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Estudos Gerais04/22/2025

Uma Vela para Dario Dalton Trevisan Dario vinha apressado, ...

Uma Vela para Dario Dalton Trevisan

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo, e assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, úmida da chuva, e descansou por toda a extensão do corpo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não saiu nenhuma resposta. Seu olhar era de dor, seguro devia estar a sofrer de ataque.

Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora no calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó e a última boca repete: "Ele morreu." Guarda-lhe os sapatos. Outro, paletó feio, bolhas de espuma surgiram dos cantos da boca.

No alto da rua, a vizinha de cabelo grisalho grita que ele está morrendo. Um homem arrasta para o táxi da esquina. "Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida?" Aguardam chamar a ambulância. Dario ainda respira, encostado à parede e não tem os sapatos nem o cachimbo de pérola na gravata.

Alguém informa que a farmácia na outra rua. Não carregarem Dario além da esquina; a farmácia é no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente, e agora o bebem e gozam as delícias do noticiário. Dario sem sapatos e o torno do rego da peixaria, sem aliança, sem relógio, sem cachimbo.

Os curiosos que se agitam em volta, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando o cachimbo, encostou o guarda-chuva ao seu lado. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

Registra-se o correr de um desses curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O cerco interrompe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproxima-se do cadáver, não pode deixar de notar os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo só se destacava pelo brilho. A polícia decide chamar o rabecão.

Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos poucos, alcançam-lhe o topo do chapéu.

Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos do defunto. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a multidão que se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parece morto há muitos anos, que o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça apoiada sobre o paletó. E do céu desce a aliança. O toque da vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.

Atividades

01 – O texto apresenta uma estrutura cujo o processo de composição predominante é o narrativo. Todos os elementos abaixo são característicos desse tipo de texto. EXCETO: a. presença de personagens b. referências temporais c. indicação espacial d. defesa do ponto de vista.

02 – O texto sugere que a morte de Dario acaba sendo resultado do descaso das pessoas. Assinale a única opção cuja passagem transcrita revela um exemplo desse descaso. a. "O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque." b. "A vizinha de cabelo grisalho grita que ele está morrendo." c. "Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida?" d. "Aguardam chamar a ambulância. Dario ainda respira encostado à parede e não tem os sapatos nem o cachimbo."

03 – A partir de uma leitura atenta do texto, é correto afirmar que: a. Todas as pessoas estavam em um café. b. Os curiosos que se aproximaram de Dario sugerem que foram roubados apesar da condição em que ele se encontrava. c. As crianças vestidas de pijama pela cena na sua simplicidade. d. A espera do rabecão e a polícia ao local acaba revelando a rapidez com esses serviços foram prestados.

04 – No 11º parágrafo, tem-se "A última boca repete — Ele morreu, ele morreu." Nessa passagem, pode-se perceber um tipo de discurso: a. direto b. indireto livre c. indireto livre d. não verbal.

05 – Em "O toque da vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair." (14º), considerando as vozes do texto, pode-se destacar, corretamente, o trecho em destaque da seguinte forma: a. O toque da vela é apagado b. A boca do velho se apaga c. A boca do velho é apagada

06 – No primeiro parágrafo, a oração "Dario vem apressado. Guarda-chuva no braço esquerdo" revela, por meio do adjetivo em destaque, uma característica: a. típica de Dario ao longo do texto b. comum a todos os demais personagens c. circunstancial, momentânea de Dario.

07 – "Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias." Em função da necessidade de concordância do verbo com o sujeito a que se refere, pode-se afirmar o seguinte sobre o uso da forma "espalha" e: a. compõem tendo "homem" e "multidão" como núcleos do sujeito e sem referência gramatical explícita. b. compõem tendo apenas pela construção "a multidão" se destacando marcado pela terceira pessoa.

08 – Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias." O emprego do vocábulo "Apenas" sugere, em relação ao homem morto: a. irrelevância b. frieza c. revolta.

09 – Qual foi sua opinião em relação ao texto lido? Justifique sua resposta com um pequeno texto de no mínimo 15 linhas.

