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Estudos Gerais03/31/2025

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA SAÚDE E DA DOENÇA Também no campo...

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA SAÚDE E DA DOENÇA Também no campo das representações, alguns autores têm investigado, num contexto psicossociológico, a forma pela qual as pessoas leigas em medicina têm representado a saúde e a doença ao longo dos tempos (Blaxter,1990; Calnan,1987; Cornwell,1984; Helman,1978; Herzlich,1973; Stacey,1988). Um dos estudos mais importantes foi efectuado em 1973, em França por Claudine Herzlich, que entrevistou 8000 pessoas da classe média que viviam em Paris e na região rural da Normandia. As significações leigas sobre o que significa ter saúde foram classificadas de acordo com três metáforas ou categorias:

  1. Saúde no vácuo. A saúde é concebida como ausência de doença; a pessoa não tem consciência do próprio corpo ou, simplesmente, não é aborrecida por sensações corporais. Há uma espécie de "silêncio corporal".
  2. Reserva de saúde. A saúde é vista como um recurso ou um investimento em vez de um estado. Caracteriza-se por robustez ou força física e resistência a ataques externos, a estados de fadiga e de doença. A saúde é qualquer coisa que "possuímos" e que nos permite trabalhar e fazer a nossa vida e defender-nos contra a doença ou recuperar dela (Herzlich,1973). É uma característica pessoal, pois a pessoa pode sentir ter mais ou menos desta "reserva" (ibidem). Algumas pessoas referiram que a sua "reserva" de saúde é herdada da família, outras, que foi a consequência de uma boa infância. O nível da "reserva" de saúde é deduzido, por exemplo, da comparação com outras pessoas ("sou mais saudável do que a minha mulher, ela está sempre a apanhar constipações").
  3. Equilíbrio. Refere-se, segundo Herzlich (1973), à noção de "saúde real" ou saúde no seu sentido mais elevado; transporta consigo a noção de bem-estar positivo ou "bem-estar ao mais alto nível". Um substracto de harmonia e equilíbrio essencial na vida espiritual, psicológica e corporal - do qual deriva Albuquerque, C. & Oliveira, C. (2002). Saúde e doença: significações e perspectivas em mudança. Millenium, 25. um sentimento funcional de confiança, vigília, liberdade, energia e resistência (ibidem). Este equilíbrio é algo que podemos perder ou voltar a ganhar e, enquanto que a "reserva de saúde" se caracteriza por uma presença (de saúde), e a "saúde-no-vácuo" por uma ausência (de doença), o "equilíbrio" é contingente aos eventos do dia-a-dia. Quando as coisas correm bem, o equilíbrio existe e pode comprovar-se através, por exemplo, "das boas cores, e sentirmo-nos bem quando estamos com os amigos". Relativamente às concepções leigas sobre o que significa ter doença, salientamos que também estas foram classificadas por Herzlich (1973) em três metáforas ou categorias:
  4. Doença como destruidora. Refere-se a concepções de pessoas particularmente activas ou envolvidas na sociedade e para as quais qualquer interferência com o seu papel familiar ou profissional constitui um problema importante. Medida em que a doença pode limitar a capacidade pessoal para assumir as responsabilidades e a concomitante perda de posição social e isolamento social. A pessoa sente que tem responsabilidades importantes perante os outros, e depender de outros pode fazê-Ia sentir-se "menos pessoa". Estas pessoas salientam, pois, os aspectos positivos da saúde, nomeadamente porque lhes permite manter o seu papel sócio-profissional. A sua atitude de confronto face à doença é paradoxal, quer tentando assumir o controlo (negando-a ou comportando-se como se nada tivesse acontecido) quer sentindo-se impotente ("desistindo de lutar").
  5. Doença como libertadora. Concepção de doença como libertadora das responsabilidades ou das pressões que a vida coloca: "Quando estou muito cansado, quem me dera ficar doente... a doença é uma espécie de descanso, que nos pode libertar das preocupações do dia-a-dia..." (Herzlich,1973,p.114). A doença traz benefícios e privilégios, incluindo os cuidados e a simpatia dos outros. A doença traduz, pois, um ganho secundário.
  6. Doença como desafio. Doença concebida como um desafio ou algo com o qual devemos lutar com todos os nossos poderes e recursos. É necessário muita energia e empenharmos toda a nossa capacidade no sentido de ficarmos melhor. Não nos devemos preocupar com os nossos deveres mas concentrarmo-nos na nossa recuperação. As pessoas com esta concepção da doença acreditam nos poderes da mente sobre o corpo. Albuquerque, C. & Oliveira, C. (2002). Saúde e doença: significações e perspectivas em mudança. Millenium, 25. Apesar de estas categorias representarem descrições diferentes de concepções de processos de doença, Herzlich (1973) verificou que apenas algumas pessoas podiam ser classificadas claramente numa determinada categoria. A maior parte das pessoas "flutuava" pelas três, verbalizando concepções com conteúdos mais ou menos misturados das várias categorias. Como síntese geral de outros estudos realizados neste âmbito é possível referir que: 1) as concepções das pessoas leigas em medicina estão intimamente ligadas a significações mais latas sobre si próprias, sobre o mundo e a vida e imbuídas em sistemas culturais locais; 2) as pessoas frequentemente constroem concepções para os processos de saúde, que são bastante diferentes daquelas que constróem para os processos de doença e, 3) as concepções leigas coexistem e competem, no sentido de concepções alternativas às significações médicas ou dos profissionais de saúde.faça um resumo desse texto sem mudar as palavras e destaque os principais ponto a serem estudados e memorizados sem mudar o texto

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