Simples resumo sobre Lima Barreto: denúncia e desabafo
Lima Barreto (1881-1922) foi o primeiro autor brasileiro a reconhecer-se como um
literato negro. Em seus textos, fala com ressentimento da exclusáo, das injustiças so-
ciais e da eugenia. Viveu sob o signo do "não": a Academia Brasileira de Letras nunca o
reconheceu como membro e suas publicações não eram prestigiadas como mereciam.
A trajetória do autor é prova concreta de que, no Brasil, o advento da República e da
abolição da escravatura não proporcionou aos negros e mestiços (instruídos ou não)
reais possibilidades de mobilidade social. Além disso, os discursos cientificos raciais
que chegavam ao país tentavam justificar as condições desumanas a que os negros
eram submetidos, mesmo sendo legalmente livres
Fugindo ao formalismo literário da academia, Lima Barreto procurou construir
uma literatura que privilegiasse o registro oral -- a verdadeira fala do povo-, proce-
dimento que muitos críticos enxergaram como "descuido da linguagem". A critica ao
funcionalismo público e ao vício brasileiro do protecionismo bem como o retrato do
preconceito racial aparecem com frequência na boca de seus personagens. O subúrbio
carioca é outra referência constante em suas narrativas
Triste fim de Policarpo Quaresma
O romance mais importante de Lima Barreto é Triste fim de Policarpo Quaresma
(1915). Narrado em terceira pessoa, conta, de maneira irônica e melancólica, a história
de um personagem ingênuo, uma espécie de D. Quixote nacional. Policarpo Quaresma
major que vive no subúrbio e exerce a função de subsecretário no Arsenal da Guerra,
é um patriota idealista e fanático, ridicularizado as escondidas pelos colegas. 0 livro
divide-se em três partes, relacionadas aos projetos do protagonista: