: https://vermelho.org.br/2019/02/04/acredite-o-poema-mais-popular-de-sophia-na-internet-nao-e-de-sophia/.
VÍDEO 1
Obrigatória
Nota: 1 O texto 1 informa que a obra “Mar me quer”, de Mia Couto, é uma variação poética dos versos “Bem-me-quer, mal-me-quer”. Isso confere intertextualidade entre o título da obra e os versos. A análise comparativa entre o texto 2, “O mar dos meus olhos” e o vídeo 1, “Poema dos olhos da amada”, também comprova haver intertextualidade entre os poemas. Isso acontece porque tanto o texto 2 quanto o vídeo 1...
A) abordam a relação entre homens e mulheres, com a intertextualidade ocorrendo pela presença da figura feminina nos dois textos.
B) descrevem as características físicas dos olhos da amada, com significados metafóricos em segundo plano, gerando uma conexão superficial entre eles.
C) exploram, de maneira objetiva, a relação entre o olhar da mulher e o mar, relacionando os olhos à imensidão, ao mistério e à complexidade emocional.
D) têm uma estrutura narrativa similar, compartilhando elementos poéticos e simbólicos como a tristeza, a desilusão e o abandono amoroso.
E) utilizam o mar como metáfora, estabelecendo uma relação entre os olhos da mulher e aspectos como mistério, profundidade e vastidão emocional.
Obrigatória
Nota: 1 Ordene as frases abaixo, para formar um texto comparativo coerente entre “Mar me quer”, de Mia Couto (apresentado no texto 1), “O mar dos meus olhos”, de Sophia de Mello Breyner (texto 2), e o “Poema dos olhos da amada”, de Vinícius de Morais (vídeo 1).
Ordene as frases abaixo: 📝 Alda do Espírito Santo (1926-2010) foi uma importante poetisa, ativista e política de São Tomé e Príncipe, uma das figuras mais emblemáticas da cultura e da luta pela independência do país. Nascida em São Tomé, ela teve uma vida marcada pela defesa da liberdade e pela promoção da identidade cultural de seu povo. Alda utilizou sua poesia como instrumento de resistência contra o colonialismo português e como voz para reivindicar a autodeterminação de São Tomé e Príncipe, tornando-se uma figura crucial no movimento de libertação.
Leia o texto de Alda do Espírito Santo, para responder às questões 5 e 6:
TEXTO 3
Em torno da minha baía
Aqui, na areia,
Sentada à beira do cais da minha baía
do cais simbólico, dos fardos,
das malas e da chuva
caindo em torrente
sobre o cais desmantelado,
caindo em ruínas
eu queria ver à volta de mim,
nesta hora morna do entardecer
no mormaço tropical
desta terra de África
à beira do cais a desfazer-se em ruínas,
abrigados por um toldo movediço
uma legião de cabecinhas pequenas,
à roda de mim,
num vôo magistral em torno do mundo
desenhando na areia
a senda de todos os destinos
pintando na grande tela da vida
uma história bela
para os homens de todas as terras
ciciando em coro, canções melodiosas
numa toada universal
num cortejo gigante de humana poesia
na mais bela de todas as lições:
HUMANIDADE.
Fonte: Poetas de São Tomé e Príncipe, 1963. p. 449
Obrigatória
Nota: 1 Leia a análise do poema “Em torno da minha baía”, texto 3, de Alda do Espírito Santo. Em seguida, selecione as palavras que completam corretamente as lacunas.
O poema apresenta reflexões sobre a , a ancestralidade e a condição humana. A imagem da "" é um símbolo forte de São Tomé e Príncipe, representando tanto o local de __________e chegada, quanto um espaço de encontros e culturais. O " desmantelado" evoca ruínas __________, um passado de __________e sofrimento, mas também uma base sobre a qual se pode construir algo novo. O desejo expresso pela voz poética, de estar cercada por "cabecinhas pequenas" e de ver um "cortejo gigante de humana poesia", fala sobre a __________de uma renovação, de uma nova geração que trilhará novos caminhos, recriando a história com um senso profundo de humanidade e __________. A "legião de cabecinhas" pode ser vista como um símbolo das crianças, do futuro, e das culturas africanas que e sobrevivem. O poema se encerra com uma poderosa visão de "", uma lição que transcende fronteiras e __________, propondo uma união em torno de valores humanos __________, uma mensagem profundamente alinhada com a luta de Alda do Espírito Santo pela igualdade e pela __________dos povos africanos.
