Vaso chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
OLIVEIRA, Alberto de. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ueri, 19
i Um dos recursos estilísticos utilizados frequentemente em
☐ obras parnasianas é o enjambement, ou encadeamento
que causa um efeito no ritmo do poema. No texto anterior
esse recurso pode ser identificado no trecho:
Ⓐ "de um perfumado / Contador".
Ⓑ "Estranho mimo aquele vaso! Vi-o".
Ⓒ "o mármor luzidio, / Entre um leque".
Ⓓ "Quem o sabe?... de um velho mandarim".
Ⓔ "o começo de um bordado. / Fino artista chinês".