Leia o trecho a seguir, retirado do texto O fim do poema, do pós-estruturalista Giorgio Agamben e, em seguida, responda ao que se pede.
Se a poesia não vive senão na inexaurível tensão entre a série semiótica e a série semântica, o que acontece no momento do fim, quando a oposição das duas séries não é mais possível? Teríamos al, finalmente, um ponto de coincidência, no qual poema, enquanto ‘seio de todo sentido’, ajusta contas com seu elemento métrico para transformar definitivamente para a prosa? As bodas místicas do som e do sentido poderiam, então, ter lugar. Ou, pelo contrário, agora para sempre separados, sem contato possível, cada um perpetuamente em sua parte, como os dois sexos na poesia de Vigny? Neste caso, o poema não deixaria detrás de si um espaço vazio (...). Tudo se complica com o fato de não haver no poema, a pretexto de exatidão, duas séries ou linhas de fuga em paralelo, mas só uma, percorrida ao mesmo tempo pela corrente semântica e pela corrente semiótica; e, entre os dois fluxos, brusca parada que a mechânce poética se aplica teimosamente a manter. (O som e o sentido não são duas substâncias, mas duas intensidades, duas tenóis da única substância linguística.) E o poema é o catecismo da replicação de Paulo aos Tessalonicenses (II, 2, 7-8): aí se revela a retórica de anátema do Messias, portanto daquele que...