Um galo sozinho nao tece uma manha. ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito que um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhá, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendo para todos, no todo (a manhá) que plana livre de armação. A manhá, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Fronteira, 1996.