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Yago

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Estudos Gerais30/08/2024

Poema: Os sapos Manuel Bandeira Enfunando os sapos, Saem da...

Poema: Os sapos Manuel Bandeira

Enfunando os sapos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: — “Meu pai foi à guerra!” — “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: — “Meu cancioneiro É bem martelado.

Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.

O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A formas a forma.

Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas…”

Urra o sapo-boi: — “Meu pai foi rei” — “Foi!” — “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: — “A grande arte é como Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo.”

Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas: — “Sei!” — “Não sabe!” — “Sabe!”

Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Verte a sombra imensa;

Lá, fugindo ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário é

Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio…

Entendendo o poema: 01 — Os modernistas dos anos 1920 frequentemente tinham atitudes de ironia, deboche e crítica em relação à cultura oficial.

Poema: Os sapos
Manuel Bandeira

Enfunando os sapos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”

Urra o sapo-boi:
— “Meu pai foi rei” — “Foi!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
— “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo.”

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
— “Sei!” — “Não sabe!” — “Sabe!”

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;

Lá, fugindo ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…

Entendendo o poema:
01 — Os modernistas dos anos 1920 frequentemente tinham atitudes de ironia, deboche e crítica em relação à cultura oficial.
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