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Estudos gerais

MISETTE LP GAMES Hariporia, a origem do açaí Tiago Kakiy Há muitas jornadas, quando o Sol ainda namorava a Lua, o povo saterê-mawé vivia um tempo de sonhos raros, de parcas frutas e poucos alimentos. Nessa época nasceu Yacy-May, filha do grande pajé Irê com a indigena Anhiã, que, por sua vez, era filha da palmeira bacabeira. Yacy-May veio ao mundo quando os pássaros noturnos cantavam na escuridão da floresta. Bela era a noite, calmo estava o rio Andirá, inspirando poesia Uma criança linda, olhos pretos, arredondados, encantadores e sorridentes como o brilho das estrelas refletidas nas águas. Sua pele morena era macia como o uixi-liso. Seus cabelos pareciam imitar a flor do manacá. Era, enfim, uma criança de beleza singular. Em meio à situação de miséria em que viviam, tal nasci mento foi uma alegria para a aldeia. A beleza daquela criança certamente sinalizava novos tempos de fartura. Com a passagem das luas, Yacy foi crescendo e ficando cada vez mais atraente. Sua beleza ficou conhecida além das fronteiras do Andirá, o grande rio. Por outros lugares e sob outras nuvens, se tornou fruto da veneração dos pássaros, que cantavam para fazê-la dormir e sonhar. Quanto mais a menina crescia, mais pretendentes encantava. Mas Yacy-May, resistente às fantasias, era imune aos galanteios de pássaros ou homens de sua aldeia. Tamanha era a disputa pela beleza da jovem indígena que até mesmo os astros se envolveram. Certa vez, a Lua brigou com o Sol por tanto pensar em Yacy-May. Ele despontava sorrindo no horizonte toda manhã, somente para dar bom-dia para a jovem mawé, até que a Lua percebeu e não gostou daquele assanhamento. Mas mesmo com o Sol e a Lua cumprindo os seus ciclos, o povo mawé cada vez mais sofria por falta de alimento. Corpo fraco é casa para enfermidade. Os indígenas começaram morrer. Primeiro foram as crianças e depois os mais velhos e vulneráveis à fome. Árvores sem frutos, rios sem peixe e a caça, distante na alta floresta. Tupana fez as flores, as estrelas e o azul do céu, mas castigava o povo mawé por conta de uma atitude malévola de um filho da nação. Todos sofriam porque o grande criador estava magoado. O poderoro pajé estava ciente disso. A chuva fina não era capaz de irrigar os sonhos de frutas maduras, tampouco de fazer o capim verde e as borboletas amarelas sorrirem. A filha do pajé, Yacy-May, sentiu que devia pagar o preço pelo desabrochar das flores. Seu pai intuiu a sua decisão de atravessar o rio pela sobrevivência da nação mawé. Num certo dia, Yacy-May acordou com as jaçanas das canaranas dos lagos. Ela o abraçou e disse: -Pai, a vida continua. Andirá fluirá, majestoso, durante o toda a eternidade. Vou me entregar às suas margens do Andira. Por mais de um mes seu povo chorou e vevu ou poucas flores que acharam e alguns frutos caídos das árvores. Somente o velho pajé sabia por que Tupana tinha levado a mais bela cunhä saterê-mawé. Um dia perceberam uma plantinha brotar sobre o túmulo da jovem. Os Maé trataram logo de regá-la. E foi crescendo assim uma formosa palmeira, com folhas compridase fartas iguais aos cabelos de Yacy-May. Dessa palmeira surgiu um ramo de flores. E das flores, frutos redondos. Verdes no início e pretos depois, que lembravam os lindos olhos da jovem mawé. Finalmente o povo sentiu felicidade. E, dali por O pajé deu então o nome de açaí aquela extraordinária árvore, que tinha sido um presente de Tupana, em sinal de gratidão por a filha do pajé ter sido conduzida às estrelas. Graças à atitude de Yacy-May, as frutas amadureceram e atraíram muitos pássaros, como o tucano, que iam e vinham para se alimentar. O velho pajé pediu aos Mawé que apanhassem um cacho de açai e dele fizessem o vinho para acompanhar o peixe ou o mingau de crueira. A fruta nutritiva deu força aos indigenas para retomarem às roças, seus pomares, para fazer suas canoas de pesca. A fartura tinha voltado à vida da nação saterê-mawé. Desde então, a graciosa Yacy-May está lá nas alturas, junto das estrelas, feliz porque sua generosidade não foi em vão. Foi ela quem acalmou a fúria do criador que presenteou o seu povo com o rico e delicioso açaí do povo mawé, o fruto nascido da formosura de Yacy. Glossário: BAGABEIRA.: palmeira nativa da Amazônia, CANARANA: gramínea tipica das margens dos rios, lagos e ilhas flutuantes da Amazônia. menina-moça; segundo os povos de língua tupi, é aquela que se prepara para se tornar adulta. JAÇANÁ: pequena e colorida ave pernalta, que vive nos alagadiços tropicais. INAMBU: ave que lembra a galinha-d'angola, de cor parda. SATERÊ quer dizer "lagarta de fogo", faz referência ao clã mais importante e indica a linha sucessóri chefes políticos, e mawé significa "Papagaio falante" ou "papagaio inteligente". Foram ele domesticaram e criaram o processo de beneficiamento da mais apreciada trepadeira silvestre: (guaraná). TUPANA: na tradição tupi Tupã-Tupana é o espírito universal, a força do trovão, Deus poderos nomes e atributos mais usados São Wassiri-Anuwató. UXI-LIXO: fruto amazônico de polpa saborosa, farinácea e oleosa, do qual também se aprov sementes, óleo e casca para fins medicinais. Ache os advérbios do texto:

N

Nay

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06/08/24