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Maria

estudos gerais08/27/2024

Leia o texto para responder às questões: Este livro ...

Leia o texto para responder às questões:

Este livro procura reconstruir (...) um capítulo praticamente esquecido na história do pensamento brasileiro: a existência de uma reflexão profunda e consistente sobre o problema da destruição do ambiente natural por parte dos pensadores que atuaram no país entre 1786 e 1888, muito antes do que convencionalmente se imagina como sendo o momento de origem desse tipo de debate. A consciência crítica diante da destruição ambiental costuma ser identificada como um fenômeno do mundo contemporâneo, uma consequência das grandes transformações que acompanharam a expansão planetária da civilização urbano-industrial. (...) Existe toda uma nova historiografia, no entanto, que vem retrocedendo em alguns séculos a cronologia da controvérsia ambiental. (...) A sondagem dos escritos de autores dos séculos XVIII e XIX tem permitido encontrar um denominador comum teórico em sua postura face ao meio ambiente.

Esse denominador comum foi essencialmente político, cientificista, antropocênico e economicamente progressista. Em suma, profundamente enraizado no ideário iluminista herdado do século XVIII. (...) Os pensadores aqui analisados, de maneira geral, não defenderam o ambiente natural com base em sentimentos de simpatia pelo seu valor intrínseco, (...) mas sim devido à sua importância para a construção nacional. Os recursos naturais constituíam o grande trunfo para o progresso futuro do país, devendo ser utilizados de forma inteligente e cuidadosa. A destruição e os desperdícios dos mesmos eram considerados uma espécie de crime histórico, que deveria ser duramente combatido.

O valor do mundo natural, dessa forma, repousava principalmente na sua importância econômica e política. A dinâmica da natureza poderia e deveria ser decifrada pelo conhecimento científico e pela experimentação consciente, que estabeleceria as condições para o seu correto aproveitamento. A degradação do território derivava da utilização de práticas tecnológicas e sociais rudimentares, originadas do passado colonial. A grande panaceia para estabelecer a sanidade ambiental da economia brasileira, após séculos de colonialismo predatório, estava na modernização tecnológica e operacional do sistema produtivo e das instituições sociais. A destruição do ambiente natural não era entendida como um "preço do progresso", como na visão hoje dominante, mas sim como um "preço do atraso".

No que se refere ao modelo geral de análise, existiu uma unidade de perspectiva entre os autores analisados. (...) Tanto em termos espaciais, considerando o fato dos trabalhos estarem sendo produzidos em diferentes regiões do país, quanto em termos cronológicos, considerando o longo período analisado, seria provável encontrar uma diversidade mais marcante de enfoques. Seria teoricamente possível, como ocorreu em alguns outros países, a adoção de enfoques alternativos de crítica ambiental, como uma preocupação mais centrada na necessidade de preservar a natureza devido ao seu valor intrínseco, ou então uma postura mais crítica quanto ao paradigma ocidental de progresso econômico. (...) No entanto, o viés "desenvolvimentista" será amplamente dominante. É significativo que ainda em 1876, quando André Rebouças lançou pela primeira vez a proposta de criar parques nacionais no Brasil, (...) o eixo de sua argumentação tenha sido o progresso que o turismo poderia trazer para aquelas regiões, e não a necessidade de colocar áreas selvagens fora do ímpeto destruidor da civilização.

A linhagem dos primeiros críticos ambientais brasileiros (...) não praticou (...) o elogio laudatório da beleza e da grandeza do meio natural brasileiro. Mas ao mesmo tempo não ignorou, e principalmente não aceitou, a sua destruição. O meio natural foi elogiado por sua riqueza e seu potencial econômica, sendo sua destruição interpretada como um signo de atraso, ignorância e falta de cuidado. O verdadeiro progresso supunha a conservação e o uso correto do mundo natural que, por sua vez, só fazia sentido no contexto desse progresso. A natureza era vista como um objeto político, um recurso essencial para o avanço social e econômico do país.

De toda forma, os esforços de crítica ambiental existentes a partir do século XVIII, que estão sendo redescobertos pela historiografia recente, podem ser vistos como momentos no processo de tomada de consciência dos dilemas ambientais no universo da modernidade. Eles foram capazes de enunciar uma questão política global que apenas hoje, em plena mudança de milênio, está sendo percebida em toda a sua radicalidade. (...) O trabalho dos intelectuais que atuavam na periferia colonial e pós-colonial adquiriu uma relevância considerável e, até mesmo, uma preeminência preceptiva.

Adotando uma abordagem histórica e retrospectiva para o estudo do desenvolvimento da consciência ambiental, o excerto acima anuncia uma importante descoberta. Identifique-a entre as alternativas abaixo.

A) A contribuição pioneira de pensadores brasileiros para o debate ambiental. B) A marginalidade do Brasil nas discussões sobre o meio ambiente. C) As origens europeias da reflexão ecológica contemporânea. D) O desprezo generalizado do pensamento setecentista pela natureza. E) O declínio das preocupações ambientais após o século XIX.

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