Quatro dos cinco séculos de história do Brasil foram assinalados pela prática da escravidão. As marcas dos cativos negros, queimados com o ferrete de seus senhores, persistiu como estigma social. Mais de um século após a abolição desse sistema, a população pobre e, não raro, negra vive ainda sob o julgo da violência: não mais aquele das chibatas, mas o de um teimoso legado cultural de exclusão social.” (SCHWARCS, Lília; STARLING, Heloísa. Brasil: uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 381).
Blitz da Polícia Militar no Morro da Coroa e Cachoeirinha (1982)
Foto de Luiz Morier: Blitz da Polícia Militar no Morro da Coroa e Cachoeirinha (1982)
A longa experiência social da escravidão é elemento constituinte da sociedade brasileira. Essa marca, enraizada na cultura do país, continua presente no cotidiano do brasileiro. São exemplos da referida marca, exceto:
o sistema de cotas raciais para ingresso em universidades.
as práticas cotidianas de discriminação social e racial e de culpabilização dos mais pobres.
as minúsculas “dependências de empregada”, presentes nas arquiteturas dos apartamentos.
o vocabulário discriminatório, em relação a pobres e negros, disseminado nas redes sociais.
os elevadores de serviço dos edifícios residenciais.
