O pato poliglota
A menina ficou muito alegre quando ganhou um cachorro de presente. Ela não suspeitava que fosse dar confusão. Acontece que já tinha um gato na casa. E os dois bichos juntos brigaram feito cão e gato. A menina não demorou a descobrir que o desentendimento entre os dois se devia ao fato de falarem línguas diferentes.
Procurou um meio de modificar a situação. Quem procura, acha. Descobriu a Escola do Pato Poliglota, onde se ensinavam muitas línguas. O pato poliglota era capaz de conversar com os perus em glu-glu com rara perfeição. Falava o piu-piu tão bem com os pintinhos que Dona Galinha quis tomar umas lições e, assim, se entender ainda melhor com os filhos. O pato poliglota falava correntemente o quá-quá (sua língua original), o rom-rom, o miau, o au-au, o glu-glu, o piu-piu, o mé, além de se fazer entender em outras tantas línguas. Conversava com os sapos, em noites de serenata, como se fosse um deles. Muito estudioso, havia feito um curso na mesma escola da serra tico-tico, para poder papear com as cigarras.
A menina matriculou cachorro e gato na Escola do Pato Poliglota.
O resultado foi assombroso. Em pouco tempo o gato falava o au-au (com sotaque) e o cachorro falava o miau (um pouco rouco). Eles passaram a ter longos papos, a ponto de haver uma pontinha de ciúme na menina. Ela, então, se matriculou também na Escola do Pato Poliglota, onde aprendeu as línguas dos seus dois amigos. Hoje - que engraçado! - cada qual pode falar sua própria língua sem problemas, pois os outros vão entender perfeitamente.