Resposta Ouça o poema-canção "Cais", de autoria de Milton Nascimento, para responder às questões 6 e 7:
VÍDEO 2
Obrigatória
Nota: 1 Sobre o texto 3, “Em torno da minha baía” e o vídeo 2, “Cais”, foram feitos alguns comentários. Analise-os. Em seguida, marque quais estão certos e quais estão errados.
A) Ambos concentram as suas temáticas na experiência individual com o mar e com o cais, desconsiderando a coletividade humana.
Certo Errado B) Ambos desejam renovação. Enquanto o poema aborda uma nova geração, a música trata da invenção de novas oportunidades.
Certo Errado C) O mar é um símbolo de solidão em "Cais", enquanto em "Em torno da minha baía" representa a conexão com as raízes africanas.
Certo Errado D) Tanto “Em torno da minha baía” quanto “Cais” compartilham um tom de esperança, com superação e busca por um futuro melhor.
Certo Errado E) Tanto na música "Cais", quanto no poema "Em torno da minha baía", o cais é um símbolo de partida e busca por novos caminhos.
Certo Errado Leia o trecho do poema “Ode marítima”, do poeta português Fernando Pessoa, para responder à questão 7:
Ode marítima
Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei por que, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.
Fonte: http://arquivopessoa.net/textos/135.
Obrigatória
Nota: 1 Analise os comentários seguintes, feitos sobre a música “Cais” (vídeo 2) e sobre o trecho de “Ode marítima” (texto 4).
I. Ambos os textos evocam a saudade, mas "Cais" expressa um desejo de renovação, enquanto "Ode marítima" reflete uma saudade melancólica ligada à dor da separação.
II. O cais em "Cais" simboliza oportunidades e novos começos, enquanto em "Ode marítima" é descrito como "uma saudade de pedra", ressaltando a imobilidade e a tristeza da partida.
III. Tanto em "Cais" quanto em "Ode marítima", o mar simboliza liberdade, mas em "Ode marítima", ele é também uma fonte de angústia e solidão, o que não é enfatizado em "Cais".
IV. O tom de "Cais" é otimista, centrado na esperança e na mudança, enquanto "Ode marítima" é pessimista, focando na angústia da separação das pessoas que se amam.
Estão corretos apenas os comentários...
A) I e IV.
B) II e III.
C) I, II e III.
D) I, III e IV.
E) II, III e IV.
Leia o texto 5, um trecho do conto “Náusea”, do escritor angolano Agostinho Neto, para responder às questões 8 e 9:
TEXTO 5
Náusea
Velho João já olhava de novo a areia e monologava intimamente: Mu’alunga. O mar. A morte. Esta água! Esta água salgada é perdição. O mar vai muito longe, por aí fora. Até tocar o céu. Vai até à América. Por cima, azul, por baixo, muito fundo, negro. Com peixes, monstros que engolem homens, tubarões. O primo Xico tinha morrido sobre o mar quando a canoa se virou ali no mar grande. Morreu a engolir água. Kalunga. Depois vieram os navios, saíram navios. O mar é sempre Kalunga. A morte. O mar tinha levado o avô para outros continentes. O trabalho escravo é Kalunga. O inimigo é o mar.
Velho João lembrou-se de que umas vezes o mar estava muito furioso, mas nunca ninguém se levantou contra ele. Kalunga matava e o povo ia chorar vítimas nos batuques. Kalunga acorrentou gente nos porões e o povo apenas teve medo. Kalunga chicoteou as costas e o povo só curou as feridas. Kalunga é a fatalidade. Mas por que foi que o povo não fugiu do mar?
