NINGUÉM SABE O QUE É UM POEMA
Ricardo Azevedo
Você acaba de conhecer um rio onde boiam cartas de amor, cheques sem fundo e exames laboratoriais. E um armário que guarda jabuticabas, sabiás, meninas cheirosas e o mar azul. Como deve ter notado, Ricardo Azevedo bagunça as palavras e o sentido delas. Ele cria assim uma nova ordem, que revela aspectos do mundo e de nós mesmos aos quais não costumamos dar atenção. Vamos entender melhor como isso acontece?
BAGUNÇANDO AS SÍLABAS
No poema "Quem gosta de lixo, levanta a mão!" (p. 28), você encontra palavras que não existem. Elas nascem da mistura entre palavras que você conhece. Vamos identificá-las conforme o modelo?
trelha e traco: treco e tralha
respa e rasto: resto e raspa
gruma e gosde: grude e gosma
cuspa e caspe:
mocha e manfo:
lomo e lido:
virme e verus:
sabo e serro: