Manifesto das mulheres de Goiana
Queridas Compatriotas [...] O imperador que soube de tal arte iludir-nos, que chegamos a adorá-lo como Fundador e Defensor da Liberdade [...], traindo nossa confiança [...] tirou finalmente a máscara hipócrita com que se disfarçava e fez ver em toda a claridade que, se nos embaraçava com a Independência, era para mais facilmente [...] nos escravizar.
A dissolução da Augusta Assembleia Nacional à força de artilharia e baionetas, a prisão do nosso imortal Compatriota o Sr. Barata, são atestados [...] que nenhuma dúvida deixam [...]. Todos os seus atos posteriores o confirmaram, e tendem ao mesmo fim, o de escravizar-nos.
[...] Alguém poderá tachar-nos de nos intrometermos em política, por se matarem alheio do nosso sexo; a isso respondemos [...] não somos mães e esposas? [...] As Brasileiras [...] são sensíveis [...] e é a glória de concorrerem para a liberdade e salvação da Pátria, pelas quais não duvidam arriscar as próprias vidas, preferindo a morte à escravidão.
Goiana, 10 de fevereiro de 1824
Ao Patriota Goianense
BERNARDES, Denis A. de Mendonça. A gente infima do povo e outras cartas na Confederação do Equador. In: DANTAS, Monica Donato de. Revoltas, motins, revoluções: homens livres e libertos no Brasil do século XIX. 2. ed. São Paulo: Alameda, 2018. p. 153-154.