Responda corretamente

Uma Vela para Dario
Dalton Trevisan

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo, e assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, úmida da chuva, e descansou por toda a extensão do corpo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não saiu nenhuma resposta. Seu olhar era de dor, seguro devia estar a sofrer de ataque.

Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora no calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó e a última boca repete: "Ele morreu." Guarda-lhe os sapatos. Outro, paletó feio, bolhas de espuma surgiram dos cantos da boca.

No alto da rua, a vizinha de cabelo grisalho grita que ele está morrendo. Um homem arrasta para o táxi da esquina. "Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida?" Aguardam chamar a ambulância. Dario ainda respira, encostado à parede e não tem os sapatos nem o cachimbo de pérola na gravata.

Alguém informa que a farmácia na outra rua. Não carregarem Dario além da esquina; a farmácia é no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente, e agora o bebem e gozam as delícias do noticiário. Dario sem sapatos e o torno do rego da peixaria, sem aliança, sem relógio, sem cachimbo.

Os curiosos que se agitam em volta, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando o cachimbo, encostou o guarda-chuva ao seu lado. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

Registra-se o correr de um desses curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O cerco interrompe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproxima-se do cadáver, não pode deixar de notar os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo só se destacava pelo brilho. A polícia decide chamar o rabecão.

Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos poucos, alcançam-lhe o topo do chapéu.

Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos do defunto. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a multidão que se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parece morto há muitos anos, que o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça apoiada sobre o paletó. E do céu desce a aliança. O toque da vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.

Atividades

01 – O texto apresenta uma estrutura cujo o processo de composição predominante é o narrativo. Todos os elementos abaixo são característicos desse tipo de texto. EXCETO:
a. presença de personagens
b. referências temporais
c. indicação espacial
d. defesa do ponto de vista.

02 – O texto sugere que a morte de Dario acaba sendo resultado do descaso das pessoas. Assinale a única opção cuja passagem transcrita revela um exemplo desse descaso.
a. "O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque."
b. "A vizinha de cabelo grisalho grita que ele está morrendo."
c. "Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida?"
d. "Aguardam chamar a ambulância. Dario ainda respira encostado à parede e não tem os sapatos nem o cachimbo."

03 – A partir de uma leitura atenta do texto, é correto afirmar que:
a. Todas as pessoas estavam em um café.
b. Os curiosos que se aproximaram de Dario sugerem que foram roubados apesar da condição em que ele se encontrava.
c. As crianças vestidas de pijama pela cena na sua simplicidade.
d. A espera do rabecão e a polícia ao local acaba revelando a rapidez com esses serviços foram prestados.

04 – No 11º parágrafo, tem-se "A última boca repete — Ele morreu, ele morreu." Nessa passagem, pode-se perceber um tipo de discurso:
a. direto
b. indireto livre
c. indireto livre
d. não verbal.

05 – Em "O toque da vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair." (14º), considerando as vozes do texto, pode-se destacar, corretamente, o trecho em destaque da seguinte forma:
a. O toque da vela é apagado
b. A boca do velho se apaga
c. A boca do velho é apagada

06 – No primeiro parágrafo, a oração "Dario vem apressado. Guarda-chuva no braço esquerdo" revela, por meio do adjetivo em destaque, uma característica:
a. típica de Dario ao longo do texto
b. comum a todos os demais personagens
c. circunstancial, momentânea de Dario.

07 – "Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias." Em função da necessidade de concordância do verbo com o sujeito a que se refere, pode-se afirmar o seguinte sobre o uso da forma "espalha" e:
a. compõem tendo "homem" e "multidão" como núcleos do sujeito e sem referência gramatical explícita.
b. compõem tendo apenas pela construção "a multidão" se destacando marcado pela terceira pessoa.

08 – Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias." O emprego do vocábulo "Apenas" sugere, em relação ao homem morto:
a. irrelevância
b. frieza
c. revolta.

09 – Qual foi sua opinião em relação ao texto lido? Justifique sua resposta com um pequeno texto de no mínimo 15 linhas.
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