Kalunga é mesmo a morte. Trouxe o automóvel e o jornal, a estrada e o fecho éclair, mas para ficar embora ali ao pé da praia a fazer negaças. Ninguém sabe o que está no fundo do mar. Kalunga brilha à superfície, mas no fundo, o que há? Ninguém sabe. As casas de latas de petróleo, lá do Samba Kimôngua, deixam passar a água quando chove. A civilização ficou embora ao pé da praia, a viver com Kalunga. E Kalunga não conhece os homens. Não sabe que o povo sofre. Só sabe fazer sofrer.
Glossário:
Kalunga: Entidade espiritual ligada à água do mar e à morte.
Fonte: AGOSTINHO NETO, António. Náusea. Lisboa: Edições 70, 1980.
Obrigatória
Nota: 1 No texto, Velho João reflete sobre a relação entre o mar e a morte, usando a palavra "Kalunga" para representar essa conexão. Analise as alternativas a seguir, e marque as que estão corretas.
A) O mar é visto como um espaço de vida e renovação, no qual a morte é uma experiência passageira.
B) O mar é uma força poderosa que traz desgraça e perda, simbolizando a morte e o sofrimento do povo.
C) O mar é descrito como um lugar de lazer e alegria, onde as pessoas se reúnem para celebrar a vida.
D) O mar é representado como liberdade e esperança, tornando o conceito de morte como algo libertador.
E) O mar é um espaço desconhecido e enigmático, onde o sofrimento humano se entrelaça com a fatalidade.
Ouça a música "É doce morrer no mar", de autoria de Dorival Caymmi e Jorge Amado, nas vozes da contora Cesária Évora, de Cabo Verde, e Marisa Monte, conhecida cantora brasileira, para responder à questão 9:
Obrigatória
Nota: 1 Analise as afirmativas seguintes, feitas sobre o trecho de “Náuseas”, texto 5, e a música “É doce morrer no mar”, vídeo 3, verificando quais são verdadeiras e quais são falsas. Em seguida, indique a alternativa correta.
I. No conto, o mar é um espaço de solidão e desespero, já na música a morte é celebrada como união com o mar e suas divindades.
II. Tanto no conto quanto na música, a morte no mar é uma consequência da vida que os homens do mar levam, como os pescadores.
III. O conto e a música expressam uma visão romântica da morte no mar, retratando-a como uma experiência natural, ligada à natureza.
IV. Os dois textos abordam a ideia de afogamento como um símbolo de liberdade, sugerindo que a morte no mar é um escape das dores da vida.
Estão corretas as afirmativas...
A) F – F – V – F.
B) F – V – F – V.
C) V – F – V – F.
D) V – F – F – F.
E) V – V – F – V.
⚡ Missão final A questão bônus é mais desafiadora e vale 2 pontos
Obrigatória
Nota: 2 (Enem, 2015)
TEXTO I
Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, nesses idílios Vadinho dizia-lhe “Meu manuê de milho verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda”, e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e caseiro de dona Flor a esconder-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhecia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se violência e mesmo incontinência ao libertar-se na cama.
Fonte: AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.
TEXTO II
As suas mãos trabalham na braguilha das calças do falecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim que o marido gostava de começar as intimidades. Um fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas. Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada, Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.
Fonte: COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002
Tema recorrente na obra de Jorge Amado, a figura feminina aparece, no fragmento, retratada de forma semelhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto.
Nesses dois textos, com relação ao universo feminino em seu contexto doméstico, observa-se que...
A) o desejo sexual é entendido como uma fraqueza moral, incompatível com a mulher casada.
B) a mulher tem um comportamento marcado por convenções de papéis sexuais.
C) à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos gestos, olhares e silêncios que ensaiam.
D) a mulher incorpora o sentimento de culpa e age com apatia, como no mito bíblico da serpente.
E) a dissimulação e a malícia fazem parte do repertório feminino nos espaços público e íntimo.
Parabéns por concluir essa etapa!
Lembre-se de que você pode fazer mais de uma trilha para reforçar seus estudos ou escolher uma trilha diferente nas próximas aulas.
E o que achou das trilhas de Orientação de Estudos até agora?
Conte pra gente nesse formulário: https://forms.gle/GjLVX2GHqVtrQ2846
Até a próxima aula!