Leibniz e a harmonia preestabelecida
O filósofo e matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz também foi um racionalista. No entanto, sua filosofia não buscava a geometrização do mundo, como pretendia Espinosa. Comparando esses dois filósofos, Leibniz foi um racionalista menos radical, que defendia a existência de outro tipo de ordem no mundo, além da geométrica.
Para ele, a ordem da matemática e da geometria é necessária. O termo "necessário" é usado, nesse caso, para qualificar algo que não pode ser de outra maneira, como mostra a seguir:
[...] uma proposição necessária é uma proposição cujo oposto não é possível; dito de outra maneira: quando admitimos o oposto de uma proposição necessária e quando o resolvemos, somos conduzidos a uma contradição. Por conseguinte, é necessária uma proposição que podemos demonstrar por meio de idênticos e pelas definições sem recorrer aos dados da experiência, o que serve para estabelecer um termo é possível.
LEIBNIZ, Gottfried W. Generales inquisitiones de analyi notionum et veritatum, 1686. Em: NETO, Izaias Ribeiro de C. Estudo acerca da distinção entre verdades necessárias e verdade contingentes em Leibniz. Dissertação de mestrado. Curitiba: UFPR, 2008, p. 95.
Por exemplo, você é capaz de definir o que é um triângulo? Provavelmente, você e eu teríamos a mesma definição: "Triângulo é uma figura de três lados e três ângulos". É fácil responder a essa questão porque o próprio nome da figura determina que ela tem três lados e três ângulos. Veja bem: um triângulo obrigatoriamente possui três lados e três ângulos. Isso é algo necessário, não há como ser de outra maneira, pois, se a figura tivesse menos ou mais do que três lados e três ângulos, ela não seria um triângulo. Não é possível, portanto, que alguém encontre um triângulo com quatro lados. Tudo o que não pode ser de outra maneira é necessário.