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José
O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, que ap...
O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, que apresenta, dentre suas caracteristicas, o bucolismo e a valorizaçaิo da cultura greco-romana, que estäo exemplificados, respectivamente, em
a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marilia, as flautas dos pastores.
b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto o rouxinol suspira.
c) Que bem que soam, como estão cadentesI/Os Zéfiros brincar por entre flores?
d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a sorrir-se! Otha, não sentes.
e) Que alegre campol Que manhã tão claral/Vê como ali, beijando-se, os Amores.
12) (UNIFESP-2005) Leia os versos do poeta português Bocage.
Vem, oh Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo.
Deixa louvar da corte a vã grandeza;
Quanto me agrada mais estar contigo,
Notando as perfeições da Natureza!
Nestes versos,
a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa da fugacidade do tempo.
b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia características pré-românticas do autor.
c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se aproveitar o tempo presente.
d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto, inacessiveis a ele.
E) o poeta propõe, em linguagem clara, que se aproveite o presente de forma simples junto à natureza.
13) (Vunesp-2002) Sermão do Mandato
Começando pelo amor. O amor essencialmente é união, e naturalmente a busca: para ali pesa, para ali caminha, e só ali pára.Tudo são palavras de Platão, e de Santo Agostinho.Pois se a natureza do amor é unir, como pode ser efeito do amor o apartar? Assim é, quando o amor não é extremado e excessivo. As causas excessivamente intensas produzem efeitos contrários. A dor faz gritar; mas se é excessiva, faz emudecer: a luz faz ver; mas se é excessiva, cega: a alegria alenta e vivifica; mas se é excessiva, mata. Assim o amor: naturalmente une; mas se é excessivo, divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábio? Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte? O mesmo Salomão se explicou. Não
fala Salomão de qualquer amor, senäo do amor forte? Fortis est ut mors dilectio: e o amor forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz efeitos contrários. E unizo, e produz apartamentos. Sabe-se o amor atar, e sabe-se desatar como Sansäo: afetuoso, deixa-se atar; forte, rompe as ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta os extremos mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os extremos mais unidos.
(ANTONIO VIEIRA. Sermão do Mandato. Brasilia: Editora Universidade de Brasflia: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000, p. 165-166.)
Feliza
Chamam-te gosto, Amor, chamam-te amigo
Da Natureza, que por ti se inflama;
Dizem que és dos mortais suave abrigo;
Que enjoa, e pesa a vida a quem näo ama:
Mas com dura exp'riência eu contradigo
A falsa opinião, que um bem te chama:
Tu não és gosto, Amor, tu és tormento.
Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.
Feliza de Sileu! Quem tal pensara
Daquela, entre as pastoras mais formosa
Que a vermelha papoila entre a seara,
Que entre as boninas a corada rosa!
Feliza por Sileu me desampara!
Oh céus! Um monstro seus carinhos goza;
Ansia cruel me esfalfa o sofrimento.
Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.
Ingrata, que prestígio te alucina?
Que mágica ilusão te está cegando?
Que fado inevitável te domina,
Teu luminoso espírito apagando?
O vil Sileu não põe na sanfonina
Jeitosa mão, nem pinta em verso brando
Ondadas tranças, que bafeja o vento.
Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.
(BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Obras de Bocage.
Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 685-686.)
Os trechos transcritos do sermão de Vieira e do poema de Bocage apresentam traços peculiares de seus respectivos estilos de época, o barroco e o neoclássico. Verifique, numa leitura atenta, esses traços e, a seguir,
a) mencione e explique uma característica do estilo barroco que Vieira explora com insistência no seguinte trecho: "O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte?";
b) aponte um aspecto da segunda estrofe do poema de Bocage típico da poética neoclássica.
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O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, que apresenta, dentre suas caracteristicas, o bucolismo e a valorizaçaิo da cultura greco-romana, que estäo exemplificados, respectivamente, em a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marilia, as flautas dos pastores. b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto o rouxinol suspira. c) Que bem que soam, como estão cadentesI/Os Zéfiros brincar por entre flores? d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a sorrir-se! Otha, não sentes. e) Que alegre campol Que manhã tão claral/Vê como ali, beijando-se, os Amores. 12) (UNIFESP-2005) Leia os versos do poeta português Bocage.
Vem, oh Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo. Deixa louvar da corte a vã grandeza; Quanto me agrada mais estar contigo, Notando as perfeições da Natureza! Nestes versos, a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa da fugacidade do tempo. b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia características pré-românticas do autor. c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se aproveitar o tempo presente. d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto, inacessiveis a ele. E) o poeta propõe, em linguagem clara, que se aproveite o presente de forma simples junto à natureza. 13) (Vunesp-2002) Sermão do Mandato
Começando pelo amor. O amor essencialmente é união, e naturalmente a busca: para ali pesa, para ali caminha, e só ali pára.Tudo são palavras de Platão, e de Santo Agostinho.Pois se a natureza do amor é unir, como pode ser efeito do amor o apartar? Assim é, quando o amor não é extremado e excessivo. As causas excessivamente intensas produzem efeitos contrários. A dor faz gritar; mas se é excessiva, faz emudecer: a luz faz ver; mas se é excessiva, cega: a alegria alenta e vivifica; mas se é excessiva, mata. Assim o amor: naturalmente une; mas se é excessivo, divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábio? Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte? O mesmo Salomão se explicou. Não fala Salomão de qualquer amor, senäo do amor forte? Fortis est ut mors dilectio: e o amor forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz efeitos contrários. E unizo, e produz apartamentos. Sabe-se o amor atar, e sabe-se desatar como Sansäo: afetuoso, deixa-se atar; forte, rompe as ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta os extremos mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os extremos mais unidos. (ANTONIO VIEIRA. Sermão do Mandato. Brasilia: Editora Universidade de Brasflia: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000, p. 165-166.) Feliza Chamam-te gosto, Amor, chamam-te amigo Da Natureza, que por ti se inflama; Dizem que és dos mortais suave abrigo; Que enjoa, e pesa a vida a quem näo ama: Mas com dura exp'riência eu contradigo A falsa opinião, que um bem te chama: Tu não és gosto, Amor, tu és tormento. Une teus sons, ó lira, ao meu lamento. Feliza de Sileu! Quem tal pensara Daquela, entre as pastoras mais formosa Que a vermelha papoila entre a seara, Que entre as boninas a corada rosa! Feliza por Sileu me desampara! Oh céus! Um monstro seus carinhos goza; Ansia cruel me esfalfa o sofrimento. Une teus sons, ó lira, ao meu lamento. Ingrata, que prestígio te alucina? Que mágica ilusão te está cegando? Que fado inevitável te domina, Teu luminoso espírito apagando? O vil Sileu não põe na sanfonina Jeitosa mão, nem pinta em verso brando Ondadas tranças, que bafeja o vento. Une teus sons, ó lira, ao meu lamento. (BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 685-686.) Os trechos transcritos do sermão de Vieira e do poema de Bocage apresentam traços peculiares de seus respectivos estilos de época, o barroco e o neoclássico. Verifique, numa leitura atenta, esses traços e, a seguir, a) mencione e explique uma característica do estilo barroco que Vieira explora com insistência no seguinte trecho: "O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte?"; b) aponte um aspecto da segunda estrofe do poema de Bocage típico da poética neoclássica. 511